Paul McCartney e Neil Young foram o gênio e a fúria no festival Desert Trip


Parceria do britânico com o canadense neste sábado, 8, ficará como um dos grandes momentos do evento no deserto californiano

Por David Villafranca
Atualização:

De um lado, um elegante cavalheiro britânico, um gênio com talento natural para o pop; de outro, um canadense irado e contestador, que quando liberta os demônios do rock, perde o freio. Mas, com todas as diferenças, Paul McCartney e Neil Young igualaram-se num arraso conjunto no Desert Trip.

Esse festival, realizado na cidade californiana de Indio no mesmo recinto do evento de música alternativa Coachela, entrou neste sábado, 8, no segundo dia de uma ocasião única na história para desfrutar de gigantes do rock clássico, como Bob Dylan e os Rolling Stones (que se apresentaram na sexta-feira, 7) e The Who e Roger Waters (que se apresentam neste domingo, 9).

Sir Paul McCartney e Neil Young durante show neste sábado, 8, no festivalDesert Trip Foto: Kevin Winter/AFP
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Na noite de sábado do deserto californiano, a plateia que lotava o Empire Polo Club de Indio vivia uma densa expectativa. Então, Paul McCartney estraçalhou o silêncio com A Hard Day’s Night.

Brincalhão e com muito gás, Paul incluiu na primeira entrada Can’t Buy Me Love, irresistível, e Day Tripper, prometendo armar uma festa “no estilo de Liverpool”.

O ex-Beatle foi acompanhado por uma banda aberta a mil possibilidades – no toque sexy de Let Me Roll It, no tributo a Jimmy Hendrix com uma Foxy Lady instrumental, ao se descabelar em I’ve Got a Feeling.

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Pinçando aqui e ali nos Beatles, na banda Wings e também nele mesmo, Macca deu provas de sua admirável versatilidade aos 74 anos.

We Can Work It Out, Love Me Do, esta, dedicada ao falecido produtor George Martin, e Blackbird formaram uma sequência melódica e tranquila na qual a voz de Paul (que àquela altura já mostrara que podia ser um tufão) tornou-se sutil e delicada. Nessa mesma linha interpretou Here Today em homenagem a John Lennon, arrancando grandes aplausos da plateia.

A fanfarra de Being for the Benefit of Mr. Kite! foi o tapete vermelho para a entrada de Neil Young como convidado estelar. Juntos, ele e Paul atacaram, como dois velhos companheiros de farra, A Day In The Life, Give Peace a Chance e Why Don’t Do It in the Road?, numa parceria aplaudidíssima que ficará, sem dúvida, como um dos grandes momentos do Desert Trip.

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Os fogos de artifício de Live And Let Die prepararam a despedida de Paul McCartney, que gritou “Hey Jude” para um mar de braços levantados e cantou I Wanna Be Your Man – um single que Lennon e ele escreveram para os Rolling Stones – como retribuição pela versão de Come Together que Jagger e companhia apresentaram na véspera.

Com Carry That Weight e The End, um incansável McCartney fechou um show monumental de mais de duas horas e meia. A jornada havia começado com a atuação de Neil Young, que pôs no palco tendas indígenas com o lema “água é vida”, em apoio à luta da comunidade nativa de Standing Rock, na Dakota do Norte, contra um oleoduto que pode arruinar as águas das terras onde vivem.

De chapéu negro e jeito de um pobre homem de passagem pela cidade, Neil Young começou a noite sozinho, alternando piano e guitarra, com After the Gold Rush e a emocionante Heart of Gold.

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A voz aguda de Young era intensa e perfurante como um relâmpago, mas algumas das passagens mais brilhantes vieram quanto ele pegou uma gaita que parecia encerrar em si todos os segredos da música americana.

Depois, entrou em cena a Promise of the Real, sua banda de acompanhamento, que foi das passagens mais tranquilas ao tom mais épico e contundente.

Um “respiro” de música country e folk, com uma romântica e deliciosa Harvest Moon como cereja do bolo, não prenunciava a fúria que estava para ser desatada. A partir dali, Young pôs no máximo os amplificadores, libertando uma tempestade elétrica como se quisesse provocar um apagão total no Desert Trip.

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Primeiro veio o rock ferido de Words (Between The Lines of Age); depois foi a vez de uma ardente Powderfinger, cujos tremendos riffs se podia ouvir até na Lua. Um emaranhado de guitarras, bárbaro e incontrolável, atingiu seu auge com uma torrencial Down By The River, com a qual Neil Young sequestrou a plateia, sem possibilidade de fuga, por mais de dez minutos

Mensagens pelo meio ambiente, pelas comunidades indígenas e pelos sitiantes tiveram um protagonismo notável, e o músico também não deixou passarem em branco as eleições americanas.

“Venham amanhã porque Roger (Waters) vai erguer um muro (The Wall) e fazer o México de novo grande”, disse Young, crítico de Donald Trump, em referência ao lema de campanha “vamos fazer os EUA novamente grandes” do polêmico candidato republicano à Casa Branca.

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Com essa intenção na cabeça, o abrasivo concerto de Young só poderia ter um final – e Rockin’ In The Free World levantou pela última vez um público que teria jurado lealdade ao canadense sem hesitar um instante. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

De um lado, um elegante cavalheiro britânico, um gênio com talento natural para o pop; de outro, um canadense irado e contestador, que quando liberta os demônios do rock, perde o freio. Mas, com todas as diferenças, Paul McCartney e Neil Young igualaram-se num arraso conjunto no Desert Trip.

Esse festival, realizado na cidade californiana de Indio no mesmo recinto do evento de música alternativa Coachela, entrou neste sábado, 8, no segundo dia de uma ocasião única na história para desfrutar de gigantes do rock clássico, como Bob Dylan e os Rolling Stones (que se apresentaram na sexta-feira, 7) e The Who e Roger Waters (que se apresentam neste domingo, 9).

Sir Paul McCartney e Neil Young durante show neste sábado, 8, no festivalDesert Trip Foto: Kevin Winter/AFP

Na noite de sábado do deserto californiano, a plateia que lotava o Empire Polo Club de Indio vivia uma densa expectativa. Então, Paul McCartney estraçalhou o silêncio com A Hard Day’s Night.

Brincalhão e com muito gás, Paul incluiu na primeira entrada Can’t Buy Me Love, irresistível, e Day Tripper, prometendo armar uma festa “no estilo de Liverpool”.

O ex-Beatle foi acompanhado por uma banda aberta a mil possibilidades – no toque sexy de Let Me Roll It, no tributo a Jimmy Hendrix com uma Foxy Lady instrumental, ao se descabelar em I’ve Got a Feeling.

Pinçando aqui e ali nos Beatles, na banda Wings e também nele mesmo, Macca deu provas de sua admirável versatilidade aos 74 anos.

We Can Work It Out, Love Me Do, esta, dedicada ao falecido produtor George Martin, e Blackbird formaram uma sequência melódica e tranquila na qual a voz de Paul (que àquela altura já mostrara que podia ser um tufão) tornou-se sutil e delicada. Nessa mesma linha interpretou Here Today em homenagem a John Lennon, arrancando grandes aplausos da plateia.

A fanfarra de Being for the Benefit of Mr. Kite! foi o tapete vermelho para a entrada de Neil Young como convidado estelar. Juntos, ele e Paul atacaram, como dois velhos companheiros de farra, A Day In The Life, Give Peace a Chance e Why Don’t Do It in the Road?, numa parceria aplaudidíssima que ficará, sem dúvida, como um dos grandes momentos do Desert Trip.

Os fogos de artifício de Live And Let Die prepararam a despedida de Paul McCartney, que gritou “Hey Jude” para um mar de braços levantados e cantou I Wanna Be Your Man – um single que Lennon e ele escreveram para os Rolling Stones – como retribuição pela versão de Come Together que Jagger e companhia apresentaram na véspera.

Com Carry That Weight e The End, um incansável McCartney fechou um show monumental de mais de duas horas e meia. A jornada havia começado com a atuação de Neil Young, que pôs no palco tendas indígenas com o lema “água é vida”, em apoio à luta da comunidade nativa de Standing Rock, na Dakota do Norte, contra um oleoduto que pode arruinar as águas das terras onde vivem.

De chapéu negro e jeito de um pobre homem de passagem pela cidade, Neil Young começou a noite sozinho, alternando piano e guitarra, com After the Gold Rush e a emocionante Heart of Gold.

A voz aguda de Young era intensa e perfurante como um relâmpago, mas algumas das passagens mais brilhantes vieram quanto ele pegou uma gaita que parecia encerrar em si todos os segredos da música americana.

Depois, entrou em cena a Promise of the Real, sua banda de acompanhamento, que foi das passagens mais tranquilas ao tom mais épico e contundente.

Um “respiro” de música country e folk, com uma romântica e deliciosa Harvest Moon como cereja do bolo, não prenunciava a fúria que estava para ser desatada. A partir dali, Young pôs no máximo os amplificadores, libertando uma tempestade elétrica como se quisesse provocar um apagão total no Desert Trip.

Primeiro veio o rock ferido de Words (Between The Lines of Age); depois foi a vez de uma ardente Powderfinger, cujos tremendos riffs se podia ouvir até na Lua. Um emaranhado de guitarras, bárbaro e incontrolável, atingiu seu auge com uma torrencial Down By The River, com a qual Neil Young sequestrou a plateia, sem possibilidade de fuga, por mais de dez minutos

Mensagens pelo meio ambiente, pelas comunidades indígenas e pelos sitiantes tiveram um protagonismo notável, e o músico também não deixou passarem em branco as eleições americanas.

“Venham amanhã porque Roger (Waters) vai erguer um muro (The Wall) e fazer o México de novo grande”, disse Young, crítico de Donald Trump, em referência ao lema de campanha “vamos fazer os EUA novamente grandes” do polêmico candidato republicano à Casa Branca.

Com essa intenção na cabeça, o abrasivo concerto de Young só poderia ter um final – e Rockin’ In The Free World levantou pela última vez um público que teria jurado lealdade ao canadense sem hesitar um instante. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

De um lado, um elegante cavalheiro britânico, um gênio com talento natural para o pop; de outro, um canadense irado e contestador, que quando liberta os demônios do rock, perde o freio. Mas, com todas as diferenças, Paul McCartney e Neil Young igualaram-se num arraso conjunto no Desert Trip.

Esse festival, realizado na cidade californiana de Indio no mesmo recinto do evento de música alternativa Coachela, entrou neste sábado, 8, no segundo dia de uma ocasião única na história para desfrutar de gigantes do rock clássico, como Bob Dylan e os Rolling Stones (que se apresentaram na sexta-feira, 7) e The Who e Roger Waters (que se apresentam neste domingo, 9).

Sir Paul McCartney e Neil Young durante show neste sábado, 8, no festivalDesert Trip Foto: Kevin Winter/AFP

Na noite de sábado do deserto californiano, a plateia que lotava o Empire Polo Club de Indio vivia uma densa expectativa. Então, Paul McCartney estraçalhou o silêncio com A Hard Day’s Night.

Brincalhão e com muito gás, Paul incluiu na primeira entrada Can’t Buy Me Love, irresistível, e Day Tripper, prometendo armar uma festa “no estilo de Liverpool”.

O ex-Beatle foi acompanhado por uma banda aberta a mil possibilidades – no toque sexy de Let Me Roll It, no tributo a Jimmy Hendrix com uma Foxy Lady instrumental, ao se descabelar em I’ve Got a Feeling.

Pinçando aqui e ali nos Beatles, na banda Wings e também nele mesmo, Macca deu provas de sua admirável versatilidade aos 74 anos.

We Can Work It Out, Love Me Do, esta, dedicada ao falecido produtor George Martin, e Blackbird formaram uma sequência melódica e tranquila na qual a voz de Paul (que àquela altura já mostrara que podia ser um tufão) tornou-se sutil e delicada. Nessa mesma linha interpretou Here Today em homenagem a John Lennon, arrancando grandes aplausos da plateia.

A fanfarra de Being for the Benefit of Mr. Kite! foi o tapete vermelho para a entrada de Neil Young como convidado estelar. Juntos, ele e Paul atacaram, como dois velhos companheiros de farra, A Day In The Life, Give Peace a Chance e Why Don’t Do It in the Road?, numa parceria aplaudidíssima que ficará, sem dúvida, como um dos grandes momentos do Desert Trip.

Os fogos de artifício de Live And Let Die prepararam a despedida de Paul McCartney, que gritou “Hey Jude” para um mar de braços levantados e cantou I Wanna Be Your Man – um single que Lennon e ele escreveram para os Rolling Stones – como retribuição pela versão de Come Together que Jagger e companhia apresentaram na véspera.

Com Carry That Weight e The End, um incansável McCartney fechou um show monumental de mais de duas horas e meia. A jornada havia começado com a atuação de Neil Young, que pôs no palco tendas indígenas com o lema “água é vida”, em apoio à luta da comunidade nativa de Standing Rock, na Dakota do Norte, contra um oleoduto que pode arruinar as águas das terras onde vivem.

De chapéu negro e jeito de um pobre homem de passagem pela cidade, Neil Young começou a noite sozinho, alternando piano e guitarra, com After the Gold Rush e a emocionante Heart of Gold.

A voz aguda de Young era intensa e perfurante como um relâmpago, mas algumas das passagens mais brilhantes vieram quanto ele pegou uma gaita que parecia encerrar em si todos os segredos da música americana.

Depois, entrou em cena a Promise of the Real, sua banda de acompanhamento, que foi das passagens mais tranquilas ao tom mais épico e contundente.

Um “respiro” de música country e folk, com uma romântica e deliciosa Harvest Moon como cereja do bolo, não prenunciava a fúria que estava para ser desatada. A partir dali, Young pôs no máximo os amplificadores, libertando uma tempestade elétrica como se quisesse provocar um apagão total no Desert Trip.

Primeiro veio o rock ferido de Words (Between The Lines of Age); depois foi a vez de uma ardente Powderfinger, cujos tremendos riffs se podia ouvir até na Lua. Um emaranhado de guitarras, bárbaro e incontrolável, atingiu seu auge com uma torrencial Down By The River, com a qual Neil Young sequestrou a plateia, sem possibilidade de fuga, por mais de dez minutos

Mensagens pelo meio ambiente, pelas comunidades indígenas e pelos sitiantes tiveram um protagonismo notável, e o músico também não deixou passarem em branco as eleições americanas.

“Venham amanhã porque Roger (Waters) vai erguer um muro (The Wall) e fazer o México de novo grande”, disse Young, crítico de Donald Trump, em referência ao lema de campanha “vamos fazer os EUA novamente grandes” do polêmico candidato republicano à Casa Branca.

Com essa intenção na cabeça, o abrasivo concerto de Young só poderia ter um final – e Rockin’ In The Free World levantou pela última vez um público que teria jurado lealdade ao canadense sem hesitar um instante. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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