Paulo Miklos vive ‘explosão’ de projetos com álbum, série e quatro filmes


Roqueiro lança álbum 'Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém', só com canções inéditas, enquanto projetos de cinema represados pela pandemia começam a estrear

Por Julio Maria
Atualização:

Foi Paul McCartney quem disse que é o aparelho de som de um carro o melhor lugar para se fazer o teste de uma canção. Claro que ele levou em consideração a acústica de seu carro, que não deve ser ruim, mas talvez tenha tentado dizer algo não exatamente sobre o que se ouve, mas sobre o que se vê quando se ouve. Uma canção funciona quando ela se junta à vida em movimento que vemos à nossa frente, tornando tudo mais leve, como em um clipe, e soando enquanto as imagens chegam editadas pela velocidade do carro. Assim, a boa canção seria nada menos do que a própria vida.

Paulo Miklos em sua casa, no Morumbi Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

O álbum de Paulo Miklos soa assim, mesmo quando não se ouve em um carro. O título talvez dúbio é Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém, mas as canções, mesmo feitas por ele sob as tristezas do isolamento pandêmico, não deixam dúvidas do bem-estar que querem provocar. É o segundo álbum depois de sua saída dos Titãs, o quarto solo, e talvez o mais esperançado. Ele vem com 12 canções feitas com um violão nas mãos enquanto a vida passava à sua frente, na sala de sua casa. “Eram, de alguma forma também, canções nas quais eu me refugiava”, diz ele ao Estadão.

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O álbum sai no ano em que Miklos gostaria de se dedicar mais a música desde que deixou os Titãs, em 2016. Isso se as comportas abertas todas ao mesmo tempo para escoar os filmes represados pela pandemia deixarem. Vai ser fácil ver Paulo Miklos por aí. Além de já estar gravando Estômago 2 – O Poderoso Chef, que terá cenas rodadas em Curitiba e na Itália, devem ser lançados em breve, com Miklos em ótimos personagens, Jesus Kid, uma adaptação de Ali Muritiba para o romance satírico de Lourenço Mutarelli; e a segunda temporada da série da Amazon, Manhãs de Setembro, sobre a história de Cassandra, vivida por Liniker, uma mulher trans que trabalha como motogirl de aplicativo em São Paulo. Mas tem mais, o que torna uma fala inevitável durante a entrevista: “Então você é um homem mais do cinema do que da música. Claro que ficar nos Titãs seria um erro”. Ao que ele responde. “Sim, mas acho que consegui equilibrar bem essas duas coisas. Gosto de não precisar depositar as expectativas em uma frente só.”

Com os Titãs, em 1986 Foto: ACERVO ESTADÃO

Suas outras aparições no cinema serão com os longas O Homem Cordial, de Iberê Carvalho, que rendeu a Miklos um Kikito de melhor ator no Festival de Gramado de 2019 pelo personagem Aurélio, um quase autobiográfico vocalista de uma famosa banda de rock nos anos 1990; e O Clube dos Anjos, do diretor Angelo Defanti, baseado em um conto sobre amigos reunidos à mesa de jantar, escrito por Luis Fernando Verissimo. “Com tudo isso”, ele volta ao assunto, “a decisão de sair dos Titãs foi se dando naturalmente, mas ainda assim foi muito difícil de ser tomada. Era a minha banda da escola, uma turma inseparável, os caras com os quais eu tocava havia 34 anos.”

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E então, voltamos ao álbum. Há um texto enviado aos jornalistas que fala das canções, faixa a faixa, e que começa assim: “Ao Teu Lado: música que abre o disco. É quase um pedido de casamento, um desejo de ser uma marcha nupcial, brinca Miklos, que casou em novembro de 2019 antes da pandemia.

Com Mariana Ximenes em O Invasor, de 2002 Foto: Acervo Estadão

A letra diz: “Nós vamos trocar alianças, não vai nos faltar esperança, eu estarei sempre ao teu lado’”. O sentimento que parece escorrer pelas canções é esse, o de um homem apaixonado. Mas não se trata mais da paixão dos desencontros e dos arroubos que talvez estivessem mais presentes no ótimo Vou Ser Feliz e Já Volto, de 2001, que muitos viram como um recado aos Titãs à época. Sua paixão aqui, aos 63 anos, casado com Renata Galvão Miklos desde 2019, depois de perder a primeira mulher, Rachel Salem, para um câncer, em 2013, chega curtida pelo tempo e deixa mais leve até uma homenagem ao rapper Sabotage, assassinado em 2003.

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Sabotage Está Aqui é um rock de verão, funkeado e instigante, sem a tensão que existe no universo do próprio rap. Miklos e Sabotage se conheceram nos sets de O Invasor, de 2002, filme de Beto Brant. Era o primeiro papel do roqueiro no cinema e quem o ajudou a encontrar um personagem dentro de si foi o rapper. “Ele me contava de sua vida, de como havia conseguido ser respeitado como artista depois de deixar o tráfico e de escapar vivo de situações bem delicadas”, lembra. A música, de espírito menos folk, é uma das melhores, e tem um trecho que diz assim, entre aspas, com frases do próprio Sabota: “Já escapei tantas vezes / Só com meus versos / Sempre foi assim / Já escapei tantas vezes / Desses perversos / E sumi!”.

Miklos é um cara das canções e a melhor voz dos egressos dos Titãs (ok, talvez ao lado de Arnaldo Antunes). Suas músicas chegam com uma capacidade de transpassar o ouvinte e ficar por ali por algum ou muito tempo. É o que pode acontecer com Ao Teu Lado, com Um Misto de Todas as Coisas, com Se o Amor Ainda Existir ou com a bela Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. É tudo simples e confortável, mas com uma assinatura de Miklos na condução de melodias nunca tão óbvias quanto seus inícios sugerem. Mais ou menos como a vida passando do lado de fora de um carro. 

Foi Paul McCartney quem disse que é o aparelho de som de um carro o melhor lugar para se fazer o teste de uma canção. Claro que ele levou em consideração a acústica de seu carro, que não deve ser ruim, mas talvez tenha tentado dizer algo não exatamente sobre o que se ouve, mas sobre o que se vê quando se ouve. Uma canção funciona quando ela se junta à vida em movimento que vemos à nossa frente, tornando tudo mais leve, como em um clipe, e soando enquanto as imagens chegam editadas pela velocidade do carro. Assim, a boa canção seria nada menos do que a própria vida.

Paulo Miklos em sua casa, no Morumbi Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

O álbum de Paulo Miklos soa assim, mesmo quando não se ouve em um carro. O título talvez dúbio é Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém, mas as canções, mesmo feitas por ele sob as tristezas do isolamento pandêmico, não deixam dúvidas do bem-estar que querem provocar. É o segundo álbum depois de sua saída dos Titãs, o quarto solo, e talvez o mais esperançado. Ele vem com 12 canções feitas com um violão nas mãos enquanto a vida passava à sua frente, na sala de sua casa. “Eram, de alguma forma também, canções nas quais eu me refugiava”, diz ele ao Estadão.

O álbum sai no ano em que Miklos gostaria de se dedicar mais a música desde que deixou os Titãs, em 2016. Isso se as comportas abertas todas ao mesmo tempo para escoar os filmes represados pela pandemia deixarem. Vai ser fácil ver Paulo Miklos por aí. Além de já estar gravando Estômago 2 – O Poderoso Chef, que terá cenas rodadas em Curitiba e na Itália, devem ser lançados em breve, com Miklos em ótimos personagens, Jesus Kid, uma adaptação de Ali Muritiba para o romance satírico de Lourenço Mutarelli; e a segunda temporada da série da Amazon, Manhãs de Setembro, sobre a história de Cassandra, vivida por Liniker, uma mulher trans que trabalha como motogirl de aplicativo em São Paulo. Mas tem mais, o que torna uma fala inevitável durante a entrevista: “Então você é um homem mais do cinema do que da música. Claro que ficar nos Titãs seria um erro”. Ao que ele responde. “Sim, mas acho que consegui equilibrar bem essas duas coisas. Gosto de não precisar depositar as expectativas em uma frente só.”

Com os Titãs, em 1986 Foto: ACERVO ESTADÃO

Suas outras aparições no cinema serão com os longas O Homem Cordial, de Iberê Carvalho, que rendeu a Miklos um Kikito de melhor ator no Festival de Gramado de 2019 pelo personagem Aurélio, um quase autobiográfico vocalista de uma famosa banda de rock nos anos 1990; e O Clube dos Anjos, do diretor Angelo Defanti, baseado em um conto sobre amigos reunidos à mesa de jantar, escrito por Luis Fernando Verissimo. “Com tudo isso”, ele volta ao assunto, “a decisão de sair dos Titãs foi se dando naturalmente, mas ainda assim foi muito difícil de ser tomada. Era a minha banda da escola, uma turma inseparável, os caras com os quais eu tocava havia 34 anos.”

E então, voltamos ao álbum. Há um texto enviado aos jornalistas que fala das canções, faixa a faixa, e que começa assim: “Ao Teu Lado: música que abre o disco. É quase um pedido de casamento, um desejo de ser uma marcha nupcial, brinca Miklos, que casou em novembro de 2019 antes da pandemia.

Com Mariana Ximenes em O Invasor, de 2002 Foto: Acervo Estadão

A letra diz: “Nós vamos trocar alianças, não vai nos faltar esperança, eu estarei sempre ao teu lado’”. O sentimento que parece escorrer pelas canções é esse, o de um homem apaixonado. Mas não se trata mais da paixão dos desencontros e dos arroubos que talvez estivessem mais presentes no ótimo Vou Ser Feliz e Já Volto, de 2001, que muitos viram como um recado aos Titãs à época. Sua paixão aqui, aos 63 anos, casado com Renata Galvão Miklos desde 2019, depois de perder a primeira mulher, Rachel Salem, para um câncer, em 2013, chega curtida pelo tempo e deixa mais leve até uma homenagem ao rapper Sabotage, assassinado em 2003.

Sabotage Está Aqui é um rock de verão, funkeado e instigante, sem a tensão que existe no universo do próprio rap. Miklos e Sabotage se conheceram nos sets de O Invasor, de 2002, filme de Beto Brant. Era o primeiro papel do roqueiro no cinema e quem o ajudou a encontrar um personagem dentro de si foi o rapper. “Ele me contava de sua vida, de como havia conseguido ser respeitado como artista depois de deixar o tráfico e de escapar vivo de situações bem delicadas”, lembra. A música, de espírito menos folk, é uma das melhores, e tem um trecho que diz assim, entre aspas, com frases do próprio Sabota: “Já escapei tantas vezes / Só com meus versos / Sempre foi assim / Já escapei tantas vezes / Desses perversos / E sumi!”.

Miklos é um cara das canções e a melhor voz dos egressos dos Titãs (ok, talvez ao lado de Arnaldo Antunes). Suas músicas chegam com uma capacidade de transpassar o ouvinte e ficar por ali por algum ou muito tempo. É o que pode acontecer com Ao Teu Lado, com Um Misto de Todas as Coisas, com Se o Amor Ainda Existir ou com a bela Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. É tudo simples e confortável, mas com uma assinatura de Miklos na condução de melodias nunca tão óbvias quanto seus inícios sugerem. Mais ou menos como a vida passando do lado de fora de um carro. 

Foi Paul McCartney quem disse que é o aparelho de som de um carro o melhor lugar para se fazer o teste de uma canção. Claro que ele levou em consideração a acústica de seu carro, que não deve ser ruim, mas talvez tenha tentado dizer algo não exatamente sobre o que se ouve, mas sobre o que se vê quando se ouve. Uma canção funciona quando ela se junta à vida em movimento que vemos à nossa frente, tornando tudo mais leve, como em um clipe, e soando enquanto as imagens chegam editadas pela velocidade do carro. Assim, a boa canção seria nada menos do que a própria vida.

Paulo Miklos em sua casa, no Morumbi Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

O álbum de Paulo Miklos soa assim, mesmo quando não se ouve em um carro. O título talvez dúbio é Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém, mas as canções, mesmo feitas por ele sob as tristezas do isolamento pandêmico, não deixam dúvidas do bem-estar que querem provocar. É o segundo álbum depois de sua saída dos Titãs, o quarto solo, e talvez o mais esperançado. Ele vem com 12 canções feitas com um violão nas mãos enquanto a vida passava à sua frente, na sala de sua casa. “Eram, de alguma forma também, canções nas quais eu me refugiava”, diz ele ao Estadão.

O álbum sai no ano em que Miklos gostaria de se dedicar mais a música desde que deixou os Titãs, em 2016. Isso se as comportas abertas todas ao mesmo tempo para escoar os filmes represados pela pandemia deixarem. Vai ser fácil ver Paulo Miklos por aí. Além de já estar gravando Estômago 2 – O Poderoso Chef, que terá cenas rodadas em Curitiba e na Itália, devem ser lançados em breve, com Miklos em ótimos personagens, Jesus Kid, uma adaptação de Ali Muritiba para o romance satírico de Lourenço Mutarelli; e a segunda temporada da série da Amazon, Manhãs de Setembro, sobre a história de Cassandra, vivida por Liniker, uma mulher trans que trabalha como motogirl de aplicativo em São Paulo. Mas tem mais, o que torna uma fala inevitável durante a entrevista: “Então você é um homem mais do cinema do que da música. Claro que ficar nos Titãs seria um erro”. Ao que ele responde. “Sim, mas acho que consegui equilibrar bem essas duas coisas. Gosto de não precisar depositar as expectativas em uma frente só.”

Com os Titãs, em 1986 Foto: ACERVO ESTADÃO

Suas outras aparições no cinema serão com os longas O Homem Cordial, de Iberê Carvalho, que rendeu a Miklos um Kikito de melhor ator no Festival de Gramado de 2019 pelo personagem Aurélio, um quase autobiográfico vocalista de uma famosa banda de rock nos anos 1990; e O Clube dos Anjos, do diretor Angelo Defanti, baseado em um conto sobre amigos reunidos à mesa de jantar, escrito por Luis Fernando Verissimo. “Com tudo isso”, ele volta ao assunto, “a decisão de sair dos Titãs foi se dando naturalmente, mas ainda assim foi muito difícil de ser tomada. Era a minha banda da escola, uma turma inseparável, os caras com os quais eu tocava havia 34 anos.”

E então, voltamos ao álbum. Há um texto enviado aos jornalistas que fala das canções, faixa a faixa, e que começa assim: “Ao Teu Lado: música que abre o disco. É quase um pedido de casamento, um desejo de ser uma marcha nupcial, brinca Miklos, que casou em novembro de 2019 antes da pandemia.

Com Mariana Ximenes em O Invasor, de 2002 Foto: Acervo Estadão

A letra diz: “Nós vamos trocar alianças, não vai nos faltar esperança, eu estarei sempre ao teu lado’”. O sentimento que parece escorrer pelas canções é esse, o de um homem apaixonado. Mas não se trata mais da paixão dos desencontros e dos arroubos que talvez estivessem mais presentes no ótimo Vou Ser Feliz e Já Volto, de 2001, que muitos viram como um recado aos Titãs à época. Sua paixão aqui, aos 63 anos, casado com Renata Galvão Miklos desde 2019, depois de perder a primeira mulher, Rachel Salem, para um câncer, em 2013, chega curtida pelo tempo e deixa mais leve até uma homenagem ao rapper Sabotage, assassinado em 2003.

Sabotage Está Aqui é um rock de verão, funkeado e instigante, sem a tensão que existe no universo do próprio rap. Miklos e Sabotage se conheceram nos sets de O Invasor, de 2002, filme de Beto Brant. Era o primeiro papel do roqueiro no cinema e quem o ajudou a encontrar um personagem dentro de si foi o rapper. “Ele me contava de sua vida, de como havia conseguido ser respeitado como artista depois de deixar o tráfico e de escapar vivo de situações bem delicadas”, lembra. A música, de espírito menos folk, é uma das melhores, e tem um trecho que diz assim, entre aspas, com frases do próprio Sabota: “Já escapei tantas vezes / Só com meus versos / Sempre foi assim / Já escapei tantas vezes / Desses perversos / E sumi!”.

Miklos é um cara das canções e a melhor voz dos egressos dos Titãs (ok, talvez ao lado de Arnaldo Antunes). Suas músicas chegam com uma capacidade de transpassar o ouvinte e ficar por ali por algum ou muito tempo. É o que pode acontecer com Ao Teu Lado, com Um Misto de Todas as Coisas, com Se o Amor Ainda Existir ou com a bela Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. É tudo simples e confortável, mas com uma assinatura de Miklos na condução de melodias nunca tão óbvias quanto seus inícios sugerem. Mais ou menos como a vida passando do lado de fora de um carro. 

Foi Paul McCartney quem disse que é o aparelho de som de um carro o melhor lugar para se fazer o teste de uma canção. Claro que ele levou em consideração a acústica de seu carro, que não deve ser ruim, mas talvez tenha tentado dizer algo não exatamente sobre o que se ouve, mas sobre o que se vê quando se ouve. Uma canção funciona quando ela se junta à vida em movimento que vemos à nossa frente, tornando tudo mais leve, como em um clipe, e soando enquanto as imagens chegam editadas pela velocidade do carro. Assim, a boa canção seria nada menos do que a própria vida.

Paulo Miklos em sua casa, no Morumbi Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

O álbum de Paulo Miklos soa assim, mesmo quando não se ouve em um carro. O título talvez dúbio é Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém, mas as canções, mesmo feitas por ele sob as tristezas do isolamento pandêmico, não deixam dúvidas do bem-estar que querem provocar. É o segundo álbum depois de sua saída dos Titãs, o quarto solo, e talvez o mais esperançado. Ele vem com 12 canções feitas com um violão nas mãos enquanto a vida passava à sua frente, na sala de sua casa. “Eram, de alguma forma também, canções nas quais eu me refugiava”, diz ele ao Estadão.

O álbum sai no ano em que Miklos gostaria de se dedicar mais a música desde que deixou os Titãs, em 2016. Isso se as comportas abertas todas ao mesmo tempo para escoar os filmes represados pela pandemia deixarem. Vai ser fácil ver Paulo Miklos por aí. Além de já estar gravando Estômago 2 – O Poderoso Chef, que terá cenas rodadas em Curitiba e na Itália, devem ser lançados em breve, com Miklos em ótimos personagens, Jesus Kid, uma adaptação de Ali Muritiba para o romance satírico de Lourenço Mutarelli; e a segunda temporada da série da Amazon, Manhãs de Setembro, sobre a história de Cassandra, vivida por Liniker, uma mulher trans que trabalha como motogirl de aplicativo em São Paulo. Mas tem mais, o que torna uma fala inevitável durante a entrevista: “Então você é um homem mais do cinema do que da música. Claro que ficar nos Titãs seria um erro”. Ao que ele responde. “Sim, mas acho que consegui equilibrar bem essas duas coisas. Gosto de não precisar depositar as expectativas em uma frente só.”

Com os Titãs, em 1986 Foto: ACERVO ESTADÃO

Suas outras aparições no cinema serão com os longas O Homem Cordial, de Iberê Carvalho, que rendeu a Miklos um Kikito de melhor ator no Festival de Gramado de 2019 pelo personagem Aurélio, um quase autobiográfico vocalista de uma famosa banda de rock nos anos 1990; e O Clube dos Anjos, do diretor Angelo Defanti, baseado em um conto sobre amigos reunidos à mesa de jantar, escrito por Luis Fernando Verissimo. “Com tudo isso”, ele volta ao assunto, “a decisão de sair dos Titãs foi se dando naturalmente, mas ainda assim foi muito difícil de ser tomada. Era a minha banda da escola, uma turma inseparável, os caras com os quais eu tocava havia 34 anos.”

E então, voltamos ao álbum. Há um texto enviado aos jornalistas que fala das canções, faixa a faixa, e que começa assim: “Ao Teu Lado: música que abre o disco. É quase um pedido de casamento, um desejo de ser uma marcha nupcial, brinca Miklos, que casou em novembro de 2019 antes da pandemia.

Com Mariana Ximenes em O Invasor, de 2002 Foto: Acervo Estadão

A letra diz: “Nós vamos trocar alianças, não vai nos faltar esperança, eu estarei sempre ao teu lado’”. O sentimento que parece escorrer pelas canções é esse, o de um homem apaixonado. Mas não se trata mais da paixão dos desencontros e dos arroubos que talvez estivessem mais presentes no ótimo Vou Ser Feliz e Já Volto, de 2001, que muitos viram como um recado aos Titãs à época. Sua paixão aqui, aos 63 anos, casado com Renata Galvão Miklos desde 2019, depois de perder a primeira mulher, Rachel Salem, para um câncer, em 2013, chega curtida pelo tempo e deixa mais leve até uma homenagem ao rapper Sabotage, assassinado em 2003.

Sabotage Está Aqui é um rock de verão, funkeado e instigante, sem a tensão que existe no universo do próprio rap. Miklos e Sabotage se conheceram nos sets de O Invasor, de 2002, filme de Beto Brant. Era o primeiro papel do roqueiro no cinema e quem o ajudou a encontrar um personagem dentro de si foi o rapper. “Ele me contava de sua vida, de como havia conseguido ser respeitado como artista depois de deixar o tráfico e de escapar vivo de situações bem delicadas”, lembra. A música, de espírito menos folk, é uma das melhores, e tem um trecho que diz assim, entre aspas, com frases do próprio Sabota: “Já escapei tantas vezes / Só com meus versos / Sempre foi assim / Já escapei tantas vezes / Desses perversos / E sumi!”.

Miklos é um cara das canções e a melhor voz dos egressos dos Titãs (ok, talvez ao lado de Arnaldo Antunes). Suas músicas chegam com uma capacidade de transpassar o ouvinte e ficar por ali por algum ou muito tempo. É o que pode acontecer com Ao Teu Lado, com Um Misto de Todas as Coisas, com Se o Amor Ainda Existir ou com a bela Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. É tudo simples e confortável, mas com uma assinatura de Miklos na condução de melodias nunca tão óbvias quanto seus inícios sugerem. Mais ou menos como a vida passando do lado de fora de um carro. 

Foi Paul McCartney quem disse que é o aparelho de som de um carro o melhor lugar para se fazer o teste de uma canção. Claro que ele levou em consideração a acústica de seu carro, que não deve ser ruim, mas talvez tenha tentado dizer algo não exatamente sobre o que se ouve, mas sobre o que se vê quando se ouve. Uma canção funciona quando ela se junta à vida em movimento que vemos à nossa frente, tornando tudo mais leve, como em um clipe, e soando enquanto as imagens chegam editadas pela velocidade do carro. Assim, a boa canção seria nada menos do que a própria vida.

Paulo Miklos em sua casa, no Morumbi Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

O álbum de Paulo Miklos soa assim, mesmo quando não se ouve em um carro. O título talvez dúbio é Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém, mas as canções, mesmo feitas por ele sob as tristezas do isolamento pandêmico, não deixam dúvidas do bem-estar que querem provocar. É o segundo álbum depois de sua saída dos Titãs, o quarto solo, e talvez o mais esperançado. Ele vem com 12 canções feitas com um violão nas mãos enquanto a vida passava à sua frente, na sala de sua casa. “Eram, de alguma forma também, canções nas quais eu me refugiava”, diz ele ao Estadão.

O álbum sai no ano em que Miklos gostaria de se dedicar mais a música desde que deixou os Titãs, em 2016. Isso se as comportas abertas todas ao mesmo tempo para escoar os filmes represados pela pandemia deixarem. Vai ser fácil ver Paulo Miklos por aí. Além de já estar gravando Estômago 2 – O Poderoso Chef, que terá cenas rodadas em Curitiba e na Itália, devem ser lançados em breve, com Miklos em ótimos personagens, Jesus Kid, uma adaptação de Ali Muritiba para o romance satírico de Lourenço Mutarelli; e a segunda temporada da série da Amazon, Manhãs de Setembro, sobre a história de Cassandra, vivida por Liniker, uma mulher trans que trabalha como motogirl de aplicativo em São Paulo. Mas tem mais, o que torna uma fala inevitável durante a entrevista: “Então você é um homem mais do cinema do que da música. Claro que ficar nos Titãs seria um erro”. Ao que ele responde. “Sim, mas acho que consegui equilibrar bem essas duas coisas. Gosto de não precisar depositar as expectativas em uma frente só.”

Com os Titãs, em 1986 Foto: ACERVO ESTADÃO

Suas outras aparições no cinema serão com os longas O Homem Cordial, de Iberê Carvalho, que rendeu a Miklos um Kikito de melhor ator no Festival de Gramado de 2019 pelo personagem Aurélio, um quase autobiográfico vocalista de uma famosa banda de rock nos anos 1990; e O Clube dos Anjos, do diretor Angelo Defanti, baseado em um conto sobre amigos reunidos à mesa de jantar, escrito por Luis Fernando Verissimo. “Com tudo isso”, ele volta ao assunto, “a decisão de sair dos Titãs foi se dando naturalmente, mas ainda assim foi muito difícil de ser tomada. Era a minha banda da escola, uma turma inseparável, os caras com os quais eu tocava havia 34 anos.”

E então, voltamos ao álbum. Há um texto enviado aos jornalistas que fala das canções, faixa a faixa, e que começa assim: “Ao Teu Lado: música que abre o disco. É quase um pedido de casamento, um desejo de ser uma marcha nupcial, brinca Miklos, que casou em novembro de 2019 antes da pandemia.

Com Mariana Ximenes em O Invasor, de 2002 Foto: Acervo Estadão

A letra diz: “Nós vamos trocar alianças, não vai nos faltar esperança, eu estarei sempre ao teu lado’”. O sentimento que parece escorrer pelas canções é esse, o de um homem apaixonado. Mas não se trata mais da paixão dos desencontros e dos arroubos que talvez estivessem mais presentes no ótimo Vou Ser Feliz e Já Volto, de 2001, que muitos viram como um recado aos Titãs à época. Sua paixão aqui, aos 63 anos, casado com Renata Galvão Miklos desde 2019, depois de perder a primeira mulher, Rachel Salem, para um câncer, em 2013, chega curtida pelo tempo e deixa mais leve até uma homenagem ao rapper Sabotage, assassinado em 2003.

Sabotage Está Aqui é um rock de verão, funkeado e instigante, sem a tensão que existe no universo do próprio rap. Miklos e Sabotage se conheceram nos sets de O Invasor, de 2002, filme de Beto Brant. Era o primeiro papel do roqueiro no cinema e quem o ajudou a encontrar um personagem dentro de si foi o rapper. “Ele me contava de sua vida, de como havia conseguido ser respeitado como artista depois de deixar o tráfico e de escapar vivo de situações bem delicadas”, lembra. A música, de espírito menos folk, é uma das melhores, e tem um trecho que diz assim, entre aspas, com frases do próprio Sabota: “Já escapei tantas vezes / Só com meus versos / Sempre foi assim / Já escapei tantas vezes / Desses perversos / E sumi!”.

Miklos é um cara das canções e a melhor voz dos egressos dos Titãs (ok, talvez ao lado de Arnaldo Antunes). Suas músicas chegam com uma capacidade de transpassar o ouvinte e ficar por ali por algum ou muito tempo. É o que pode acontecer com Ao Teu Lado, com Um Misto de Todas as Coisas, com Se o Amor Ainda Existir ou com a bela Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. É tudo simples e confortável, mas com uma assinatura de Miklos na condução de melodias nunca tão óbvias quanto seus inícios sugerem. Mais ou menos como a vida passando do lado de fora de um carro. 

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