Por que o namoro de Taylor Swift e Travis Kelce irritou a direita e virou questão nacional nos EUA?


Cantora já apareceu em duas partidas do jogador de futebol americano. Relacionamento teve grande repercussão no país, inflamou a Fox News e gerou debate por posicionamentos da artista e do atleta

Por Julia Queiroz

Por que o namoro entre Taylor Swift e Travis Kelce, um dos jogadores de futebol americano mais populares dos Estados Unidos, tem gerado reclamações de apresentadores da Fox e de políticos e militantes da direita americana?

Sim, é isso mesmo que você leu. A cantora de 33 anos já foi vista em dois jogos do Kansas City Chiefs, equipe do atleta, e apareceu até andando de conversível com o jogador. O relacionamento causou tamanha comoção nos EUA que furou a bolha do mundo pop e virou debate sobre a polarização política no país.

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Taylor Swift apereceu em jogo do Kansas City Chiefs, equipe de Travis Kelce, no dia 24 de setembro. Foto: Ed Zurga/AP Photo

Em uma transmissão da Fox News, conhecida pelo tom conservador e por ser a favorita de políticos como Donald Trump, o comentarista Joe Concha criticou Taylor por falar palavrões ao lado da mãe de Kelce e chamou a cantora de “boca de caminhoneiro”.

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Tomi Lahren, âncora da emissora, disse em seu programa Tomi Lahren is Fearless que a artista e o atleta são “uma combinação feita no paraíso dos liberais”. Antes de entendermos a raiz dos comentários, um pouco de contexto:

  • Tudo começou quando Kelce revelou no podcast dele, New Heights, que foi a um show da artista e tentou entregá-la uma pulseira com seu número de telefone, mas sem sucesso.
  • Mais tarde, Kelce disse que convidou Taylor para assistir um de seus jogos. No dia 24 de setembro, ela foi vista em uma partida, sentada ao lado da mãe do atleta e vibrando após ele marcar um touchdown. Os dois ainda foram filmados andando lado a lado nos bastidores do estádio e flagrados em um carro conversível após a partida.
  • Depois de Taylor aparecer no jogo, as vendas de camisas com o nome de Kelce aumentaram em 400%, conforme afirmou um representante da Fanatics, e-commerce parceiro da NFL, à revista People. O podcast do jogador se tornou o programa de esportes mais escutado em diversas plataformas digitais.
  • Boatos de que a cantora estaria no próximo jogo surgiram, a busca por ingressos disparou e a partida seguinte se tornou a mais assistida desde o Super Bowl 2023, a final do campeonato. Taylor de fato apareceu e com nomes como Blake Lively, Ryan Reynolds e Hugh Jackman como companhia. A frenesi aumentou e o assunto segue em alta.
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Polarização política

A aparição de Taylor no jogo dos Kansas City Chiefs virou assunto em todos os principais veículos da mídia americana. O país inteiro estava falando disso - em fenômeno parecido ao da recente obsessão pública dos brasileiros com a relação privada entre a Luísa Sonza e Chico Moedas.

A imagem da cantora, que é potencialmente a maior estrela do pop mundial atualmente, foi muito explorada pela NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, para atrair um já desejado público jovem e feminino.

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O tema virou debate em diversas emissoras e chegou até a Fox News, como mencionado anteriormente. Mark Hemmingway, colunista do portal de direita The Federalist, escreveu um texto para o site no qual diz que a popularidade da cantora é “um sinal do declínio da sociedade”. Ela acusou a artista de ter músicas “clichês” e “letras narcisistas”.

Por mais que Hemmingway desgoste da discografia de Taylor, é provável que ele acredite que esse “declínio da sociedade” não seja só por conta das canções da artista.

Taylor tem sido alvo da direita e de membros do Partido Republicano desde 2018, quando se posicionou politicamente pela primeira vez. Até então, ela vivia em um tipo de limbo: ficava calada e preferia ficar de fora do mundo da política. Tendo começado no country, um gênero tradicionalmente conservador, muitos acreditavam que ela estava nesse lado da moeda.

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Taylor Swift durante show no SoFi Stadium em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foto: Chris Pizzello/AP

As coisas mudaram quando a cantora se colocou contra Marsha Blackburn, que era então candidata republicana ao Senado pelo estado do Tennessee, onde Taylor foi morar aos 14 anos. A publicação gerou um aumento expressivo nos registros de votos, mas não foi suficiente para derrotar Marsha. Na época, Trump disse que gostava “25% menos” das músicas da artista.

Em 2020, Taylor apoiou Joe Biden durante as eleições presidenciais e desde então se manteve vocal na defesa dos direitos LGBT+. Dias antes de aparecer no jogo de Kelce, ela publicou uma mensagem pedindo que os fãs se registrassem para votar (lembrando que o voto é opcional nos Estados Unidos).

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A mensagem foi atendida: de acordo com a organização sem fins lucrativos Vote.org, 35 mil pessoas se registrarem no dia da publicação. A instituição também indicou um aumento de 115% nos registros de pessoas com 18 anos.

Entra Travis Kelce

E o que Travis Kelce tem a ver com tudo isso, além de namorar a cantora? Apesar da NFL sempre ter tentado se colocar como uma organização “apolítica”, o atleta também teve polêmicas que foram resgatadas por militantes de direita - muitos deles fãs de futebol americano - nas últimas semanas.

Em 2016, ele se ajoelhou durante o hino americano em apoio a Colin Kaepernick, jogador que alegou ter sido boicotado pela liga por protestar contra a violência policial à população negra.

Travis Kelce também foi alvo de críticas de conservadores americanos.  Foto: Rick Scuteri/AP

Há alguns meses, Kelce foi criticado por participar de um comercial da Bud Light, marca de cerveja que foi atacada por conservadores por realizar uma parceria com a influenciadora transexual Dylan Mulvaney.

Já dias antes de receber Taylor no jogo, Kelce estrelou uma campanha da Pfizer promovendo a vacinação contra a covid-19. A publicação também atraiu críticas dos “antivax”.

“O que partirá primeiro o coração de Kelce? A vacina da covid ou Taylor Swift?”, escreveu o ativista conservador americano Charles J. Kirk na noite da partida. “É isso que acontece quando você namora Taylor Swift?”, publicou a já mencionada Tomi Lahren, âncora da Fox News, em referência ao comercial.

Já o jornalista esportivo Clay Travis, autor do livro Republicans Buy Sneakers Too: How the Left Is Ruining Sports with Politics (Os republicanos também compram tênis: como a esquerda está arruinando os esportes com a política, em tradução livre), escreveu: “Travis Kelce está fazendo comerciais da Bud Light e da vacina de covid. Ele precisa demitir todos os seus agentes de marketing. Ou ele precisa simplesmente cortar o pênis, virar uma garota e apoiar Joe Biden”.

Taylor Swift e Travis Kelce podem influenciar a política americana?

A mobilização em torno de Taylor Swift e Travis Kelce foi tanta que até Trump foi perguntado sobre o assunto. Em entrevista ao site de direita The Daily Caller, ele afirmou:

“Desejo o melhor para ambos. Espero que eles aproveitem sua vida, talvez juntos, talvez não - provavelmente não”.

Donald Trump

O romance também chegou à Casa Branca. O assunto começou como uma brincadeira durante uma coletiva de imprensa, quando John Kirby, coordenador de comunicação da presidência, disse que sabia quem era Taylor e que estava ciente que ela estaria namorando um jogador de futebol americano.

Um repórter então perguntou se o presidente Joe Biden acreditava que o namoro era real. “O relacionamento? No vernáculo do Conselho de Segurança Nacional, não posso confirmar nem negar esses relatos”, brincou Kirby.

Fã com cartaz em apoio a Taylor Swift e Travis Kelce durante jogo do Kansas City Chiefs. Foto: AP Photo/Ed Zurga, File

Com tudo isso, fica a dúvida: podem Taylor Swift e Travis Kelce realmente influenciar a política americana? É difícil dizer. O histórico mostra que a cantora sozinha não conseguiu virar uma disputa pelo estado onde viveu parte da adolescência.

Também é fato que a popularidade dela nunca esteve tão grande, com músicas no topo das paradas e uma turnê que se tornou um fenômeno cultural - e que passa pelo Brasil em novembro. Os fãs fiéis da cantora, apelidados de “swifties”, provavelmente seguirão muito do que ela pedir, e isso inclui votar em determinado candidato.

A fama de Kelce também cresceu exponencialmente, como prova o aumento na venda de suas camisas, e é claro que atletas tem um grande poder de influência entre seus torcedores. Juntos, eles podem fazer barulho. Mas vão escolher fazer algo sobre isso? Só o tempo dirá.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Por que o namoro entre Taylor Swift e Travis Kelce, um dos jogadores de futebol americano mais populares dos Estados Unidos, tem gerado reclamações de apresentadores da Fox e de políticos e militantes da direita americana?

Sim, é isso mesmo que você leu. A cantora de 33 anos já foi vista em dois jogos do Kansas City Chiefs, equipe do atleta, e apareceu até andando de conversível com o jogador. O relacionamento causou tamanha comoção nos EUA que furou a bolha do mundo pop e virou debate sobre a polarização política no país.

Taylor Swift apereceu em jogo do Kansas City Chiefs, equipe de Travis Kelce, no dia 24 de setembro. Foto: Ed Zurga/AP Photo

Em uma transmissão da Fox News, conhecida pelo tom conservador e por ser a favorita de políticos como Donald Trump, o comentarista Joe Concha criticou Taylor por falar palavrões ao lado da mãe de Kelce e chamou a cantora de “boca de caminhoneiro”.

Tomi Lahren, âncora da emissora, disse em seu programa Tomi Lahren is Fearless que a artista e o atleta são “uma combinação feita no paraíso dos liberais”. Antes de entendermos a raiz dos comentários, um pouco de contexto:

  • Tudo começou quando Kelce revelou no podcast dele, New Heights, que foi a um show da artista e tentou entregá-la uma pulseira com seu número de telefone, mas sem sucesso.
  • Mais tarde, Kelce disse que convidou Taylor para assistir um de seus jogos. No dia 24 de setembro, ela foi vista em uma partida, sentada ao lado da mãe do atleta e vibrando após ele marcar um touchdown. Os dois ainda foram filmados andando lado a lado nos bastidores do estádio e flagrados em um carro conversível após a partida.
  • Depois de Taylor aparecer no jogo, as vendas de camisas com o nome de Kelce aumentaram em 400%, conforme afirmou um representante da Fanatics, e-commerce parceiro da NFL, à revista People. O podcast do jogador se tornou o programa de esportes mais escutado em diversas plataformas digitais.
  • Boatos de que a cantora estaria no próximo jogo surgiram, a busca por ingressos disparou e a partida seguinte se tornou a mais assistida desde o Super Bowl 2023, a final do campeonato. Taylor de fato apareceu e com nomes como Blake Lively, Ryan Reynolds e Hugh Jackman como companhia. A frenesi aumentou e o assunto segue em alta.

Polarização política

A aparição de Taylor no jogo dos Kansas City Chiefs virou assunto em todos os principais veículos da mídia americana. O país inteiro estava falando disso - em fenômeno parecido ao da recente obsessão pública dos brasileiros com a relação privada entre a Luísa Sonza e Chico Moedas.

A imagem da cantora, que é potencialmente a maior estrela do pop mundial atualmente, foi muito explorada pela NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, para atrair um já desejado público jovem e feminino.

O tema virou debate em diversas emissoras e chegou até a Fox News, como mencionado anteriormente. Mark Hemmingway, colunista do portal de direita The Federalist, escreveu um texto para o site no qual diz que a popularidade da cantora é “um sinal do declínio da sociedade”. Ela acusou a artista de ter músicas “clichês” e “letras narcisistas”.

Por mais que Hemmingway desgoste da discografia de Taylor, é provável que ele acredite que esse “declínio da sociedade” não seja só por conta das canções da artista.

Taylor tem sido alvo da direita e de membros do Partido Republicano desde 2018, quando se posicionou politicamente pela primeira vez. Até então, ela vivia em um tipo de limbo: ficava calada e preferia ficar de fora do mundo da política. Tendo começado no country, um gênero tradicionalmente conservador, muitos acreditavam que ela estava nesse lado da moeda.

Taylor Swift durante show no SoFi Stadium em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foto: Chris Pizzello/AP

As coisas mudaram quando a cantora se colocou contra Marsha Blackburn, que era então candidata republicana ao Senado pelo estado do Tennessee, onde Taylor foi morar aos 14 anos. A publicação gerou um aumento expressivo nos registros de votos, mas não foi suficiente para derrotar Marsha. Na época, Trump disse que gostava “25% menos” das músicas da artista.

Em 2020, Taylor apoiou Joe Biden durante as eleições presidenciais e desde então se manteve vocal na defesa dos direitos LGBT+. Dias antes de aparecer no jogo de Kelce, ela publicou uma mensagem pedindo que os fãs se registrassem para votar (lembrando que o voto é opcional nos Estados Unidos).

A mensagem foi atendida: de acordo com a organização sem fins lucrativos Vote.org, 35 mil pessoas se registrarem no dia da publicação. A instituição também indicou um aumento de 115% nos registros de pessoas com 18 anos.

Entra Travis Kelce

E o que Travis Kelce tem a ver com tudo isso, além de namorar a cantora? Apesar da NFL sempre ter tentado se colocar como uma organização “apolítica”, o atleta também teve polêmicas que foram resgatadas por militantes de direita - muitos deles fãs de futebol americano - nas últimas semanas.

Em 2016, ele se ajoelhou durante o hino americano em apoio a Colin Kaepernick, jogador que alegou ter sido boicotado pela liga por protestar contra a violência policial à população negra.

Travis Kelce também foi alvo de críticas de conservadores americanos.  Foto: Rick Scuteri/AP

Há alguns meses, Kelce foi criticado por participar de um comercial da Bud Light, marca de cerveja que foi atacada por conservadores por realizar uma parceria com a influenciadora transexual Dylan Mulvaney.

Já dias antes de receber Taylor no jogo, Kelce estrelou uma campanha da Pfizer promovendo a vacinação contra a covid-19. A publicação também atraiu críticas dos “antivax”.

“O que partirá primeiro o coração de Kelce? A vacina da covid ou Taylor Swift?”, escreveu o ativista conservador americano Charles J. Kirk na noite da partida. “É isso que acontece quando você namora Taylor Swift?”, publicou a já mencionada Tomi Lahren, âncora da Fox News, em referência ao comercial.

Já o jornalista esportivo Clay Travis, autor do livro Republicans Buy Sneakers Too: How the Left Is Ruining Sports with Politics (Os republicanos também compram tênis: como a esquerda está arruinando os esportes com a política, em tradução livre), escreveu: “Travis Kelce está fazendo comerciais da Bud Light e da vacina de covid. Ele precisa demitir todos os seus agentes de marketing. Ou ele precisa simplesmente cortar o pênis, virar uma garota e apoiar Joe Biden”.

Taylor Swift e Travis Kelce podem influenciar a política americana?

A mobilização em torno de Taylor Swift e Travis Kelce foi tanta que até Trump foi perguntado sobre o assunto. Em entrevista ao site de direita The Daily Caller, ele afirmou:

“Desejo o melhor para ambos. Espero que eles aproveitem sua vida, talvez juntos, talvez não - provavelmente não”.

Donald Trump

O romance também chegou à Casa Branca. O assunto começou como uma brincadeira durante uma coletiva de imprensa, quando John Kirby, coordenador de comunicação da presidência, disse que sabia quem era Taylor e que estava ciente que ela estaria namorando um jogador de futebol americano.

Um repórter então perguntou se o presidente Joe Biden acreditava que o namoro era real. “O relacionamento? No vernáculo do Conselho de Segurança Nacional, não posso confirmar nem negar esses relatos”, brincou Kirby.

Fã com cartaz em apoio a Taylor Swift e Travis Kelce durante jogo do Kansas City Chiefs. Foto: AP Photo/Ed Zurga, File

Com tudo isso, fica a dúvida: podem Taylor Swift e Travis Kelce realmente influenciar a política americana? É difícil dizer. O histórico mostra que a cantora sozinha não conseguiu virar uma disputa pelo estado onde viveu parte da adolescência.

Também é fato que a popularidade dela nunca esteve tão grande, com músicas no topo das paradas e uma turnê que se tornou um fenômeno cultural - e que passa pelo Brasil em novembro. Os fãs fiéis da cantora, apelidados de “swifties”, provavelmente seguirão muito do que ela pedir, e isso inclui votar em determinado candidato.

A fama de Kelce também cresceu exponencialmente, como prova o aumento na venda de suas camisas, e é claro que atletas tem um grande poder de influência entre seus torcedores. Juntos, eles podem fazer barulho. Mas vão escolher fazer algo sobre isso? Só o tempo dirá.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Por que o namoro entre Taylor Swift e Travis Kelce, um dos jogadores de futebol americano mais populares dos Estados Unidos, tem gerado reclamações de apresentadores da Fox e de políticos e militantes da direita americana?

Sim, é isso mesmo que você leu. A cantora de 33 anos já foi vista em dois jogos do Kansas City Chiefs, equipe do atleta, e apareceu até andando de conversível com o jogador. O relacionamento causou tamanha comoção nos EUA que furou a bolha do mundo pop e virou debate sobre a polarização política no país.

Taylor Swift apereceu em jogo do Kansas City Chiefs, equipe de Travis Kelce, no dia 24 de setembro. Foto: Ed Zurga/AP Photo

Em uma transmissão da Fox News, conhecida pelo tom conservador e por ser a favorita de políticos como Donald Trump, o comentarista Joe Concha criticou Taylor por falar palavrões ao lado da mãe de Kelce e chamou a cantora de “boca de caminhoneiro”.

Tomi Lahren, âncora da emissora, disse em seu programa Tomi Lahren is Fearless que a artista e o atleta são “uma combinação feita no paraíso dos liberais”. Antes de entendermos a raiz dos comentários, um pouco de contexto:

  • Tudo começou quando Kelce revelou no podcast dele, New Heights, que foi a um show da artista e tentou entregá-la uma pulseira com seu número de telefone, mas sem sucesso.
  • Mais tarde, Kelce disse que convidou Taylor para assistir um de seus jogos. No dia 24 de setembro, ela foi vista em uma partida, sentada ao lado da mãe do atleta e vibrando após ele marcar um touchdown. Os dois ainda foram filmados andando lado a lado nos bastidores do estádio e flagrados em um carro conversível após a partida.
  • Depois de Taylor aparecer no jogo, as vendas de camisas com o nome de Kelce aumentaram em 400%, conforme afirmou um representante da Fanatics, e-commerce parceiro da NFL, à revista People. O podcast do jogador se tornou o programa de esportes mais escutado em diversas plataformas digitais.
  • Boatos de que a cantora estaria no próximo jogo surgiram, a busca por ingressos disparou e a partida seguinte se tornou a mais assistida desde o Super Bowl 2023, a final do campeonato. Taylor de fato apareceu e com nomes como Blake Lively, Ryan Reynolds e Hugh Jackman como companhia. A frenesi aumentou e o assunto segue em alta.

Polarização política

A aparição de Taylor no jogo dos Kansas City Chiefs virou assunto em todos os principais veículos da mídia americana. O país inteiro estava falando disso - em fenômeno parecido ao da recente obsessão pública dos brasileiros com a relação privada entre a Luísa Sonza e Chico Moedas.

A imagem da cantora, que é potencialmente a maior estrela do pop mundial atualmente, foi muito explorada pela NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, para atrair um já desejado público jovem e feminino.

O tema virou debate em diversas emissoras e chegou até a Fox News, como mencionado anteriormente. Mark Hemmingway, colunista do portal de direita The Federalist, escreveu um texto para o site no qual diz que a popularidade da cantora é “um sinal do declínio da sociedade”. Ela acusou a artista de ter músicas “clichês” e “letras narcisistas”.

Por mais que Hemmingway desgoste da discografia de Taylor, é provável que ele acredite que esse “declínio da sociedade” não seja só por conta das canções da artista.

Taylor tem sido alvo da direita e de membros do Partido Republicano desde 2018, quando se posicionou politicamente pela primeira vez. Até então, ela vivia em um tipo de limbo: ficava calada e preferia ficar de fora do mundo da política. Tendo começado no country, um gênero tradicionalmente conservador, muitos acreditavam que ela estava nesse lado da moeda.

Taylor Swift durante show no SoFi Stadium em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foto: Chris Pizzello/AP

As coisas mudaram quando a cantora se colocou contra Marsha Blackburn, que era então candidata republicana ao Senado pelo estado do Tennessee, onde Taylor foi morar aos 14 anos. A publicação gerou um aumento expressivo nos registros de votos, mas não foi suficiente para derrotar Marsha. Na época, Trump disse que gostava “25% menos” das músicas da artista.

Em 2020, Taylor apoiou Joe Biden durante as eleições presidenciais e desde então se manteve vocal na defesa dos direitos LGBT+. Dias antes de aparecer no jogo de Kelce, ela publicou uma mensagem pedindo que os fãs se registrassem para votar (lembrando que o voto é opcional nos Estados Unidos).

A mensagem foi atendida: de acordo com a organização sem fins lucrativos Vote.org, 35 mil pessoas se registrarem no dia da publicação. A instituição também indicou um aumento de 115% nos registros de pessoas com 18 anos.

Entra Travis Kelce

E o que Travis Kelce tem a ver com tudo isso, além de namorar a cantora? Apesar da NFL sempre ter tentado se colocar como uma organização “apolítica”, o atleta também teve polêmicas que foram resgatadas por militantes de direita - muitos deles fãs de futebol americano - nas últimas semanas.

Em 2016, ele se ajoelhou durante o hino americano em apoio a Colin Kaepernick, jogador que alegou ter sido boicotado pela liga por protestar contra a violência policial à população negra.

Travis Kelce também foi alvo de críticas de conservadores americanos.  Foto: Rick Scuteri/AP

Há alguns meses, Kelce foi criticado por participar de um comercial da Bud Light, marca de cerveja que foi atacada por conservadores por realizar uma parceria com a influenciadora transexual Dylan Mulvaney.

Já dias antes de receber Taylor no jogo, Kelce estrelou uma campanha da Pfizer promovendo a vacinação contra a covid-19. A publicação também atraiu críticas dos “antivax”.

“O que partirá primeiro o coração de Kelce? A vacina da covid ou Taylor Swift?”, escreveu o ativista conservador americano Charles J. Kirk na noite da partida. “É isso que acontece quando você namora Taylor Swift?”, publicou a já mencionada Tomi Lahren, âncora da Fox News, em referência ao comercial.

Já o jornalista esportivo Clay Travis, autor do livro Republicans Buy Sneakers Too: How the Left Is Ruining Sports with Politics (Os republicanos também compram tênis: como a esquerda está arruinando os esportes com a política, em tradução livre), escreveu: “Travis Kelce está fazendo comerciais da Bud Light e da vacina de covid. Ele precisa demitir todos os seus agentes de marketing. Ou ele precisa simplesmente cortar o pênis, virar uma garota e apoiar Joe Biden”.

Taylor Swift e Travis Kelce podem influenciar a política americana?

A mobilização em torno de Taylor Swift e Travis Kelce foi tanta que até Trump foi perguntado sobre o assunto. Em entrevista ao site de direita The Daily Caller, ele afirmou:

“Desejo o melhor para ambos. Espero que eles aproveitem sua vida, talvez juntos, talvez não - provavelmente não”.

Donald Trump

O romance também chegou à Casa Branca. O assunto começou como uma brincadeira durante uma coletiva de imprensa, quando John Kirby, coordenador de comunicação da presidência, disse que sabia quem era Taylor e que estava ciente que ela estaria namorando um jogador de futebol americano.

Um repórter então perguntou se o presidente Joe Biden acreditava que o namoro era real. “O relacionamento? No vernáculo do Conselho de Segurança Nacional, não posso confirmar nem negar esses relatos”, brincou Kirby.

Fã com cartaz em apoio a Taylor Swift e Travis Kelce durante jogo do Kansas City Chiefs. Foto: AP Photo/Ed Zurga, File

Com tudo isso, fica a dúvida: podem Taylor Swift e Travis Kelce realmente influenciar a política americana? É difícil dizer. O histórico mostra que a cantora sozinha não conseguiu virar uma disputa pelo estado onde viveu parte da adolescência.

Também é fato que a popularidade dela nunca esteve tão grande, com músicas no topo das paradas e uma turnê que se tornou um fenômeno cultural - e que passa pelo Brasil em novembro. Os fãs fiéis da cantora, apelidados de “swifties”, provavelmente seguirão muito do que ela pedir, e isso inclui votar em determinado candidato.

A fama de Kelce também cresceu exponencialmente, como prova o aumento na venda de suas camisas, e é claro que atletas tem um grande poder de influência entre seus torcedores. Juntos, eles podem fazer barulho. Mas vão escolher fazer algo sobre isso? Só o tempo dirá.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Por que o namoro entre Taylor Swift e Travis Kelce, um dos jogadores de futebol americano mais populares dos Estados Unidos, tem gerado reclamações de apresentadores da Fox e de políticos e militantes da direita americana?

Sim, é isso mesmo que você leu. A cantora de 33 anos já foi vista em dois jogos do Kansas City Chiefs, equipe do atleta, e apareceu até andando de conversível com o jogador. O relacionamento causou tamanha comoção nos EUA que furou a bolha do mundo pop e virou debate sobre a polarização política no país.

Taylor Swift apereceu em jogo do Kansas City Chiefs, equipe de Travis Kelce, no dia 24 de setembro. Foto: Ed Zurga/AP Photo

Em uma transmissão da Fox News, conhecida pelo tom conservador e por ser a favorita de políticos como Donald Trump, o comentarista Joe Concha criticou Taylor por falar palavrões ao lado da mãe de Kelce e chamou a cantora de “boca de caminhoneiro”.

Tomi Lahren, âncora da emissora, disse em seu programa Tomi Lahren is Fearless que a artista e o atleta são “uma combinação feita no paraíso dos liberais”. Antes de entendermos a raiz dos comentários, um pouco de contexto:

  • Tudo começou quando Kelce revelou no podcast dele, New Heights, que foi a um show da artista e tentou entregá-la uma pulseira com seu número de telefone, mas sem sucesso.
  • Mais tarde, Kelce disse que convidou Taylor para assistir um de seus jogos. No dia 24 de setembro, ela foi vista em uma partida, sentada ao lado da mãe do atleta e vibrando após ele marcar um touchdown. Os dois ainda foram filmados andando lado a lado nos bastidores do estádio e flagrados em um carro conversível após a partida.
  • Depois de Taylor aparecer no jogo, as vendas de camisas com o nome de Kelce aumentaram em 400%, conforme afirmou um representante da Fanatics, e-commerce parceiro da NFL, à revista People. O podcast do jogador se tornou o programa de esportes mais escutado em diversas plataformas digitais.
  • Boatos de que a cantora estaria no próximo jogo surgiram, a busca por ingressos disparou e a partida seguinte se tornou a mais assistida desde o Super Bowl 2023, a final do campeonato. Taylor de fato apareceu e com nomes como Blake Lively, Ryan Reynolds e Hugh Jackman como companhia. A frenesi aumentou e o assunto segue em alta.

Polarização política

A aparição de Taylor no jogo dos Kansas City Chiefs virou assunto em todos os principais veículos da mídia americana. O país inteiro estava falando disso - em fenômeno parecido ao da recente obsessão pública dos brasileiros com a relação privada entre a Luísa Sonza e Chico Moedas.

A imagem da cantora, que é potencialmente a maior estrela do pop mundial atualmente, foi muito explorada pela NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, para atrair um já desejado público jovem e feminino.

O tema virou debate em diversas emissoras e chegou até a Fox News, como mencionado anteriormente. Mark Hemmingway, colunista do portal de direita The Federalist, escreveu um texto para o site no qual diz que a popularidade da cantora é “um sinal do declínio da sociedade”. Ela acusou a artista de ter músicas “clichês” e “letras narcisistas”.

Por mais que Hemmingway desgoste da discografia de Taylor, é provável que ele acredite que esse “declínio da sociedade” não seja só por conta das canções da artista.

Taylor tem sido alvo da direita e de membros do Partido Republicano desde 2018, quando se posicionou politicamente pela primeira vez. Até então, ela vivia em um tipo de limbo: ficava calada e preferia ficar de fora do mundo da política. Tendo começado no country, um gênero tradicionalmente conservador, muitos acreditavam que ela estava nesse lado da moeda.

Taylor Swift durante show no SoFi Stadium em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foto: Chris Pizzello/AP

As coisas mudaram quando a cantora se colocou contra Marsha Blackburn, que era então candidata republicana ao Senado pelo estado do Tennessee, onde Taylor foi morar aos 14 anos. A publicação gerou um aumento expressivo nos registros de votos, mas não foi suficiente para derrotar Marsha. Na época, Trump disse que gostava “25% menos” das músicas da artista.

Em 2020, Taylor apoiou Joe Biden durante as eleições presidenciais e desde então se manteve vocal na defesa dos direitos LGBT+. Dias antes de aparecer no jogo de Kelce, ela publicou uma mensagem pedindo que os fãs se registrassem para votar (lembrando que o voto é opcional nos Estados Unidos).

A mensagem foi atendida: de acordo com a organização sem fins lucrativos Vote.org, 35 mil pessoas se registrarem no dia da publicação. A instituição também indicou um aumento de 115% nos registros de pessoas com 18 anos.

Entra Travis Kelce

E o que Travis Kelce tem a ver com tudo isso, além de namorar a cantora? Apesar da NFL sempre ter tentado se colocar como uma organização “apolítica”, o atleta também teve polêmicas que foram resgatadas por militantes de direita - muitos deles fãs de futebol americano - nas últimas semanas.

Em 2016, ele se ajoelhou durante o hino americano em apoio a Colin Kaepernick, jogador que alegou ter sido boicotado pela liga por protestar contra a violência policial à população negra.

Travis Kelce também foi alvo de críticas de conservadores americanos.  Foto: Rick Scuteri/AP

Há alguns meses, Kelce foi criticado por participar de um comercial da Bud Light, marca de cerveja que foi atacada por conservadores por realizar uma parceria com a influenciadora transexual Dylan Mulvaney.

Já dias antes de receber Taylor no jogo, Kelce estrelou uma campanha da Pfizer promovendo a vacinação contra a covid-19. A publicação também atraiu críticas dos “antivax”.

“O que partirá primeiro o coração de Kelce? A vacina da covid ou Taylor Swift?”, escreveu o ativista conservador americano Charles J. Kirk na noite da partida. “É isso que acontece quando você namora Taylor Swift?”, publicou a já mencionada Tomi Lahren, âncora da Fox News, em referência ao comercial.

Já o jornalista esportivo Clay Travis, autor do livro Republicans Buy Sneakers Too: How the Left Is Ruining Sports with Politics (Os republicanos também compram tênis: como a esquerda está arruinando os esportes com a política, em tradução livre), escreveu: “Travis Kelce está fazendo comerciais da Bud Light e da vacina de covid. Ele precisa demitir todos os seus agentes de marketing. Ou ele precisa simplesmente cortar o pênis, virar uma garota e apoiar Joe Biden”.

Taylor Swift e Travis Kelce podem influenciar a política americana?

A mobilização em torno de Taylor Swift e Travis Kelce foi tanta que até Trump foi perguntado sobre o assunto. Em entrevista ao site de direita The Daily Caller, ele afirmou:

“Desejo o melhor para ambos. Espero que eles aproveitem sua vida, talvez juntos, talvez não - provavelmente não”.

Donald Trump

O romance também chegou à Casa Branca. O assunto começou como uma brincadeira durante uma coletiva de imprensa, quando John Kirby, coordenador de comunicação da presidência, disse que sabia quem era Taylor e que estava ciente que ela estaria namorando um jogador de futebol americano.

Um repórter então perguntou se o presidente Joe Biden acreditava que o namoro era real. “O relacionamento? No vernáculo do Conselho de Segurança Nacional, não posso confirmar nem negar esses relatos”, brincou Kirby.

Fã com cartaz em apoio a Taylor Swift e Travis Kelce durante jogo do Kansas City Chiefs. Foto: AP Photo/Ed Zurga, File

Com tudo isso, fica a dúvida: podem Taylor Swift e Travis Kelce realmente influenciar a política americana? É difícil dizer. O histórico mostra que a cantora sozinha não conseguiu virar uma disputa pelo estado onde viveu parte da adolescência.

Também é fato que a popularidade dela nunca esteve tão grande, com músicas no topo das paradas e uma turnê que se tornou um fenômeno cultural - e que passa pelo Brasil em novembro. Os fãs fiéis da cantora, apelidados de “swifties”, provavelmente seguirão muito do que ela pedir, e isso inclui votar em determinado candidato.

A fama de Kelce também cresceu exponencialmente, como prova o aumento na venda de suas camisas, e é claro que atletas tem um grande poder de influência entre seus torcedores. Juntos, eles podem fazer barulho. Mas vão escolher fazer algo sobre isso? Só o tempo dirá.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Por que o namoro entre Taylor Swift e Travis Kelce, um dos jogadores de futebol americano mais populares dos Estados Unidos, tem gerado reclamações de apresentadores da Fox e de políticos e militantes da direita americana?

Sim, é isso mesmo que você leu. A cantora de 33 anos já foi vista em dois jogos do Kansas City Chiefs, equipe do atleta, e apareceu até andando de conversível com o jogador. O relacionamento causou tamanha comoção nos EUA que furou a bolha do mundo pop e virou debate sobre a polarização política no país.

Taylor Swift apereceu em jogo do Kansas City Chiefs, equipe de Travis Kelce, no dia 24 de setembro. Foto: Ed Zurga/AP Photo

Em uma transmissão da Fox News, conhecida pelo tom conservador e por ser a favorita de políticos como Donald Trump, o comentarista Joe Concha criticou Taylor por falar palavrões ao lado da mãe de Kelce e chamou a cantora de “boca de caminhoneiro”.

Tomi Lahren, âncora da emissora, disse em seu programa Tomi Lahren is Fearless que a artista e o atleta são “uma combinação feita no paraíso dos liberais”. Antes de entendermos a raiz dos comentários, um pouco de contexto:

  • Tudo começou quando Kelce revelou no podcast dele, New Heights, que foi a um show da artista e tentou entregá-la uma pulseira com seu número de telefone, mas sem sucesso.
  • Mais tarde, Kelce disse que convidou Taylor para assistir um de seus jogos. No dia 24 de setembro, ela foi vista em uma partida, sentada ao lado da mãe do atleta e vibrando após ele marcar um touchdown. Os dois ainda foram filmados andando lado a lado nos bastidores do estádio e flagrados em um carro conversível após a partida.
  • Depois de Taylor aparecer no jogo, as vendas de camisas com o nome de Kelce aumentaram em 400%, conforme afirmou um representante da Fanatics, e-commerce parceiro da NFL, à revista People. O podcast do jogador se tornou o programa de esportes mais escutado em diversas plataformas digitais.
  • Boatos de que a cantora estaria no próximo jogo surgiram, a busca por ingressos disparou e a partida seguinte se tornou a mais assistida desde o Super Bowl 2023, a final do campeonato. Taylor de fato apareceu e com nomes como Blake Lively, Ryan Reynolds e Hugh Jackman como companhia. A frenesi aumentou e o assunto segue em alta.

Polarização política

A aparição de Taylor no jogo dos Kansas City Chiefs virou assunto em todos os principais veículos da mídia americana. O país inteiro estava falando disso - em fenômeno parecido ao da recente obsessão pública dos brasileiros com a relação privada entre a Luísa Sonza e Chico Moedas.

A imagem da cantora, que é potencialmente a maior estrela do pop mundial atualmente, foi muito explorada pela NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, para atrair um já desejado público jovem e feminino.

O tema virou debate em diversas emissoras e chegou até a Fox News, como mencionado anteriormente. Mark Hemmingway, colunista do portal de direita The Federalist, escreveu um texto para o site no qual diz que a popularidade da cantora é “um sinal do declínio da sociedade”. Ela acusou a artista de ter músicas “clichês” e “letras narcisistas”.

Por mais que Hemmingway desgoste da discografia de Taylor, é provável que ele acredite que esse “declínio da sociedade” não seja só por conta das canções da artista.

Taylor tem sido alvo da direita e de membros do Partido Republicano desde 2018, quando se posicionou politicamente pela primeira vez. Até então, ela vivia em um tipo de limbo: ficava calada e preferia ficar de fora do mundo da política. Tendo começado no country, um gênero tradicionalmente conservador, muitos acreditavam que ela estava nesse lado da moeda.

Taylor Swift durante show no SoFi Stadium em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foto: Chris Pizzello/AP

As coisas mudaram quando a cantora se colocou contra Marsha Blackburn, que era então candidata republicana ao Senado pelo estado do Tennessee, onde Taylor foi morar aos 14 anos. A publicação gerou um aumento expressivo nos registros de votos, mas não foi suficiente para derrotar Marsha. Na época, Trump disse que gostava “25% menos” das músicas da artista.

Em 2020, Taylor apoiou Joe Biden durante as eleições presidenciais e desde então se manteve vocal na defesa dos direitos LGBT+. Dias antes de aparecer no jogo de Kelce, ela publicou uma mensagem pedindo que os fãs se registrassem para votar (lembrando que o voto é opcional nos Estados Unidos).

A mensagem foi atendida: de acordo com a organização sem fins lucrativos Vote.org, 35 mil pessoas se registrarem no dia da publicação. A instituição também indicou um aumento de 115% nos registros de pessoas com 18 anos.

Entra Travis Kelce

E o que Travis Kelce tem a ver com tudo isso, além de namorar a cantora? Apesar da NFL sempre ter tentado se colocar como uma organização “apolítica”, o atleta também teve polêmicas que foram resgatadas por militantes de direita - muitos deles fãs de futebol americano - nas últimas semanas.

Em 2016, ele se ajoelhou durante o hino americano em apoio a Colin Kaepernick, jogador que alegou ter sido boicotado pela liga por protestar contra a violência policial à população negra.

Travis Kelce também foi alvo de críticas de conservadores americanos.  Foto: Rick Scuteri/AP

Há alguns meses, Kelce foi criticado por participar de um comercial da Bud Light, marca de cerveja que foi atacada por conservadores por realizar uma parceria com a influenciadora transexual Dylan Mulvaney.

Já dias antes de receber Taylor no jogo, Kelce estrelou uma campanha da Pfizer promovendo a vacinação contra a covid-19. A publicação também atraiu críticas dos “antivax”.

“O que partirá primeiro o coração de Kelce? A vacina da covid ou Taylor Swift?”, escreveu o ativista conservador americano Charles J. Kirk na noite da partida. “É isso que acontece quando você namora Taylor Swift?”, publicou a já mencionada Tomi Lahren, âncora da Fox News, em referência ao comercial.

Já o jornalista esportivo Clay Travis, autor do livro Republicans Buy Sneakers Too: How the Left Is Ruining Sports with Politics (Os republicanos também compram tênis: como a esquerda está arruinando os esportes com a política, em tradução livre), escreveu: “Travis Kelce está fazendo comerciais da Bud Light e da vacina de covid. Ele precisa demitir todos os seus agentes de marketing. Ou ele precisa simplesmente cortar o pênis, virar uma garota e apoiar Joe Biden”.

Taylor Swift e Travis Kelce podem influenciar a política americana?

A mobilização em torno de Taylor Swift e Travis Kelce foi tanta que até Trump foi perguntado sobre o assunto. Em entrevista ao site de direita The Daily Caller, ele afirmou:

“Desejo o melhor para ambos. Espero que eles aproveitem sua vida, talvez juntos, talvez não - provavelmente não”.

Donald Trump

O romance também chegou à Casa Branca. O assunto começou como uma brincadeira durante uma coletiva de imprensa, quando John Kirby, coordenador de comunicação da presidência, disse que sabia quem era Taylor e que estava ciente que ela estaria namorando um jogador de futebol americano.

Um repórter então perguntou se o presidente Joe Biden acreditava que o namoro era real. “O relacionamento? No vernáculo do Conselho de Segurança Nacional, não posso confirmar nem negar esses relatos”, brincou Kirby.

Fã com cartaz em apoio a Taylor Swift e Travis Kelce durante jogo do Kansas City Chiefs. Foto: AP Photo/Ed Zurga, File

Com tudo isso, fica a dúvida: podem Taylor Swift e Travis Kelce realmente influenciar a política americana? É difícil dizer. O histórico mostra que a cantora sozinha não conseguiu virar uma disputa pelo estado onde viveu parte da adolescência.

Também é fato que a popularidade dela nunca esteve tão grande, com músicas no topo das paradas e uma turnê que se tornou um fenômeno cultural - e que passa pelo Brasil em novembro. Os fãs fiéis da cantora, apelidados de “swifties”, provavelmente seguirão muito do que ela pedir, e isso inclui votar em determinado candidato.

A fama de Kelce também cresceu exponencialmente, como prova o aumento na venda de suas camisas, e é claro que atletas tem um grande poder de influência entre seus torcedores. Juntos, eles podem fazer barulho. Mas vão escolher fazer algo sobre isso? Só o tempo dirá.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

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