Primavera Sound aumenta espaço e faixa etária, na mão de empresa criticada por turnê de Taylor Swift


Na 2ª edição em SP, que acontece neste fim de semana, festival espanhol aposta em atrações mais velhas e em mudança para Interlagos. Produtora agora é a T4F, alvo de críticas após morte de fã em show de Taylor no Rio; empresa declarou ao ‘Estadão’ que foi feita uma reavaliação de protocolos para o festival, que contará com distribuição de água gratuita

Por Dora Guerra
Atualização:

Acontece neste final de semana (dias 2 e 3 de dezembro) o Primavera Sound São Paulo 2023, no Autódromo de Interlagos. O festival não é mais estreante: chegou no Brasil em novembro do ano passado, com uma comentada primeira edição. Por isso, deveria ser simples imaginar como será o evento.

Mas nesse caso, não é.

Não dá para se basear, por exemplo, no Primavera original. Nascido em 2001 em Barcelona, o festival começou tímido e acontecia em um dia só, como uma forma de fortalecer a cena espanhola de indie rock. Isso vinte anos atrás. Desde então, o festival deixou de ser só um evento e se tornou marca: com crescimento exponencial, o nome Primavera se tornou um produto exportado, consumido e adorado.

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Entre os europeus, essa marca ganhou identidade própria. É um evento robusto, que reúne frequentadores de diferentes países na mesma medida em que traz atrações mainstream e alternativas em grandes palcos. Foi para Portugal em 2012 e, em 2022, tomou Los Angeles, Santiago, Assunção, Bogotá e São Paulo.

Primavera Sound  Foto: Matias Martin Campaya / EFE

Mas se é possível falar sob o olhar externo, o Primavera não perdeu a aura cool, se posicionando como um festival que vê a próxima atração interessante antes de outros.

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“O nosso público é aquela pessoa que gosta de música, que ama música, mesmo, gente curiosa, que gosta de novidade, não necessariamente que está só de olho no topo do pôster, mas gosta de ler as letrinhas miúdas”, diz Pedro Antunes, curador do festival no Brasil.

Os artistas também enxergam isso. Vocalista do The Hives, o sueco Pelle Almqvist contou ao Estadão que o Primavera “sempre foi um dos festivais mais cool da Europa”.

“O Primavera e o Lollapalooza sempre conseguiam as melhores bandas. E aí praticamente todos os outros festivais iam atrás. Todo mundo quer estar no Primavera Sound”, diz.

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Por isso, a responsabilidade das edições latinoamericanas é enorme. No Brasil, o Primavera ainda engatinha para revelar quem será: jovem ou adulto, rock ou pop, um sopro de ar fresco ou uma variação do evento de sempre. No ano passado, foi o festival da novidade em todos os sentidos; neste, olha mais para trás, na nostalgia dos clássicos.

The Killers, Pet Shop Boys e Marisa Monte se apresentam hoje no Primavera Sound Foto: Reprodução/Instagram/@thekillers/@petshopboys/@marisamonte

A sombra de uma grande estreia

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Realizada em novembro de 2022, a primeira edição do festival encontrou alguns problemas de logística, como a disposição dos palcos e árvores que atrapalhavam a visão dos frequentadores. Mas muitos foram os acertos: na verdade, o Primavera do ano passado se tornou símbolo de bom evento nas redes sociais. O festival descolado, de curadoria arrojada, conquistou um público jovem de gosto alternativo – que não se identificava perfeitamente com os outros festivais.

Não à toa, é comum encontrar tweets saudosos. “Não há um dia que eu não pense no Primavera 2022″, escrevem internautas com certa frequência.

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Assolado pela sombra de uma grande estreia, o Primavera optou por um caminho inesperado: em vez de repetir fórmulas, dispensou boa parte delas. Como um artista que, após um primeiro álbum bem-sucedido, resolve trocar de produtor e gênero musical. Será que quer outros fãs?

Dizem que não se mexe em time que está ganhando. O Primavera mexeu, e muito: trocou de técnico, de estádio. Há quem diga que trocou até os artilheiros.

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“A primeira edição do Primavera Sound São Paulo foi um grande aprendizado. Ela se tornou especial para muitos, apesar dos desafios. Para este ano, optamos por mudanças estratégicas”, afirma a Time For Fun, que será responsável por esta edição.

A empresa declarou que quer manter “a energia e a paixão” que tanto o público, quanto os artistas trouxeram ao festival. “No entanto, estamos trabalhando para melhorar aspectos logísticos, como fluxo de público, opções de alimentação e infraestrutura de apoio, para garantir uma experiência mais confortável e agradável”, relata a T4F.

Sob nova administração, em momento crítico

Claro, houve uma mudança importante: de organizador. Neste ano, o Primavera Sound sai das mãos da Live Nation e será realizado pela Time For Fun (T4F), produtora com quem o festival fechou um contrato de dez anos. Era a T4F que assinava o Lollapalooza até a sua edição mais recente; agora, abriu mão do Lolla e será responsável pelo Primavera.

Nesse ponto, fica a dúvida se o Primavera conseguirá se distinguir de seu semelhante – o Lolla é um concorrente com atrações de perfil parecido, mas a identidade dos festivais é distinta. Se o Primavera conseguir se posicionar como na gringa, se manterá mais à margem do mainstream, sem falar tanto às massas jovens como o Lollapalooza.

Mas a Time For Fun tem questões mais sérias para lidar. Após a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift no Rio de Janeiro, a empresa enfrenta uma investigação policial, uma crise grave de imagem e quedas nas ações. Nesse contexto, o Primavera não é só mais um trabalho: o sucesso do festival é vital para o momento da empresa.

Em um festival, a T4F não irá remediar tudo o que aconteceu, claro, mas não pode se dar ao luxo de prejudicar ainda mais sua própria imagem. Além de tentar apaziguar os ânimos do público com a produtora, ela tem que executar com sucesso a nova parceria, de altos cifrões, com a marca Primavera.

O Estadão procurou um representante da T4F sobre as mudanças do festival, mas inicialmente não teve retorno. Após a publicação desta matéria, a empresa enviou um posicionamento e declarou que, diante do aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas, os protocolos foram repensados.

“Imediatamente ao primeiro show [de Swift] fizemos uma reavaliação das práticas e protocolos para incorporar os aprendizados já nos espetáculos seguintes, ainda no RJ e São Paulo, incluindo o Primavera Sound, com foco na execução de eventos em um ambiente de temperaturas extremas”, diz a nota.

No texto, a Time For Fun ressalta também que permitirá a entrada de garrafas e copos de água plásticos e lacrados, o que não era comum nestes eventos. Essa medida é obrigatória, imposta pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) após o desastre no próprio show de Taylor Swift no Rio.

Por isso, a produtora afirma que a principal ação nesse sentido será a ampliação da distribuição de água gratuita no Primavera. “Teremos 3 ilhas de distribuição gratuita de água, além de equipes realizando distribuição nas entradas e nas barricadas de todos os palcos. Além disso, teremos 36 bebedouros a disposição do público”, declarou a T4F.

A empresa ressalta que há uma “nova realidade climática” e, diante disso, reconhece que todo o setor deve repensar a estrutura dos eventos. “Temos o compromisso de participar dessa discussão e de contribuir para que possamos todos melhorar as práticas da indústria como um todo”, afirma.

A nota da empresa também ressalta seus 40 anos de atividade em 20 mil eventos para 50 milhões de presentes, e seu “compromisso com a melhor experiência, conforto e melhores práticas”.

Um festival de novidades vira um festival de clássicos

Outra mudança, do perfil de line up, reflete no público. Em 2022, o festival teve Arctic Monkeys, Björk, Travis Scott e Lorde como headliners; neste ano, tem The Killers, Pet Shop Boys, The Cure e Beck. Há, claro, acenos à juventude ao longo do line up – mas de modo geral, a curadoria em 2023 buscou frequentadores mais velhos, mais alinhados ao rock.

Não deixa de ser uma junção notável de nomes, que também posiciona o festival em um lugar diferente de seus colegas. Em uma tacada só, o Primavera irá reunir o magnânimo show de duas horas e meia do The Cure, os sempre descolados Pet Shop Boys e o espetáculo de The Killers. Mas provavelmente, vai atrair pessoas bem diferentes do que o ano passado.

“O line up do Primavera Sound é sempre criado a partir de experiências, não pensando em um tipo de público”, ressalta Antunes. “A ideia é que cada pessoa tenha uma vivência própria no festival - e isso não é enrolação. É possível que alguém vá lá só para dançar ou só para curtir rock.

The Cure Foto: Matías Martín Campaya / EFE

A graça do Primavera Sound é que mesmo que uma pessoa vá com um objetivo ou artista em mente, a gente vai surpreendê-la e fazê-la minimamente ser impactada para conhecer algo novo”.

Em 2022, os artistas eram, em sua maioria, novos, despontando. Muitos eram principiantes no quesito Brasil. Desta vez, muitas bandas acumulam décadas de carreira. Para boa parte delas, um show no palco de um festival internacional não é novidade, tampouco redefine suas trajetórias. Mas o festival as fortalece e, em alguns casos, renova.

É o caso do Bad Religion, banda que não começou agora – nem com festivais, nem com o Brasil, nem para os seus fãs. Para o vocalista, Greg Craffin, o Primavera é uma oportunidade. “Tocamos com energia dos pequenos clubes, porque é onde nascemos e continuamos a tocar nesse estilo”, diz. “Mas para quem nos vir, verá imediatamente que, mesmo nos maiores palcos do mundo, não é um som de clubes. O Bad Religion sempre fez um som grandioso”.

“Nos clubes, nosso som é maior que o clube. E funciona bem em um palco grande de festival. Então, você consegue um grande som sem uma grande atitude, uma representação mais honesta do que talvez alguns de nossos colegas”, conta.

Para Almqvist, é nesse tipo de festival que o The Hives se consagra. “Acho que nossa banda é a única que faz o que a gente faz. É quase como rock demais para um palco pequeno”, brinca. “Estamos quase em um ponto em que somos melhores nos palcos maiores, para mais pessoas. Eu sou um pouco megalomaníaco, para mim, para quanto mais pessoas pudermos tocar, melhor”.

Em suma, o Primavera parece funcionar a favor daqueles que têm um tempo de estrada, com confiança para administrar um palco como esse – e para seduzir pessoas curiosas.

“É disso que a gente gosta. As pessoas vão ao show de suas bandas preferidas, e antes delas tocarem, a gente toca. E eles não conseguem não perceber a gente”, diz Almqvist. “Acho que é assim que a gente se popularizou, conquistando públicos em festivais”.

Retração no projeto, expansão no espaço

A programação também está mais concentrada neste ano. Em 2022, a versão paulista do Primavera seguiu a linha do espanhol e trouxe, além dos palcos principais, um de eletrônica e um em auditório – nesse último, era possível acompanhar apresentações intimistas, do jazz de Jonathan Ferr ao improviso de Hermeto Pascoal. Dito “festival para fã de música”, o Primavera usava esses palcos extras para abraçar aqueles que se interessavam pela música em diversos formatos, incluindo o experimental.

Desta vez, serão três palcos, sem as adesões “diferentonas”, além do TNT Club, um espaço eletrônico patrocinado. Seria possível dizer que o festival se retraiu, se o local não fosse significativamente maior: do Distrito Anhembi, o Primavera foi para o Autódromo de Interlagos.

Trata-se de um local usado à exaustão pelos grandes festivais de música em São Paulo, devido a uma infraestrutura que permite eventos desse porte. Para diferenciar o festival de outros que aconteceram no mesmo espaço, a T4F afirmou que reimaginou o Autódromo. “Estamos focados em criar uma atmosfera única que reflete a essência do Primavera - desde a decoração e layout do espaço até experiências interativas”, declarou a empresa.

Mesmo com infraestrutura para grandes eventos, o local não é sempre querido pelos frequentadores. E na verdade, em sua utilização mais recente, Interlagos causou diversos problemas a quem estava no The Town.

A familiaridade pode ser um problema ou uma vantagem. Sem a promessa da novidade, a produção terá de lidar com uma expectativa (muitas vezes negativa) já conhecida pelo público. Pode impressionar onde se esperam falhas, claro. Mas também pode oferecer as dificuldades de sempre.

O novo primeiro Primavera Sound São Paulo

A segunda edição do Primavera Sound São Paulo tem pouquíssimas segundas vezes. Não há continuidade para se basear e, na verdade, com tantas alterações, pode-se esperar de tudo. Talvez para aqueles que sentem falta da edição anterior – ou para os que querem novidades –, seja melhor pensar assim: este é o novo primeiro Primavera Sound em São Paulo.

A partir deste sábado, ao que tudo indica, começa a nova empreitada do festival no Brasil. O Primavera Sound 2022 foi um acontecimento isolado. O verdadeiro test drive é agora.

Acontece neste final de semana (dias 2 e 3 de dezembro) o Primavera Sound São Paulo 2023, no Autódromo de Interlagos. O festival não é mais estreante: chegou no Brasil em novembro do ano passado, com uma comentada primeira edição. Por isso, deveria ser simples imaginar como será o evento.

Mas nesse caso, não é.

Não dá para se basear, por exemplo, no Primavera original. Nascido em 2001 em Barcelona, o festival começou tímido e acontecia em um dia só, como uma forma de fortalecer a cena espanhola de indie rock. Isso vinte anos atrás. Desde então, o festival deixou de ser só um evento e se tornou marca: com crescimento exponencial, o nome Primavera se tornou um produto exportado, consumido e adorado.

Entre os europeus, essa marca ganhou identidade própria. É um evento robusto, que reúne frequentadores de diferentes países na mesma medida em que traz atrações mainstream e alternativas em grandes palcos. Foi para Portugal em 2012 e, em 2022, tomou Los Angeles, Santiago, Assunção, Bogotá e São Paulo.

Primavera Sound  Foto: Matias Martin Campaya / EFE

Mas se é possível falar sob o olhar externo, o Primavera não perdeu a aura cool, se posicionando como um festival que vê a próxima atração interessante antes de outros.

“O nosso público é aquela pessoa que gosta de música, que ama música, mesmo, gente curiosa, que gosta de novidade, não necessariamente que está só de olho no topo do pôster, mas gosta de ler as letrinhas miúdas”, diz Pedro Antunes, curador do festival no Brasil.

Os artistas também enxergam isso. Vocalista do The Hives, o sueco Pelle Almqvist contou ao Estadão que o Primavera “sempre foi um dos festivais mais cool da Europa”.

“O Primavera e o Lollapalooza sempre conseguiam as melhores bandas. E aí praticamente todos os outros festivais iam atrás. Todo mundo quer estar no Primavera Sound”, diz.

Por isso, a responsabilidade das edições latinoamericanas é enorme. No Brasil, o Primavera ainda engatinha para revelar quem será: jovem ou adulto, rock ou pop, um sopro de ar fresco ou uma variação do evento de sempre. No ano passado, foi o festival da novidade em todos os sentidos; neste, olha mais para trás, na nostalgia dos clássicos.

The Killers, Pet Shop Boys e Marisa Monte se apresentam hoje no Primavera Sound Foto: Reprodução/Instagram/@thekillers/@petshopboys/@marisamonte

A sombra de uma grande estreia

Realizada em novembro de 2022, a primeira edição do festival encontrou alguns problemas de logística, como a disposição dos palcos e árvores que atrapalhavam a visão dos frequentadores. Mas muitos foram os acertos: na verdade, o Primavera do ano passado se tornou símbolo de bom evento nas redes sociais. O festival descolado, de curadoria arrojada, conquistou um público jovem de gosto alternativo – que não se identificava perfeitamente com os outros festivais.

Não à toa, é comum encontrar tweets saudosos. “Não há um dia que eu não pense no Primavera 2022″, escrevem internautas com certa frequência.

Assolado pela sombra de uma grande estreia, o Primavera optou por um caminho inesperado: em vez de repetir fórmulas, dispensou boa parte delas. Como um artista que, após um primeiro álbum bem-sucedido, resolve trocar de produtor e gênero musical. Será que quer outros fãs?

Dizem que não se mexe em time que está ganhando. O Primavera mexeu, e muito: trocou de técnico, de estádio. Há quem diga que trocou até os artilheiros.

“A primeira edição do Primavera Sound São Paulo foi um grande aprendizado. Ela se tornou especial para muitos, apesar dos desafios. Para este ano, optamos por mudanças estratégicas”, afirma a Time For Fun, que será responsável por esta edição.

A empresa declarou que quer manter “a energia e a paixão” que tanto o público, quanto os artistas trouxeram ao festival. “No entanto, estamos trabalhando para melhorar aspectos logísticos, como fluxo de público, opções de alimentação e infraestrutura de apoio, para garantir uma experiência mais confortável e agradável”, relata a T4F.

Sob nova administração, em momento crítico

Claro, houve uma mudança importante: de organizador. Neste ano, o Primavera Sound sai das mãos da Live Nation e será realizado pela Time For Fun (T4F), produtora com quem o festival fechou um contrato de dez anos. Era a T4F que assinava o Lollapalooza até a sua edição mais recente; agora, abriu mão do Lolla e será responsável pelo Primavera.

Nesse ponto, fica a dúvida se o Primavera conseguirá se distinguir de seu semelhante – o Lolla é um concorrente com atrações de perfil parecido, mas a identidade dos festivais é distinta. Se o Primavera conseguir se posicionar como na gringa, se manterá mais à margem do mainstream, sem falar tanto às massas jovens como o Lollapalooza.

Mas a Time For Fun tem questões mais sérias para lidar. Após a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift no Rio de Janeiro, a empresa enfrenta uma investigação policial, uma crise grave de imagem e quedas nas ações. Nesse contexto, o Primavera não é só mais um trabalho: o sucesso do festival é vital para o momento da empresa.

Em um festival, a T4F não irá remediar tudo o que aconteceu, claro, mas não pode se dar ao luxo de prejudicar ainda mais sua própria imagem. Além de tentar apaziguar os ânimos do público com a produtora, ela tem que executar com sucesso a nova parceria, de altos cifrões, com a marca Primavera.

O Estadão procurou um representante da T4F sobre as mudanças do festival, mas inicialmente não teve retorno. Após a publicação desta matéria, a empresa enviou um posicionamento e declarou que, diante do aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas, os protocolos foram repensados.

“Imediatamente ao primeiro show [de Swift] fizemos uma reavaliação das práticas e protocolos para incorporar os aprendizados já nos espetáculos seguintes, ainda no RJ e São Paulo, incluindo o Primavera Sound, com foco na execução de eventos em um ambiente de temperaturas extremas”, diz a nota.

No texto, a Time For Fun ressalta também que permitirá a entrada de garrafas e copos de água plásticos e lacrados, o que não era comum nestes eventos. Essa medida é obrigatória, imposta pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) após o desastre no próprio show de Taylor Swift no Rio.

Por isso, a produtora afirma que a principal ação nesse sentido será a ampliação da distribuição de água gratuita no Primavera. “Teremos 3 ilhas de distribuição gratuita de água, além de equipes realizando distribuição nas entradas e nas barricadas de todos os palcos. Além disso, teremos 36 bebedouros a disposição do público”, declarou a T4F.

A empresa ressalta que há uma “nova realidade climática” e, diante disso, reconhece que todo o setor deve repensar a estrutura dos eventos. “Temos o compromisso de participar dessa discussão e de contribuir para que possamos todos melhorar as práticas da indústria como um todo”, afirma.

A nota da empresa também ressalta seus 40 anos de atividade em 20 mil eventos para 50 milhões de presentes, e seu “compromisso com a melhor experiência, conforto e melhores práticas”.

Um festival de novidades vira um festival de clássicos

Outra mudança, do perfil de line up, reflete no público. Em 2022, o festival teve Arctic Monkeys, Björk, Travis Scott e Lorde como headliners; neste ano, tem The Killers, Pet Shop Boys, The Cure e Beck. Há, claro, acenos à juventude ao longo do line up – mas de modo geral, a curadoria em 2023 buscou frequentadores mais velhos, mais alinhados ao rock.

Não deixa de ser uma junção notável de nomes, que também posiciona o festival em um lugar diferente de seus colegas. Em uma tacada só, o Primavera irá reunir o magnânimo show de duas horas e meia do The Cure, os sempre descolados Pet Shop Boys e o espetáculo de The Killers. Mas provavelmente, vai atrair pessoas bem diferentes do que o ano passado.

“O line up do Primavera Sound é sempre criado a partir de experiências, não pensando em um tipo de público”, ressalta Antunes. “A ideia é que cada pessoa tenha uma vivência própria no festival - e isso não é enrolação. É possível que alguém vá lá só para dançar ou só para curtir rock.

The Cure Foto: Matías Martín Campaya / EFE

A graça do Primavera Sound é que mesmo que uma pessoa vá com um objetivo ou artista em mente, a gente vai surpreendê-la e fazê-la minimamente ser impactada para conhecer algo novo”.

Em 2022, os artistas eram, em sua maioria, novos, despontando. Muitos eram principiantes no quesito Brasil. Desta vez, muitas bandas acumulam décadas de carreira. Para boa parte delas, um show no palco de um festival internacional não é novidade, tampouco redefine suas trajetórias. Mas o festival as fortalece e, em alguns casos, renova.

É o caso do Bad Religion, banda que não começou agora – nem com festivais, nem com o Brasil, nem para os seus fãs. Para o vocalista, Greg Craffin, o Primavera é uma oportunidade. “Tocamos com energia dos pequenos clubes, porque é onde nascemos e continuamos a tocar nesse estilo”, diz. “Mas para quem nos vir, verá imediatamente que, mesmo nos maiores palcos do mundo, não é um som de clubes. O Bad Religion sempre fez um som grandioso”.

“Nos clubes, nosso som é maior que o clube. E funciona bem em um palco grande de festival. Então, você consegue um grande som sem uma grande atitude, uma representação mais honesta do que talvez alguns de nossos colegas”, conta.

Para Almqvist, é nesse tipo de festival que o The Hives se consagra. “Acho que nossa banda é a única que faz o que a gente faz. É quase como rock demais para um palco pequeno”, brinca. “Estamos quase em um ponto em que somos melhores nos palcos maiores, para mais pessoas. Eu sou um pouco megalomaníaco, para mim, para quanto mais pessoas pudermos tocar, melhor”.

Em suma, o Primavera parece funcionar a favor daqueles que têm um tempo de estrada, com confiança para administrar um palco como esse – e para seduzir pessoas curiosas.

“É disso que a gente gosta. As pessoas vão ao show de suas bandas preferidas, e antes delas tocarem, a gente toca. E eles não conseguem não perceber a gente”, diz Almqvist. “Acho que é assim que a gente se popularizou, conquistando públicos em festivais”.

Retração no projeto, expansão no espaço

A programação também está mais concentrada neste ano. Em 2022, a versão paulista do Primavera seguiu a linha do espanhol e trouxe, além dos palcos principais, um de eletrônica e um em auditório – nesse último, era possível acompanhar apresentações intimistas, do jazz de Jonathan Ferr ao improviso de Hermeto Pascoal. Dito “festival para fã de música”, o Primavera usava esses palcos extras para abraçar aqueles que se interessavam pela música em diversos formatos, incluindo o experimental.

Desta vez, serão três palcos, sem as adesões “diferentonas”, além do TNT Club, um espaço eletrônico patrocinado. Seria possível dizer que o festival se retraiu, se o local não fosse significativamente maior: do Distrito Anhembi, o Primavera foi para o Autódromo de Interlagos.

Trata-se de um local usado à exaustão pelos grandes festivais de música em São Paulo, devido a uma infraestrutura que permite eventos desse porte. Para diferenciar o festival de outros que aconteceram no mesmo espaço, a T4F afirmou que reimaginou o Autódromo. “Estamos focados em criar uma atmosfera única que reflete a essência do Primavera - desde a decoração e layout do espaço até experiências interativas”, declarou a empresa.

Mesmo com infraestrutura para grandes eventos, o local não é sempre querido pelos frequentadores. E na verdade, em sua utilização mais recente, Interlagos causou diversos problemas a quem estava no The Town.

A familiaridade pode ser um problema ou uma vantagem. Sem a promessa da novidade, a produção terá de lidar com uma expectativa (muitas vezes negativa) já conhecida pelo público. Pode impressionar onde se esperam falhas, claro. Mas também pode oferecer as dificuldades de sempre.

O novo primeiro Primavera Sound São Paulo

A segunda edição do Primavera Sound São Paulo tem pouquíssimas segundas vezes. Não há continuidade para se basear e, na verdade, com tantas alterações, pode-se esperar de tudo. Talvez para aqueles que sentem falta da edição anterior – ou para os que querem novidades –, seja melhor pensar assim: este é o novo primeiro Primavera Sound em São Paulo.

A partir deste sábado, ao que tudo indica, começa a nova empreitada do festival no Brasil. O Primavera Sound 2022 foi um acontecimento isolado. O verdadeiro test drive é agora.

Acontece neste final de semana (dias 2 e 3 de dezembro) o Primavera Sound São Paulo 2023, no Autódromo de Interlagos. O festival não é mais estreante: chegou no Brasil em novembro do ano passado, com uma comentada primeira edição. Por isso, deveria ser simples imaginar como será o evento.

Mas nesse caso, não é.

Não dá para se basear, por exemplo, no Primavera original. Nascido em 2001 em Barcelona, o festival começou tímido e acontecia em um dia só, como uma forma de fortalecer a cena espanhola de indie rock. Isso vinte anos atrás. Desde então, o festival deixou de ser só um evento e se tornou marca: com crescimento exponencial, o nome Primavera se tornou um produto exportado, consumido e adorado.

Entre os europeus, essa marca ganhou identidade própria. É um evento robusto, que reúne frequentadores de diferentes países na mesma medida em que traz atrações mainstream e alternativas em grandes palcos. Foi para Portugal em 2012 e, em 2022, tomou Los Angeles, Santiago, Assunção, Bogotá e São Paulo.

Primavera Sound  Foto: Matias Martin Campaya / EFE

Mas se é possível falar sob o olhar externo, o Primavera não perdeu a aura cool, se posicionando como um festival que vê a próxima atração interessante antes de outros.

“O nosso público é aquela pessoa que gosta de música, que ama música, mesmo, gente curiosa, que gosta de novidade, não necessariamente que está só de olho no topo do pôster, mas gosta de ler as letrinhas miúdas”, diz Pedro Antunes, curador do festival no Brasil.

Os artistas também enxergam isso. Vocalista do The Hives, o sueco Pelle Almqvist contou ao Estadão que o Primavera “sempre foi um dos festivais mais cool da Europa”.

“O Primavera e o Lollapalooza sempre conseguiam as melhores bandas. E aí praticamente todos os outros festivais iam atrás. Todo mundo quer estar no Primavera Sound”, diz.

Por isso, a responsabilidade das edições latinoamericanas é enorme. No Brasil, o Primavera ainda engatinha para revelar quem será: jovem ou adulto, rock ou pop, um sopro de ar fresco ou uma variação do evento de sempre. No ano passado, foi o festival da novidade em todos os sentidos; neste, olha mais para trás, na nostalgia dos clássicos.

The Killers, Pet Shop Boys e Marisa Monte se apresentam hoje no Primavera Sound Foto: Reprodução/Instagram/@thekillers/@petshopboys/@marisamonte

A sombra de uma grande estreia

Realizada em novembro de 2022, a primeira edição do festival encontrou alguns problemas de logística, como a disposição dos palcos e árvores que atrapalhavam a visão dos frequentadores. Mas muitos foram os acertos: na verdade, o Primavera do ano passado se tornou símbolo de bom evento nas redes sociais. O festival descolado, de curadoria arrojada, conquistou um público jovem de gosto alternativo – que não se identificava perfeitamente com os outros festivais.

Não à toa, é comum encontrar tweets saudosos. “Não há um dia que eu não pense no Primavera 2022″, escrevem internautas com certa frequência.

Assolado pela sombra de uma grande estreia, o Primavera optou por um caminho inesperado: em vez de repetir fórmulas, dispensou boa parte delas. Como um artista que, após um primeiro álbum bem-sucedido, resolve trocar de produtor e gênero musical. Será que quer outros fãs?

Dizem que não se mexe em time que está ganhando. O Primavera mexeu, e muito: trocou de técnico, de estádio. Há quem diga que trocou até os artilheiros.

“A primeira edição do Primavera Sound São Paulo foi um grande aprendizado. Ela se tornou especial para muitos, apesar dos desafios. Para este ano, optamos por mudanças estratégicas”, afirma a Time For Fun, que será responsável por esta edição.

A empresa declarou que quer manter “a energia e a paixão” que tanto o público, quanto os artistas trouxeram ao festival. “No entanto, estamos trabalhando para melhorar aspectos logísticos, como fluxo de público, opções de alimentação e infraestrutura de apoio, para garantir uma experiência mais confortável e agradável”, relata a T4F.

Sob nova administração, em momento crítico

Claro, houve uma mudança importante: de organizador. Neste ano, o Primavera Sound sai das mãos da Live Nation e será realizado pela Time For Fun (T4F), produtora com quem o festival fechou um contrato de dez anos. Era a T4F que assinava o Lollapalooza até a sua edição mais recente; agora, abriu mão do Lolla e será responsável pelo Primavera.

Nesse ponto, fica a dúvida se o Primavera conseguirá se distinguir de seu semelhante – o Lolla é um concorrente com atrações de perfil parecido, mas a identidade dos festivais é distinta. Se o Primavera conseguir se posicionar como na gringa, se manterá mais à margem do mainstream, sem falar tanto às massas jovens como o Lollapalooza.

Mas a Time For Fun tem questões mais sérias para lidar. Após a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift no Rio de Janeiro, a empresa enfrenta uma investigação policial, uma crise grave de imagem e quedas nas ações. Nesse contexto, o Primavera não é só mais um trabalho: o sucesso do festival é vital para o momento da empresa.

Em um festival, a T4F não irá remediar tudo o que aconteceu, claro, mas não pode se dar ao luxo de prejudicar ainda mais sua própria imagem. Além de tentar apaziguar os ânimos do público com a produtora, ela tem que executar com sucesso a nova parceria, de altos cifrões, com a marca Primavera.

O Estadão procurou um representante da T4F sobre as mudanças do festival, mas inicialmente não teve retorno. Após a publicação desta matéria, a empresa enviou um posicionamento e declarou que, diante do aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas, os protocolos foram repensados.

“Imediatamente ao primeiro show [de Swift] fizemos uma reavaliação das práticas e protocolos para incorporar os aprendizados já nos espetáculos seguintes, ainda no RJ e São Paulo, incluindo o Primavera Sound, com foco na execução de eventos em um ambiente de temperaturas extremas”, diz a nota.

No texto, a Time For Fun ressalta também que permitirá a entrada de garrafas e copos de água plásticos e lacrados, o que não era comum nestes eventos. Essa medida é obrigatória, imposta pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) após o desastre no próprio show de Taylor Swift no Rio.

Por isso, a produtora afirma que a principal ação nesse sentido será a ampliação da distribuição de água gratuita no Primavera. “Teremos 3 ilhas de distribuição gratuita de água, além de equipes realizando distribuição nas entradas e nas barricadas de todos os palcos. Além disso, teremos 36 bebedouros a disposição do público”, declarou a T4F.

A empresa ressalta que há uma “nova realidade climática” e, diante disso, reconhece que todo o setor deve repensar a estrutura dos eventos. “Temos o compromisso de participar dessa discussão e de contribuir para que possamos todos melhorar as práticas da indústria como um todo”, afirma.

A nota da empresa também ressalta seus 40 anos de atividade em 20 mil eventos para 50 milhões de presentes, e seu “compromisso com a melhor experiência, conforto e melhores práticas”.

Um festival de novidades vira um festival de clássicos

Outra mudança, do perfil de line up, reflete no público. Em 2022, o festival teve Arctic Monkeys, Björk, Travis Scott e Lorde como headliners; neste ano, tem The Killers, Pet Shop Boys, The Cure e Beck. Há, claro, acenos à juventude ao longo do line up – mas de modo geral, a curadoria em 2023 buscou frequentadores mais velhos, mais alinhados ao rock.

Não deixa de ser uma junção notável de nomes, que também posiciona o festival em um lugar diferente de seus colegas. Em uma tacada só, o Primavera irá reunir o magnânimo show de duas horas e meia do The Cure, os sempre descolados Pet Shop Boys e o espetáculo de The Killers. Mas provavelmente, vai atrair pessoas bem diferentes do que o ano passado.

“O line up do Primavera Sound é sempre criado a partir de experiências, não pensando em um tipo de público”, ressalta Antunes. “A ideia é que cada pessoa tenha uma vivência própria no festival - e isso não é enrolação. É possível que alguém vá lá só para dançar ou só para curtir rock.

The Cure Foto: Matías Martín Campaya / EFE

A graça do Primavera Sound é que mesmo que uma pessoa vá com um objetivo ou artista em mente, a gente vai surpreendê-la e fazê-la minimamente ser impactada para conhecer algo novo”.

Em 2022, os artistas eram, em sua maioria, novos, despontando. Muitos eram principiantes no quesito Brasil. Desta vez, muitas bandas acumulam décadas de carreira. Para boa parte delas, um show no palco de um festival internacional não é novidade, tampouco redefine suas trajetórias. Mas o festival as fortalece e, em alguns casos, renova.

É o caso do Bad Religion, banda que não começou agora – nem com festivais, nem com o Brasil, nem para os seus fãs. Para o vocalista, Greg Craffin, o Primavera é uma oportunidade. “Tocamos com energia dos pequenos clubes, porque é onde nascemos e continuamos a tocar nesse estilo”, diz. “Mas para quem nos vir, verá imediatamente que, mesmo nos maiores palcos do mundo, não é um som de clubes. O Bad Religion sempre fez um som grandioso”.

“Nos clubes, nosso som é maior que o clube. E funciona bem em um palco grande de festival. Então, você consegue um grande som sem uma grande atitude, uma representação mais honesta do que talvez alguns de nossos colegas”, conta.

Para Almqvist, é nesse tipo de festival que o The Hives se consagra. “Acho que nossa banda é a única que faz o que a gente faz. É quase como rock demais para um palco pequeno”, brinca. “Estamos quase em um ponto em que somos melhores nos palcos maiores, para mais pessoas. Eu sou um pouco megalomaníaco, para mim, para quanto mais pessoas pudermos tocar, melhor”.

Em suma, o Primavera parece funcionar a favor daqueles que têm um tempo de estrada, com confiança para administrar um palco como esse – e para seduzir pessoas curiosas.

“É disso que a gente gosta. As pessoas vão ao show de suas bandas preferidas, e antes delas tocarem, a gente toca. E eles não conseguem não perceber a gente”, diz Almqvist. “Acho que é assim que a gente se popularizou, conquistando públicos em festivais”.

Retração no projeto, expansão no espaço

A programação também está mais concentrada neste ano. Em 2022, a versão paulista do Primavera seguiu a linha do espanhol e trouxe, além dos palcos principais, um de eletrônica e um em auditório – nesse último, era possível acompanhar apresentações intimistas, do jazz de Jonathan Ferr ao improviso de Hermeto Pascoal. Dito “festival para fã de música”, o Primavera usava esses palcos extras para abraçar aqueles que se interessavam pela música em diversos formatos, incluindo o experimental.

Desta vez, serão três palcos, sem as adesões “diferentonas”, além do TNT Club, um espaço eletrônico patrocinado. Seria possível dizer que o festival se retraiu, se o local não fosse significativamente maior: do Distrito Anhembi, o Primavera foi para o Autódromo de Interlagos.

Trata-se de um local usado à exaustão pelos grandes festivais de música em São Paulo, devido a uma infraestrutura que permite eventos desse porte. Para diferenciar o festival de outros que aconteceram no mesmo espaço, a T4F afirmou que reimaginou o Autódromo. “Estamos focados em criar uma atmosfera única que reflete a essência do Primavera - desde a decoração e layout do espaço até experiências interativas”, declarou a empresa.

Mesmo com infraestrutura para grandes eventos, o local não é sempre querido pelos frequentadores. E na verdade, em sua utilização mais recente, Interlagos causou diversos problemas a quem estava no The Town.

A familiaridade pode ser um problema ou uma vantagem. Sem a promessa da novidade, a produção terá de lidar com uma expectativa (muitas vezes negativa) já conhecida pelo público. Pode impressionar onde se esperam falhas, claro. Mas também pode oferecer as dificuldades de sempre.

O novo primeiro Primavera Sound São Paulo

A segunda edição do Primavera Sound São Paulo tem pouquíssimas segundas vezes. Não há continuidade para se basear e, na verdade, com tantas alterações, pode-se esperar de tudo. Talvez para aqueles que sentem falta da edição anterior – ou para os que querem novidades –, seja melhor pensar assim: este é o novo primeiro Primavera Sound em São Paulo.

A partir deste sábado, ao que tudo indica, começa a nova empreitada do festival no Brasil. O Primavera Sound 2022 foi um acontecimento isolado. O verdadeiro test drive é agora.

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