Quem são os fãs que estão acampando na fila para comprar ingresso para o show extra de Taylor Swift


O Estadão foi até o Allianz Parque conversar com quem é tão apaixonado pela cantora americana que resolveu acampar para garantir entradas para o show extra

Por Daniel Silveira
Atualização:

Os ingressos para o primeiro show da The Eras Tour da cantora norte-americana Taylor Swift acabaram em menos de uma hora. As vendas foram distribuídas em três dias diferentes. A primeira leva pôde comprar dia 6 de junho (pessoas que tinham comprado o ingresso para os shows de 2020 cancelados por conta da pandemia), depois foi a vez dos clientes do C6 Bank e na última segunda-feira, 12, foi aberta a venda para o público geral.

Fãs montam barracas em frente a bilheteria do Allianz Parque, em São Paulo, para comprar ingresso do show da cantora Taylor Swift.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante de uma demanda tão grande, fãs da loirinha enfrentaram confusão e embate com cambistas. Alguns deles tinham ficado mais de um dia acampados para conseguir um ingresso. A luta foi árdua e nem todos conseguiram comprar. Mas nem tudo está perdido pois dois novos shows foram anunciados.

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Os ingressos começam a ser vendidos no dia 19 de junho às 10h em uma pré-venda exclusiva para clientes C6 Bank Mastercard. Já para o público geral, a venda começa em 22 de junho, no mesmo horário. E, sim, já tem gente acampando na frente do Allianz Parque, a bilheteria física do evento.

Quem são essas pessoas que chegaram com quase 10 dias de antecedência das vendas? Como vivem? Como farão para conciliar a rotina com a fila que tende a crescer nos próximos dias? O Estadão também se perguntou isso e foi até lá tentar conhecer um pouco da rotina desses fãs apaixonados (ou nem tanto) que enfrentam sol, chuva, frio, vento, chão duro, os perigos das ruas e ainda disputam espaço com cambistas.

Algumas coisas são comuns a todos: barracas de camping, esquema de revezamento entre as pessoas que ocupam essas barracas, que costumam ser grupos de amigos ou pessoas que se conheceram pela internet. Neste texto você verá as seguintes histórias:

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  • O ator Felipe Araújo, 22, que acampa há cinco anos para ver os shows de seus artistas favoritos;
  • A estudante Julia Vioto, 17, que conta com a ajuda da mãe para realizar o sonho de ver Taylor;
  • A enfermeira Paloma Porto, 28, que usa a experiência de montanhismo para encarar as dificuldades do acampamento;
  • O garçom Gustavo Gonçalves, 22, que decidiu ficar na fila no lugar da esposa, que está grávida e;
  • A Jovem Aprendiz Pamela Santana, 19, que desistiu de tentar comprar online e buscou no Twitter parceiras para o acampamento.
O ator Felipe Araújo, 22, acampa para shows há cinco anos, mas esta é a primeira vez que está numa fila para comprar ingresso. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Fã com histórico de acampamento

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O ator Felipe Araújo, de 22 anos, aproveitou o recente desemprego para se ocupar na fila. “Pedi demissão há duas semanas para ter um tempo para mim e calhou de rolar esse ‘acampamento’.” Ele e seu grupo estavam na fila para o primeiro show desde sábado. Eles se juntaram depois que Felipe passou pelo estádio e viu que já tinha gente na fila. Encontrou no Twitter algumas pessoas que estavam por lá, achou postagens no Instagram, contou mais ou menos quantas barracas viu e decidiu que seria melhor acampar para garantir os ingressos.

Não conseguiram. “Teve briga, polícia, ambulância, um monte de coisa, loucura. Segunda fez um sol de trinta graus, gente roubando, cheguei a discutir com policiais lá na frente e tudo mais”, conta sua saga. Depois da frustração, veio a notícia de um show extra. Então, ele e os companheiros de barraca decidiram se manter ali. “Todo mundo estava cansado, com sono, fomos para casa e voltamos hoje (terça).”

Casado, ele conta que o marido também vai revezar a ocupação das duas barracas que o grupo de 20 pessoas ocupa. “Ele vem amanhã e na quarta dormimos juntos aqui, mas em casa é de boa, ele sai para trabalhar e eu venho para cá, no fim do dia, ele volta para casa e eu também, não interfere em nada.” Felipe e sua turma eram as 21.ª e 22.ª barracas quando a reportagem falou com eles, os últimos da fila até aquele momento.

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Felipe mostra a organização de escala para ocupar a barraca em frente a bilheteria do Allianz Parque, em São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Mas essa não é a primeira vez que Felipe encara o sacrifício de acampar para ver um artista que ama. “Aqui no Allianz Parque já faço isso há cinco anos, teve os shows de Camila Cabello, Harry Styles, Shakira e BTS.” No entanto, para comprar ingresso é a primeira vez. “Sempre acampo para ver o show, o da Taylor é diferente, ela não vem para cá desde dois mil e doze.”

Também talvez não seja a última vez que ele acampe para comprar ingressos. O ator está contando com o anúncio de shows de Beyoncé no Brasil, que ainda não tem nada certo, são apenas especulações. Enquanto isso não acontece, ele se prepara para o revezamento nos próximos dias com as outras pessoas de seu grupo. Existe uma escala já programada, que conta, inclusive com um religioso. “Eu vi esse homem ajoelhado no chão chorando por não ter conseguido comprar ingresso ontem para o filho que mora em Roraima, aí eu chamei ele para estar na nossa barraca”, conta.

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A enfermeira Edna Vioto, 46, observa a filha, Julia Vioto, 17, em frente à bilheteria do Allianz Parque. Mãe diz preferir estar apoiar a filha e acompanhar de perto o processo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Com o aval da mãe

A estudante de designer Julia Vioto tem 17 anos e esta já é a segunda vez que acampa para conseguir ingressos para um show que ela quer muito ver. A primeira vez foi para assistir à apresentação do grupo de k-pop BTS. Nas duas vezes, ela contou com o apoio da mãe, Edna, 46. “Eu acho que tem que ser pau para toda obra, mãe é mãe”, opina a enfermeira.

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Edna e o marido, o pai de Julia, se revezaram para conseguir ingresso para a filha em 2019 quando o grupo coreano esteve no Brasil, no mesmo Allianz Parque. “Mas agora vai ser só eu, o pai disse que nunca mais passaria por aquilo”, brinca.

Além da mãe, Julia conta com o apoio da amiga Isabela, 18, que também é fã de Taylor e vai dividir com as outras companheiras do grupo o revezamento da barraca. “Hoje (terça-feira), a gente não tem aula no curso porque teve uma paralisação, então vamos dormir”, explica.

Além do apoio para que a filha realize seus sonhos, Edna também colocou a mão na massa ajudando a armar a barraca que a filha e suas amigas usarão. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Tudo faz parte do cronograma criado em um grupo de WhatsApp com outras fãs, a quem elas não conheciam pessoalmente até o momento. “A gente está dormindo aqui para garantir o lugar, acho que vale muito a pena. Porque ou é isso eu fico sem. É um sonho que eu quero realizar.”, continua. Como são mais novas e estudam, elas ficaram responsáveis pelo primeiro dia, apenas. “Tem uma mãe que está no grupo também, a filha dela tem 15 anos e ela está lá para entender tudo”, explica, tendo o aval da mãe. “Eu fico até mais tranquila sabendo disso”, diz Edna.

De alguma maneira, a mãe também se realiza vendo a filha se esforçar por algo que tanto deseja. “Quando tinha 17 anos, meu marido (namorado na época) comprou um show que meu pai não deixou eu ir, outra vez saí de casa com roupa de casamento e troquei por um short jeans e tênis para ir no Hollywood Rock”, conta. Para ela, é melhor participar dessa parte da história de Julia do que negar. “Eu não quero minha filha mentindo pra mim, então isso é confiança, por isso que eu prefiro estar aqui com ela.”

A enfermeira Paloma Porto, 28, diz que a experiência que tem com montanhismo ajuda na hora de enfrentar os perrengues: frio, chão duro, sol, chuva. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Experiência de montanha

Quando a reportagem encontrou a enfermeira Paloma Porto, 28, na fila, ela estava organizando tudo. “A minha é a 17, a de vocês é a 18, aí tem mais duas, 19 e 20 e a sua é 21 e 22″, falou primeiro olhando para Edna e a filha e, depois, para Felipe. Segundo ela, é importante deixar tudo organizado para que outras pessoas não queiram tomar seu lugar.

“Aprendi isso na fila do RBD, que eu fui a primeira barraca, o que eu passei lá, nem te conto.” Mas ela contou: pessoas querendo tomar o lugar dela no acampamento e até denúncia anônima contra sua barraca. “Um policial foi lá verificar com meu marido dormindo”, lembra.

Curiosamente, esta é apenas a segunda vez que ela acampa para conseguir um ingresso. Paloma vai voltar a revezar com o marido, uma amiga e o marido de outra amiga que está grávida e preferiu não acampar.

A rotina vai precisar ser adaptada, já que ela se divide entre o trabalho num hospital e as aulas que dá num curso técnico de enfermagem à noite. “Meu marido nem é fã, mas eu coloco ele para ajudar, se quiser namorar, vai ter que ser assim”, brinca a enfermeira. “É até bom que economiza energia em casa”, continuou.

As circunstâncias não assustam o casal, que já é acostumado a acampar em lugares, digamos, mais complicados. “A gente faz montanhismo, então temos saco de dormir e manta térmica”, explica. Dessa forma, o chão duro e as noites que prometem ser mais frias nos próximos dias não serão suficientes para afastá-los do objetivo, que é conseguir um ingresso.

Aliás, ainda este ano, ela promete acampar mais uma vez: na fila para conseguir um lugar na grade do show do RBD. Como ela comprou uma área mais perto do palco, já está combinando com amigos de fazer uma nova incursão no Morumbi, onde o show acontecerá. Mas antes, vai garantir as entradas para Taylor.

O garçom Gustavo Gonçalves, 22, resolveu ficar na fila para comprar ingresso para a esposa, que está grávida, evitando que ela se deslocasse para lá. Foto: Taba Benedicto/Estadão

O último romântico

O garçom Gustavo Gonçalves, 22, não é exatamente um fã de Taylor, mas também não está na fila para comprar ingressos para revender, como alguns dos acampados. “Eu estou aqui para comprar ingresso para minha esposa, é um presente para ela”.

“Ela queria vir, mas eu não deixei, ela está grávida de sete meses e está no hospital, imagine que ela queria sair de lá para estar aqui, claro que não”, conta rindo. Gustavo e a mulher já são pais de um menino e estão esperando uma menina, Ravena. “Ela vai ficar em casa, cuidando dele e trabalhando, porque ela faz bolos para vender, enquanto isso eu fico aqui com meu amigo.”

Serão alguns dias nesse revezamento. Pela manhã, Gustavo chega para render o amigo, que sai para o trabalho. “À noite, ele vem para me render, que é quando eu trabalho, está tudo certo.” Mas e as esposas? Elas não participam? “É possível que minha mulher apareça aí, do jeito que ela é”, brinca. “Mas é por isso que eu gosto dela, porque ela é louca assim”, conta rindo.

Sabendo que ele estava ali por amor à mulher e à filha que ainda nem nasceu, a reportagem perguntou se ele faria aquilo para ver Taylor... “Se fosse um Iron Maiden, talvez”, encerrou.

A Jovem aprendiz Pamela Santana, 19, resolveu encarar a fila do acampamento depois de se desiludir com a venda online.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Traída pela compra online

Pamela Santana é uma jovem aprendiz de 19 anos, que trabalha como auxiliar administrativa pelas manhãs. A decisão de partir para o acampamento dos ingressos para a The Eras Tour veio, assim como a maioria ali, depois de não conseguir comprar pelo site. “Quando abriram as vendas foi bem na hora de meu cafezinho, até coloquei em outros computadores para tentar, mas todas as posições (na fila online) eram muito distantes”, lembra.

Ela conta que já estava tentando se consolar, aceitando que não veria a loira quando disseram para ela que teria um show extra. “Aí eu falei: ‘amanhã, vou para a fila’. Já chamei umas pessoas do Twitter para acampar, fazer um grupo, e outras eu já conhecia porque temos um grupo para falar sobre One Direction.”

A jovem vai aproveitar os momentos de folga para estar no acampamento. Assim como todos os outros grupos anteriores, eles já tem um esquema de revezamento fechado até o dia anterior da venda dos ingressos, quando, aparentemente, todo mundo decide dormir na fila. Durante as tardes, quando não está trabalhando, vai cuidar do lugar da barraca.

“Avisei a minha mãe, achei que ela ia surtar, mas ela só falou para eu tomar cuidado porque viu o perrengue que estava no site. Só não disse para minha avó, que me espera chegar do trabalho todo dia, mas avisei a ela que só chegaria à noite. Ela deve estar pensando que eu estou na academia.”

E assim, ela pretende levar até o dia que, finalmente espera comprar o ingresso. “Achei que seria mais difícil para o RBD ou o show do Harry Styles, que eu fui”, lembra. No entanto, essas entradas ela conseguiu comprar online. “Mas esse show dela está incrível, uma produção maravilhosa, dançarinos, cinco álbuns cantados e, assim, não quero ser xingada pelos fãs, mas também estou aqui pela Sabrina Carpenter, que vai abrir”, conta quase como em segredo.

Os ingressos para o primeiro show da The Eras Tour da cantora norte-americana Taylor Swift acabaram em menos de uma hora. As vendas foram distribuídas em três dias diferentes. A primeira leva pôde comprar dia 6 de junho (pessoas que tinham comprado o ingresso para os shows de 2020 cancelados por conta da pandemia), depois foi a vez dos clientes do C6 Bank e na última segunda-feira, 12, foi aberta a venda para o público geral.

Fãs montam barracas em frente a bilheteria do Allianz Parque, em São Paulo, para comprar ingresso do show da cantora Taylor Swift.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante de uma demanda tão grande, fãs da loirinha enfrentaram confusão e embate com cambistas. Alguns deles tinham ficado mais de um dia acampados para conseguir um ingresso. A luta foi árdua e nem todos conseguiram comprar. Mas nem tudo está perdido pois dois novos shows foram anunciados.

Os ingressos começam a ser vendidos no dia 19 de junho às 10h em uma pré-venda exclusiva para clientes C6 Bank Mastercard. Já para o público geral, a venda começa em 22 de junho, no mesmo horário. E, sim, já tem gente acampando na frente do Allianz Parque, a bilheteria física do evento.

Quem são essas pessoas que chegaram com quase 10 dias de antecedência das vendas? Como vivem? Como farão para conciliar a rotina com a fila que tende a crescer nos próximos dias? O Estadão também se perguntou isso e foi até lá tentar conhecer um pouco da rotina desses fãs apaixonados (ou nem tanto) que enfrentam sol, chuva, frio, vento, chão duro, os perigos das ruas e ainda disputam espaço com cambistas.

Algumas coisas são comuns a todos: barracas de camping, esquema de revezamento entre as pessoas que ocupam essas barracas, que costumam ser grupos de amigos ou pessoas que se conheceram pela internet. Neste texto você verá as seguintes histórias:

  • O ator Felipe Araújo, 22, que acampa há cinco anos para ver os shows de seus artistas favoritos;
  • A estudante Julia Vioto, 17, que conta com a ajuda da mãe para realizar o sonho de ver Taylor;
  • A enfermeira Paloma Porto, 28, que usa a experiência de montanhismo para encarar as dificuldades do acampamento;
  • O garçom Gustavo Gonçalves, 22, que decidiu ficar na fila no lugar da esposa, que está grávida e;
  • A Jovem Aprendiz Pamela Santana, 19, que desistiu de tentar comprar online e buscou no Twitter parceiras para o acampamento.
O ator Felipe Araújo, 22, acampa para shows há cinco anos, mas esta é a primeira vez que está numa fila para comprar ingresso. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Fã com histórico de acampamento

O ator Felipe Araújo, de 22 anos, aproveitou o recente desemprego para se ocupar na fila. “Pedi demissão há duas semanas para ter um tempo para mim e calhou de rolar esse ‘acampamento’.” Ele e seu grupo estavam na fila para o primeiro show desde sábado. Eles se juntaram depois que Felipe passou pelo estádio e viu que já tinha gente na fila. Encontrou no Twitter algumas pessoas que estavam por lá, achou postagens no Instagram, contou mais ou menos quantas barracas viu e decidiu que seria melhor acampar para garantir os ingressos.

Não conseguiram. “Teve briga, polícia, ambulância, um monte de coisa, loucura. Segunda fez um sol de trinta graus, gente roubando, cheguei a discutir com policiais lá na frente e tudo mais”, conta sua saga. Depois da frustração, veio a notícia de um show extra. Então, ele e os companheiros de barraca decidiram se manter ali. “Todo mundo estava cansado, com sono, fomos para casa e voltamos hoje (terça).”

Casado, ele conta que o marido também vai revezar a ocupação das duas barracas que o grupo de 20 pessoas ocupa. “Ele vem amanhã e na quarta dormimos juntos aqui, mas em casa é de boa, ele sai para trabalhar e eu venho para cá, no fim do dia, ele volta para casa e eu também, não interfere em nada.” Felipe e sua turma eram as 21.ª e 22.ª barracas quando a reportagem falou com eles, os últimos da fila até aquele momento.

Felipe mostra a organização de escala para ocupar a barraca em frente a bilheteria do Allianz Parque, em São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Mas essa não é a primeira vez que Felipe encara o sacrifício de acampar para ver um artista que ama. “Aqui no Allianz Parque já faço isso há cinco anos, teve os shows de Camila Cabello, Harry Styles, Shakira e BTS.” No entanto, para comprar ingresso é a primeira vez. “Sempre acampo para ver o show, o da Taylor é diferente, ela não vem para cá desde dois mil e doze.”

Também talvez não seja a última vez que ele acampe para comprar ingressos. O ator está contando com o anúncio de shows de Beyoncé no Brasil, que ainda não tem nada certo, são apenas especulações. Enquanto isso não acontece, ele se prepara para o revezamento nos próximos dias com as outras pessoas de seu grupo. Existe uma escala já programada, que conta, inclusive com um religioso. “Eu vi esse homem ajoelhado no chão chorando por não ter conseguido comprar ingresso ontem para o filho que mora em Roraima, aí eu chamei ele para estar na nossa barraca”, conta.

A enfermeira Edna Vioto, 46, observa a filha, Julia Vioto, 17, em frente à bilheteria do Allianz Parque. Mãe diz preferir estar apoiar a filha e acompanhar de perto o processo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Com o aval da mãe

A estudante de designer Julia Vioto tem 17 anos e esta já é a segunda vez que acampa para conseguir ingressos para um show que ela quer muito ver. A primeira vez foi para assistir à apresentação do grupo de k-pop BTS. Nas duas vezes, ela contou com o apoio da mãe, Edna, 46. “Eu acho que tem que ser pau para toda obra, mãe é mãe”, opina a enfermeira.

Edna e o marido, o pai de Julia, se revezaram para conseguir ingresso para a filha em 2019 quando o grupo coreano esteve no Brasil, no mesmo Allianz Parque. “Mas agora vai ser só eu, o pai disse que nunca mais passaria por aquilo”, brinca.

Além da mãe, Julia conta com o apoio da amiga Isabela, 18, que também é fã de Taylor e vai dividir com as outras companheiras do grupo o revezamento da barraca. “Hoje (terça-feira), a gente não tem aula no curso porque teve uma paralisação, então vamos dormir”, explica.

Além do apoio para que a filha realize seus sonhos, Edna também colocou a mão na massa ajudando a armar a barraca que a filha e suas amigas usarão. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Tudo faz parte do cronograma criado em um grupo de WhatsApp com outras fãs, a quem elas não conheciam pessoalmente até o momento. “A gente está dormindo aqui para garantir o lugar, acho que vale muito a pena. Porque ou é isso eu fico sem. É um sonho que eu quero realizar.”, continua. Como são mais novas e estudam, elas ficaram responsáveis pelo primeiro dia, apenas. “Tem uma mãe que está no grupo também, a filha dela tem 15 anos e ela está lá para entender tudo”, explica, tendo o aval da mãe. “Eu fico até mais tranquila sabendo disso”, diz Edna.

De alguma maneira, a mãe também se realiza vendo a filha se esforçar por algo que tanto deseja. “Quando tinha 17 anos, meu marido (namorado na época) comprou um show que meu pai não deixou eu ir, outra vez saí de casa com roupa de casamento e troquei por um short jeans e tênis para ir no Hollywood Rock”, conta. Para ela, é melhor participar dessa parte da história de Julia do que negar. “Eu não quero minha filha mentindo pra mim, então isso é confiança, por isso que eu prefiro estar aqui com ela.”

A enfermeira Paloma Porto, 28, diz que a experiência que tem com montanhismo ajuda na hora de enfrentar os perrengues: frio, chão duro, sol, chuva. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Experiência de montanha

Quando a reportagem encontrou a enfermeira Paloma Porto, 28, na fila, ela estava organizando tudo. “A minha é a 17, a de vocês é a 18, aí tem mais duas, 19 e 20 e a sua é 21 e 22″, falou primeiro olhando para Edna e a filha e, depois, para Felipe. Segundo ela, é importante deixar tudo organizado para que outras pessoas não queiram tomar seu lugar.

“Aprendi isso na fila do RBD, que eu fui a primeira barraca, o que eu passei lá, nem te conto.” Mas ela contou: pessoas querendo tomar o lugar dela no acampamento e até denúncia anônima contra sua barraca. “Um policial foi lá verificar com meu marido dormindo”, lembra.

Curiosamente, esta é apenas a segunda vez que ela acampa para conseguir um ingresso. Paloma vai voltar a revezar com o marido, uma amiga e o marido de outra amiga que está grávida e preferiu não acampar.

A rotina vai precisar ser adaptada, já que ela se divide entre o trabalho num hospital e as aulas que dá num curso técnico de enfermagem à noite. “Meu marido nem é fã, mas eu coloco ele para ajudar, se quiser namorar, vai ter que ser assim”, brinca a enfermeira. “É até bom que economiza energia em casa”, continuou.

As circunstâncias não assustam o casal, que já é acostumado a acampar em lugares, digamos, mais complicados. “A gente faz montanhismo, então temos saco de dormir e manta térmica”, explica. Dessa forma, o chão duro e as noites que prometem ser mais frias nos próximos dias não serão suficientes para afastá-los do objetivo, que é conseguir um ingresso.

Aliás, ainda este ano, ela promete acampar mais uma vez: na fila para conseguir um lugar na grade do show do RBD. Como ela comprou uma área mais perto do palco, já está combinando com amigos de fazer uma nova incursão no Morumbi, onde o show acontecerá. Mas antes, vai garantir as entradas para Taylor.

O garçom Gustavo Gonçalves, 22, resolveu ficar na fila para comprar ingresso para a esposa, que está grávida, evitando que ela se deslocasse para lá. Foto: Taba Benedicto/Estadão

O último romântico

O garçom Gustavo Gonçalves, 22, não é exatamente um fã de Taylor, mas também não está na fila para comprar ingressos para revender, como alguns dos acampados. “Eu estou aqui para comprar ingresso para minha esposa, é um presente para ela”.

“Ela queria vir, mas eu não deixei, ela está grávida de sete meses e está no hospital, imagine que ela queria sair de lá para estar aqui, claro que não”, conta rindo. Gustavo e a mulher já são pais de um menino e estão esperando uma menina, Ravena. “Ela vai ficar em casa, cuidando dele e trabalhando, porque ela faz bolos para vender, enquanto isso eu fico aqui com meu amigo.”

Serão alguns dias nesse revezamento. Pela manhã, Gustavo chega para render o amigo, que sai para o trabalho. “À noite, ele vem para me render, que é quando eu trabalho, está tudo certo.” Mas e as esposas? Elas não participam? “É possível que minha mulher apareça aí, do jeito que ela é”, brinca. “Mas é por isso que eu gosto dela, porque ela é louca assim”, conta rindo.

Sabendo que ele estava ali por amor à mulher e à filha que ainda nem nasceu, a reportagem perguntou se ele faria aquilo para ver Taylor... “Se fosse um Iron Maiden, talvez”, encerrou.

A Jovem aprendiz Pamela Santana, 19, resolveu encarar a fila do acampamento depois de se desiludir com a venda online.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Traída pela compra online

Pamela Santana é uma jovem aprendiz de 19 anos, que trabalha como auxiliar administrativa pelas manhãs. A decisão de partir para o acampamento dos ingressos para a The Eras Tour veio, assim como a maioria ali, depois de não conseguir comprar pelo site. “Quando abriram as vendas foi bem na hora de meu cafezinho, até coloquei em outros computadores para tentar, mas todas as posições (na fila online) eram muito distantes”, lembra.

Ela conta que já estava tentando se consolar, aceitando que não veria a loira quando disseram para ela que teria um show extra. “Aí eu falei: ‘amanhã, vou para a fila’. Já chamei umas pessoas do Twitter para acampar, fazer um grupo, e outras eu já conhecia porque temos um grupo para falar sobre One Direction.”

A jovem vai aproveitar os momentos de folga para estar no acampamento. Assim como todos os outros grupos anteriores, eles já tem um esquema de revezamento fechado até o dia anterior da venda dos ingressos, quando, aparentemente, todo mundo decide dormir na fila. Durante as tardes, quando não está trabalhando, vai cuidar do lugar da barraca.

“Avisei a minha mãe, achei que ela ia surtar, mas ela só falou para eu tomar cuidado porque viu o perrengue que estava no site. Só não disse para minha avó, que me espera chegar do trabalho todo dia, mas avisei a ela que só chegaria à noite. Ela deve estar pensando que eu estou na academia.”

E assim, ela pretende levar até o dia que, finalmente espera comprar o ingresso. “Achei que seria mais difícil para o RBD ou o show do Harry Styles, que eu fui”, lembra. No entanto, essas entradas ela conseguiu comprar online. “Mas esse show dela está incrível, uma produção maravilhosa, dançarinos, cinco álbuns cantados e, assim, não quero ser xingada pelos fãs, mas também estou aqui pela Sabrina Carpenter, que vai abrir”, conta quase como em segredo.

Os ingressos para o primeiro show da The Eras Tour da cantora norte-americana Taylor Swift acabaram em menos de uma hora. As vendas foram distribuídas em três dias diferentes. A primeira leva pôde comprar dia 6 de junho (pessoas que tinham comprado o ingresso para os shows de 2020 cancelados por conta da pandemia), depois foi a vez dos clientes do C6 Bank e na última segunda-feira, 12, foi aberta a venda para o público geral.

Fãs montam barracas em frente a bilheteria do Allianz Parque, em São Paulo, para comprar ingresso do show da cantora Taylor Swift.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante de uma demanda tão grande, fãs da loirinha enfrentaram confusão e embate com cambistas. Alguns deles tinham ficado mais de um dia acampados para conseguir um ingresso. A luta foi árdua e nem todos conseguiram comprar. Mas nem tudo está perdido pois dois novos shows foram anunciados.

Os ingressos começam a ser vendidos no dia 19 de junho às 10h em uma pré-venda exclusiva para clientes C6 Bank Mastercard. Já para o público geral, a venda começa em 22 de junho, no mesmo horário. E, sim, já tem gente acampando na frente do Allianz Parque, a bilheteria física do evento.

Quem são essas pessoas que chegaram com quase 10 dias de antecedência das vendas? Como vivem? Como farão para conciliar a rotina com a fila que tende a crescer nos próximos dias? O Estadão também se perguntou isso e foi até lá tentar conhecer um pouco da rotina desses fãs apaixonados (ou nem tanto) que enfrentam sol, chuva, frio, vento, chão duro, os perigos das ruas e ainda disputam espaço com cambistas.

Algumas coisas são comuns a todos: barracas de camping, esquema de revezamento entre as pessoas que ocupam essas barracas, que costumam ser grupos de amigos ou pessoas que se conheceram pela internet. Neste texto você verá as seguintes histórias:

  • O ator Felipe Araújo, 22, que acampa há cinco anos para ver os shows de seus artistas favoritos;
  • A estudante Julia Vioto, 17, que conta com a ajuda da mãe para realizar o sonho de ver Taylor;
  • A enfermeira Paloma Porto, 28, que usa a experiência de montanhismo para encarar as dificuldades do acampamento;
  • O garçom Gustavo Gonçalves, 22, que decidiu ficar na fila no lugar da esposa, que está grávida e;
  • A Jovem Aprendiz Pamela Santana, 19, que desistiu de tentar comprar online e buscou no Twitter parceiras para o acampamento.
O ator Felipe Araújo, 22, acampa para shows há cinco anos, mas esta é a primeira vez que está numa fila para comprar ingresso. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Fã com histórico de acampamento

O ator Felipe Araújo, de 22 anos, aproveitou o recente desemprego para se ocupar na fila. “Pedi demissão há duas semanas para ter um tempo para mim e calhou de rolar esse ‘acampamento’.” Ele e seu grupo estavam na fila para o primeiro show desde sábado. Eles se juntaram depois que Felipe passou pelo estádio e viu que já tinha gente na fila. Encontrou no Twitter algumas pessoas que estavam por lá, achou postagens no Instagram, contou mais ou menos quantas barracas viu e decidiu que seria melhor acampar para garantir os ingressos.

Não conseguiram. “Teve briga, polícia, ambulância, um monte de coisa, loucura. Segunda fez um sol de trinta graus, gente roubando, cheguei a discutir com policiais lá na frente e tudo mais”, conta sua saga. Depois da frustração, veio a notícia de um show extra. Então, ele e os companheiros de barraca decidiram se manter ali. “Todo mundo estava cansado, com sono, fomos para casa e voltamos hoje (terça).”

Casado, ele conta que o marido também vai revezar a ocupação das duas barracas que o grupo de 20 pessoas ocupa. “Ele vem amanhã e na quarta dormimos juntos aqui, mas em casa é de boa, ele sai para trabalhar e eu venho para cá, no fim do dia, ele volta para casa e eu também, não interfere em nada.” Felipe e sua turma eram as 21.ª e 22.ª barracas quando a reportagem falou com eles, os últimos da fila até aquele momento.

Felipe mostra a organização de escala para ocupar a barraca em frente a bilheteria do Allianz Parque, em São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Mas essa não é a primeira vez que Felipe encara o sacrifício de acampar para ver um artista que ama. “Aqui no Allianz Parque já faço isso há cinco anos, teve os shows de Camila Cabello, Harry Styles, Shakira e BTS.” No entanto, para comprar ingresso é a primeira vez. “Sempre acampo para ver o show, o da Taylor é diferente, ela não vem para cá desde dois mil e doze.”

Também talvez não seja a última vez que ele acampe para comprar ingressos. O ator está contando com o anúncio de shows de Beyoncé no Brasil, que ainda não tem nada certo, são apenas especulações. Enquanto isso não acontece, ele se prepara para o revezamento nos próximos dias com as outras pessoas de seu grupo. Existe uma escala já programada, que conta, inclusive com um religioso. “Eu vi esse homem ajoelhado no chão chorando por não ter conseguido comprar ingresso ontem para o filho que mora em Roraima, aí eu chamei ele para estar na nossa barraca”, conta.

A enfermeira Edna Vioto, 46, observa a filha, Julia Vioto, 17, em frente à bilheteria do Allianz Parque. Mãe diz preferir estar apoiar a filha e acompanhar de perto o processo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Com o aval da mãe

A estudante de designer Julia Vioto tem 17 anos e esta já é a segunda vez que acampa para conseguir ingressos para um show que ela quer muito ver. A primeira vez foi para assistir à apresentação do grupo de k-pop BTS. Nas duas vezes, ela contou com o apoio da mãe, Edna, 46. “Eu acho que tem que ser pau para toda obra, mãe é mãe”, opina a enfermeira.

Edna e o marido, o pai de Julia, se revezaram para conseguir ingresso para a filha em 2019 quando o grupo coreano esteve no Brasil, no mesmo Allianz Parque. “Mas agora vai ser só eu, o pai disse que nunca mais passaria por aquilo”, brinca.

Além da mãe, Julia conta com o apoio da amiga Isabela, 18, que também é fã de Taylor e vai dividir com as outras companheiras do grupo o revezamento da barraca. “Hoje (terça-feira), a gente não tem aula no curso porque teve uma paralisação, então vamos dormir”, explica.

Além do apoio para que a filha realize seus sonhos, Edna também colocou a mão na massa ajudando a armar a barraca que a filha e suas amigas usarão. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Tudo faz parte do cronograma criado em um grupo de WhatsApp com outras fãs, a quem elas não conheciam pessoalmente até o momento. “A gente está dormindo aqui para garantir o lugar, acho que vale muito a pena. Porque ou é isso eu fico sem. É um sonho que eu quero realizar.”, continua. Como são mais novas e estudam, elas ficaram responsáveis pelo primeiro dia, apenas. “Tem uma mãe que está no grupo também, a filha dela tem 15 anos e ela está lá para entender tudo”, explica, tendo o aval da mãe. “Eu fico até mais tranquila sabendo disso”, diz Edna.

De alguma maneira, a mãe também se realiza vendo a filha se esforçar por algo que tanto deseja. “Quando tinha 17 anos, meu marido (namorado na época) comprou um show que meu pai não deixou eu ir, outra vez saí de casa com roupa de casamento e troquei por um short jeans e tênis para ir no Hollywood Rock”, conta. Para ela, é melhor participar dessa parte da história de Julia do que negar. “Eu não quero minha filha mentindo pra mim, então isso é confiança, por isso que eu prefiro estar aqui com ela.”

A enfermeira Paloma Porto, 28, diz que a experiência que tem com montanhismo ajuda na hora de enfrentar os perrengues: frio, chão duro, sol, chuva. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Experiência de montanha

Quando a reportagem encontrou a enfermeira Paloma Porto, 28, na fila, ela estava organizando tudo. “A minha é a 17, a de vocês é a 18, aí tem mais duas, 19 e 20 e a sua é 21 e 22″, falou primeiro olhando para Edna e a filha e, depois, para Felipe. Segundo ela, é importante deixar tudo organizado para que outras pessoas não queiram tomar seu lugar.

“Aprendi isso na fila do RBD, que eu fui a primeira barraca, o que eu passei lá, nem te conto.” Mas ela contou: pessoas querendo tomar o lugar dela no acampamento e até denúncia anônima contra sua barraca. “Um policial foi lá verificar com meu marido dormindo”, lembra.

Curiosamente, esta é apenas a segunda vez que ela acampa para conseguir um ingresso. Paloma vai voltar a revezar com o marido, uma amiga e o marido de outra amiga que está grávida e preferiu não acampar.

A rotina vai precisar ser adaptada, já que ela se divide entre o trabalho num hospital e as aulas que dá num curso técnico de enfermagem à noite. “Meu marido nem é fã, mas eu coloco ele para ajudar, se quiser namorar, vai ter que ser assim”, brinca a enfermeira. “É até bom que economiza energia em casa”, continuou.

As circunstâncias não assustam o casal, que já é acostumado a acampar em lugares, digamos, mais complicados. “A gente faz montanhismo, então temos saco de dormir e manta térmica”, explica. Dessa forma, o chão duro e as noites que prometem ser mais frias nos próximos dias não serão suficientes para afastá-los do objetivo, que é conseguir um ingresso.

Aliás, ainda este ano, ela promete acampar mais uma vez: na fila para conseguir um lugar na grade do show do RBD. Como ela comprou uma área mais perto do palco, já está combinando com amigos de fazer uma nova incursão no Morumbi, onde o show acontecerá. Mas antes, vai garantir as entradas para Taylor.

O garçom Gustavo Gonçalves, 22, resolveu ficar na fila para comprar ingresso para a esposa, que está grávida, evitando que ela se deslocasse para lá. Foto: Taba Benedicto/Estadão

O último romântico

O garçom Gustavo Gonçalves, 22, não é exatamente um fã de Taylor, mas também não está na fila para comprar ingressos para revender, como alguns dos acampados. “Eu estou aqui para comprar ingresso para minha esposa, é um presente para ela”.

“Ela queria vir, mas eu não deixei, ela está grávida de sete meses e está no hospital, imagine que ela queria sair de lá para estar aqui, claro que não”, conta rindo. Gustavo e a mulher já são pais de um menino e estão esperando uma menina, Ravena. “Ela vai ficar em casa, cuidando dele e trabalhando, porque ela faz bolos para vender, enquanto isso eu fico aqui com meu amigo.”

Serão alguns dias nesse revezamento. Pela manhã, Gustavo chega para render o amigo, que sai para o trabalho. “À noite, ele vem para me render, que é quando eu trabalho, está tudo certo.” Mas e as esposas? Elas não participam? “É possível que minha mulher apareça aí, do jeito que ela é”, brinca. “Mas é por isso que eu gosto dela, porque ela é louca assim”, conta rindo.

Sabendo que ele estava ali por amor à mulher e à filha que ainda nem nasceu, a reportagem perguntou se ele faria aquilo para ver Taylor... “Se fosse um Iron Maiden, talvez”, encerrou.

A Jovem aprendiz Pamela Santana, 19, resolveu encarar a fila do acampamento depois de se desiludir com a venda online.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Traída pela compra online

Pamela Santana é uma jovem aprendiz de 19 anos, que trabalha como auxiliar administrativa pelas manhãs. A decisão de partir para o acampamento dos ingressos para a The Eras Tour veio, assim como a maioria ali, depois de não conseguir comprar pelo site. “Quando abriram as vendas foi bem na hora de meu cafezinho, até coloquei em outros computadores para tentar, mas todas as posições (na fila online) eram muito distantes”, lembra.

Ela conta que já estava tentando se consolar, aceitando que não veria a loira quando disseram para ela que teria um show extra. “Aí eu falei: ‘amanhã, vou para a fila’. Já chamei umas pessoas do Twitter para acampar, fazer um grupo, e outras eu já conhecia porque temos um grupo para falar sobre One Direction.”

A jovem vai aproveitar os momentos de folga para estar no acampamento. Assim como todos os outros grupos anteriores, eles já tem um esquema de revezamento fechado até o dia anterior da venda dos ingressos, quando, aparentemente, todo mundo decide dormir na fila. Durante as tardes, quando não está trabalhando, vai cuidar do lugar da barraca.

“Avisei a minha mãe, achei que ela ia surtar, mas ela só falou para eu tomar cuidado porque viu o perrengue que estava no site. Só não disse para minha avó, que me espera chegar do trabalho todo dia, mas avisei a ela que só chegaria à noite. Ela deve estar pensando que eu estou na academia.”

E assim, ela pretende levar até o dia que, finalmente espera comprar o ingresso. “Achei que seria mais difícil para o RBD ou o show do Harry Styles, que eu fui”, lembra. No entanto, essas entradas ela conseguiu comprar online. “Mas esse show dela está incrível, uma produção maravilhosa, dançarinos, cinco álbuns cantados e, assim, não quero ser xingada pelos fãs, mas também estou aqui pela Sabrina Carpenter, que vai abrir”, conta quase como em segredo.

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