Em contrapartida, foi um dos berços de importantes movimentos populares cariocas, como o samba e resistência contra a segregação social e religiosa na então capital do Brasil. O MAR fica instalado justamente nessa região simbólica. E a presença dos MC's ali remete a essa resistência popular de outrora, desta vez por intermédio do rap que carrega a veia de reivindicação. "Essa batalha é uma forma de a gente tentar quebrar a percepção de que Museu é um lugar de velhos, feito para guardar coisas antigas. Eles tornam o museu vivo, de manifestação pulsante. É uma memória, um passado que dialoga com o presente", definiu Gradim.
Iniciada a batalha, uns MC's se mostravam tímidos, outros mais soltos até interagiam com o público, que urrava quando as rimas eram bem boladas. No fim, a plateia escolhia os vencedores de cada duelo. O título ficou com MC Bernard, de 16 anos de idade, morador do bairro da Pavuna, no subúrbio, que vestia uniforme de seu colégio, boné para trás e óculos escuros. Bernard destoava pela velocidade das rimas e as palavras de impacto e fez a plateia vibrar ao rimar sobre preconceito. "Isso aqui é vertigem, se é gay, se é homem, o que importa é que a gente tem a mesma origem", encerrou um verso. A Batalha do Conhecimento foi idealizada pelo MC Marechal, nome forte do rap independente. Apesar de não ter lançado um disco em mais de dez anos de carreira, ele já foi convidado a cantar em diversos países e se destaca pela capacidade de improvisação. Ele se recusou a dar entrevista à reportagem. Marechal conduzia a Batalha do Conhecimento de forma itinerante, mas foi convidado pela direção do MAR para abrigar o evento ali a partir de janeiro deste ano. "A gente se encantou com o trabalho do MC Marechal, ele tem uma ligação muito forte com a comunidade. E com apoio dele conseguimos fazer o diálogo entre os jovens e o museu", contou o diretor do MAR.