Red Hot Chili Peppers deixa a guitarra em terceiro plano, mas se garante com groove quase psicodélico


Banda lançou a música ‘Dark Necessities’, a primeira a mostrar o novo direcionamento da banda para o disco ‘The Gateway’, que chega em 17 de junho

Por Pedro Antunes

Aquele baixo. Você já ouviu em algum lugar. Não é exatamente igual, mas, de alguma forma, a lembrança não foge e permanece ali. Flea, o homem que comanda o instrumento de quatro cordas no Red Hot Chili Peppers é, invariavelmente, a alma da banda desde a sua fundação, em 1983. Não é por acaso que é o baixo que bombeia o sangue razoavelmente novo na canção que abre-alas para o novo álbum do grupo, chamado The Gateway, cujo lançamento é previsto para 17 de junho.

E o cartão de visitas é Dark Necessities, faixa que mais uma vez deixa clara a ausência de um pulso guitarrístico no groove do Chili Peppers. Um grupo cuja assinatura já contou com a potência de Dave Navarro e as viagens sonoras de John Frusciante – para citar os dois mais influentes e importantes a empunhar o instrumento com a banda – e hoje sofre com uma inoperância crônica do apenas razoável Josh Klinghoffer. O jovem de 36 anos, integrante como membro da banda de apoio em turnê desde 2007 e dois anos depois elevado ao posto de guitarrista oficial, apaga-se a cada novo ano.

  Foto: AMIR COHEN | REUTERS
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Ele assumiu o posto de Frusciante na turnê do álbum Stadium Arcadium, gravado pelo antecessor, e nunca fez justiça no palco. No álbum I'm with You (2011), a guitarra ainda soava desencontrada – algo fácil de ser compreendido, afinal era a primeira vez na qual os Chili Peppers daquela formação compunham junto.

Dark Necessities, primeiro single de The Gateway, dá a entender que o quarteto encontrou sua nova fórmula. Na ausência de grandes linhas de guitarra, é melhor deixá-la responsável por ruídos e preencher espaços no fundo, enquanto o baixo de Flea segue livre e solto e a bateria de Chad Smith não faz invencionices, mas acerta nas delicadas pontes entre o groove e a balada.

É latente a influência de Danger Mouse, produtor escalado para burilar o som do Chili Peppers neste 11º disco de estúdio. Encontra-se a levada psicodélica pop que tem caracterizado o trabalho dele – Brian Joseph Burton até lançou um novo selo, chamado 30th Century Records, cuja primeira coletânea traz a ótima banda de psicodelia tropical brasileira Bike. Sua intervenção é notoriamente sentida no último trecho da faixa, quando a guitarra (sim, ela exerce esse protagonismo aí, mas só), encarna as vibrações das linhas criadas por Dan Auerbach, do Black Keys, no mais recente disco da dupla, Turn Blue, também produzido por Mouse.

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Há também uma obscuridade nos versos de Anthony Kiedis, que vez ou outra deixa esse passado mais sombrio, com o abuso de drogas e o fundo do poço, transbordar. Ele cita suas “necessidades sombrias”, embora não deixe transparecer quais seriam elas. Luz e sombra duelam nos versos da faixa que leva os dois protagonistas por uma noite. “Você não sabe o que estou pensando”, ele diz. “Avise ao mundo que estou caindo do céu.”

De maneira sutil, Dark Necessities é a essência do Chili Peppers, embora introduza um passo ousado na carreira do grupo: uma balada como single, como tantas outras, mas apresentando novos instrumentos e camadas à outrora crueza deles. É fácil imaginar, contudo, que The Gateway não vá se furtar de oferecer trilhas mais funk e suingadas, como a banda liderada por Kiedis costuma fazer.

Aquele baixo. Você já ouviu em algum lugar. Não é exatamente igual, mas, de alguma forma, a lembrança não foge e permanece ali. Flea, o homem que comanda o instrumento de quatro cordas no Red Hot Chili Peppers é, invariavelmente, a alma da banda desde a sua fundação, em 1983. Não é por acaso que é o baixo que bombeia o sangue razoavelmente novo na canção que abre-alas para o novo álbum do grupo, chamado The Gateway, cujo lançamento é previsto para 17 de junho.

E o cartão de visitas é Dark Necessities, faixa que mais uma vez deixa clara a ausência de um pulso guitarrístico no groove do Chili Peppers. Um grupo cuja assinatura já contou com a potência de Dave Navarro e as viagens sonoras de John Frusciante – para citar os dois mais influentes e importantes a empunhar o instrumento com a banda – e hoje sofre com uma inoperância crônica do apenas razoável Josh Klinghoffer. O jovem de 36 anos, integrante como membro da banda de apoio em turnê desde 2007 e dois anos depois elevado ao posto de guitarrista oficial, apaga-se a cada novo ano.

  Foto: AMIR COHEN | REUTERS

Ele assumiu o posto de Frusciante na turnê do álbum Stadium Arcadium, gravado pelo antecessor, e nunca fez justiça no palco. No álbum I'm with You (2011), a guitarra ainda soava desencontrada – algo fácil de ser compreendido, afinal era a primeira vez na qual os Chili Peppers daquela formação compunham junto.

Dark Necessities, primeiro single de The Gateway, dá a entender que o quarteto encontrou sua nova fórmula. Na ausência de grandes linhas de guitarra, é melhor deixá-la responsável por ruídos e preencher espaços no fundo, enquanto o baixo de Flea segue livre e solto e a bateria de Chad Smith não faz invencionices, mas acerta nas delicadas pontes entre o groove e a balada.

É latente a influência de Danger Mouse, produtor escalado para burilar o som do Chili Peppers neste 11º disco de estúdio. Encontra-se a levada psicodélica pop que tem caracterizado o trabalho dele – Brian Joseph Burton até lançou um novo selo, chamado 30th Century Records, cuja primeira coletânea traz a ótima banda de psicodelia tropical brasileira Bike. Sua intervenção é notoriamente sentida no último trecho da faixa, quando a guitarra (sim, ela exerce esse protagonismo aí, mas só), encarna as vibrações das linhas criadas por Dan Auerbach, do Black Keys, no mais recente disco da dupla, Turn Blue, também produzido por Mouse.

Há também uma obscuridade nos versos de Anthony Kiedis, que vez ou outra deixa esse passado mais sombrio, com o abuso de drogas e o fundo do poço, transbordar. Ele cita suas “necessidades sombrias”, embora não deixe transparecer quais seriam elas. Luz e sombra duelam nos versos da faixa que leva os dois protagonistas por uma noite. “Você não sabe o que estou pensando”, ele diz. “Avise ao mundo que estou caindo do céu.”

De maneira sutil, Dark Necessities é a essência do Chili Peppers, embora introduza um passo ousado na carreira do grupo: uma balada como single, como tantas outras, mas apresentando novos instrumentos e camadas à outrora crueza deles. É fácil imaginar, contudo, que The Gateway não vá se furtar de oferecer trilhas mais funk e suingadas, como a banda liderada por Kiedis costuma fazer.

Aquele baixo. Você já ouviu em algum lugar. Não é exatamente igual, mas, de alguma forma, a lembrança não foge e permanece ali. Flea, o homem que comanda o instrumento de quatro cordas no Red Hot Chili Peppers é, invariavelmente, a alma da banda desde a sua fundação, em 1983. Não é por acaso que é o baixo que bombeia o sangue razoavelmente novo na canção que abre-alas para o novo álbum do grupo, chamado The Gateway, cujo lançamento é previsto para 17 de junho.

E o cartão de visitas é Dark Necessities, faixa que mais uma vez deixa clara a ausência de um pulso guitarrístico no groove do Chili Peppers. Um grupo cuja assinatura já contou com a potência de Dave Navarro e as viagens sonoras de John Frusciante – para citar os dois mais influentes e importantes a empunhar o instrumento com a banda – e hoje sofre com uma inoperância crônica do apenas razoável Josh Klinghoffer. O jovem de 36 anos, integrante como membro da banda de apoio em turnê desde 2007 e dois anos depois elevado ao posto de guitarrista oficial, apaga-se a cada novo ano.

  Foto: AMIR COHEN | REUTERS

Ele assumiu o posto de Frusciante na turnê do álbum Stadium Arcadium, gravado pelo antecessor, e nunca fez justiça no palco. No álbum I'm with You (2011), a guitarra ainda soava desencontrada – algo fácil de ser compreendido, afinal era a primeira vez na qual os Chili Peppers daquela formação compunham junto.

Dark Necessities, primeiro single de The Gateway, dá a entender que o quarteto encontrou sua nova fórmula. Na ausência de grandes linhas de guitarra, é melhor deixá-la responsável por ruídos e preencher espaços no fundo, enquanto o baixo de Flea segue livre e solto e a bateria de Chad Smith não faz invencionices, mas acerta nas delicadas pontes entre o groove e a balada.

É latente a influência de Danger Mouse, produtor escalado para burilar o som do Chili Peppers neste 11º disco de estúdio. Encontra-se a levada psicodélica pop que tem caracterizado o trabalho dele – Brian Joseph Burton até lançou um novo selo, chamado 30th Century Records, cuja primeira coletânea traz a ótima banda de psicodelia tropical brasileira Bike. Sua intervenção é notoriamente sentida no último trecho da faixa, quando a guitarra (sim, ela exerce esse protagonismo aí, mas só), encarna as vibrações das linhas criadas por Dan Auerbach, do Black Keys, no mais recente disco da dupla, Turn Blue, também produzido por Mouse.

Há também uma obscuridade nos versos de Anthony Kiedis, que vez ou outra deixa esse passado mais sombrio, com o abuso de drogas e o fundo do poço, transbordar. Ele cita suas “necessidades sombrias”, embora não deixe transparecer quais seriam elas. Luz e sombra duelam nos versos da faixa que leva os dois protagonistas por uma noite. “Você não sabe o que estou pensando”, ele diz. “Avise ao mundo que estou caindo do céu.”

De maneira sutil, Dark Necessities é a essência do Chili Peppers, embora introduza um passo ousado na carreira do grupo: uma balada como single, como tantas outras, mas apresentando novos instrumentos e camadas à outrora crueza deles. É fácil imaginar, contudo, que The Gateway não vá se furtar de oferecer trilhas mais funk e suingadas, como a banda liderada por Kiedis costuma fazer.

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