Revolucionário do reggae, Lee ?Scratch? Perry toca em SP


Músico jamaicano, de 71 anos: influência de gerações da música internacional

Por Agencia Estado

Um revolucionário do mundo musical toca nesta terça-feira, em São Paulo. Trata-se do jamaicano Lee "Scratch" Perry, de 71 anos, um exilado da música que vive atualmente na Suíça. Hip-hop, techno, electro, trip-hop, jungle, drum?n?bass, ragamuffin?, big beats, dancehall: quase tudo que se entende hoje por música moderna deve um pouco a esse sujeito tão excêntrico quanto Tim Maia ou Sun Ra, nascido Rainford Hugh Perry na região rural canavieira de Kendal, na Jamaica, em 1936, o terceiro de quatro filhos de Ina Davis e Henry Perry. Embora muitos creditem a King Tubby (nome artístico de Osbourne Ruddock) a invenção do dub, é sabido que ninguém levou essa experimentação mais longe que Lee Perry em seu estúdio Black Ark, em Kingston, na Jamaica. Perry está desde os anos 1950 na parada, e começou ainda garoto ladeando um herói do ska, Prince Buster. Tinha acabado de abandonar a escola, aos 15 anos, sem concluir a quarta série primária. "Não aprendi nada. Tudo que aprendi veio da natureza." Terceiro Mundo Foi esse músico semiletrado, cuja instrução se fez na estrada, que obrigou o mundo a abrir as portas para o reggae, o primeiro grande gênero internacional produzido no Terceiro Mundo Essa proeza ele conseguiu com o disco The Return of Django (1969), gravado com sua banda The Upsetters. Ali estavam presentes os elementos que distinguiriam o gênero: o baixo marcado, a guitarra esgrimida e a bateria espasmódica que postariam a música jamaicana um pouco adiante do gênero pregresso, o ska. Lee Perry tem sido uma ponte viva entre culturas musicais distintas. Foi Perry, por exemplo, já em Londres, quem apresentou o reggae ao grupo de punk rock "The Clash". Encantada a banda gravou Police & Thief, hit jamaicano de Perry e Junior Murvin. Em contrapartida, Lee Perry apresentou o punk rock ao seu brou jamaicano Bob Marley. E este, também para celebrar a crueza punk, compôs um de seus clássicos, Punky Reggae Party. Perry e o dub Já as experiências de Perry com o dub, sua profissão de fé mais destacada, foram elemento de internacionalização do reggae em direção ao pop mundial - as expressões mais modernas do pop inglês, hoje, astros como Lilly Allen e Babyshambles, por exemplo, veneram o dub. Seria pouco verdadeiro dizer que Lee Perry tem uma carreira regular, com discos sempre avançados. Não mesmo: muitas vezes, seu reggae é mal produzido, com letras desimportantes e postulação musical frágil. "Amo vocês como amo os extraterrestres", disse o músico, um visionário de humores variados. Em 1979, ele chegou a botar fogo no próprio estúdio, num acesso de doideira. Auge nos 70 O auge de sua carreira foi nos anos 1970, quando proclamou pelo mundo a "dub revolution". Sua colaboração criativa com os Wailers de Bob Marley é fundamental no desenvolvimento do reggae moderno. Sua inventividade tirou Bob Marley da condição de um modesto bandleader local e o empurrou para o estrelato internacional. Lee Perry já alardeou aos quatro ventos que teria vindo de Júpiter, dos céus, da África, e por aí vai. Segundo escreveu o biógrafo David Katz em "People Funny Boy: The Genius of Lee ´Scratch´ Perry", o uso regular de maconha causou alguns danos ao velho Perry, como sintomas freqüentes de perda de memória. Suas fases mais criativas têm sido continuamente revisitadas pela aldeia fonográfica. Material fundamental para entender o som de Scratch é a caixa Arkology (Islands Records), que compila seu material no estúdio Black Ark. Acaba de sair o álbum The Upsetter Selection: A Lee Perry Jukebox (selo Trojan), que reúne aqueles maiores clássicos do produtor, como People Funny Boy, I?m the Upsetter, The Woodman. "Sou um artista, um músico, um mágico, um escritor, um cantor. Sou tudo. Meu nome é Lee, das selvas da África, originalmente do Oeste da África. Sou um homem de algum outro lugar também, mas minhas origens estão na África, direto da África por meio da reencarnação, renascido na África. O Super-Homem veio à Terra porque estava doente e cansado. Eu não estou doente nem cansado porque aprendi o que acontece; quando a gente fica frustrado, então é quando a música vem em forma de gotas de chuva para apoiar todo mundo aqui que está com o coração partido e não sabe o que fazer. Eu fui programado. Muita gente que nasce de novo voltou para aprender uma lição. Você já ouviu a respeito dos ETs? Eu sou um ET, compreende? Compreende?" É um doidão, mas também é um gênio da música. Veremos amanhã o que prevalece. O que é dub O reconhecimento do dub (técnica de remixagem, baseada em efeitos de reverberação, de eco, que põe à frente o som de baixo e bateria) como recurso da música moderna é unânime entre músicos de diversas escolas e gêneros. No Brasil, velhos devotos do reggae, como o atual ministro da Cultura, Gilberto Gil, ouviram o reggae pela primeira vez no fim dos anos 60, no exílio, em Londres. Mas a conexão com o Brasil já era facilmente encontrável nas praias de São Luís, no Maranhão, onde Gil disse que reencontrou o reggae em 1973. Em 1984, Gil foi à Jamaica gravar Vamos Fugir no estúdio de Bob Marley, o Tuff Gong. Procurou Aston ?Familyman? Barrett, parceiro do jamaicano. Foi à casa dele e disseram que ele estava "lá". Gil perguntou: "Lá onde?" Responderam: "Na prensa de discos." Era uma casa nos fundos e, ao chegar lá, Familyman estava abaixado e Gil perguntou: "O que faz aí?" Familyman respondeu: "Um disco de dub" Lee ?Scratch? Perry. Via Funchal (6.000 lug.). Rua Funchal, 65, V.Olímpia, 11-3089-6999. Terça, 21h. R$ 80 a R$ 140

Um revolucionário do mundo musical toca nesta terça-feira, em São Paulo. Trata-se do jamaicano Lee "Scratch" Perry, de 71 anos, um exilado da música que vive atualmente na Suíça. Hip-hop, techno, electro, trip-hop, jungle, drum?n?bass, ragamuffin?, big beats, dancehall: quase tudo que se entende hoje por música moderna deve um pouco a esse sujeito tão excêntrico quanto Tim Maia ou Sun Ra, nascido Rainford Hugh Perry na região rural canavieira de Kendal, na Jamaica, em 1936, o terceiro de quatro filhos de Ina Davis e Henry Perry. Embora muitos creditem a King Tubby (nome artístico de Osbourne Ruddock) a invenção do dub, é sabido que ninguém levou essa experimentação mais longe que Lee Perry em seu estúdio Black Ark, em Kingston, na Jamaica. Perry está desde os anos 1950 na parada, e começou ainda garoto ladeando um herói do ska, Prince Buster. Tinha acabado de abandonar a escola, aos 15 anos, sem concluir a quarta série primária. "Não aprendi nada. Tudo que aprendi veio da natureza." Terceiro Mundo Foi esse músico semiletrado, cuja instrução se fez na estrada, que obrigou o mundo a abrir as portas para o reggae, o primeiro grande gênero internacional produzido no Terceiro Mundo Essa proeza ele conseguiu com o disco The Return of Django (1969), gravado com sua banda The Upsetters. Ali estavam presentes os elementos que distinguiriam o gênero: o baixo marcado, a guitarra esgrimida e a bateria espasmódica que postariam a música jamaicana um pouco adiante do gênero pregresso, o ska. Lee Perry tem sido uma ponte viva entre culturas musicais distintas. Foi Perry, por exemplo, já em Londres, quem apresentou o reggae ao grupo de punk rock "The Clash". Encantada a banda gravou Police & Thief, hit jamaicano de Perry e Junior Murvin. Em contrapartida, Lee Perry apresentou o punk rock ao seu brou jamaicano Bob Marley. E este, também para celebrar a crueza punk, compôs um de seus clássicos, Punky Reggae Party. Perry e o dub Já as experiências de Perry com o dub, sua profissão de fé mais destacada, foram elemento de internacionalização do reggae em direção ao pop mundial - as expressões mais modernas do pop inglês, hoje, astros como Lilly Allen e Babyshambles, por exemplo, veneram o dub. Seria pouco verdadeiro dizer que Lee Perry tem uma carreira regular, com discos sempre avançados. Não mesmo: muitas vezes, seu reggae é mal produzido, com letras desimportantes e postulação musical frágil. "Amo vocês como amo os extraterrestres", disse o músico, um visionário de humores variados. Em 1979, ele chegou a botar fogo no próprio estúdio, num acesso de doideira. Auge nos 70 O auge de sua carreira foi nos anos 1970, quando proclamou pelo mundo a "dub revolution". Sua colaboração criativa com os Wailers de Bob Marley é fundamental no desenvolvimento do reggae moderno. Sua inventividade tirou Bob Marley da condição de um modesto bandleader local e o empurrou para o estrelato internacional. Lee Perry já alardeou aos quatro ventos que teria vindo de Júpiter, dos céus, da África, e por aí vai. Segundo escreveu o biógrafo David Katz em "People Funny Boy: The Genius of Lee ´Scratch´ Perry", o uso regular de maconha causou alguns danos ao velho Perry, como sintomas freqüentes de perda de memória. Suas fases mais criativas têm sido continuamente revisitadas pela aldeia fonográfica. Material fundamental para entender o som de Scratch é a caixa Arkology (Islands Records), que compila seu material no estúdio Black Ark. Acaba de sair o álbum The Upsetter Selection: A Lee Perry Jukebox (selo Trojan), que reúne aqueles maiores clássicos do produtor, como People Funny Boy, I?m the Upsetter, The Woodman. "Sou um artista, um músico, um mágico, um escritor, um cantor. Sou tudo. Meu nome é Lee, das selvas da África, originalmente do Oeste da África. Sou um homem de algum outro lugar também, mas minhas origens estão na África, direto da África por meio da reencarnação, renascido na África. O Super-Homem veio à Terra porque estava doente e cansado. Eu não estou doente nem cansado porque aprendi o que acontece; quando a gente fica frustrado, então é quando a música vem em forma de gotas de chuva para apoiar todo mundo aqui que está com o coração partido e não sabe o que fazer. Eu fui programado. Muita gente que nasce de novo voltou para aprender uma lição. Você já ouviu a respeito dos ETs? Eu sou um ET, compreende? Compreende?" É um doidão, mas também é um gênio da música. Veremos amanhã o que prevalece. O que é dub O reconhecimento do dub (técnica de remixagem, baseada em efeitos de reverberação, de eco, que põe à frente o som de baixo e bateria) como recurso da música moderna é unânime entre músicos de diversas escolas e gêneros. No Brasil, velhos devotos do reggae, como o atual ministro da Cultura, Gilberto Gil, ouviram o reggae pela primeira vez no fim dos anos 60, no exílio, em Londres. Mas a conexão com o Brasil já era facilmente encontrável nas praias de São Luís, no Maranhão, onde Gil disse que reencontrou o reggae em 1973. Em 1984, Gil foi à Jamaica gravar Vamos Fugir no estúdio de Bob Marley, o Tuff Gong. Procurou Aston ?Familyman? Barrett, parceiro do jamaicano. Foi à casa dele e disseram que ele estava "lá". Gil perguntou: "Lá onde?" Responderam: "Na prensa de discos." Era uma casa nos fundos e, ao chegar lá, Familyman estava abaixado e Gil perguntou: "O que faz aí?" Familyman respondeu: "Um disco de dub" Lee ?Scratch? Perry. Via Funchal (6.000 lug.). Rua Funchal, 65, V.Olímpia, 11-3089-6999. Terça, 21h. R$ 80 a R$ 140

Um revolucionário do mundo musical toca nesta terça-feira, em São Paulo. Trata-se do jamaicano Lee "Scratch" Perry, de 71 anos, um exilado da música que vive atualmente na Suíça. Hip-hop, techno, electro, trip-hop, jungle, drum?n?bass, ragamuffin?, big beats, dancehall: quase tudo que se entende hoje por música moderna deve um pouco a esse sujeito tão excêntrico quanto Tim Maia ou Sun Ra, nascido Rainford Hugh Perry na região rural canavieira de Kendal, na Jamaica, em 1936, o terceiro de quatro filhos de Ina Davis e Henry Perry. Embora muitos creditem a King Tubby (nome artístico de Osbourne Ruddock) a invenção do dub, é sabido que ninguém levou essa experimentação mais longe que Lee Perry em seu estúdio Black Ark, em Kingston, na Jamaica. Perry está desde os anos 1950 na parada, e começou ainda garoto ladeando um herói do ska, Prince Buster. Tinha acabado de abandonar a escola, aos 15 anos, sem concluir a quarta série primária. "Não aprendi nada. Tudo que aprendi veio da natureza." Terceiro Mundo Foi esse músico semiletrado, cuja instrução se fez na estrada, que obrigou o mundo a abrir as portas para o reggae, o primeiro grande gênero internacional produzido no Terceiro Mundo Essa proeza ele conseguiu com o disco The Return of Django (1969), gravado com sua banda The Upsetters. Ali estavam presentes os elementos que distinguiriam o gênero: o baixo marcado, a guitarra esgrimida e a bateria espasmódica que postariam a música jamaicana um pouco adiante do gênero pregresso, o ska. Lee Perry tem sido uma ponte viva entre culturas musicais distintas. Foi Perry, por exemplo, já em Londres, quem apresentou o reggae ao grupo de punk rock "The Clash". Encantada a banda gravou Police & Thief, hit jamaicano de Perry e Junior Murvin. Em contrapartida, Lee Perry apresentou o punk rock ao seu brou jamaicano Bob Marley. E este, também para celebrar a crueza punk, compôs um de seus clássicos, Punky Reggae Party. Perry e o dub Já as experiências de Perry com o dub, sua profissão de fé mais destacada, foram elemento de internacionalização do reggae em direção ao pop mundial - as expressões mais modernas do pop inglês, hoje, astros como Lilly Allen e Babyshambles, por exemplo, veneram o dub. Seria pouco verdadeiro dizer que Lee Perry tem uma carreira regular, com discos sempre avançados. Não mesmo: muitas vezes, seu reggae é mal produzido, com letras desimportantes e postulação musical frágil. "Amo vocês como amo os extraterrestres", disse o músico, um visionário de humores variados. Em 1979, ele chegou a botar fogo no próprio estúdio, num acesso de doideira. Auge nos 70 O auge de sua carreira foi nos anos 1970, quando proclamou pelo mundo a "dub revolution". Sua colaboração criativa com os Wailers de Bob Marley é fundamental no desenvolvimento do reggae moderno. Sua inventividade tirou Bob Marley da condição de um modesto bandleader local e o empurrou para o estrelato internacional. Lee Perry já alardeou aos quatro ventos que teria vindo de Júpiter, dos céus, da África, e por aí vai. Segundo escreveu o biógrafo David Katz em "People Funny Boy: The Genius of Lee ´Scratch´ Perry", o uso regular de maconha causou alguns danos ao velho Perry, como sintomas freqüentes de perda de memória. Suas fases mais criativas têm sido continuamente revisitadas pela aldeia fonográfica. Material fundamental para entender o som de Scratch é a caixa Arkology (Islands Records), que compila seu material no estúdio Black Ark. Acaba de sair o álbum The Upsetter Selection: A Lee Perry Jukebox (selo Trojan), que reúne aqueles maiores clássicos do produtor, como People Funny Boy, I?m the Upsetter, The Woodman. "Sou um artista, um músico, um mágico, um escritor, um cantor. Sou tudo. Meu nome é Lee, das selvas da África, originalmente do Oeste da África. Sou um homem de algum outro lugar também, mas minhas origens estão na África, direto da África por meio da reencarnação, renascido na África. O Super-Homem veio à Terra porque estava doente e cansado. Eu não estou doente nem cansado porque aprendi o que acontece; quando a gente fica frustrado, então é quando a música vem em forma de gotas de chuva para apoiar todo mundo aqui que está com o coração partido e não sabe o que fazer. Eu fui programado. Muita gente que nasce de novo voltou para aprender uma lição. Você já ouviu a respeito dos ETs? Eu sou um ET, compreende? Compreende?" É um doidão, mas também é um gênio da música. Veremos amanhã o que prevalece. O que é dub O reconhecimento do dub (técnica de remixagem, baseada em efeitos de reverberação, de eco, que põe à frente o som de baixo e bateria) como recurso da música moderna é unânime entre músicos de diversas escolas e gêneros. No Brasil, velhos devotos do reggae, como o atual ministro da Cultura, Gilberto Gil, ouviram o reggae pela primeira vez no fim dos anos 60, no exílio, em Londres. Mas a conexão com o Brasil já era facilmente encontrável nas praias de São Luís, no Maranhão, onde Gil disse que reencontrou o reggae em 1973. Em 1984, Gil foi à Jamaica gravar Vamos Fugir no estúdio de Bob Marley, o Tuff Gong. Procurou Aston ?Familyman? Barrett, parceiro do jamaicano. Foi à casa dele e disseram que ele estava "lá". Gil perguntou: "Lá onde?" Responderam: "Na prensa de discos." Era uma casa nos fundos e, ao chegar lá, Familyman estava abaixado e Gil perguntou: "O que faz aí?" Familyman respondeu: "Um disco de dub" Lee ?Scratch? Perry. Via Funchal (6.000 lug.). Rua Funchal, 65, V.Olímpia, 11-3089-6999. Terça, 21h. R$ 80 a R$ 140

Um revolucionário do mundo musical toca nesta terça-feira, em São Paulo. Trata-se do jamaicano Lee "Scratch" Perry, de 71 anos, um exilado da música que vive atualmente na Suíça. Hip-hop, techno, electro, trip-hop, jungle, drum?n?bass, ragamuffin?, big beats, dancehall: quase tudo que se entende hoje por música moderna deve um pouco a esse sujeito tão excêntrico quanto Tim Maia ou Sun Ra, nascido Rainford Hugh Perry na região rural canavieira de Kendal, na Jamaica, em 1936, o terceiro de quatro filhos de Ina Davis e Henry Perry. Embora muitos creditem a King Tubby (nome artístico de Osbourne Ruddock) a invenção do dub, é sabido que ninguém levou essa experimentação mais longe que Lee Perry em seu estúdio Black Ark, em Kingston, na Jamaica. Perry está desde os anos 1950 na parada, e começou ainda garoto ladeando um herói do ska, Prince Buster. Tinha acabado de abandonar a escola, aos 15 anos, sem concluir a quarta série primária. "Não aprendi nada. Tudo que aprendi veio da natureza." Terceiro Mundo Foi esse músico semiletrado, cuja instrução se fez na estrada, que obrigou o mundo a abrir as portas para o reggae, o primeiro grande gênero internacional produzido no Terceiro Mundo Essa proeza ele conseguiu com o disco The Return of Django (1969), gravado com sua banda The Upsetters. Ali estavam presentes os elementos que distinguiriam o gênero: o baixo marcado, a guitarra esgrimida e a bateria espasmódica que postariam a música jamaicana um pouco adiante do gênero pregresso, o ska. Lee Perry tem sido uma ponte viva entre culturas musicais distintas. Foi Perry, por exemplo, já em Londres, quem apresentou o reggae ao grupo de punk rock "The Clash". Encantada a banda gravou Police & Thief, hit jamaicano de Perry e Junior Murvin. Em contrapartida, Lee Perry apresentou o punk rock ao seu brou jamaicano Bob Marley. E este, também para celebrar a crueza punk, compôs um de seus clássicos, Punky Reggae Party. Perry e o dub Já as experiências de Perry com o dub, sua profissão de fé mais destacada, foram elemento de internacionalização do reggae em direção ao pop mundial - as expressões mais modernas do pop inglês, hoje, astros como Lilly Allen e Babyshambles, por exemplo, veneram o dub. Seria pouco verdadeiro dizer que Lee Perry tem uma carreira regular, com discos sempre avançados. Não mesmo: muitas vezes, seu reggae é mal produzido, com letras desimportantes e postulação musical frágil. "Amo vocês como amo os extraterrestres", disse o músico, um visionário de humores variados. Em 1979, ele chegou a botar fogo no próprio estúdio, num acesso de doideira. Auge nos 70 O auge de sua carreira foi nos anos 1970, quando proclamou pelo mundo a "dub revolution". Sua colaboração criativa com os Wailers de Bob Marley é fundamental no desenvolvimento do reggae moderno. Sua inventividade tirou Bob Marley da condição de um modesto bandleader local e o empurrou para o estrelato internacional. Lee Perry já alardeou aos quatro ventos que teria vindo de Júpiter, dos céus, da África, e por aí vai. Segundo escreveu o biógrafo David Katz em "People Funny Boy: The Genius of Lee ´Scratch´ Perry", o uso regular de maconha causou alguns danos ao velho Perry, como sintomas freqüentes de perda de memória. Suas fases mais criativas têm sido continuamente revisitadas pela aldeia fonográfica. Material fundamental para entender o som de Scratch é a caixa Arkology (Islands Records), que compila seu material no estúdio Black Ark. Acaba de sair o álbum The Upsetter Selection: A Lee Perry Jukebox (selo Trojan), que reúne aqueles maiores clássicos do produtor, como People Funny Boy, I?m the Upsetter, The Woodman. "Sou um artista, um músico, um mágico, um escritor, um cantor. Sou tudo. Meu nome é Lee, das selvas da África, originalmente do Oeste da África. Sou um homem de algum outro lugar também, mas minhas origens estão na África, direto da África por meio da reencarnação, renascido na África. O Super-Homem veio à Terra porque estava doente e cansado. Eu não estou doente nem cansado porque aprendi o que acontece; quando a gente fica frustrado, então é quando a música vem em forma de gotas de chuva para apoiar todo mundo aqui que está com o coração partido e não sabe o que fazer. Eu fui programado. Muita gente que nasce de novo voltou para aprender uma lição. Você já ouviu a respeito dos ETs? Eu sou um ET, compreende? Compreende?" É um doidão, mas também é um gênio da música. Veremos amanhã o que prevalece. O que é dub O reconhecimento do dub (técnica de remixagem, baseada em efeitos de reverberação, de eco, que põe à frente o som de baixo e bateria) como recurso da música moderna é unânime entre músicos de diversas escolas e gêneros. No Brasil, velhos devotos do reggae, como o atual ministro da Cultura, Gilberto Gil, ouviram o reggae pela primeira vez no fim dos anos 60, no exílio, em Londres. Mas a conexão com o Brasil já era facilmente encontrável nas praias de São Luís, no Maranhão, onde Gil disse que reencontrou o reggae em 1973. Em 1984, Gil foi à Jamaica gravar Vamos Fugir no estúdio de Bob Marley, o Tuff Gong. Procurou Aston ?Familyman? Barrett, parceiro do jamaicano. Foi à casa dele e disseram que ele estava "lá". Gil perguntou: "Lá onde?" Responderam: "Na prensa de discos." Era uma casa nos fundos e, ao chegar lá, Familyman estava abaixado e Gil perguntou: "O que faz aí?" Familyman respondeu: "Um disco de dub" Lee ?Scratch? Perry. Via Funchal (6.000 lug.). Rua Funchal, 65, V.Olímpia, 11-3089-6999. Terça, 21h. R$ 80 a R$ 140

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