RIO - Existe aquele lugarzinho no qual guardamos lembranças das quais às vezes sequer nos sabemos existir. Sabe? E uma música, um filme ou um livro acessam esse espaço, às vezes sem permissão, e nos carregam diretamente para um lugar no passado.
Bandas dinossáuricas sabem como lidar com essa nostalgia à seu favor. Seus fãs, dos maduros aos mais jovens, vão aos seus shows para resgatar momentos desse baú.
O curioso é quando se percebe que alguma banda já é antiga o suficiente para acessar esses buracos das lembranças. O Fall Out Boy chegou a esse ponto. Principalmente para os jovens, a geração sub-30 presente na Cidade do Rock, no Rock in Rio, nesta quinta-feira, 21. Com 16 anos de existência, o grupo liderado por Partrick Stump (voz e guitarra) e Pete Wentz (baixo) acerta justamente na nostalgia.
Porque são as canções que entraram em alta rotação na extinta MTV brasileira, em meados dos anos 2000, a grande força da apresentação do grupo de Chicago. É quando eles acertam na mixologia, energia punk adoçada por uma candura pop e uma voz pouco ameaçadora de Stump.
Nesse ambiente, ou desse drink adocicado, chegam Dance, Dance e This Ain't a Scene, It's a Arms Race, por exemplo. Ambas provocam uma catarse naqueles que estão lidando com a dura chegada dos 30 anos. Revisitam momentos de fossa ou euforia da adolescência. Nem sempre desejados. Ainda assim, a excitação é inevitável.
Em contrapartida, falta à banda constância. Os altos e baixos da discografia impedem que o grupo mantenha o nível da performance. Momentos morosos são um pecado em uma apresentação guiada por guitarras de hardcore cuja função primordial é manter as cabeças voando ao ritmo da bateria.
Com isso, resta ao Fall Out Boy se regozijar da nostalgia. E é ótimo eles terem chegado a esse nível, mas ainda é cedo demais para depender somente disso.