Sandy e Lucas surpreenderam a todos ao anunciarem a separação nesta segunda-feira, 25. Após 24 anos juntos e 15 anos de casamento, o casal decidiu seguir caminhos distintos. E o seu relacionamento deixa frutos marcantes. No plural.
Theo, de 9 anos, o primeiro e único filho do casal, que até hoje tem a sua privacidade preservada, um pedido fortemente defendido pelos pais, e acatado pelos fãs. E as suas músicas, que acompanham não só a trajetória da Sandy, depois do Junior, mas também do casal, entre as alegrias e agruras de uma relação.
Discretos na vida; cândidos em versos. Sandy e Lucas já expuseram em algumas canções detalhes desse relacionamento que, por muito tempo cativou não só o seu público fiel, que acompanha a cantora desde O Aniversário do Tatu (primeiro álbum da carreira), mas também de pessoas que se alegram em ver um ‘final feliz’ para a jovem que cresceu em frente às câmeras.
Afinal, falar de Sandy não é só falar de música. É falar de um sentimento que é compartilhado por pessoas de uma geração inteira que a veem como um exemplo. Por isso emociona, impacta e fala tão forte ao coração.
Ao mesmo tempo, é falar essencialmente de música. Por que era dessa forma que o casal se compreendia, e também dessa forma que o público conseguia captar alguns detalhes do que foi Sandy e Lucas.
Em entrevista ao extinto programa Vai Fernandinha, do Multishow, Sandy disse que Lucas a ajudava a se enxergar como pessoa e a se entender em música. “Ele tem elementos e ele tem a técnica para colocar isso música, para me traduzir em música. Ele me ajuda muito a me entender. O Lucas me ajuda a enxergar como eu sou como pessoa”.
“Eu presto muita atenção nela”, acrescentou o cantor. E foi dessa maneira que surgiu Aquela dos 30, do EP Princípios, Meios e Fins, lançado em 2012. A canção, que fala sobre o amadurecimento e o envelhecimento de Sandy, originou-se de um comentário feito pela cantora durante uma conversa: “Sou jovem pra ser velha e velha para ser jovem”. Lucas registrou essa observação, que virou recheio para a música.
Em Salto, do álbum Meu Canto, de 2016, foi a vez de Lucas ser inspiração. Na música, Sandy canta sobre se sentir livre para ser o seu eu mais genuíno, falho e com defeitos, e mesmo assim seguir sem medo. “Posso me revelar; Falha e imperfeita; E confiar nas minhas glórias; E assim me faço inteira; Me decifra e me traduz; Nas minhas sombras, você vê a luz; Você sabe tudo, e tudo bem; O que eu sou de verdade; E só presa a você eu me sinto em liberdade”.
A alegria da gestação de Sandy também foi celebrada através da música. Meu Guri, composta por Lucas Lima, foi um presente de Dia das Mães para a cantora, que na época estava em seu oitavo mês de gravidez. No programa Tamanho Família, da Globo, apresentado por Marcio Garcia, a canção foi apresentada ao público pela primeira vez. Noely, Xororó e Lucas emocionaram a todos ao cantar a música inédita em homenagem a Sandy.
O single, que agora integra o álbum Natal em Casa, lançado em 2016 pela Família Lima, não foi criado com a intenção de se tornar um grande sucesso nas paradas de música. No entanto, Meu Guri permanece como um símbolo tocante de como a música e a vida do casal estavam intrinsecamente entrelaçadas, refletindo e contribuindo para os momentos significativos de sua jornada conjunta.
Da mesma forma, os momentos de crise também foram abordados em músicas. Duas, em especial, tratam de fases difíceis do casal: Nossos Nó(s), do álbum homônimo (2017), Me Espera, do álbum Nós, Voz e Eles (2018). (Se for uma pessoa emotiva, aconselho não ouví-las hoje). Em ambas, o casal admitiu estar em ritmos diferentes de vida, com Lucas trabalhando muito, e Sandy passando pelo puerpério. Mesmo assim, ainda existia o interesse em se lutar pelo relacionamento do casal.
E como não se emocionar com os versos de Me Espera, com um pedido vulnerável para ficar, esperar, ser reconhecido pelo seu amor? Ou então com a súplica de Nossos Nó(s), para não desistir, e a tentativa de recriar um mundo em que esse amor precioso funcione.
A verdade é que Sandy e Lucas Lima cantaram sobre um amor real, falho. Um amor que tem desafios do cotidiano e que, infelizmente, não se sustenta por si só. Um amor que, diferente das suas músicas, não dura para sempre.
Me Espera
Eu ainda estou aqui
Perdido em mil versões irreais de mim
Estou aqui por trás de todo o caos
Em que a vida se fez
Tenta me reconhecer no temporal
Me espera
Tenta não se acostumar eu volto já
Me espera
Eu que tanto me perdi
Em sãs desilusões ideais de mim
Não me esqueci de quem eu sou
E o quanto devo a você
Tenta me reconhecer no temporal
Me espera
Tenta não se acostumar eu volto já
Me espera
Mesmo quando eu descuido (me desloco)
Me desmando (perco o foco)
Perco o chão (e perco o ar)
Me reconheço em teu olhar (que é o fio pra me guiar)
De volta, de volta
Tenta me reconhecer no temporal
Me espera
No temporal
Me espera
Tenta não se acostumar
Eu volto já
Me espera
Eu ainda estou aqui
Salto
Só com você desço do salto
Tiro a maquiagem
Elevo a minha voz
Baixo o tom do meu português
Posso me revelar
Falha e imperfeita
E confiar nas minhas glórias
E assim me faço inteira
Me decifra e me traduz
Nas minhas sombras, você vê a luz
Você sabe tudo, e tudo bem
O que eu sou de verdade
E só presa a você eu me sinto em liberdade
Só com você sonho mais alto
Enfrento os meus limites
Escuto a minha voz
Subo o tom das minhas canções
Posso me perdoar
Desafiar os medos
E sorrir só com vontade
Me jogar de corpo inteiro
Me decifra e me traduz
Nas minhas sombras, você vê a luz
Você sabe tudo, e tudo bem
O que eu sou de verdade
E só presa a você eu me sinto em liberdade
Me decifra e me traduz
Nas minhas sombras, você vê a luz
Você sabe tudo, e tudo bem
O que eu sou de verdade
E só presa a você eu me sinto em liberdade