Sem palcos, músicos abrem caminho para fontes de renda criativas


Enquanto o 'soulman' Di Melo vende os próprios vinis, o trombonista Joabe Reis descobre um site em que instrumentistas oferecem trabalho para ganhar em dólar; exemplos podem ser inspiradores

Por Redação

A falta de música ao vivo e as gravações em estúdio têm obrigado artistas a repensar seus trabalhos, movendo o eixo de sustento para alternativas que os especialistas chamariam de “economia criativa”. Não são ações organizadas nem coordenadas, mas individuais e frutos de experiências que cada um trilha à sua maneira. Alguns exemplos podem ser inspiradores.

Di Melo na loja Patuá Discos Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Aos 71 anos, o pernambucano Di Melo é a imagem do quanto um bom passado vale ouro em tempos de pandemia. Ele gravou oito discos desde meados dos anos 70, mas foi o primeiro deles que se tornou um clássico. Di Melo, de 1975, também chamado de Kilariô, virou também uma de suas principais fontes de sustento desde o início da quarentena. Visto como um paralelo aos nomes grandes da soul brasileira, como Gerson King Combo, Toni Tornado e Carlos Dafé, Di Melo foi mais longe. Seu disco contou com arranjos do maestro José Briamonte e participações de Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e Cláudio Beltrame. Por isso, e pela sonoridade que tem, é uma peça de cobiça. Ele mesmo encontrou o álbum sendo vendido por 700 euros.

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Sem trabalho, Di Melo se tornou o melhor vendedor dos discos de Di Melo. “Eu mesmo passei a levá-los às lojas de LPs. Como essa andança ficou restrita, passei a vender também direto aos interessados.” A loja Patuá Discos, na Vila Madalena, é um de seus pontos. “Quando o cliente compra direto comigo, cobro R$ 100. Se comprar na loja, é o dobro”. Em um bom mês, Di Melo chegou a faturar R$ 7 mil. 

O interesse pelos álbuns em vinil se tornou também um ativo de Rodrigo Campos. O compositor de São Paulo chegou a vender o LP Conversas com Toshiro por R$ 600. Não é um giro rápido mas, com um capital de investimento, pode-se encomendar uma boa tiragem de LP para vendas domésticas nas fábricas.

A fonte do trombonista capixaba Joabe Reis tem outro foco. Com um disco lançado no meio do bloqueio dos palcos, ele perdeu muitos shows e viu os trabalhos serem reduzidos drasticamente depois de um mês de janeiro de trabalhos em shows de Ivan Lins, Toninho Horta e alguns outros. Além de vender uma boa cota do álbum que lançou com ótimas considerações da crítica, Crew in Church, ele criou um curso com aulas online, mas ao vivo para iniciados. Os iniciantes também chegaram e ele teve de adaptar o programa. De cada aluno, cobrou R$ 450 por quatro aulas. 

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Mas a surpresa estava ainda em outro lugar. Joabe é a imagem do quanto um músico que investe em equipamento básico de gravação para seu computador pode faturar em tempos de pandemia. Ele se cadastrou no site Sound Better, uma plataforma em que artistas do mundo todo oferecem trabalho. Para fazer o perfil, o instrumentista ou cantor deve colocar um vídeo que o mostre em ação, áudios de seus trabalhos já feitos, currículo e, se possível, matérias publicadas em sites e jornais. Os contratantes, músicos de vários países em busca de sonoridades específicas que precisam de colaboradores para gravar suas faixas, passam pelo site o áudio ou a partitura do trecho a ser executado e esperam o resultado. 

Em poucos meses, o mundo passou a descobrir o trombone de Joabe. De casa, ele fez gravações para artistas de Porto Rico, Portugal, Chicago, Nova York e Espanha. E o melhor, ganhando em dólar. “Eles depositam na hora.” O site tem uma tabela para não haver disparidades de preços. O mínimo que se cobra por gravação é 50 dólares. “Mas acabei ganhando 70 dólares”, diz o trombonista. Ao todo, Joabe ganhou R$ 3 mil até agora. E o que é preciso ter para isso? Ele dá a dica: “Com R$ 1,5 mil você compra uma placa de áudio e um microfone. Se não tiver estúdio em casa, basta escolher um canto com uma acústica boa e gravar.” 

O cantor Silva fala pelos compositores. E uma pandemia mostra também o quanto é valioso ter músicas circulando no planeta com seu nome. “Ser compositor do que se canta é um privilégio. Os direitos autorais criam uma renda que cai na conta e ajuda bem.” 

A falta de música ao vivo e as gravações em estúdio têm obrigado artistas a repensar seus trabalhos, movendo o eixo de sustento para alternativas que os especialistas chamariam de “economia criativa”. Não são ações organizadas nem coordenadas, mas individuais e frutos de experiências que cada um trilha à sua maneira. Alguns exemplos podem ser inspiradores.

Di Melo na loja Patuá Discos Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Aos 71 anos, o pernambucano Di Melo é a imagem do quanto um bom passado vale ouro em tempos de pandemia. Ele gravou oito discos desde meados dos anos 70, mas foi o primeiro deles que se tornou um clássico. Di Melo, de 1975, também chamado de Kilariô, virou também uma de suas principais fontes de sustento desde o início da quarentena. Visto como um paralelo aos nomes grandes da soul brasileira, como Gerson King Combo, Toni Tornado e Carlos Dafé, Di Melo foi mais longe. Seu disco contou com arranjos do maestro José Briamonte e participações de Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e Cláudio Beltrame. Por isso, e pela sonoridade que tem, é uma peça de cobiça. Ele mesmo encontrou o álbum sendo vendido por 700 euros.

Sem trabalho, Di Melo se tornou o melhor vendedor dos discos de Di Melo. “Eu mesmo passei a levá-los às lojas de LPs. Como essa andança ficou restrita, passei a vender também direto aos interessados.” A loja Patuá Discos, na Vila Madalena, é um de seus pontos. “Quando o cliente compra direto comigo, cobro R$ 100. Se comprar na loja, é o dobro”. Em um bom mês, Di Melo chegou a faturar R$ 7 mil. 

O interesse pelos álbuns em vinil se tornou também um ativo de Rodrigo Campos. O compositor de São Paulo chegou a vender o LP Conversas com Toshiro por R$ 600. Não é um giro rápido mas, com um capital de investimento, pode-se encomendar uma boa tiragem de LP para vendas domésticas nas fábricas.

A fonte do trombonista capixaba Joabe Reis tem outro foco. Com um disco lançado no meio do bloqueio dos palcos, ele perdeu muitos shows e viu os trabalhos serem reduzidos drasticamente depois de um mês de janeiro de trabalhos em shows de Ivan Lins, Toninho Horta e alguns outros. Além de vender uma boa cota do álbum que lançou com ótimas considerações da crítica, Crew in Church, ele criou um curso com aulas online, mas ao vivo para iniciados. Os iniciantes também chegaram e ele teve de adaptar o programa. De cada aluno, cobrou R$ 450 por quatro aulas. 

Mas a surpresa estava ainda em outro lugar. Joabe é a imagem do quanto um músico que investe em equipamento básico de gravação para seu computador pode faturar em tempos de pandemia. Ele se cadastrou no site Sound Better, uma plataforma em que artistas do mundo todo oferecem trabalho. Para fazer o perfil, o instrumentista ou cantor deve colocar um vídeo que o mostre em ação, áudios de seus trabalhos já feitos, currículo e, se possível, matérias publicadas em sites e jornais. Os contratantes, músicos de vários países em busca de sonoridades específicas que precisam de colaboradores para gravar suas faixas, passam pelo site o áudio ou a partitura do trecho a ser executado e esperam o resultado. 

Em poucos meses, o mundo passou a descobrir o trombone de Joabe. De casa, ele fez gravações para artistas de Porto Rico, Portugal, Chicago, Nova York e Espanha. E o melhor, ganhando em dólar. “Eles depositam na hora.” O site tem uma tabela para não haver disparidades de preços. O mínimo que se cobra por gravação é 50 dólares. “Mas acabei ganhando 70 dólares”, diz o trombonista. Ao todo, Joabe ganhou R$ 3 mil até agora. E o que é preciso ter para isso? Ele dá a dica: “Com R$ 1,5 mil você compra uma placa de áudio e um microfone. Se não tiver estúdio em casa, basta escolher um canto com uma acústica boa e gravar.” 

O cantor Silva fala pelos compositores. E uma pandemia mostra também o quanto é valioso ter músicas circulando no planeta com seu nome. “Ser compositor do que se canta é um privilégio. Os direitos autorais criam uma renda que cai na conta e ajuda bem.” 

A falta de música ao vivo e as gravações em estúdio têm obrigado artistas a repensar seus trabalhos, movendo o eixo de sustento para alternativas que os especialistas chamariam de “economia criativa”. Não são ações organizadas nem coordenadas, mas individuais e frutos de experiências que cada um trilha à sua maneira. Alguns exemplos podem ser inspiradores.

Di Melo na loja Patuá Discos Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Aos 71 anos, o pernambucano Di Melo é a imagem do quanto um bom passado vale ouro em tempos de pandemia. Ele gravou oito discos desde meados dos anos 70, mas foi o primeiro deles que se tornou um clássico. Di Melo, de 1975, também chamado de Kilariô, virou também uma de suas principais fontes de sustento desde o início da quarentena. Visto como um paralelo aos nomes grandes da soul brasileira, como Gerson King Combo, Toni Tornado e Carlos Dafé, Di Melo foi mais longe. Seu disco contou com arranjos do maestro José Briamonte e participações de Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e Cláudio Beltrame. Por isso, e pela sonoridade que tem, é uma peça de cobiça. Ele mesmo encontrou o álbum sendo vendido por 700 euros.

Sem trabalho, Di Melo se tornou o melhor vendedor dos discos de Di Melo. “Eu mesmo passei a levá-los às lojas de LPs. Como essa andança ficou restrita, passei a vender também direto aos interessados.” A loja Patuá Discos, na Vila Madalena, é um de seus pontos. “Quando o cliente compra direto comigo, cobro R$ 100. Se comprar na loja, é o dobro”. Em um bom mês, Di Melo chegou a faturar R$ 7 mil. 

O interesse pelos álbuns em vinil se tornou também um ativo de Rodrigo Campos. O compositor de São Paulo chegou a vender o LP Conversas com Toshiro por R$ 600. Não é um giro rápido mas, com um capital de investimento, pode-se encomendar uma boa tiragem de LP para vendas domésticas nas fábricas.

A fonte do trombonista capixaba Joabe Reis tem outro foco. Com um disco lançado no meio do bloqueio dos palcos, ele perdeu muitos shows e viu os trabalhos serem reduzidos drasticamente depois de um mês de janeiro de trabalhos em shows de Ivan Lins, Toninho Horta e alguns outros. Além de vender uma boa cota do álbum que lançou com ótimas considerações da crítica, Crew in Church, ele criou um curso com aulas online, mas ao vivo para iniciados. Os iniciantes também chegaram e ele teve de adaptar o programa. De cada aluno, cobrou R$ 450 por quatro aulas. 

Mas a surpresa estava ainda em outro lugar. Joabe é a imagem do quanto um músico que investe em equipamento básico de gravação para seu computador pode faturar em tempos de pandemia. Ele se cadastrou no site Sound Better, uma plataforma em que artistas do mundo todo oferecem trabalho. Para fazer o perfil, o instrumentista ou cantor deve colocar um vídeo que o mostre em ação, áudios de seus trabalhos já feitos, currículo e, se possível, matérias publicadas em sites e jornais. Os contratantes, músicos de vários países em busca de sonoridades específicas que precisam de colaboradores para gravar suas faixas, passam pelo site o áudio ou a partitura do trecho a ser executado e esperam o resultado. 

Em poucos meses, o mundo passou a descobrir o trombone de Joabe. De casa, ele fez gravações para artistas de Porto Rico, Portugal, Chicago, Nova York e Espanha. E o melhor, ganhando em dólar. “Eles depositam na hora.” O site tem uma tabela para não haver disparidades de preços. O mínimo que se cobra por gravação é 50 dólares. “Mas acabei ganhando 70 dólares”, diz o trombonista. Ao todo, Joabe ganhou R$ 3 mil até agora. E o que é preciso ter para isso? Ele dá a dica: “Com R$ 1,5 mil você compra uma placa de áudio e um microfone. Se não tiver estúdio em casa, basta escolher um canto com uma acústica boa e gravar.” 

O cantor Silva fala pelos compositores. E uma pandemia mostra também o quanto é valioso ter músicas circulando no planeta com seu nome. “Ser compositor do que se canta é um privilégio. Os direitos autorais criam uma renda que cai na conta e ajuda bem.” 

A falta de música ao vivo e as gravações em estúdio têm obrigado artistas a repensar seus trabalhos, movendo o eixo de sustento para alternativas que os especialistas chamariam de “economia criativa”. Não são ações organizadas nem coordenadas, mas individuais e frutos de experiências que cada um trilha à sua maneira. Alguns exemplos podem ser inspiradores.

Di Melo na loja Patuá Discos Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Aos 71 anos, o pernambucano Di Melo é a imagem do quanto um bom passado vale ouro em tempos de pandemia. Ele gravou oito discos desde meados dos anos 70, mas foi o primeiro deles que se tornou um clássico. Di Melo, de 1975, também chamado de Kilariô, virou também uma de suas principais fontes de sustento desde o início da quarentena. Visto como um paralelo aos nomes grandes da soul brasileira, como Gerson King Combo, Toni Tornado e Carlos Dafé, Di Melo foi mais longe. Seu disco contou com arranjos do maestro José Briamonte e participações de Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e Cláudio Beltrame. Por isso, e pela sonoridade que tem, é uma peça de cobiça. Ele mesmo encontrou o álbum sendo vendido por 700 euros.

Sem trabalho, Di Melo se tornou o melhor vendedor dos discos de Di Melo. “Eu mesmo passei a levá-los às lojas de LPs. Como essa andança ficou restrita, passei a vender também direto aos interessados.” A loja Patuá Discos, na Vila Madalena, é um de seus pontos. “Quando o cliente compra direto comigo, cobro R$ 100. Se comprar na loja, é o dobro”. Em um bom mês, Di Melo chegou a faturar R$ 7 mil. 

O interesse pelos álbuns em vinil se tornou também um ativo de Rodrigo Campos. O compositor de São Paulo chegou a vender o LP Conversas com Toshiro por R$ 600. Não é um giro rápido mas, com um capital de investimento, pode-se encomendar uma boa tiragem de LP para vendas domésticas nas fábricas.

A fonte do trombonista capixaba Joabe Reis tem outro foco. Com um disco lançado no meio do bloqueio dos palcos, ele perdeu muitos shows e viu os trabalhos serem reduzidos drasticamente depois de um mês de janeiro de trabalhos em shows de Ivan Lins, Toninho Horta e alguns outros. Além de vender uma boa cota do álbum que lançou com ótimas considerações da crítica, Crew in Church, ele criou um curso com aulas online, mas ao vivo para iniciados. Os iniciantes também chegaram e ele teve de adaptar o programa. De cada aluno, cobrou R$ 450 por quatro aulas. 

Mas a surpresa estava ainda em outro lugar. Joabe é a imagem do quanto um músico que investe em equipamento básico de gravação para seu computador pode faturar em tempos de pandemia. Ele se cadastrou no site Sound Better, uma plataforma em que artistas do mundo todo oferecem trabalho. Para fazer o perfil, o instrumentista ou cantor deve colocar um vídeo que o mostre em ação, áudios de seus trabalhos já feitos, currículo e, se possível, matérias publicadas em sites e jornais. Os contratantes, músicos de vários países em busca de sonoridades específicas que precisam de colaboradores para gravar suas faixas, passam pelo site o áudio ou a partitura do trecho a ser executado e esperam o resultado. 

Em poucos meses, o mundo passou a descobrir o trombone de Joabe. De casa, ele fez gravações para artistas de Porto Rico, Portugal, Chicago, Nova York e Espanha. E o melhor, ganhando em dólar. “Eles depositam na hora.” O site tem uma tabela para não haver disparidades de preços. O mínimo que se cobra por gravação é 50 dólares. “Mas acabei ganhando 70 dólares”, diz o trombonista. Ao todo, Joabe ganhou R$ 3 mil até agora. E o que é preciso ter para isso? Ele dá a dica: “Com R$ 1,5 mil você compra uma placa de áudio e um microfone. Se não tiver estúdio em casa, basta escolher um canto com uma acústica boa e gravar.” 

O cantor Silva fala pelos compositores. E uma pandemia mostra também o quanto é valioso ter músicas circulando no planeta com seu nome. “Ser compositor do que se canta é um privilégio. Os direitos autorais criam uma renda que cai na conta e ajuda bem.” 

A falta de música ao vivo e as gravações em estúdio têm obrigado artistas a repensar seus trabalhos, movendo o eixo de sustento para alternativas que os especialistas chamariam de “economia criativa”. Não são ações organizadas nem coordenadas, mas individuais e frutos de experiências que cada um trilha à sua maneira. Alguns exemplos podem ser inspiradores.

Di Melo na loja Patuá Discos Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Aos 71 anos, o pernambucano Di Melo é a imagem do quanto um bom passado vale ouro em tempos de pandemia. Ele gravou oito discos desde meados dos anos 70, mas foi o primeiro deles que se tornou um clássico. Di Melo, de 1975, também chamado de Kilariô, virou também uma de suas principais fontes de sustento desde o início da quarentena. Visto como um paralelo aos nomes grandes da soul brasileira, como Gerson King Combo, Toni Tornado e Carlos Dafé, Di Melo foi mais longe. Seu disco contou com arranjos do maestro José Briamonte e participações de Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e Cláudio Beltrame. Por isso, e pela sonoridade que tem, é uma peça de cobiça. Ele mesmo encontrou o álbum sendo vendido por 700 euros.

Sem trabalho, Di Melo se tornou o melhor vendedor dos discos de Di Melo. “Eu mesmo passei a levá-los às lojas de LPs. Como essa andança ficou restrita, passei a vender também direto aos interessados.” A loja Patuá Discos, na Vila Madalena, é um de seus pontos. “Quando o cliente compra direto comigo, cobro R$ 100. Se comprar na loja, é o dobro”. Em um bom mês, Di Melo chegou a faturar R$ 7 mil. 

O interesse pelos álbuns em vinil se tornou também um ativo de Rodrigo Campos. O compositor de São Paulo chegou a vender o LP Conversas com Toshiro por R$ 600. Não é um giro rápido mas, com um capital de investimento, pode-se encomendar uma boa tiragem de LP para vendas domésticas nas fábricas.

A fonte do trombonista capixaba Joabe Reis tem outro foco. Com um disco lançado no meio do bloqueio dos palcos, ele perdeu muitos shows e viu os trabalhos serem reduzidos drasticamente depois de um mês de janeiro de trabalhos em shows de Ivan Lins, Toninho Horta e alguns outros. Além de vender uma boa cota do álbum que lançou com ótimas considerações da crítica, Crew in Church, ele criou um curso com aulas online, mas ao vivo para iniciados. Os iniciantes também chegaram e ele teve de adaptar o programa. De cada aluno, cobrou R$ 450 por quatro aulas. 

Mas a surpresa estava ainda em outro lugar. Joabe é a imagem do quanto um músico que investe em equipamento básico de gravação para seu computador pode faturar em tempos de pandemia. Ele se cadastrou no site Sound Better, uma plataforma em que artistas do mundo todo oferecem trabalho. Para fazer o perfil, o instrumentista ou cantor deve colocar um vídeo que o mostre em ação, áudios de seus trabalhos já feitos, currículo e, se possível, matérias publicadas em sites e jornais. Os contratantes, músicos de vários países em busca de sonoridades específicas que precisam de colaboradores para gravar suas faixas, passam pelo site o áudio ou a partitura do trecho a ser executado e esperam o resultado. 

Em poucos meses, o mundo passou a descobrir o trombone de Joabe. De casa, ele fez gravações para artistas de Porto Rico, Portugal, Chicago, Nova York e Espanha. E o melhor, ganhando em dólar. “Eles depositam na hora.” O site tem uma tabela para não haver disparidades de preços. O mínimo que se cobra por gravação é 50 dólares. “Mas acabei ganhando 70 dólares”, diz o trombonista. Ao todo, Joabe ganhou R$ 3 mil até agora. E o que é preciso ter para isso? Ele dá a dica: “Com R$ 1,5 mil você compra uma placa de áudio e um microfone. Se não tiver estúdio em casa, basta escolher um canto com uma acústica boa e gravar.” 

O cantor Silva fala pelos compositores. E uma pandemia mostra também o quanto é valioso ter músicas circulando no planeta com seu nome. “Ser compositor do que se canta é um privilégio. Os direitos autorais criam uma renda que cai na conta e ajuda bem.” 

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