Análise: série ‘Daisy Jones & The Six’ só erra onde não poderia errar: a música


História sobre uma banda de rock dos anos 70 que soa tudo, menos anos 70, passa por ‘filtro indie’ dos anos 2000

Por Julio Maria
Atualização:

Estão ali quase todos os pós mágicos usados para tornar a série Daisy Jones & The Six um arraso – e todos confirmando os anos 70, mesmo estando eles cada vez mais distantes, como a insuperável era do rock and roll. Cores, calças bocas de sino, cabelos fartos, sexo verbalizado e amor livre, mas uma música fraca, deslocada e inverossímil. A série da Amazon Prime Vídeo, que ganha repercussão desde sua estreia, dia 3, e que deve aumentar os decibéis até o dia 24 de março, com novos episódio lançados sempre às quintas-feiras, acerta até na película usada para transportar as pessoas aos aventurosos e idílicos anos 70, mas falha miseravelmente onde não poderia falhar.

O ator Sam Claflin Foto: Lacey Terrell/Amazon

Sem um grande roteiro a se sobrepor ao formato simples mas vitorioso já de largada – uma banda e uma cantora que se cruzam na estrada em busca de estrelato – a música não é, ou não deveria ser, acessório. Mais do que as presenças centrais de Sam Claflin (o deslumbrado e um tanto vacilante Billy Dunne) e de Riley Keough (neta de Elvis Presley, a inegociável Daisy Jones), a música da banda Daisy Jones & The Six, a real protagonista, é quem sofre sobretudo por soar qualquer coisa, mas jamais anos 70. E o negócio não é brincadeira. Daisy Jones & The Six lançaram de verdade, nas plataformas de streaming, o álbum que lançam na série, Aurora. Se farão turnê? O sucesso nas telas deve definir.

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Os atores deram entrevistas dizendo que aprenderam a tocar instrumentos e a cantar, algo que fazem relativamente bem, mas quem compôs canções como Regret Me, Let Me Down Easy ou a stroakniana Kill You To Try, para não entrar em country românticos, como Look At Us Now, cantados em casal e com vozes abertas em terças por Daisy Jones e Billy Dunne – um recurso que nenhum roqueiro setentista que se prezasse deveria usar – não parece ter ouvido Fleetwood Mac (oficialmente, segundo a produção, uma inspiração), Creedence Clearwater Revival, The Doors, Cream, Led Zeppelin ou mesmo Rolling Stones. E é bom dizer, são os próprios personagens quem citam essas bandas.

A origem do transtorno de identidade estética pode ser estratégica. A Amazon sabe que quem vai ver sua série são muito mais jovens que frequentam as plateias do Lollapalooza do que os seus pais, saudosos pelas velharias setentistas. Assim, pode ser mais prudente passar a sonoridade crua, analógica e virtuosa dos anos 70, algo que poderia soar meramente nostálgico, pelo filtro mais próximo a ele, o indie rock dos anos 2000. A ficha corrida do criador das canções, escolhido pelos produtores executivos da Amazon, está bem alinhado a essa ideia. Ele se chama Blake Mills, tem 36 anos e já trabalhou com bandas indie revisionistas, como a Band of Horses, e com o vocalista dos Strokes, Julian Casablancas. E tocou guitarra com Lucinda Williams, Kid Rock e The Chicks (olha a coisa do country pop de onde veio). Sorte que é um filme. Se existissem de fato nos anos 1970, Daisy Jones & The Six teriam sido triturados.

Estão ali quase todos os pós mágicos usados para tornar a série Daisy Jones & The Six um arraso – e todos confirmando os anos 70, mesmo estando eles cada vez mais distantes, como a insuperável era do rock and roll. Cores, calças bocas de sino, cabelos fartos, sexo verbalizado e amor livre, mas uma música fraca, deslocada e inverossímil. A série da Amazon Prime Vídeo, que ganha repercussão desde sua estreia, dia 3, e que deve aumentar os decibéis até o dia 24 de março, com novos episódio lançados sempre às quintas-feiras, acerta até na película usada para transportar as pessoas aos aventurosos e idílicos anos 70, mas falha miseravelmente onde não poderia falhar.

O ator Sam Claflin Foto: Lacey Terrell/Amazon

Sem um grande roteiro a se sobrepor ao formato simples mas vitorioso já de largada – uma banda e uma cantora que se cruzam na estrada em busca de estrelato – a música não é, ou não deveria ser, acessório. Mais do que as presenças centrais de Sam Claflin (o deslumbrado e um tanto vacilante Billy Dunne) e de Riley Keough (neta de Elvis Presley, a inegociável Daisy Jones), a música da banda Daisy Jones & The Six, a real protagonista, é quem sofre sobretudo por soar qualquer coisa, mas jamais anos 70. E o negócio não é brincadeira. Daisy Jones & The Six lançaram de verdade, nas plataformas de streaming, o álbum que lançam na série, Aurora. Se farão turnê? O sucesso nas telas deve definir.

Os atores deram entrevistas dizendo que aprenderam a tocar instrumentos e a cantar, algo que fazem relativamente bem, mas quem compôs canções como Regret Me, Let Me Down Easy ou a stroakniana Kill You To Try, para não entrar em country românticos, como Look At Us Now, cantados em casal e com vozes abertas em terças por Daisy Jones e Billy Dunne – um recurso que nenhum roqueiro setentista que se prezasse deveria usar – não parece ter ouvido Fleetwood Mac (oficialmente, segundo a produção, uma inspiração), Creedence Clearwater Revival, The Doors, Cream, Led Zeppelin ou mesmo Rolling Stones. E é bom dizer, são os próprios personagens quem citam essas bandas.

A origem do transtorno de identidade estética pode ser estratégica. A Amazon sabe que quem vai ver sua série são muito mais jovens que frequentam as plateias do Lollapalooza do que os seus pais, saudosos pelas velharias setentistas. Assim, pode ser mais prudente passar a sonoridade crua, analógica e virtuosa dos anos 70, algo que poderia soar meramente nostálgico, pelo filtro mais próximo a ele, o indie rock dos anos 2000. A ficha corrida do criador das canções, escolhido pelos produtores executivos da Amazon, está bem alinhado a essa ideia. Ele se chama Blake Mills, tem 36 anos e já trabalhou com bandas indie revisionistas, como a Band of Horses, e com o vocalista dos Strokes, Julian Casablancas. E tocou guitarra com Lucinda Williams, Kid Rock e The Chicks (olha a coisa do country pop de onde veio). Sorte que é um filme. Se existissem de fato nos anos 1970, Daisy Jones & The Six teriam sido triturados.

Estão ali quase todos os pós mágicos usados para tornar a série Daisy Jones & The Six um arraso – e todos confirmando os anos 70, mesmo estando eles cada vez mais distantes, como a insuperável era do rock and roll. Cores, calças bocas de sino, cabelos fartos, sexo verbalizado e amor livre, mas uma música fraca, deslocada e inverossímil. A série da Amazon Prime Vídeo, que ganha repercussão desde sua estreia, dia 3, e que deve aumentar os decibéis até o dia 24 de março, com novos episódio lançados sempre às quintas-feiras, acerta até na película usada para transportar as pessoas aos aventurosos e idílicos anos 70, mas falha miseravelmente onde não poderia falhar.

O ator Sam Claflin Foto: Lacey Terrell/Amazon

Sem um grande roteiro a se sobrepor ao formato simples mas vitorioso já de largada – uma banda e uma cantora que se cruzam na estrada em busca de estrelato – a música não é, ou não deveria ser, acessório. Mais do que as presenças centrais de Sam Claflin (o deslumbrado e um tanto vacilante Billy Dunne) e de Riley Keough (neta de Elvis Presley, a inegociável Daisy Jones), a música da banda Daisy Jones & The Six, a real protagonista, é quem sofre sobretudo por soar qualquer coisa, mas jamais anos 70. E o negócio não é brincadeira. Daisy Jones & The Six lançaram de verdade, nas plataformas de streaming, o álbum que lançam na série, Aurora. Se farão turnê? O sucesso nas telas deve definir.

Os atores deram entrevistas dizendo que aprenderam a tocar instrumentos e a cantar, algo que fazem relativamente bem, mas quem compôs canções como Regret Me, Let Me Down Easy ou a stroakniana Kill You To Try, para não entrar em country românticos, como Look At Us Now, cantados em casal e com vozes abertas em terças por Daisy Jones e Billy Dunne – um recurso que nenhum roqueiro setentista que se prezasse deveria usar – não parece ter ouvido Fleetwood Mac (oficialmente, segundo a produção, uma inspiração), Creedence Clearwater Revival, The Doors, Cream, Led Zeppelin ou mesmo Rolling Stones. E é bom dizer, são os próprios personagens quem citam essas bandas.

A origem do transtorno de identidade estética pode ser estratégica. A Amazon sabe que quem vai ver sua série são muito mais jovens que frequentam as plateias do Lollapalooza do que os seus pais, saudosos pelas velharias setentistas. Assim, pode ser mais prudente passar a sonoridade crua, analógica e virtuosa dos anos 70, algo que poderia soar meramente nostálgico, pelo filtro mais próximo a ele, o indie rock dos anos 2000. A ficha corrida do criador das canções, escolhido pelos produtores executivos da Amazon, está bem alinhado a essa ideia. Ele se chama Blake Mills, tem 36 anos e já trabalhou com bandas indie revisionistas, como a Band of Horses, e com o vocalista dos Strokes, Julian Casablancas. E tocou guitarra com Lucinda Williams, Kid Rock e The Chicks (olha a coisa do country pop de onde veio). Sorte que é um filme. Se existissem de fato nos anos 1970, Daisy Jones & The Six teriam sido triturados.

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