É inegável que o The Killers tenha uma fórmula. A influência marcante da música dos anos 1980 - e até, por vezes, do gospel -, processada à moda do indie rock dos anos 2000, a voz inconfundível do showman Brandon Flowers, uma música que parece explodir nos ouvidos: é sempre muito fácil identificar quando toca uma canção da banda.
No palco do Primavera Sound, o sucesso do grupo é colocado à prova. Afinal, é um desafio fazer com que a tal fórmula também funcione ao longo de 1h30.
Não faz muito tempo que a banda pisou em São Paulo. Na verdade, faz pouco mais de um ano: eles foram a principal atração da primeira edição do GP Week, mas, na ocasião, tiveram o protagonismo ameaçado pelo carisma e acrobacias do Twenty One Pilots. No Primavera, o grupo precisou mostrar o quanto ainda merecem o título de headliner.
“Nós vamos tocar como se fosse o nosso último dia no planeta Terra”, prometeu Flowers, do seu jeito grandiloquente, logo no início do show. A banda pareceu querer até inverter sua própria fórmula: tocou primeiro Mr Brightside, música geralmente escolhida para o final das apresentações da banda.
Funcionou. E, não apenas funcionou, como criou uma apoteose com explosões que podiam ser sentidas nos refrões, mesmo sem abusar dos efeitos pirotécnicos como a maioria dos grandes shows atuais. Brandon Flowers se mostra atento ao retorno do público. Ela atende até a um pedido de um fã que pede para tocar bateria com a banda.
Apesar de serem uma banda indie, os Killers passam longe do esnobismo e da postura de negar seus hits. Pelo contrário: atendem às pessoas sedentas por uma “nostalgia dupla” do início dos anos 2000, época que consagrou a banda, e das influências dos anos 1980.
O destaque vai para Spaceman, Runaways e Read My Mind, músicas que o público canta a plenos pulmões. As lágrimas se misturam com o suor ao final de um dia que chegou a 32 graus com um coro insistente do trecho I’ve got soul, but I’m not a soldier, de All These Things That I’ve Done.
O espetáculo chega ao fim e fãs veteranos ou novinhos retornam cambaleando para casa, talvez até sabendo responder à pergunta incompreensível - se “somos humanos ou dançarinos”. Certamente um desafio para as atrações do domingo.
O segundo dia segue com shows de Carly Rae Jepsen, Beck e Bad Religion. O encerramento fica por conta dos britânicos do The Cure - que, inclusive, são uma das referências dos Killers.
Setlist do The Killers no Primavera Sound
- Mr. Brightside
- Spaceman
- The Way It Was
- Smile
- Shot at the Night
- Human Electro
- Somebody Told Me
- Boy
- For Reasons Unknown
- A Dustland Fairytale
- Runaways
- Read My Mind
- Rut Segue
- Caution
- All These Things That I’ve Done
- The man
- When You Were Young