Shows ‘extras’ são surpresa só para os fãs; saiba como datas são combinadas bem antes nos bastidores


Jogada de esperar datas se esgotarem para anunciar mais shows é cada vez mais comum. Entenda como produtoras já fazem contrato prevendo ‘surpresa’ e quais são as vantagens e riscos da prática

Por Rodrigo Ortega
Atualização:

Quando fãs gritam “mais um, mais um!” no fim do show, já sabem o roteiro: o artista se despede, sai do palco, volta para o bis e causa comoção. Agora, meses antes do show, há outra jogada parecida, cada vez mais manjada: os ingressos acabam, fãs lamentam, a produtora anuncia outra data e causa frenesi.

Nos bastidores não há surpresa. Se shows extras de Harry Styles, Coldplay e Taylor Swift (com vendas nesta quinta, às 10h) deixam fãs agitados com o “bis” na agenda, o que acontece na negociação? O Estadão conversou com profissionais de grandes produtoras para saber: afinal, como as datas são contratadas?

  • Nos megashows, as apresentações “extras” estão sempre combinadas bem antes do anúncio, já na assinatura do contrato entre a produtora no Brasil e os agentes do artista estrangeiro.
  • Na divulgação, muitas vezes é melhor não soltar todas as datas de uma vez, o que aumenta a sensação de escassez e o temor de não conseguir o ingresso.
  • Para o artista, não há risco: mesmo que a venda seja um fracasso, ele recebe o cachê de todas as datas. A produtora que contrata o show vai arcar com o prejuízo.
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O Estadão apurou que, mesmo no caso do Coldplay, que foi anunciando outras datas até chegar a 11 apresentações no Brasil em 2023, tudo já estava contratado antes.

Coldplay: anúncio de shows esgotados e de data extra Foto: Divulgação/T4F

“Essa é uma prática antiga e conhecida no mercado, de ir anunciando o shows aos poucos. Existe essa coisa psicológica da chance única, da raridade”, diz o produtor de eventos André Barcinski dono da agência MAR, em sociedade com Leandro Carbonato.

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André trabalha com shows de porte médio, mas explica que, no caso de megashows (nos quais não atua), é impossível que uma data extra seja realmente uma surpresa. ”São produções que envolvem centenas de pessoas e mexem em cronogramas super apertados dos artistas.”

Ele faz uma observação que os fãs atentos já conhecem: buracos na agenda entregam a chance do show extra. “Se um artista iria fazer uma data no Brasil, e de repente pula para duas, significa que nos dias seguintes ele não tinha nada marcado em nenhum outro lugar do mundo. Não é coincidência.”

Vantagens e riscos

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Um produtor que já trabalhou nas maiores agências do país, e não quis se identificar, descreve as vantagens e os riscos de se guardar as datas na manga para divulgação posterior.

“O show extra sempre está pré-combinado. ‘Compra-se’ dois shows do artista. Vendeu a primeira, acionou a segunda. É maluquice sair com dois shows divulgados ao mesmo tempo, porque você tem o dobro do risco”, descreve o produtor.

Taylor Swift: anúncio do show esgotado e de data extra Foto: Divulgação/T4F
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“Mas, na proposta inicial, a gente não pode errar, nem para mais nem para menos”, ele ressalta. Errar para menos significa contratar um número de datas menor do que a demanda no País. Se isso for percebido tarde, é difícil reverter, já que o artista já vai ter a agenda cheia pelo mundo.

O problema ao “errar para mais” é o seguinte: se o primeiro show vender mal, e não houver demanda para um extra, o artista, por contrato, vai receber o cachê pelas duas datas mesmo assim.

E se ‘flopar’?

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Outro produtor, que também não quis se identificar, explica as opções para o caso de não haver demanda para um show adicional já contratado: a primeira é fazer o show seguinte mesmo assim, e tentar amenizar o prejuízo com promoções ou até buscando uma casa menor de última hora.

A segunda opção no caso de “flop” (ou fracasso, na linguagem das redes) é nem anunciar a data e desistir do evento. O cachê é pago ao artista, já que estava contratado, mas ao menos não se gasta como resto da produção - custos com a casa de show, estrutura, equipamento e mais.

“Eu já vi caso de artista que ganhou mais de um cachê para fazer um show só. Vale a pena pagar só o cachê do que bancar, além disso, toda a produção, e não ter venda de ingresso para compensar”, ele diz.

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Mas este tipo de prejuízo tem sido menos comum pelo mundo com a concentração do mercado na mão de poucas empresas, explica o produtor.

“Eles são donos dos locais de shows e donos das agências dos artistas pelo mundo. Se precisa cancelar numa cidade, é só remanejar na outra. Quem trabalha com produção independente tem o risco. Mas estas megaempresas têm cada vez menos”, ele descreve.

O Estadão procurou a T4F e a Live Nation, maiores produtoras do Brasil, responsável por shows de Harry Styles, Coldplay, Roger Waters e Taylor Swift, que tiveram datas extras concorridas. As empresas não quiseram comentar. O espaço segue aberto.

Roger Waters: anúncio do show esgotado e de data extra Foto: Divulgação/Bonus Track

Quando fãs gritam “mais um, mais um!” no fim do show, já sabem o roteiro: o artista se despede, sai do palco, volta para o bis e causa comoção. Agora, meses antes do show, há outra jogada parecida, cada vez mais manjada: os ingressos acabam, fãs lamentam, a produtora anuncia outra data e causa frenesi.

Nos bastidores não há surpresa. Se shows extras de Harry Styles, Coldplay e Taylor Swift (com vendas nesta quinta, às 10h) deixam fãs agitados com o “bis” na agenda, o que acontece na negociação? O Estadão conversou com profissionais de grandes produtoras para saber: afinal, como as datas são contratadas?

  • Nos megashows, as apresentações “extras” estão sempre combinadas bem antes do anúncio, já na assinatura do contrato entre a produtora no Brasil e os agentes do artista estrangeiro.
  • Na divulgação, muitas vezes é melhor não soltar todas as datas de uma vez, o que aumenta a sensação de escassez e o temor de não conseguir o ingresso.
  • Para o artista, não há risco: mesmo que a venda seja um fracasso, ele recebe o cachê de todas as datas. A produtora que contrata o show vai arcar com o prejuízo.

O Estadão apurou que, mesmo no caso do Coldplay, que foi anunciando outras datas até chegar a 11 apresentações no Brasil em 2023, tudo já estava contratado antes.

Coldplay: anúncio de shows esgotados e de data extra Foto: Divulgação/T4F

“Essa é uma prática antiga e conhecida no mercado, de ir anunciando o shows aos poucos. Existe essa coisa psicológica da chance única, da raridade”, diz o produtor de eventos André Barcinski dono da agência MAR, em sociedade com Leandro Carbonato.

André trabalha com shows de porte médio, mas explica que, no caso de megashows (nos quais não atua), é impossível que uma data extra seja realmente uma surpresa. ”São produções que envolvem centenas de pessoas e mexem em cronogramas super apertados dos artistas.”

Ele faz uma observação que os fãs atentos já conhecem: buracos na agenda entregam a chance do show extra. “Se um artista iria fazer uma data no Brasil, e de repente pula para duas, significa que nos dias seguintes ele não tinha nada marcado em nenhum outro lugar do mundo. Não é coincidência.”

Vantagens e riscos

Um produtor que já trabalhou nas maiores agências do país, e não quis se identificar, descreve as vantagens e os riscos de se guardar as datas na manga para divulgação posterior.

“O show extra sempre está pré-combinado. ‘Compra-se’ dois shows do artista. Vendeu a primeira, acionou a segunda. É maluquice sair com dois shows divulgados ao mesmo tempo, porque você tem o dobro do risco”, descreve o produtor.

Taylor Swift: anúncio do show esgotado e de data extra Foto: Divulgação/T4F

“Mas, na proposta inicial, a gente não pode errar, nem para mais nem para menos”, ele ressalta. Errar para menos significa contratar um número de datas menor do que a demanda no País. Se isso for percebido tarde, é difícil reverter, já que o artista já vai ter a agenda cheia pelo mundo.

O problema ao “errar para mais” é o seguinte: se o primeiro show vender mal, e não houver demanda para um extra, o artista, por contrato, vai receber o cachê pelas duas datas mesmo assim.

E se ‘flopar’?

Outro produtor, que também não quis se identificar, explica as opções para o caso de não haver demanda para um show adicional já contratado: a primeira é fazer o show seguinte mesmo assim, e tentar amenizar o prejuízo com promoções ou até buscando uma casa menor de última hora.

A segunda opção no caso de “flop” (ou fracasso, na linguagem das redes) é nem anunciar a data e desistir do evento. O cachê é pago ao artista, já que estava contratado, mas ao menos não se gasta como resto da produção - custos com a casa de show, estrutura, equipamento e mais.

“Eu já vi caso de artista que ganhou mais de um cachê para fazer um show só. Vale a pena pagar só o cachê do que bancar, além disso, toda a produção, e não ter venda de ingresso para compensar”, ele diz.

Mas este tipo de prejuízo tem sido menos comum pelo mundo com a concentração do mercado na mão de poucas empresas, explica o produtor.

“Eles são donos dos locais de shows e donos das agências dos artistas pelo mundo. Se precisa cancelar numa cidade, é só remanejar na outra. Quem trabalha com produção independente tem o risco. Mas estas megaempresas têm cada vez menos”, ele descreve.

O Estadão procurou a T4F e a Live Nation, maiores produtoras do Brasil, responsável por shows de Harry Styles, Coldplay, Roger Waters e Taylor Swift, que tiveram datas extras concorridas. As empresas não quiseram comentar. O espaço segue aberto.

Roger Waters: anúncio do show esgotado e de data extra Foto: Divulgação/Bonus Track

Quando fãs gritam “mais um, mais um!” no fim do show, já sabem o roteiro: o artista se despede, sai do palco, volta para o bis e causa comoção. Agora, meses antes do show, há outra jogada parecida, cada vez mais manjada: os ingressos acabam, fãs lamentam, a produtora anuncia outra data e causa frenesi.

Nos bastidores não há surpresa. Se shows extras de Harry Styles, Coldplay e Taylor Swift (com vendas nesta quinta, às 10h) deixam fãs agitados com o “bis” na agenda, o que acontece na negociação? O Estadão conversou com profissionais de grandes produtoras para saber: afinal, como as datas são contratadas?

  • Nos megashows, as apresentações “extras” estão sempre combinadas bem antes do anúncio, já na assinatura do contrato entre a produtora no Brasil e os agentes do artista estrangeiro.
  • Na divulgação, muitas vezes é melhor não soltar todas as datas de uma vez, o que aumenta a sensação de escassez e o temor de não conseguir o ingresso.
  • Para o artista, não há risco: mesmo que a venda seja um fracasso, ele recebe o cachê de todas as datas. A produtora que contrata o show vai arcar com o prejuízo.

O Estadão apurou que, mesmo no caso do Coldplay, que foi anunciando outras datas até chegar a 11 apresentações no Brasil em 2023, tudo já estava contratado antes.

Coldplay: anúncio de shows esgotados e de data extra Foto: Divulgação/T4F

“Essa é uma prática antiga e conhecida no mercado, de ir anunciando o shows aos poucos. Existe essa coisa psicológica da chance única, da raridade”, diz o produtor de eventos André Barcinski dono da agência MAR, em sociedade com Leandro Carbonato.

André trabalha com shows de porte médio, mas explica que, no caso de megashows (nos quais não atua), é impossível que uma data extra seja realmente uma surpresa. ”São produções que envolvem centenas de pessoas e mexem em cronogramas super apertados dos artistas.”

Ele faz uma observação que os fãs atentos já conhecem: buracos na agenda entregam a chance do show extra. “Se um artista iria fazer uma data no Brasil, e de repente pula para duas, significa que nos dias seguintes ele não tinha nada marcado em nenhum outro lugar do mundo. Não é coincidência.”

Vantagens e riscos

Um produtor que já trabalhou nas maiores agências do país, e não quis se identificar, descreve as vantagens e os riscos de se guardar as datas na manga para divulgação posterior.

“O show extra sempre está pré-combinado. ‘Compra-se’ dois shows do artista. Vendeu a primeira, acionou a segunda. É maluquice sair com dois shows divulgados ao mesmo tempo, porque você tem o dobro do risco”, descreve o produtor.

Taylor Swift: anúncio do show esgotado e de data extra Foto: Divulgação/T4F

“Mas, na proposta inicial, a gente não pode errar, nem para mais nem para menos”, ele ressalta. Errar para menos significa contratar um número de datas menor do que a demanda no País. Se isso for percebido tarde, é difícil reverter, já que o artista já vai ter a agenda cheia pelo mundo.

O problema ao “errar para mais” é o seguinte: se o primeiro show vender mal, e não houver demanda para um extra, o artista, por contrato, vai receber o cachê pelas duas datas mesmo assim.

E se ‘flopar’?

Outro produtor, que também não quis se identificar, explica as opções para o caso de não haver demanda para um show adicional já contratado: a primeira é fazer o show seguinte mesmo assim, e tentar amenizar o prejuízo com promoções ou até buscando uma casa menor de última hora.

A segunda opção no caso de “flop” (ou fracasso, na linguagem das redes) é nem anunciar a data e desistir do evento. O cachê é pago ao artista, já que estava contratado, mas ao menos não se gasta como resto da produção - custos com a casa de show, estrutura, equipamento e mais.

“Eu já vi caso de artista que ganhou mais de um cachê para fazer um show só. Vale a pena pagar só o cachê do que bancar, além disso, toda a produção, e não ter venda de ingresso para compensar”, ele diz.

Mas este tipo de prejuízo tem sido menos comum pelo mundo com a concentração do mercado na mão de poucas empresas, explica o produtor.

“Eles são donos dos locais de shows e donos das agências dos artistas pelo mundo. Se precisa cancelar numa cidade, é só remanejar na outra. Quem trabalha com produção independente tem o risco. Mas estas megaempresas têm cada vez menos”, ele descreve.

O Estadão procurou a T4F e a Live Nation, maiores produtoras do Brasil, responsável por shows de Harry Styles, Coldplay, Roger Waters e Taylor Swift, que tiveram datas extras concorridas. As empresas não quiseram comentar. O espaço segue aberto.

Roger Waters: anúncio do show esgotado e de data extra Foto: Divulgação/Bonus Track

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