Sidney Magal: ‘Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto repentino’


Em conversa com o Estadão, o cantor fala sobre o episódio no palco que o levou a repensar a vida e diz que está a caminho da aposentadoria

Por Danilo Casaletti
Atualização:

Sidney Magal está muito bem. Prestes a fazer 73 anos, o cantor, em conversa por vídeo com o Estadão, se mostrou disposto. Não fugiu de nenhuma pergunta, muito pelo contrário. Parece não haver assunto delicado ou proibido com Magal. Nem mesmo quando ele relata tudo o que ocorreu com ele em maio, quando precisou abandonar o palco, após um pico de pressão.

Na conversa, o amante latino, o Magal, é apenas um personagem criado pelo Magalhães, o marido de Magali, a quem ele se declara a todo instante. É também o pai do Rodrigo, da Gabriela e da Natália , além do vovô da Madalena, de quatro anos. O cantor acredita que seus fãs também sabem fazer essa separação. “O público sabe por que eu criei o Magal’, diz.

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Embora tenha planos de voltar aos palcos em agosto, por ora, a recomendação médica é descansar. Magal também é sincero ao dizer que, sim, já pensa em uma aposentadoria dos palcos depois de quase 60 anos de carreira - e de deixar hits como Sandra Rosa Madalena, O Meu Sangue Ferve Por Você, Se Te Pego com Outro Te Mato e Me Chama Que Eu Vou.

No dia 20 de junho, a exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino vai celebrar seu legado em São Paulo. Um selo dos Correios, com a estampa do Magal, será lançado (veja o serviço completo abaixo).

O susto no palco

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Na noite do 25 de maio, em um show na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Magal sentiu as pernas tremerem. Elas pareciam ‘falhar’, em sua descrição. Estranhou. Jamais bebe antes de uma apresentação. Ele precisou sair de cena. Nos bastidores, Magal foi atendido por uma ambulância que estava no local. Sua pressão estava extremamente alta.

“Eu me assustei. Mas, chegando ao hospital, o médico me disse: ‘dê graças a Deus. Foi um acidente vascular muito pequeno. Foi uma coisa mínima, em uma região do cérebro que não vai te afetar absolutamente em nada’. E não afetou. Nenhum movimento, nada, nada”, diz o cantor.

Magal consegue, agora, fazer brincadeira com o episódio. “Me deu um tremilique na hora em que eu estava cantando ‘meu corpo estremece e já não consegue parar’ (diz, em referência à música Me Chama Que Eu Vou, um de seus grandes sucessos).

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Ela se diverte mais ainda. “Com 72 anos, brinco que não posso cantar Me Chama Que Eu Vou olhando para cima, porque, de repente...”, diz o religioso Magal.

O amor pelo público

A ordem dos médicos que o antecederam ainda atrás do palco era que ele ficasse quieto, sentado. A pressão precisava abaixar. Magal, entretanto, só pensava no público caloroso que o assistia até minutos antes.

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Se tenho que ficar sentado, vou cantar sentado, daqui mesmo, ele pensou. E foi o que fez. Dos bastidores, anunciou: “Galera, meu sangue ferve por você!”.

O público cantou mais quatro músicas, puxadas pelo tecladista da banda.

Os excessos da vida

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Magal confessa que se descuidou da saúde Foto: Julianna Torres

“Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto repentino”, ele diz. Magal vê tudo que ocorreu com ele como uma alerta para uma mudança de vida. Sedentário, o cantor, apesar de ter uma estatura alta, estava com mais de 130 quilos. Nunca abusou da bebida, mas gosta de tomar cerveja, sobretudo no calor de Salvador, onde mora há décadas.

Não curte dormir antes do show. Quer estar pleno, com a energia lá em cima, para encarar o público. Ao final de cada apresentação, comia de tudo, sem moderação. Procurava logo saber qual era o melhor restaurante da cidade onde estava se apresentando. Não faz exercício, apesar dos insistentes pedidos do filho, Rodrigo.

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Magal jamais culpa o trabalho. Só para este mês de junho seriam 16 shows. Outros cinco ou seis já estavam na agenda do mês seguinte. “Os excessos são do homem mesmo. ‘Vamos para o restaurante?’. Vamos! Vamos descansar? Não!’. Sempre fui assim”.

No palco, tudo é diferente. “Parece que estou deslizando”, diz Magal. “Eu cuido do Magal e deixo o Magalhães de lado. Só que esse é real”.

Um momento para refletir

Magal quer aproveitar o incidente no palco para repensar o ritmo de vida e de trabalho que tem mantido nesses quase 60 anos de carreira. Viagens, shows, programas de televisão, rádio, entrevistas. Tudo ainda faz muito sentido para ele - e a agenda de compromissos é cumprida com prazer e bom humor.

Entretanto, o cantor percebeu que não podia continuar no mesmo ritmo. “Eu já tinha consciência disso, mas achava que ia suportar até uns 90 anos.” Ele entendeu o ‘puxão de orelha’ que ele atribuiu ao poder divino.

“Não vou deixar de ter o mesmo pique no palco, mas vou me preparar para isso. Jamais me concentrei 10 minutos antes de subir no palco. Sempre gostei de ir no grito”, conta.

Fabricado até o pescoço?

Magal atribuiu seu sucesso com o público durante décadas ao seu jeito autêntico e único - é incrível pensar que ele emplacou hits nos anos 1970. Foi com essas músicas, com exceção da lambada Me Chama Que Eu Vou, dos anos 1990, que ele se manteve todos esses anos em evidência, seja como um dos ídolos do ‘brega’ ou como o artista cult dos últimos anos.

“Tentaram fazer o Magal 2, o Magal 3, o Magal 4, e não conseguiram”, comenta.

Não foi fácil. Magal foi chamado de misto de Elvis Presley com John Travolta. Uma jornalista escreveu que ele seria esquecido em breve. Hoje, Magal pega o livro onde o texto foi publicado e ri, conta.

Talvez o maior ‘ataque’ tenha vindo de Paulo Coelho, que escreveu em parceria com Rita Lee a música Arrombou a Festa II, cheia de provocações aos líderes das paradas musicais no final dos anos 1970.

Coelho escreveu e Rita cantou “O Sidney Magal rebola mais que o Matogrosso/Cigano de araque fabricado até o pescoço”. Magal não se feriu.

“Eu achei divertidíssimo. Cada um tem uma visão. Sabia que só o tempo ia provar que eu não era isso”.

Foi chamado de efeminado, gay, bicha. Hoje, diz, os homens entram em seu camarim e agradecem por ele ter feito parte da trilha sonora da vida deles.

“O público sabe muito bem por que eu criei o Magal. É um personagem”, diz.

Uma aposentadoria logo ali

Magal sabe que sua carreira está a caminho da aposentadoria. O cantor fala sobre a hipótese de maneira bastante natural, sem qualquer traço de lamento.

Em um show dias antes de passar mal no palco, disse ao público. “Vocês estão me vendo com quatro bailarinas. Daqui a pouco, serão quatro cuidadores”, diverte-se Magal, ao contar a fala ao Estadão.

Essa ideia de se despedir do palco, confessa Magal, já apareceu antes da pandemia. Com a pausa forçada pela paralisação dos shows, ele repensou e decidiu voltar aos shows quando o mundo voltou ao normal.

“Vai ser tão gostoso viver da memória de tudo que construí tanto quanto estar vivenciando minha carreira. Vou adorar contar para as pessoas que fui uma pessoa brilhante do que eu fiz. Viver de lembranças também é uma vida que a gente tem que saber viver”.

Sidney Magal

Sincero, Magal diz que não quer padecer fisicamente diante do público. Ele cita o exemplo heróico de Elza Soares (1930-2022), que morreu com 91 anos, como queria, cantando até o fim, consagrada pelo público. Mas não é o que ele planeja.

“Me deprime muito ter visto uma artista como Elza Soares, o talento ela que teve a vida toda, ir se deteriorando fisicamente e as pessoas aplaudindo, aplaudindo, até o último momento”, diz.

Atualmente, Magal diz que no espelho vê apenas o Magalhães, não mais o Magal. “Quando a vida não se apresentar mais para mim de maneira intensa no palco, serei apenas o vovô da Madalena”, diz.

Uma exposição para chamar de sua

Sidney Magal é tema do documentário ‘Me Chama Que Eu Vou’, de Joana Mariani e de exposição no Centro Cultural dos Correios de São Paulo Foto: Vitrine Filmes

A exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino, terá lançamento para imprensa e convidados no dia 19 de junho, data em que Magal completará 73 anos.

O cantor pretende estar no Centro Cultural Correios São Paulo, onde a exposição ocorrerá.

“Meu médico autorizou. Só terei um esforço emocional, não físico’, acredita o cantor. A mostra já estava planejada antes mesmo do que ocorreu no palco.

Com direção geral de Rodrigo West e curadoria de Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia que leva o mesmo nome da exposição, a mostra terá figurinos, fotos, entre outros materiais que contam a vida e carreira de Magal em diferentes plataformas, como televisão, cinema e teatro.

Na data, os Correios lançaram um selo comemorativo com a estampa de Magal.

No dia seguinte à inauguração, Magal fará uma nova tomografia para saber se está tudo bem de fato. Com uma resposta positiva, voltará para sua casa em Salvador.

A exposição é mais um desdobramento de uma comemoração que começou quando Magal completou 50 anos de carreira, em 2016. Na época, Rodrigo organizou um show comemorativo. Ney Matogrosso, Rogério Flausino e Alexandre Pires participaram.

Depois vieram a biografia, um musical e o documentário dirigido por Joana Mariani. Em 2024, será lançado o filme O Meu Sangue Ferve Por Você, com a história musical do amor de Magalhães (Magal gosta sempre de se separar isso muito bem) com Magali, sua mulher e grande amor da sua vida. Os dois estão juntos há 43 anos.

Exposição Sidney Magal: muito mais que um Amante Latino

  • De 20/6 a 28/7
  • 2ª a sáb., 10h/17h
  • Centro Cultural Correios São Paulo - Sala 01 e Átrio
  • Praça Pedro Lessa, s/n, Centro
  • Gratuito

Sidney Magal está muito bem. Prestes a fazer 73 anos, o cantor, em conversa por vídeo com o Estadão, se mostrou disposto. Não fugiu de nenhuma pergunta, muito pelo contrário. Parece não haver assunto delicado ou proibido com Magal. Nem mesmo quando ele relata tudo o que ocorreu com ele em maio, quando precisou abandonar o palco, após um pico de pressão.

Na conversa, o amante latino, o Magal, é apenas um personagem criado pelo Magalhães, o marido de Magali, a quem ele se declara a todo instante. É também o pai do Rodrigo, da Gabriela e da Natália , além do vovô da Madalena, de quatro anos. O cantor acredita que seus fãs também sabem fazer essa separação. “O público sabe por que eu criei o Magal’, diz.

Embora tenha planos de voltar aos palcos em agosto, por ora, a recomendação médica é descansar. Magal também é sincero ao dizer que, sim, já pensa em uma aposentadoria dos palcos depois de quase 60 anos de carreira - e de deixar hits como Sandra Rosa Madalena, O Meu Sangue Ferve Por Você, Se Te Pego com Outro Te Mato e Me Chama Que Eu Vou.

No dia 20 de junho, a exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino vai celebrar seu legado em São Paulo. Um selo dos Correios, com a estampa do Magal, será lançado (veja o serviço completo abaixo).

O susto no palco

Na noite do 25 de maio, em um show na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Magal sentiu as pernas tremerem. Elas pareciam ‘falhar’, em sua descrição. Estranhou. Jamais bebe antes de uma apresentação. Ele precisou sair de cena. Nos bastidores, Magal foi atendido por uma ambulância que estava no local. Sua pressão estava extremamente alta.

“Eu me assustei. Mas, chegando ao hospital, o médico me disse: ‘dê graças a Deus. Foi um acidente vascular muito pequeno. Foi uma coisa mínima, em uma região do cérebro que não vai te afetar absolutamente em nada’. E não afetou. Nenhum movimento, nada, nada”, diz o cantor.

Magal consegue, agora, fazer brincadeira com o episódio. “Me deu um tremilique na hora em que eu estava cantando ‘meu corpo estremece e já não consegue parar’ (diz, em referência à música Me Chama Que Eu Vou, um de seus grandes sucessos).

Ela se diverte mais ainda. “Com 72 anos, brinco que não posso cantar Me Chama Que Eu Vou olhando para cima, porque, de repente...”, diz o religioso Magal.

O amor pelo público

A ordem dos médicos que o antecederam ainda atrás do palco era que ele ficasse quieto, sentado. A pressão precisava abaixar. Magal, entretanto, só pensava no público caloroso que o assistia até minutos antes.

Se tenho que ficar sentado, vou cantar sentado, daqui mesmo, ele pensou. E foi o que fez. Dos bastidores, anunciou: “Galera, meu sangue ferve por você!”.

O público cantou mais quatro músicas, puxadas pelo tecladista da banda.

Os excessos da vida

Magal confessa que se descuidou da saúde Foto: Julianna Torres

“Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto repentino”, ele diz. Magal vê tudo que ocorreu com ele como uma alerta para uma mudança de vida. Sedentário, o cantor, apesar de ter uma estatura alta, estava com mais de 130 quilos. Nunca abusou da bebida, mas gosta de tomar cerveja, sobretudo no calor de Salvador, onde mora há décadas.

Não curte dormir antes do show. Quer estar pleno, com a energia lá em cima, para encarar o público. Ao final de cada apresentação, comia de tudo, sem moderação. Procurava logo saber qual era o melhor restaurante da cidade onde estava se apresentando. Não faz exercício, apesar dos insistentes pedidos do filho, Rodrigo.

Magal jamais culpa o trabalho. Só para este mês de junho seriam 16 shows. Outros cinco ou seis já estavam na agenda do mês seguinte. “Os excessos são do homem mesmo. ‘Vamos para o restaurante?’. Vamos! Vamos descansar? Não!’. Sempre fui assim”.

No palco, tudo é diferente. “Parece que estou deslizando”, diz Magal. “Eu cuido do Magal e deixo o Magalhães de lado. Só que esse é real”.

Um momento para refletir

Magal quer aproveitar o incidente no palco para repensar o ritmo de vida e de trabalho que tem mantido nesses quase 60 anos de carreira. Viagens, shows, programas de televisão, rádio, entrevistas. Tudo ainda faz muito sentido para ele - e a agenda de compromissos é cumprida com prazer e bom humor.

Entretanto, o cantor percebeu que não podia continuar no mesmo ritmo. “Eu já tinha consciência disso, mas achava que ia suportar até uns 90 anos.” Ele entendeu o ‘puxão de orelha’ que ele atribuiu ao poder divino.

“Não vou deixar de ter o mesmo pique no palco, mas vou me preparar para isso. Jamais me concentrei 10 minutos antes de subir no palco. Sempre gostei de ir no grito”, conta.

Fabricado até o pescoço?

Magal atribuiu seu sucesso com o público durante décadas ao seu jeito autêntico e único - é incrível pensar que ele emplacou hits nos anos 1970. Foi com essas músicas, com exceção da lambada Me Chama Que Eu Vou, dos anos 1990, que ele se manteve todos esses anos em evidência, seja como um dos ídolos do ‘brega’ ou como o artista cult dos últimos anos.

“Tentaram fazer o Magal 2, o Magal 3, o Magal 4, e não conseguiram”, comenta.

Não foi fácil. Magal foi chamado de misto de Elvis Presley com John Travolta. Uma jornalista escreveu que ele seria esquecido em breve. Hoje, Magal pega o livro onde o texto foi publicado e ri, conta.

Talvez o maior ‘ataque’ tenha vindo de Paulo Coelho, que escreveu em parceria com Rita Lee a música Arrombou a Festa II, cheia de provocações aos líderes das paradas musicais no final dos anos 1970.

Coelho escreveu e Rita cantou “O Sidney Magal rebola mais que o Matogrosso/Cigano de araque fabricado até o pescoço”. Magal não se feriu.

“Eu achei divertidíssimo. Cada um tem uma visão. Sabia que só o tempo ia provar que eu não era isso”.

Foi chamado de efeminado, gay, bicha. Hoje, diz, os homens entram em seu camarim e agradecem por ele ter feito parte da trilha sonora da vida deles.

“O público sabe muito bem por que eu criei o Magal. É um personagem”, diz.

Uma aposentadoria logo ali

Magal sabe que sua carreira está a caminho da aposentadoria. O cantor fala sobre a hipótese de maneira bastante natural, sem qualquer traço de lamento.

Em um show dias antes de passar mal no palco, disse ao público. “Vocês estão me vendo com quatro bailarinas. Daqui a pouco, serão quatro cuidadores”, diverte-se Magal, ao contar a fala ao Estadão.

Essa ideia de se despedir do palco, confessa Magal, já apareceu antes da pandemia. Com a pausa forçada pela paralisação dos shows, ele repensou e decidiu voltar aos shows quando o mundo voltou ao normal.

“Vai ser tão gostoso viver da memória de tudo que construí tanto quanto estar vivenciando minha carreira. Vou adorar contar para as pessoas que fui uma pessoa brilhante do que eu fiz. Viver de lembranças também é uma vida que a gente tem que saber viver”.

Sidney Magal

Sincero, Magal diz que não quer padecer fisicamente diante do público. Ele cita o exemplo heróico de Elza Soares (1930-2022), que morreu com 91 anos, como queria, cantando até o fim, consagrada pelo público. Mas não é o que ele planeja.

“Me deprime muito ter visto uma artista como Elza Soares, o talento ela que teve a vida toda, ir se deteriorando fisicamente e as pessoas aplaudindo, aplaudindo, até o último momento”, diz.

Atualmente, Magal diz que no espelho vê apenas o Magalhães, não mais o Magal. “Quando a vida não se apresentar mais para mim de maneira intensa no palco, serei apenas o vovô da Madalena”, diz.

Uma exposição para chamar de sua

Sidney Magal é tema do documentário ‘Me Chama Que Eu Vou’, de Joana Mariani e de exposição no Centro Cultural dos Correios de São Paulo Foto: Vitrine Filmes

A exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino, terá lançamento para imprensa e convidados no dia 19 de junho, data em que Magal completará 73 anos.

O cantor pretende estar no Centro Cultural Correios São Paulo, onde a exposição ocorrerá.

“Meu médico autorizou. Só terei um esforço emocional, não físico’, acredita o cantor. A mostra já estava planejada antes mesmo do que ocorreu no palco.

Com direção geral de Rodrigo West e curadoria de Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia que leva o mesmo nome da exposição, a mostra terá figurinos, fotos, entre outros materiais que contam a vida e carreira de Magal em diferentes plataformas, como televisão, cinema e teatro.

Na data, os Correios lançaram um selo comemorativo com a estampa de Magal.

No dia seguinte à inauguração, Magal fará uma nova tomografia para saber se está tudo bem de fato. Com uma resposta positiva, voltará para sua casa em Salvador.

A exposição é mais um desdobramento de uma comemoração que começou quando Magal completou 50 anos de carreira, em 2016. Na época, Rodrigo organizou um show comemorativo. Ney Matogrosso, Rogério Flausino e Alexandre Pires participaram.

Depois vieram a biografia, um musical e o documentário dirigido por Joana Mariani. Em 2024, será lançado o filme O Meu Sangue Ferve Por Você, com a história musical do amor de Magalhães (Magal gosta sempre de se separar isso muito bem) com Magali, sua mulher e grande amor da sua vida. Os dois estão juntos há 43 anos.

Exposição Sidney Magal: muito mais que um Amante Latino

  • De 20/6 a 28/7
  • 2ª a sáb., 10h/17h
  • Centro Cultural Correios São Paulo - Sala 01 e Átrio
  • Praça Pedro Lessa, s/n, Centro
  • Gratuito

Sidney Magal está muito bem. Prestes a fazer 73 anos, o cantor, em conversa por vídeo com o Estadão, se mostrou disposto. Não fugiu de nenhuma pergunta, muito pelo contrário. Parece não haver assunto delicado ou proibido com Magal. Nem mesmo quando ele relata tudo o que ocorreu com ele em maio, quando precisou abandonar o palco, após um pico de pressão.

Na conversa, o amante latino, o Magal, é apenas um personagem criado pelo Magalhães, o marido de Magali, a quem ele se declara a todo instante. É também o pai do Rodrigo, da Gabriela e da Natália , além do vovô da Madalena, de quatro anos. O cantor acredita que seus fãs também sabem fazer essa separação. “O público sabe por que eu criei o Magal’, diz.

Embora tenha planos de voltar aos palcos em agosto, por ora, a recomendação médica é descansar. Magal também é sincero ao dizer que, sim, já pensa em uma aposentadoria dos palcos depois de quase 60 anos de carreira - e de deixar hits como Sandra Rosa Madalena, O Meu Sangue Ferve Por Você, Se Te Pego com Outro Te Mato e Me Chama Que Eu Vou.

No dia 20 de junho, a exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino vai celebrar seu legado em São Paulo. Um selo dos Correios, com a estampa do Magal, será lançado (veja o serviço completo abaixo).

O susto no palco

Na noite do 25 de maio, em um show na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Magal sentiu as pernas tremerem. Elas pareciam ‘falhar’, em sua descrição. Estranhou. Jamais bebe antes de uma apresentação. Ele precisou sair de cena. Nos bastidores, Magal foi atendido por uma ambulância que estava no local. Sua pressão estava extremamente alta.

“Eu me assustei. Mas, chegando ao hospital, o médico me disse: ‘dê graças a Deus. Foi um acidente vascular muito pequeno. Foi uma coisa mínima, em uma região do cérebro que não vai te afetar absolutamente em nada’. E não afetou. Nenhum movimento, nada, nada”, diz o cantor.

Magal consegue, agora, fazer brincadeira com o episódio. “Me deu um tremilique na hora em que eu estava cantando ‘meu corpo estremece e já não consegue parar’ (diz, em referência à música Me Chama Que Eu Vou, um de seus grandes sucessos).

Ela se diverte mais ainda. “Com 72 anos, brinco que não posso cantar Me Chama Que Eu Vou olhando para cima, porque, de repente...”, diz o religioso Magal.

O amor pelo público

A ordem dos médicos que o antecederam ainda atrás do palco era que ele ficasse quieto, sentado. A pressão precisava abaixar. Magal, entretanto, só pensava no público caloroso que o assistia até minutos antes.

Se tenho que ficar sentado, vou cantar sentado, daqui mesmo, ele pensou. E foi o que fez. Dos bastidores, anunciou: “Galera, meu sangue ferve por você!”.

O público cantou mais quatro músicas, puxadas pelo tecladista da banda.

Os excessos da vida

Magal confessa que se descuidou da saúde Foto: Julianna Torres

“Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto repentino”, ele diz. Magal vê tudo que ocorreu com ele como uma alerta para uma mudança de vida. Sedentário, o cantor, apesar de ter uma estatura alta, estava com mais de 130 quilos. Nunca abusou da bebida, mas gosta de tomar cerveja, sobretudo no calor de Salvador, onde mora há décadas.

Não curte dormir antes do show. Quer estar pleno, com a energia lá em cima, para encarar o público. Ao final de cada apresentação, comia de tudo, sem moderação. Procurava logo saber qual era o melhor restaurante da cidade onde estava se apresentando. Não faz exercício, apesar dos insistentes pedidos do filho, Rodrigo.

Magal jamais culpa o trabalho. Só para este mês de junho seriam 16 shows. Outros cinco ou seis já estavam na agenda do mês seguinte. “Os excessos são do homem mesmo. ‘Vamos para o restaurante?’. Vamos! Vamos descansar? Não!’. Sempre fui assim”.

No palco, tudo é diferente. “Parece que estou deslizando”, diz Magal. “Eu cuido do Magal e deixo o Magalhães de lado. Só que esse é real”.

Um momento para refletir

Magal quer aproveitar o incidente no palco para repensar o ritmo de vida e de trabalho que tem mantido nesses quase 60 anos de carreira. Viagens, shows, programas de televisão, rádio, entrevistas. Tudo ainda faz muito sentido para ele - e a agenda de compromissos é cumprida com prazer e bom humor.

Entretanto, o cantor percebeu que não podia continuar no mesmo ritmo. “Eu já tinha consciência disso, mas achava que ia suportar até uns 90 anos.” Ele entendeu o ‘puxão de orelha’ que ele atribuiu ao poder divino.

“Não vou deixar de ter o mesmo pique no palco, mas vou me preparar para isso. Jamais me concentrei 10 minutos antes de subir no palco. Sempre gostei de ir no grito”, conta.

Fabricado até o pescoço?

Magal atribuiu seu sucesso com o público durante décadas ao seu jeito autêntico e único - é incrível pensar que ele emplacou hits nos anos 1970. Foi com essas músicas, com exceção da lambada Me Chama Que Eu Vou, dos anos 1990, que ele se manteve todos esses anos em evidência, seja como um dos ídolos do ‘brega’ ou como o artista cult dos últimos anos.

“Tentaram fazer o Magal 2, o Magal 3, o Magal 4, e não conseguiram”, comenta.

Não foi fácil. Magal foi chamado de misto de Elvis Presley com John Travolta. Uma jornalista escreveu que ele seria esquecido em breve. Hoje, Magal pega o livro onde o texto foi publicado e ri, conta.

Talvez o maior ‘ataque’ tenha vindo de Paulo Coelho, que escreveu em parceria com Rita Lee a música Arrombou a Festa II, cheia de provocações aos líderes das paradas musicais no final dos anos 1970.

Coelho escreveu e Rita cantou “O Sidney Magal rebola mais que o Matogrosso/Cigano de araque fabricado até o pescoço”. Magal não se feriu.

“Eu achei divertidíssimo. Cada um tem uma visão. Sabia que só o tempo ia provar que eu não era isso”.

Foi chamado de efeminado, gay, bicha. Hoje, diz, os homens entram em seu camarim e agradecem por ele ter feito parte da trilha sonora da vida deles.

“O público sabe muito bem por que eu criei o Magal. É um personagem”, diz.

Uma aposentadoria logo ali

Magal sabe que sua carreira está a caminho da aposentadoria. O cantor fala sobre a hipótese de maneira bastante natural, sem qualquer traço de lamento.

Em um show dias antes de passar mal no palco, disse ao público. “Vocês estão me vendo com quatro bailarinas. Daqui a pouco, serão quatro cuidadores”, diverte-se Magal, ao contar a fala ao Estadão.

Essa ideia de se despedir do palco, confessa Magal, já apareceu antes da pandemia. Com a pausa forçada pela paralisação dos shows, ele repensou e decidiu voltar aos shows quando o mundo voltou ao normal.

“Vai ser tão gostoso viver da memória de tudo que construí tanto quanto estar vivenciando minha carreira. Vou adorar contar para as pessoas que fui uma pessoa brilhante do que eu fiz. Viver de lembranças também é uma vida que a gente tem que saber viver”.

Sidney Magal

Sincero, Magal diz que não quer padecer fisicamente diante do público. Ele cita o exemplo heróico de Elza Soares (1930-2022), que morreu com 91 anos, como queria, cantando até o fim, consagrada pelo público. Mas não é o que ele planeja.

“Me deprime muito ter visto uma artista como Elza Soares, o talento ela que teve a vida toda, ir se deteriorando fisicamente e as pessoas aplaudindo, aplaudindo, até o último momento”, diz.

Atualmente, Magal diz que no espelho vê apenas o Magalhães, não mais o Magal. “Quando a vida não se apresentar mais para mim de maneira intensa no palco, serei apenas o vovô da Madalena”, diz.

Uma exposição para chamar de sua

Sidney Magal é tema do documentário ‘Me Chama Que Eu Vou’, de Joana Mariani e de exposição no Centro Cultural dos Correios de São Paulo Foto: Vitrine Filmes

A exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino, terá lançamento para imprensa e convidados no dia 19 de junho, data em que Magal completará 73 anos.

O cantor pretende estar no Centro Cultural Correios São Paulo, onde a exposição ocorrerá.

“Meu médico autorizou. Só terei um esforço emocional, não físico’, acredita o cantor. A mostra já estava planejada antes mesmo do que ocorreu no palco.

Com direção geral de Rodrigo West e curadoria de Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia que leva o mesmo nome da exposição, a mostra terá figurinos, fotos, entre outros materiais que contam a vida e carreira de Magal em diferentes plataformas, como televisão, cinema e teatro.

Na data, os Correios lançaram um selo comemorativo com a estampa de Magal.

No dia seguinte à inauguração, Magal fará uma nova tomografia para saber se está tudo bem de fato. Com uma resposta positiva, voltará para sua casa em Salvador.

A exposição é mais um desdobramento de uma comemoração que começou quando Magal completou 50 anos de carreira, em 2016. Na época, Rodrigo organizou um show comemorativo. Ney Matogrosso, Rogério Flausino e Alexandre Pires participaram.

Depois vieram a biografia, um musical e o documentário dirigido por Joana Mariani. Em 2024, será lançado o filme O Meu Sangue Ferve Por Você, com a história musical do amor de Magalhães (Magal gosta sempre de se separar isso muito bem) com Magali, sua mulher e grande amor da sua vida. Os dois estão juntos há 43 anos.

Exposição Sidney Magal: muito mais que um Amante Latino

  • De 20/6 a 28/7
  • 2ª a sáb., 10h/17h
  • Centro Cultural Correios São Paulo - Sala 01 e Átrio
  • Praça Pedro Lessa, s/n, Centro
  • Gratuito

Sidney Magal está muito bem. Prestes a fazer 73 anos, o cantor, em conversa por vídeo com o Estadão, se mostrou disposto. Não fugiu de nenhuma pergunta, muito pelo contrário. Parece não haver assunto delicado ou proibido com Magal. Nem mesmo quando ele relata tudo o que ocorreu com ele em maio, quando precisou abandonar o palco, após um pico de pressão.

Na conversa, o amante latino, o Magal, é apenas um personagem criado pelo Magalhães, o marido de Magali, a quem ele se declara a todo instante. É também o pai do Rodrigo, da Gabriela e da Natália , além do vovô da Madalena, de quatro anos. O cantor acredita que seus fãs também sabem fazer essa separação. “O público sabe por que eu criei o Magal’, diz.

Embora tenha planos de voltar aos palcos em agosto, por ora, a recomendação médica é descansar. Magal também é sincero ao dizer que, sim, já pensa em uma aposentadoria dos palcos depois de quase 60 anos de carreira - e de deixar hits como Sandra Rosa Madalena, O Meu Sangue Ferve Por Você, Se Te Pego com Outro Te Mato e Me Chama Que Eu Vou.

No dia 20 de junho, a exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino vai celebrar seu legado em São Paulo. Um selo dos Correios, com a estampa do Magal, será lançado (veja o serviço completo abaixo).

O susto no palco

Na noite do 25 de maio, em um show na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Magal sentiu as pernas tremerem. Elas pareciam ‘falhar’, em sua descrição. Estranhou. Jamais bebe antes de uma apresentação. Ele precisou sair de cena. Nos bastidores, Magal foi atendido por uma ambulância que estava no local. Sua pressão estava extremamente alta.

“Eu me assustei. Mas, chegando ao hospital, o médico me disse: ‘dê graças a Deus. Foi um acidente vascular muito pequeno. Foi uma coisa mínima, em uma região do cérebro que não vai te afetar absolutamente em nada’. E não afetou. Nenhum movimento, nada, nada”, diz o cantor.

Magal consegue, agora, fazer brincadeira com o episódio. “Me deu um tremilique na hora em que eu estava cantando ‘meu corpo estremece e já não consegue parar’ (diz, em referência à música Me Chama Que Eu Vou, um de seus grandes sucessos).

Ela se diverte mais ainda. “Com 72 anos, brinco que não posso cantar Me Chama Que Eu Vou olhando para cima, porque, de repente...”, diz o religioso Magal.

O amor pelo público

A ordem dos médicos que o antecederam ainda atrás do palco era que ele ficasse quieto, sentado. A pressão precisava abaixar. Magal, entretanto, só pensava no público caloroso que o assistia até minutos antes.

Se tenho que ficar sentado, vou cantar sentado, daqui mesmo, ele pensou. E foi o que fez. Dos bastidores, anunciou: “Galera, meu sangue ferve por você!”.

O público cantou mais quatro músicas, puxadas pelo tecladista da banda.

Os excessos da vida

Magal confessa que se descuidou da saúde Foto: Julianna Torres

“Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto repentino”, ele diz. Magal vê tudo que ocorreu com ele como uma alerta para uma mudança de vida. Sedentário, o cantor, apesar de ter uma estatura alta, estava com mais de 130 quilos. Nunca abusou da bebida, mas gosta de tomar cerveja, sobretudo no calor de Salvador, onde mora há décadas.

Não curte dormir antes do show. Quer estar pleno, com a energia lá em cima, para encarar o público. Ao final de cada apresentação, comia de tudo, sem moderação. Procurava logo saber qual era o melhor restaurante da cidade onde estava se apresentando. Não faz exercício, apesar dos insistentes pedidos do filho, Rodrigo.

Magal jamais culpa o trabalho. Só para este mês de junho seriam 16 shows. Outros cinco ou seis já estavam na agenda do mês seguinte. “Os excessos são do homem mesmo. ‘Vamos para o restaurante?’. Vamos! Vamos descansar? Não!’. Sempre fui assim”.

No palco, tudo é diferente. “Parece que estou deslizando”, diz Magal. “Eu cuido do Magal e deixo o Magalhães de lado. Só que esse é real”.

Um momento para refletir

Magal quer aproveitar o incidente no palco para repensar o ritmo de vida e de trabalho que tem mantido nesses quase 60 anos de carreira. Viagens, shows, programas de televisão, rádio, entrevistas. Tudo ainda faz muito sentido para ele - e a agenda de compromissos é cumprida com prazer e bom humor.

Entretanto, o cantor percebeu que não podia continuar no mesmo ritmo. “Eu já tinha consciência disso, mas achava que ia suportar até uns 90 anos.” Ele entendeu o ‘puxão de orelha’ que ele atribuiu ao poder divino.

“Não vou deixar de ter o mesmo pique no palco, mas vou me preparar para isso. Jamais me concentrei 10 minutos antes de subir no palco. Sempre gostei de ir no grito”, conta.

Fabricado até o pescoço?

Magal atribuiu seu sucesso com o público durante décadas ao seu jeito autêntico e único - é incrível pensar que ele emplacou hits nos anos 1970. Foi com essas músicas, com exceção da lambada Me Chama Que Eu Vou, dos anos 1990, que ele se manteve todos esses anos em evidência, seja como um dos ídolos do ‘brega’ ou como o artista cult dos últimos anos.

“Tentaram fazer o Magal 2, o Magal 3, o Magal 4, e não conseguiram”, comenta.

Não foi fácil. Magal foi chamado de misto de Elvis Presley com John Travolta. Uma jornalista escreveu que ele seria esquecido em breve. Hoje, Magal pega o livro onde o texto foi publicado e ri, conta.

Talvez o maior ‘ataque’ tenha vindo de Paulo Coelho, que escreveu em parceria com Rita Lee a música Arrombou a Festa II, cheia de provocações aos líderes das paradas musicais no final dos anos 1970.

Coelho escreveu e Rita cantou “O Sidney Magal rebola mais que o Matogrosso/Cigano de araque fabricado até o pescoço”. Magal não se feriu.

“Eu achei divertidíssimo. Cada um tem uma visão. Sabia que só o tempo ia provar que eu não era isso”.

Foi chamado de efeminado, gay, bicha. Hoje, diz, os homens entram em seu camarim e agradecem por ele ter feito parte da trilha sonora da vida deles.

“O público sabe muito bem por que eu criei o Magal. É um personagem”, diz.

Uma aposentadoria logo ali

Magal sabe que sua carreira está a caminho da aposentadoria. O cantor fala sobre a hipótese de maneira bastante natural, sem qualquer traço de lamento.

Em um show dias antes de passar mal no palco, disse ao público. “Vocês estão me vendo com quatro bailarinas. Daqui a pouco, serão quatro cuidadores”, diverte-se Magal, ao contar a fala ao Estadão.

Essa ideia de se despedir do palco, confessa Magal, já apareceu antes da pandemia. Com a pausa forçada pela paralisação dos shows, ele repensou e decidiu voltar aos shows quando o mundo voltou ao normal.

“Vai ser tão gostoso viver da memória de tudo que construí tanto quanto estar vivenciando minha carreira. Vou adorar contar para as pessoas que fui uma pessoa brilhante do que eu fiz. Viver de lembranças também é uma vida que a gente tem que saber viver”.

Sidney Magal

Sincero, Magal diz que não quer padecer fisicamente diante do público. Ele cita o exemplo heróico de Elza Soares (1930-2022), que morreu com 91 anos, como queria, cantando até o fim, consagrada pelo público. Mas não é o que ele planeja.

“Me deprime muito ter visto uma artista como Elza Soares, o talento ela que teve a vida toda, ir se deteriorando fisicamente e as pessoas aplaudindo, aplaudindo, até o último momento”, diz.

Atualmente, Magal diz que no espelho vê apenas o Magalhães, não mais o Magal. “Quando a vida não se apresentar mais para mim de maneira intensa no palco, serei apenas o vovô da Madalena”, diz.

Uma exposição para chamar de sua

Sidney Magal é tema do documentário ‘Me Chama Que Eu Vou’, de Joana Mariani e de exposição no Centro Cultural dos Correios de São Paulo Foto: Vitrine Filmes

A exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino, terá lançamento para imprensa e convidados no dia 19 de junho, data em que Magal completará 73 anos.

O cantor pretende estar no Centro Cultural Correios São Paulo, onde a exposição ocorrerá.

“Meu médico autorizou. Só terei um esforço emocional, não físico’, acredita o cantor. A mostra já estava planejada antes mesmo do que ocorreu no palco.

Com direção geral de Rodrigo West e curadoria de Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia que leva o mesmo nome da exposição, a mostra terá figurinos, fotos, entre outros materiais que contam a vida e carreira de Magal em diferentes plataformas, como televisão, cinema e teatro.

Na data, os Correios lançaram um selo comemorativo com a estampa de Magal.

No dia seguinte à inauguração, Magal fará uma nova tomografia para saber se está tudo bem de fato. Com uma resposta positiva, voltará para sua casa em Salvador.

A exposição é mais um desdobramento de uma comemoração que começou quando Magal completou 50 anos de carreira, em 2016. Na época, Rodrigo organizou um show comemorativo. Ney Matogrosso, Rogério Flausino e Alexandre Pires participaram.

Depois vieram a biografia, um musical e o documentário dirigido por Joana Mariani. Em 2024, será lançado o filme O Meu Sangue Ferve Por Você, com a história musical do amor de Magalhães (Magal gosta sempre de se separar isso muito bem) com Magali, sua mulher e grande amor da sua vida. Os dois estão juntos há 43 anos.

Exposição Sidney Magal: muito mais que um Amante Latino

  • De 20/6 a 28/7
  • 2ª a sáb., 10h/17h
  • Centro Cultural Correios São Paulo - Sala 01 e Átrio
  • Praça Pedro Lessa, s/n, Centro
  • Gratuito

Sidney Magal está muito bem. Prestes a fazer 73 anos, o cantor, em conversa por vídeo com o Estadão, se mostrou disposto. Não fugiu de nenhuma pergunta, muito pelo contrário. Parece não haver assunto delicado ou proibido com Magal. Nem mesmo quando ele relata tudo o que ocorreu com ele em maio, quando precisou abandonar o palco, após um pico de pressão.

Na conversa, o amante latino, o Magal, é apenas um personagem criado pelo Magalhães, o marido de Magali, a quem ele se declara a todo instante. É também o pai do Rodrigo, da Gabriela e da Natália , além do vovô da Madalena, de quatro anos. O cantor acredita que seus fãs também sabem fazer essa separação. “O público sabe por que eu criei o Magal’, diz.

Embora tenha planos de voltar aos palcos em agosto, por ora, a recomendação médica é descansar. Magal também é sincero ao dizer que, sim, já pensa em uma aposentadoria dos palcos depois de quase 60 anos de carreira - e de deixar hits como Sandra Rosa Madalena, O Meu Sangue Ferve Por Você, Se Te Pego com Outro Te Mato e Me Chama Que Eu Vou.

No dia 20 de junho, a exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino vai celebrar seu legado em São Paulo. Um selo dos Correios, com a estampa do Magal, será lançado (veja o serviço completo abaixo).

O susto no palco

Na noite do 25 de maio, em um show na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Magal sentiu as pernas tremerem. Elas pareciam ‘falhar’, em sua descrição. Estranhou. Jamais bebe antes de uma apresentação. Ele precisou sair de cena. Nos bastidores, Magal foi atendido por uma ambulância que estava no local. Sua pressão estava extremamente alta.

“Eu me assustei. Mas, chegando ao hospital, o médico me disse: ‘dê graças a Deus. Foi um acidente vascular muito pequeno. Foi uma coisa mínima, em uma região do cérebro que não vai te afetar absolutamente em nada’. E não afetou. Nenhum movimento, nada, nada”, diz o cantor.

Magal consegue, agora, fazer brincadeira com o episódio. “Me deu um tremilique na hora em que eu estava cantando ‘meu corpo estremece e já não consegue parar’ (diz, em referência à música Me Chama Que Eu Vou, um de seus grandes sucessos).

Ela se diverte mais ainda. “Com 72 anos, brinco que não posso cantar Me Chama Que Eu Vou olhando para cima, porque, de repente...”, diz o religioso Magal.

O amor pelo público

A ordem dos médicos que o antecederam ainda atrás do palco era que ele ficasse quieto, sentado. A pressão precisava abaixar. Magal, entretanto, só pensava no público caloroso que o assistia até minutos antes.

Se tenho que ficar sentado, vou cantar sentado, daqui mesmo, ele pensou. E foi o que fez. Dos bastidores, anunciou: “Galera, meu sangue ferve por você!”.

O público cantou mais quatro músicas, puxadas pelo tecladista da banda.

Os excessos da vida

Magal confessa que se descuidou da saúde Foto: Julianna Torres

“Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto repentino”, ele diz. Magal vê tudo que ocorreu com ele como uma alerta para uma mudança de vida. Sedentário, o cantor, apesar de ter uma estatura alta, estava com mais de 130 quilos. Nunca abusou da bebida, mas gosta de tomar cerveja, sobretudo no calor de Salvador, onde mora há décadas.

Não curte dormir antes do show. Quer estar pleno, com a energia lá em cima, para encarar o público. Ao final de cada apresentação, comia de tudo, sem moderação. Procurava logo saber qual era o melhor restaurante da cidade onde estava se apresentando. Não faz exercício, apesar dos insistentes pedidos do filho, Rodrigo.

Magal jamais culpa o trabalho. Só para este mês de junho seriam 16 shows. Outros cinco ou seis já estavam na agenda do mês seguinte. “Os excessos são do homem mesmo. ‘Vamos para o restaurante?’. Vamos! Vamos descansar? Não!’. Sempre fui assim”.

No palco, tudo é diferente. “Parece que estou deslizando”, diz Magal. “Eu cuido do Magal e deixo o Magalhães de lado. Só que esse é real”.

Um momento para refletir

Magal quer aproveitar o incidente no palco para repensar o ritmo de vida e de trabalho que tem mantido nesses quase 60 anos de carreira. Viagens, shows, programas de televisão, rádio, entrevistas. Tudo ainda faz muito sentido para ele - e a agenda de compromissos é cumprida com prazer e bom humor.

Entretanto, o cantor percebeu que não podia continuar no mesmo ritmo. “Eu já tinha consciência disso, mas achava que ia suportar até uns 90 anos.” Ele entendeu o ‘puxão de orelha’ que ele atribuiu ao poder divino.

“Não vou deixar de ter o mesmo pique no palco, mas vou me preparar para isso. Jamais me concentrei 10 minutos antes de subir no palco. Sempre gostei de ir no grito”, conta.

Fabricado até o pescoço?

Magal atribuiu seu sucesso com o público durante décadas ao seu jeito autêntico e único - é incrível pensar que ele emplacou hits nos anos 1970. Foi com essas músicas, com exceção da lambada Me Chama Que Eu Vou, dos anos 1990, que ele se manteve todos esses anos em evidência, seja como um dos ídolos do ‘brega’ ou como o artista cult dos últimos anos.

“Tentaram fazer o Magal 2, o Magal 3, o Magal 4, e não conseguiram”, comenta.

Não foi fácil. Magal foi chamado de misto de Elvis Presley com John Travolta. Uma jornalista escreveu que ele seria esquecido em breve. Hoje, Magal pega o livro onde o texto foi publicado e ri, conta.

Talvez o maior ‘ataque’ tenha vindo de Paulo Coelho, que escreveu em parceria com Rita Lee a música Arrombou a Festa II, cheia de provocações aos líderes das paradas musicais no final dos anos 1970.

Coelho escreveu e Rita cantou “O Sidney Magal rebola mais que o Matogrosso/Cigano de araque fabricado até o pescoço”. Magal não se feriu.

“Eu achei divertidíssimo. Cada um tem uma visão. Sabia que só o tempo ia provar que eu não era isso”.

Foi chamado de efeminado, gay, bicha. Hoje, diz, os homens entram em seu camarim e agradecem por ele ter feito parte da trilha sonora da vida deles.

“O público sabe muito bem por que eu criei o Magal. É um personagem”, diz.

Uma aposentadoria logo ali

Magal sabe que sua carreira está a caminho da aposentadoria. O cantor fala sobre a hipótese de maneira bastante natural, sem qualquer traço de lamento.

Em um show dias antes de passar mal no palco, disse ao público. “Vocês estão me vendo com quatro bailarinas. Daqui a pouco, serão quatro cuidadores”, diverte-se Magal, ao contar a fala ao Estadão.

Essa ideia de se despedir do palco, confessa Magal, já apareceu antes da pandemia. Com a pausa forçada pela paralisação dos shows, ele repensou e decidiu voltar aos shows quando o mundo voltou ao normal.

“Vai ser tão gostoso viver da memória de tudo que construí tanto quanto estar vivenciando minha carreira. Vou adorar contar para as pessoas que fui uma pessoa brilhante do que eu fiz. Viver de lembranças também é uma vida que a gente tem que saber viver”.

Sidney Magal

Sincero, Magal diz que não quer padecer fisicamente diante do público. Ele cita o exemplo heróico de Elza Soares (1930-2022), que morreu com 91 anos, como queria, cantando até o fim, consagrada pelo público. Mas não é o que ele planeja.

“Me deprime muito ter visto uma artista como Elza Soares, o talento ela que teve a vida toda, ir se deteriorando fisicamente e as pessoas aplaudindo, aplaudindo, até o último momento”, diz.

Atualmente, Magal diz que no espelho vê apenas o Magalhães, não mais o Magal. “Quando a vida não se apresentar mais para mim de maneira intensa no palco, serei apenas o vovô da Madalena”, diz.

Uma exposição para chamar de sua

Sidney Magal é tema do documentário ‘Me Chama Que Eu Vou’, de Joana Mariani e de exposição no Centro Cultural dos Correios de São Paulo Foto: Vitrine Filmes

A exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino, terá lançamento para imprensa e convidados no dia 19 de junho, data em que Magal completará 73 anos.

O cantor pretende estar no Centro Cultural Correios São Paulo, onde a exposição ocorrerá.

“Meu médico autorizou. Só terei um esforço emocional, não físico’, acredita o cantor. A mostra já estava planejada antes mesmo do que ocorreu no palco.

Com direção geral de Rodrigo West e curadoria de Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia que leva o mesmo nome da exposição, a mostra terá figurinos, fotos, entre outros materiais que contam a vida e carreira de Magal em diferentes plataformas, como televisão, cinema e teatro.

Na data, os Correios lançaram um selo comemorativo com a estampa de Magal.

No dia seguinte à inauguração, Magal fará uma nova tomografia para saber se está tudo bem de fato. Com uma resposta positiva, voltará para sua casa em Salvador.

A exposição é mais um desdobramento de uma comemoração que começou quando Magal completou 50 anos de carreira, em 2016. Na época, Rodrigo organizou um show comemorativo. Ney Matogrosso, Rogério Flausino e Alexandre Pires participaram.

Depois vieram a biografia, um musical e o documentário dirigido por Joana Mariani. Em 2024, será lançado o filme O Meu Sangue Ferve Por Você, com a história musical do amor de Magalhães (Magal gosta sempre de se separar isso muito bem) com Magali, sua mulher e grande amor da sua vida. Os dois estão juntos há 43 anos.

Exposição Sidney Magal: muito mais que um Amante Latino

  • De 20/6 a 28/7
  • 2ª a sáb., 10h/17h
  • Centro Cultural Correios São Paulo - Sala 01 e Átrio
  • Praça Pedro Lessa, s/n, Centro
  • Gratuito
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