Taylor Swift anunciou o adiamento (clique aqui para mais informações) de seu segundo show da Eras Tour no Brasil neste sábado, 18, na cidade do Rio de Janeiro.
O fato ocorre após a morte de Ana Clara Benevides, jovem de 23 anos, durante a apresentação da noite de sexta, 17, e da permanência de altas temperaturas na tarde de hoje.
O Estadão esteve nos arredores do estádio ao longo do dia e registrou a decepção de inúmeras fãs.
“Nós viemos de Brasília, passamos dificuldade para chegar até aqui, eu não tô conseguindo andar, mas vim realizar o meu sonho. E não consegui”, disse Tainá Hurtado, de 19 anos, estudante de jornalismo.
“Achei uma atitude egoísta. O calor já estava aí desde cedo. Por que não cancelou antes? Grande parte do público já estava dentro do estádio. Nunca fiquei tão decepcionada”, continuou.
Luana Herene, de 18 anos, também lamentou: “A nossa volta está marcada para amanhã de manhã, não tenho como ficar para o show de segunda. Ela não pensou que temos uma vida. O sol já tinha ‘baixado’, o pior nós passamos no início da tarde, dia frustrante.”
A adolescente Isadora Camargo, de 14 anos, veio de longe e criticou: “Uma falta de consideração enorme, pra que fazer isso agora? Nós somos de Porto Alegre, temos escola, não conseguimos ficar até segunda, tenho semana de provas. Parei minha vida para estar aqui e ela faz isso com a gente? Não é assim que se trata um fã”.
A mãe da jovem, Luciana, de 45 anos, emendou: “A gente entende que uma pessoa morreu, mas por que não anunciou o cancelamento junto com a nota de pesar? Ela já sabia que estaria calor hoje também. A equipe toda sabia. Estamos nos sentindo lesadas por essa situação. Abrimos mão de muita coisa para estar aqui no Rio hoje”.
“Eu vim da Colômbia só pra isso. Não acredito que saí do meu país pra nada. Não tenho como esperar até segunda-feira, quem vai arcar com todos os custos que eu tive pra chegar até aqui? É tudo muito revoltante”, lamentou Roberta, de 28 anos, estudante.
Na saída, houve relatos de arrastão, além de corridas de aplicativos a preços acima do normal e engarrafamentos.
Em vídeos publicados nas redes sociais, é possível assistir ao momento em que o anúncio foi feito, quando já havia uma quantidade considerável de público presente no estádio do Engenhão já durante a tarde.
Houve sinais claros de decepção por parte dos fãs, e algumas vaias. O sistema de som do estádio informou que o show de Taylor Swift foi “reagendado para segunda-feira, 20 de novembro. Todos os ingressos para a apresentação de sábado permanecerão válidos para o show de segunda-feira”.
Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, também usou as redes sociais para falar sobre o provável reagendamento do show de Taylor Swift para segunda-feira, 20 de novembro.
Fila do show de Taylor Swift
O Estadão esteve na fila do Engenhão mais cedo na tarde deste sábado, 18, antes de o show ser adiado, e conversou com fãs a respeito de suas preocupações e das condições do evento. Neste sábado a cidade registrou recorde de calor, com temperatura de até 43,8ºC.
Muitos fãs levaram vários copos de água, e também inúmeros guarda-chuvas para proteção do sol. A organização permitiu a entrada de garrafas de plástico com água, ao contrário do primeiro dia.
A Cedae [Companhia Estadual de Água e Esgotos] está distribuindo água para as pessoas que estão na fila, e bombeiros jogam água sobre os fãs. Não há grades por toda a extensão da fila, apenas na região da entrada, o que fez com que muitas pessoas ‘furassem’ a espera. Outras acabam desistindo de entrar antes e estão deitadas sobre a grama esperando o movimento reduzir.
“A onda de calor não é novidade. Era preciso preparo para essa situação, isso não é brincadeira. Uma fã morreu ontem! O que mais eles estão esperando acontecer? Estou aqui tentando me recuperar, comecei a passar mal com esse calor. Já vi uma pessoa desmaiando hoje e outra chegou a convulsionar na minha frente”, questionou Júlia, estudante de 25 anos, que se sentiu mal durante a fila.
Beatriz, 24 anos, sua amiga, também se indignou: “Não tem organização. A fila é de enfeite. Chegamos aqui às 2h da manhã e desistimos de ficar no sol quando começaram a furar a nossa fila. É uma falta de respeito com o fã, com quem pagou para estar aqui”.
Outra integrante do trio, Luiza fez coro às amigas: “Já fui em vários shows e nunca passei por nada assim. Não tem organização, não tem suporte. Nós compramos ingresso VIP, pagamos a mais pelo conforto e pela prioridade na entrada, e estamos recebendo isso aí que vocês estão vendo. Descaso”.
As entradas da pista comum e das cadeiras, que começaram às 16h, foram mais tranquilas do que a da pista premium, que iniciou às 15h, e a revista foi mais tranquila do que no primeiro dia, relatam os fãs.
Mais cedo, a T4F, organizadora, divulgou um comunicado afirmando que “o efetivo foi reforçado”, proveria “fornecimento de água gratuita nas filas e em todos os acessos e entradas ao estádio e no seu interior” e permitiria a “entrada no estádio com copos de água lacrados”.
Outra dupla de amigas também comentou a situação na fila. “Colocamos uma canga no corpo, mas não tá adiantando. O que ajudou foi o corpo de bombeiros jogando água na gente, aliviou bastante, mas já estamos com calor de novo. A Cedae distribuindo água também está ajudando bastante”, opinou a estudante Ana Luiza, de 20 anos.
Já sua colega, Mitalli, 22, relatou: “Trouxemos água, mas não dá para ficar lá dentro sem se hidratar. Vamos ver se vão seguir a determinação da Justiça e liberar a entrada de garrafas. Não sei como aguentar ficar lá dentro sem beber água.”
“Está muito calor, a organização está deixando a desejar e não sei como vai ser lá dentro. Ainda bem que já tinha comprado o ingresso para entrar com a minha filha, não ia deixar ela sozinha nesse caos”, comentou uma fã identificada como Gildeane.
Além disso, foi possível presenciar alguns moradores dos arredores têm emprestado mangueiras para que fãs e ambulantes se refresquem na calçada.
Outra fã, Isabella, que veio de Belo Horizonte, comentou: “Muito medo. Hoje acordei com o celular pipocando de mensagens, o pessoal falando para tomar muito cuidado.”
“É um baque para todos os fãs. A gente se solidariza muito e fica com medo. Foi só o primeiro dia e hoje está mais quente que ontem. Se a organização não tomar mais cuidado com os fãs, isso vai ser recorrente, não pode acontecer”, continuou.
Já Anika, que veio de Pelotas (RS), destacou que ficou “bem triste”, mas inicialmente não cogitou deixar de ir ao show de Taylor Swift: “A gente se preparou, veio com 3, 4 litros de água cada uma. Acordamos cedinho para pegar um lugar mais à frente.”
Ela ainda relatou que, a depender da situação que encontrasse, poderia desistir, o que não ocorreu. “Caso a gente visse que realmente tivesse algum risco, pensamos até em não entrar”.
Outra fã falou sobre a água fornecida pela produção do show na fila: “Passaram umas águas agora há pouco, mas muito pouco”.