Tom Jobim: 10 vídeos para relembrar a vida e a obra do compositor


Confira entrevistas, parcerias históricas, shows marcantes e desfile de carnaval com o ícone da música brasileira que completaria 95 anos nesta terça, 25

Por André Carlos Zorzi

Há 95 anos, nascia Tom Jobim, um dos principais nomes da história da música brasileira e um de seus principais representantes no exterior. Consta que, na década de 1970, um jornal nacional teria publicado uma reportagem alegando que o músico havia falado mal do Brasil em entrevista a publicações norte-americanas. Ao Estadão, em 1994, Jobim lembrava do caso e se revoltava: "Não é absurdo? Um cara como eu, que só faz uma coisa, música, e só faz música brasileira, enaltecendo o Brasil."

Tom Jobim e Vinicius de Moraes em show realizado em Paris Foto: Ana Jobim

De nome comprido - o completo é Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim - adotou a abreviação. A origem, segundo relatava, vinha de família: "Minha mãe ninava minha irmã mais nova, Helena Isaura, cantando uma canção francesa que dizia, no estribilho, 'ton-ton, ton-ton'. Helena não sabia falar Antônio e fui Ton para ela, o estribilho da canção..."

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"Nos Estados Unidos me perguntavam por quê Tom, se não sou Thomas. Pragmaticamente, essa história de ter nome grande é muito complicada. Você vai receber um prêmio e seu nome tem que estar escrito numa plaquinha, sempre do mesmo tamanho", completava.

Tom Jobim também não gostava de quando diziam que era "rico". "Eu e o Chico Buarque, o Caetano... E os banqueiros? E os donos de televisões? É engraçado o meu País, onde se fala mal dos vencedores. É engraçado como os heróis precisam ser miseráveis para merecer a condição de heróis. O Brasil precisa gostar mais do Brasil. O Brasil precisa aprender a amar o Pelé, não apenas o Mané Garrincha", defendia. E por fim, resumia: "É isso, vou atrás da grana. Trabalho muito mais do que mereço".

Manoel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes Foto: Pedro de Moraes/Divulgação
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Em 1971, refletia: "Eu queria deixar bem claro que toda obra de arte, pequena ou grande, popular ou erudita, se dá num determinado período de tempo. Na música popular o problema se torna mais agudo por causa do modismo. Todo ano surge uma nova moda, efêmera, perecível, compromissada com a voracidade da máquina. Eu nunca tentei e não tentarei acompanhar o modismo. Acho temerário."

"Se o artista não estiver nas paradas de sucesso, muito bem. Se estiver, muito bem. Enquanto der para pagar o aluguel, comer o feijão com arroz, tomar uma cervejinha, não vou me desviar do que faço para atender a necessidades do momento", finalizava.

Tom Jobim morreu em 8 de dezembro de 1994, mas deixou uma multidão de fãs e um vasto legado musical. Assista abaixo a 10 vídeos para relembrar sua vida e sua obra.

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Tom Jobim, Elis Regina e Cesar Camargo Mariano (ao piano) durante gravação em estúdio nos Estados Unidos, em 1974 Foto: Arquivo/Estadão

Homenagem no carnaval

"Subiu o morro de terno branco de linho, sentou-se ao piano e brilhou; em volta dele a família, de uma forma ou de outra seus familiares, os de verdade e os por afinidade, os músicos da banda e os sambistas da escola, os amigos do palco de da quadra, a bateria cujo som rompe a noite porque a intima - impõe seu ritmo à bateria - a estatura solar de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim", descrevia o Estadão sobre o desfile de carnaval de 1992 em que foi homenageado pela Mangueira.

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"Para descansar, temos toda a eternidade. Não é fácil ser homenageado e quero estar bem bonito", dizia Tom Jobim sobre a agenda cheia nos dias que precederam o desfile, quando foi ao alfaiate, ao dentista e a uma loja para comprar a gravata que usaria na Marquês de Sapucaí. Enquanto tocava o samba-enredo Se Todos Fossem Iguais a Você, referência à famosa canção, o maestro ficava em frente a um piano num carro alegórico de seis metros: "É tão alto que tenho medo, é pior do que andar de avião". 

No YouTube, é possível assistir a um trecho gravado da transmissão da extinta TV Manchete em que o músico é assediado por repórteres depois da homenagem e também a passagem de algumas alas, como a de Amigos do Tom.

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'Garota de Ipanema' com Frank Sinatra

O álbum Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, de 1967, celebrou a parceria entre os dois gigantes da música norte-americana e brasileira, respectivamente. Conforme consta em crítica de Carlos Vergueiro no Estadão de 21 de abril de 1967:

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"Provando que agora, realmente, os americanos notaram a importância de nossa música popular, aparece o excelente disco de Frank Sinatra interpretando canções de Antonio Carlos Jobim.

O LP é da melhor qualidade técnica e as interpretações de Sinatra são, como não poderia deixar de ser, interessantíssimas e de primeira ordem, artisticamente falando.

Trata-se do LP Reprise RLP 77.006, distribuição nacional da Companhia Brasileira de Discos.

Sinatra canta, acompanhado pela orquestra dirigida por Claus Ogerman, também responsável pelos ótimos arranjos, Garota de Ipanema, Dindi, Corcovado, Meditação, Inútil Paisagem, Insensatez e O Amor em Paz, completando o disco I Concentrate on You, de Cole Porter, e Change Partners, de Irving Berlin. 

Excelente disco, sob todos os pontos de vista".

No canal oficial de Sinatra no YouTube é possível assistir a um encontro da dupla na década de 1960 para cantar Garota de Ipanema.

'Águas de Março' com Elis Regina 

Um registro da dupla cantando a música que abre o disco Elis & Tom, gravado em 1974, foi exibido no Fantástico, da Globo. No mesmo ano, também se apresentaram juntos no Teatro Bandeirantes, em São Paulo, em um show dirigido por Aluísio de Oliveira, que era iniciado por Elis Regina cantando sozinha acompanhada por um conjunto de cordas. Na sequência, Tom mostrava suas músicas mais recentes. Por fim, ambos cantavam um repertório variado, encerrando com Dindi.

Tom Jobim no 'Roda Viva'

O clássico programa de entrevistas da TV Cultura disponibiliza parte de seu acervo em um canal no YouTube. Nele, consta a edição de 1993 em que Tom Jobim foi o entrevistado no centro da roda, com cerca de 1h20 de declarações, um material e tanto para quem tem curiosidade em conhecer (ou relembrar) o jeito e o pensamento do compositor.

Em determinado momento, por exemplo, é questionado sobre o processo de criação de suas músicas. "A gente não pode muito descrever essa coisa, 'como é que você faz', entende? A gente faz. Sei lá, a gente vai fazendo...", respondia, destacando também que, como diziam, a música moderna era "5% inspiração e 95% transpiração".

Tom Jobim no 'Jô Soares Onze e Meia'

Em outra entrevista televisiva de 1993, desta vez em tom mais descontraído, Tom Jobim falou sobre música e outros temas com o apresentador Jô Soares, à época no SBT. Entre os assuntos, a forma que Frank Sinatra encontrou para chamá-lo para gravar um álbum em conjunto, ligando para o bar Velloso, no Rio, ou a descoberta de que seria um primo longínquo de Vinicius de Moraes que, segundo ele, "morreu com o fígado intacto", mesmo com o excessivo consumo de álcool. Por fim, brincou com Jô, destacando que ele conseguia 'cortar' as músicas na hora certa em seu programa: "Você é um gordo ágil, um gordo sadio. Não é aquele gordo.... Você é um gordo de alma lépida!"

Com Vinicius de Moraes, Toquinho e Miúcha

Um disco de 1977 produzido por Aloysio de Oliveira acabou servindo de pontapé para uma série de shows feitos pelo quarteto. Um deles, exibido na TV italiana há algumas décadas, tem um longo trecho disponibilizado no YouTube, incluindo canções como Águas de Março, O Que Será (À Flor da Terra), de Chico Buarque, irmão de Miúcha, Garota de Ipanema e Tarde em Itapoã.

Com Chico Buarque e Telma Costa

Na TV Manchete, em 1984, Tom e Chico entaram a música Eu Te Amo no programa Bar Academia, acompanhados por Telma Costa.

No passado, a dupla de amigos costumava trocar elogios públicos. "O que eu acho mais extraordinário no meu amigo e parceiro Chico Buarque é que ele fala português. Quando ele faz uma letra eu fico louco", dizia Tom. Chico salientava a importância do colega em sua formação: "Foi ouvindo Tom, João Gilberto, Chega de Saudade, Vinicius, ali que me deu o estalo. Eu e todo mundo da minha geração. A partir dali que comecei a querer fazer música, mesmo, aprender violão...".

Íntegra de show em Montréal

No canal oficial de YouTube da gravadora Biscoiti Fino, é possível assistir à íntegra de um show de Tom Jobim no Canadá, gravado durante o Festival Internacional de Jazz de Montréal, em 1986.

Ao piano e ao microfone, o músico tocou alguns sucessos lançados ao longo das décadas de 1960, 1970 e 1980, como Água de Beber, A Felicidade, Samba de Uma Nota Só, Samba do Avião, Gabriela, entre outras.

'Eu Sei que Vou Te Amar' e 'Wave'

Por fim, dois momentos em que Tom Jobim interpreta as clássicas Eu Sei Que Vou Te Amar e Wave. Na primeira, acompanhado apenas por seu piano, e na segunda por diversos músicos. Em ambos os casos, foi capaz de encantar a plateia presente.

Há 95 anos, nascia Tom Jobim, um dos principais nomes da história da música brasileira e um de seus principais representantes no exterior. Consta que, na década de 1970, um jornal nacional teria publicado uma reportagem alegando que o músico havia falado mal do Brasil em entrevista a publicações norte-americanas. Ao Estadão, em 1994, Jobim lembrava do caso e se revoltava: "Não é absurdo? Um cara como eu, que só faz uma coisa, música, e só faz música brasileira, enaltecendo o Brasil."

Tom Jobim e Vinicius de Moraes em show realizado em Paris Foto: Ana Jobim

De nome comprido - o completo é Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim - adotou a abreviação. A origem, segundo relatava, vinha de família: "Minha mãe ninava minha irmã mais nova, Helena Isaura, cantando uma canção francesa que dizia, no estribilho, 'ton-ton, ton-ton'. Helena não sabia falar Antônio e fui Ton para ela, o estribilho da canção..."

"Nos Estados Unidos me perguntavam por quê Tom, se não sou Thomas. Pragmaticamente, essa história de ter nome grande é muito complicada. Você vai receber um prêmio e seu nome tem que estar escrito numa plaquinha, sempre do mesmo tamanho", completava.

Tom Jobim também não gostava de quando diziam que era "rico". "Eu e o Chico Buarque, o Caetano... E os banqueiros? E os donos de televisões? É engraçado o meu País, onde se fala mal dos vencedores. É engraçado como os heróis precisam ser miseráveis para merecer a condição de heróis. O Brasil precisa gostar mais do Brasil. O Brasil precisa aprender a amar o Pelé, não apenas o Mané Garrincha", defendia. E por fim, resumia: "É isso, vou atrás da grana. Trabalho muito mais do que mereço".

Manoel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes Foto: Pedro de Moraes/Divulgação

Em 1971, refletia: "Eu queria deixar bem claro que toda obra de arte, pequena ou grande, popular ou erudita, se dá num determinado período de tempo. Na música popular o problema se torna mais agudo por causa do modismo. Todo ano surge uma nova moda, efêmera, perecível, compromissada com a voracidade da máquina. Eu nunca tentei e não tentarei acompanhar o modismo. Acho temerário."

"Se o artista não estiver nas paradas de sucesso, muito bem. Se estiver, muito bem. Enquanto der para pagar o aluguel, comer o feijão com arroz, tomar uma cervejinha, não vou me desviar do que faço para atender a necessidades do momento", finalizava.

Tom Jobim morreu em 8 de dezembro de 1994, mas deixou uma multidão de fãs e um vasto legado musical. Assista abaixo a 10 vídeos para relembrar sua vida e sua obra.

Tom Jobim, Elis Regina e Cesar Camargo Mariano (ao piano) durante gravação em estúdio nos Estados Unidos, em 1974 Foto: Arquivo/Estadão

Homenagem no carnaval

"Subiu o morro de terno branco de linho, sentou-se ao piano e brilhou; em volta dele a família, de uma forma ou de outra seus familiares, os de verdade e os por afinidade, os músicos da banda e os sambistas da escola, os amigos do palco de da quadra, a bateria cujo som rompe a noite porque a intima - impõe seu ritmo à bateria - a estatura solar de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim", descrevia o Estadão sobre o desfile de carnaval de 1992 em que foi homenageado pela Mangueira.

"Para descansar, temos toda a eternidade. Não é fácil ser homenageado e quero estar bem bonito", dizia Tom Jobim sobre a agenda cheia nos dias que precederam o desfile, quando foi ao alfaiate, ao dentista e a uma loja para comprar a gravata que usaria na Marquês de Sapucaí. Enquanto tocava o samba-enredo Se Todos Fossem Iguais a Você, referência à famosa canção, o maestro ficava em frente a um piano num carro alegórico de seis metros: "É tão alto que tenho medo, é pior do que andar de avião". 

No YouTube, é possível assistir a um trecho gravado da transmissão da extinta TV Manchete em que o músico é assediado por repórteres depois da homenagem e também a passagem de algumas alas, como a de Amigos do Tom.

'Garota de Ipanema' com Frank Sinatra

O álbum Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, de 1967, celebrou a parceria entre os dois gigantes da música norte-americana e brasileira, respectivamente. Conforme consta em crítica de Carlos Vergueiro no Estadão de 21 de abril de 1967:

"Provando que agora, realmente, os americanos notaram a importância de nossa música popular, aparece o excelente disco de Frank Sinatra interpretando canções de Antonio Carlos Jobim.

O LP é da melhor qualidade técnica e as interpretações de Sinatra são, como não poderia deixar de ser, interessantíssimas e de primeira ordem, artisticamente falando.

Trata-se do LP Reprise RLP 77.006, distribuição nacional da Companhia Brasileira de Discos.

Sinatra canta, acompanhado pela orquestra dirigida por Claus Ogerman, também responsável pelos ótimos arranjos, Garota de Ipanema, Dindi, Corcovado, Meditação, Inútil Paisagem, Insensatez e O Amor em Paz, completando o disco I Concentrate on You, de Cole Porter, e Change Partners, de Irving Berlin. 

Excelente disco, sob todos os pontos de vista".

No canal oficial de Sinatra no YouTube é possível assistir a um encontro da dupla na década de 1960 para cantar Garota de Ipanema.

'Águas de Março' com Elis Regina 

Um registro da dupla cantando a música que abre o disco Elis & Tom, gravado em 1974, foi exibido no Fantástico, da Globo. No mesmo ano, também se apresentaram juntos no Teatro Bandeirantes, em São Paulo, em um show dirigido por Aluísio de Oliveira, que era iniciado por Elis Regina cantando sozinha acompanhada por um conjunto de cordas. Na sequência, Tom mostrava suas músicas mais recentes. Por fim, ambos cantavam um repertório variado, encerrando com Dindi.

Tom Jobim no 'Roda Viva'

O clássico programa de entrevistas da TV Cultura disponibiliza parte de seu acervo em um canal no YouTube. Nele, consta a edição de 1993 em que Tom Jobim foi o entrevistado no centro da roda, com cerca de 1h20 de declarações, um material e tanto para quem tem curiosidade em conhecer (ou relembrar) o jeito e o pensamento do compositor.

Em determinado momento, por exemplo, é questionado sobre o processo de criação de suas músicas. "A gente não pode muito descrever essa coisa, 'como é que você faz', entende? A gente faz. Sei lá, a gente vai fazendo...", respondia, destacando também que, como diziam, a música moderna era "5% inspiração e 95% transpiração".

Tom Jobim no 'Jô Soares Onze e Meia'

Em outra entrevista televisiva de 1993, desta vez em tom mais descontraído, Tom Jobim falou sobre música e outros temas com o apresentador Jô Soares, à época no SBT. Entre os assuntos, a forma que Frank Sinatra encontrou para chamá-lo para gravar um álbum em conjunto, ligando para o bar Velloso, no Rio, ou a descoberta de que seria um primo longínquo de Vinicius de Moraes que, segundo ele, "morreu com o fígado intacto", mesmo com o excessivo consumo de álcool. Por fim, brincou com Jô, destacando que ele conseguia 'cortar' as músicas na hora certa em seu programa: "Você é um gordo ágil, um gordo sadio. Não é aquele gordo.... Você é um gordo de alma lépida!"

Com Vinicius de Moraes, Toquinho e Miúcha

Um disco de 1977 produzido por Aloysio de Oliveira acabou servindo de pontapé para uma série de shows feitos pelo quarteto. Um deles, exibido na TV italiana há algumas décadas, tem um longo trecho disponibilizado no YouTube, incluindo canções como Águas de Março, O Que Será (À Flor da Terra), de Chico Buarque, irmão de Miúcha, Garota de Ipanema e Tarde em Itapoã.

Com Chico Buarque e Telma Costa

Na TV Manchete, em 1984, Tom e Chico entaram a música Eu Te Amo no programa Bar Academia, acompanhados por Telma Costa.

No passado, a dupla de amigos costumava trocar elogios públicos. "O que eu acho mais extraordinário no meu amigo e parceiro Chico Buarque é que ele fala português. Quando ele faz uma letra eu fico louco", dizia Tom. Chico salientava a importância do colega em sua formação: "Foi ouvindo Tom, João Gilberto, Chega de Saudade, Vinicius, ali que me deu o estalo. Eu e todo mundo da minha geração. A partir dali que comecei a querer fazer música, mesmo, aprender violão...".

Íntegra de show em Montréal

No canal oficial de YouTube da gravadora Biscoiti Fino, é possível assistir à íntegra de um show de Tom Jobim no Canadá, gravado durante o Festival Internacional de Jazz de Montréal, em 1986.

Ao piano e ao microfone, o músico tocou alguns sucessos lançados ao longo das décadas de 1960, 1970 e 1980, como Água de Beber, A Felicidade, Samba de Uma Nota Só, Samba do Avião, Gabriela, entre outras.

'Eu Sei que Vou Te Amar' e 'Wave'

Por fim, dois momentos em que Tom Jobim interpreta as clássicas Eu Sei Que Vou Te Amar e Wave. Na primeira, acompanhado apenas por seu piano, e na segunda por diversos músicos. Em ambos os casos, foi capaz de encantar a plateia presente.

Há 95 anos, nascia Tom Jobim, um dos principais nomes da história da música brasileira e um de seus principais representantes no exterior. Consta que, na década de 1970, um jornal nacional teria publicado uma reportagem alegando que o músico havia falado mal do Brasil em entrevista a publicações norte-americanas. Ao Estadão, em 1994, Jobim lembrava do caso e se revoltava: "Não é absurdo? Um cara como eu, que só faz uma coisa, música, e só faz música brasileira, enaltecendo o Brasil."

Tom Jobim e Vinicius de Moraes em show realizado em Paris Foto: Ana Jobim

De nome comprido - o completo é Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim - adotou a abreviação. A origem, segundo relatava, vinha de família: "Minha mãe ninava minha irmã mais nova, Helena Isaura, cantando uma canção francesa que dizia, no estribilho, 'ton-ton, ton-ton'. Helena não sabia falar Antônio e fui Ton para ela, o estribilho da canção..."

"Nos Estados Unidos me perguntavam por quê Tom, se não sou Thomas. Pragmaticamente, essa história de ter nome grande é muito complicada. Você vai receber um prêmio e seu nome tem que estar escrito numa plaquinha, sempre do mesmo tamanho", completava.

Tom Jobim também não gostava de quando diziam que era "rico". "Eu e o Chico Buarque, o Caetano... E os banqueiros? E os donos de televisões? É engraçado o meu País, onde se fala mal dos vencedores. É engraçado como os heróis precisam ser miseráveis para merecer a condição de heróis. O Brasil precisa gostar mais do Brasil. O Brasil precisa aprender a amar o Pelé, não apenas o Mané Garrincha", defendia. E por fim, resumia: "É isso, vou atrás da grana. Trabalho muito mais do que mereço".

Manoel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes Foto: Pedro de Moraes/Divulgação

Em 1971, refletia: "Eu queria deixar bem claro que toda obra de arte, pequena ou grande, popular ou erudita, se dá num determinado período de tempo. Na música popular o problema se torna mais agudo por causa do modismo. Todo ano surge uma nova moda, efêmera, perecível, compromissada com a voracidade da máquina. Eu nunca tentei e não tentarei acompanhar o modismo. Acho temerário."

"Se o artista não estiver nas paradas de sucesso, muito bem. Se estiver, muito bem. Enquanto der para pagar o aluguel, comer o feijão com arroz, tomar uma cervejinha, não vou me desviar do que faço para atender a necessidades do momento", finalizava.

Tom Jobim morreu em 8 de dezembro de 1994, mas deixou uma multidão de fãs e um vasto legado musical. Assista abaixo a 10 vídeos para relembrar sua vida e sua obra.

Tom Jobim, Elis Regina e Cesar Camargo Mariano (ao piano) durante gravação em estúdio nos Estados Unidos, em 1974 Foto: Arquivo/Estadão

Homenagem no carnaval

"Subiu o morro de terno branco de linho, sentou-se ao piano e brilhou; em volta dele a família, de uma forma ou de outra seus familiares, os de verdade e os por afinidade, os músicos da banda e os sambistas da escola, os amigos do palco de da quadra, a bateria cujo som rompe a noite porque a intima - impõe seu ritmo à bateria - a estatura solar de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim", descrevia o Estadão sobre o desfile de carnaval de 1992 em que foi homenageado pela Mangueira.

"Para descansar, temos toda a eternidade. Não é fácil ser homenageado e quero estar bem bonito", dizia Tom Jobim sobre a agenda cheia nos dias que precederam o desfile, quando foi ao alfaiate, ao dentista e a uma loja para comprar a gravata que usaria na Marquês de Sapucaí. Enquanto tocava o samba-enredo Se Todos Fossem Iguais a Você, referência à famosa canção, o maestro ficava em frente a um piano num carro alegórico de seis metros: "É tão alto que tenho medo, é pior do que andar de avião". 

No YouTube, é possível assistir a um trecho gravado da transmissão da extinta TV Manchete em que o músico é assediado por repórteres depois da homenagem e também a passagem de algumas alas, como a de Amigos do Tom.

'Garota de Ipanema' com Frank Sinatra

O álbum Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, de 1967, celebrou a parceria entre os dois gigantes da música norte-americana e brasileira, respectivamente. Conforme consta em crítica de Carlos Vergueiro no Estadão de 21 de abril de 1967:

"Provando que agora, realmente, os americanos notaram a importância de nossa música popular, aparece o excelente disco de Frank Sinatra interpretando canções de Antonio Carlos Jobim.

O LP é da melhor qualidade técnica e as interpretações de Sinatra são, como não poderia deixar de ser, interessantíssimas e de primeira ordem, artisticamente falando.

Trata-se do LP Reprise RLP 77.006, distribuição nacional da Companhia Brasileira de Discos.

Sinatra canta, acompanhado pela orquestra dirigida por Claus Ogerman, também responsável pelos ótimos arranjos, Garota de Ipanema, Dindi, Corcovado, Meditação, Inútil Paisagem, Insensatez e O Amor em Paz, completando o disco I Concentrate on You, de Cole Porter, e Change Partners, de Irving Berlin. 

Excelente disco, sob todos os pontos de vista".

No canal oficial de Sinatra no YouTube é possível assistir a um encontro da dupla na década de 1960 para cantar Garota de Ipanema.

'Águas de Março' com Elis Regina 

Um registro da dupla cantando a música que abre o disco Elis & Tom, gravado em 1974, foi exibido no Fantástico, da Globo. No mesmo ano, também se apresentaram juntos no Teatro Bandeirantes, em São Paulo, em um show dirigido por Aluísio de Oliveira, que era iniciado por Elis Regina cantando sozinha acompanhada por um conjunto de cordas. Na sequência, Tom mostrava suas músicas mais recentes. Por fim, ambos cantavam um repertório variado, encerrando com Dindi.

Tom Jobim no 'Roda Viva'

O clássico programa de entrevistas da TV Cultura disponibiliza parte de seu acervo em um canal no YouTube. Nele, consta a edição de 1993 em que Tom Jobim foi o entrevistado no centro da roda, com cerca de 1h20 de declarações, um material e tanto para quem tem curiosidade em conhecer (ou relembrar) o jeito e o pensamento do compositor.

Em determinado momento, por exemplo, é questionado sobre o processo de criação de suas músicas. "A gente não pode muito descrever essa coisa, 'como é que você faz', entende? A gente faz. Sei lá, a gente vai fazendo...", respondia, destacando também que, como diziam, a música moderna era "5% inspiração e 95% transpiração".

Tom Jobim no 'Jô Soares Onze e Meia'

Em outra entrevista televisiva de 1993, desta vez em tom mais descontraído, Tom Jobim falou sobre música e outros temas com o apresentador Jô Soares, à época no SBT. Entre os assuntos, a forma que Frank Sinatra encontrou para chamá-lo para gravar um álbum em conjunto, ligando para o bar Velloso, no Rio, ou a descoberta de que seria um primo longínquo de Vinicius de Moraes que, segundo ele, "morreu com o fígado intacto", mesmo com o excessivo consumo de álcool. Por fim, brincou com Jô, destacando que ele conseguia 'cortar' as músicas na hora certa em seu programa: "Você é um gordo ágil, um gordo sadio. Não é aquele gordo.... Você é um gordo de alma lépida!"

Com Vinicius de Moraes, Toquinho e Miúcha

Um disco de 1977 produzido por Aloysio de Oliveira acabou servindo de pontapé para uma série de shows feitos pelo quarteto. Um deles, exibido na TV italiana há algumas décadas, tem um longo trecho disponibilizado no YouTube, incluindo canções como Águas de Março, O Que Será (À Flor da Terra), de Chico Buarque, irmão de Miúcha, Garota de Ipanema e Tarde em Itapoã.

Com Chico Buarque e Telma Costa

Na TV Manchete, em 1984, Tom e Chico entaram a música Eu Te Amo no programa Bar Academia, acompanhados por Telma Costa.

No passado, a dupla de amigos costumava trocar elogios públicos. "O que eu acho mais extraordinário no meu amigo e parceiro Chico Buarque é que ele fala português. Quando ele faz uma letra eu fico louco", dizia Tom. Chico salientava a importância do colega em sua formação: "Foi ouvindo Tom, João Gilberto, Chega de Saudade, Vinicius, ali que me deu o estalo. Eu e todo mundo da minha geração. A partir dali que comecei a querer fazer música, mesmo, aprender violão...".

Íntegra de show em Montréal

No canal oficial de YouTube da gravadora Biscoiti Fino, é possível assistir à íntegra de um show de Tom Jobim no Canadá, gravado durante o Festival Internacional de Jazz de Montréal, em 1986.

Ao piano e ao microfone, o músico tocou alguns sucessos lançados ao longo das décadas de 1960, 1970 e 1980, como Água de Beber, A Felicidade, Samba de Uma Nota Só, Samba do Avião, Gabriela, entre outras.

'Eu Sei que Vou Te Amar' e 'Wave'

Por fim, dois momentos em que Tom Jobim interpreta as clássicas Eu Sei Que Vou Te Amar e Wave. Na primeira, acompanhado apenas por seu piano, e na segunda por diversos músicos. Em ambos os casos, foi capaz de encantar a plateia presente.

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