Última lenda do blues, Buddy Guy forma a “melhor banda dos sonhos de todos os tempos”


Prestes a se despedir dos palcos com dois shows em São Paulo, guitarrista coloca BB King na guitarra e Bobby Bland nos vocais de seu grupo imaginário em entrevista ao Estadão

Por Julio Maria
Atualização:

Última lenda viva do blues, prestes a passar por São Paulo como estrela maior do Best of Blues and Rock Festival, dias 3 e 4 de junho, na parte externa do Auditório Ibirapuera, mister Buddy Guy, 86 anos, despede-se das turnês mundiais fazendo algo inédito a pedido do Estadão: O senhor poderia montar agora a banda imaginária mais poderosa de blues de todos os tempos? “Claro, vamos lá”, começa.

Buddy Guy premiado com um Grammy, em 2019 Foto: MARIO ANZUONI / REUTERS

Guy é o guitarrista de maior magnetismo sobre um palco da história do blues. Ainda nesta entrevista, ele dá sua opinião sobre guitarristas brancos, como Jimmy Page, serem acusados de “roubar” o ouro dos negros. “Acho que não dizem a verdade quando falam isso.” Dá o nome dos músicos que iniciaram a vida imitando seu estilo: “Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page e (preparem-se) Jimi Hendrix.” E diz quem, em sua opinião, é o maior de todos: “BB King. Muitos de nós só começaram por causa dele.”

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Senhor Guy, seu álbum mais recente, The Blues Don’t Lie, não parece ter sido feito por um homem que está se despedindo dos palcos...

Eu não tinha muitas pretensões quando o gravei, e confesso que não queria me despedir. Apenas ia ao estúdio e gravava as canções. A minha esperança era apenas de manter o blues vivo.

Guitarristas não gostam de dizer que imitam outros guitarristas, mas todo mundo imita alguém no começo da carreira. Quem o senhor imitou?

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BB King. Quando ele surgiu, confesso que fiquei maluco. BB King mudou o mundo quando começou a tocar aquela guitarra, e sei que muita gente só começou a tocar por causa dele. Houve muitos bons guitarristas antes da invenção da guitarra elétrica, mas eles não tiveram sorte porque ninguém conseguia ouvir seus instrumentos. Só a invenção da eletricidade conseguiu mudar isso.

E qual guitarrista começou a carreira imitando o senhor?

Ah, é uma longa lista. Começa por Eric Clapton, vai para Jeff Beck, segue por Jimmy Page e, sim, chega a Jimi Hendrix. Mas o que vai também volta. Conheci todos e também acabei sendo inspirado por eles.

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Algum guitarrista fez o senhor pensar em desistir de tocar guitarra? Algumas pessoas dizem que Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan deixaram muitos guitarristas com depressão...

Eu não sei o quanto isso é verdade, risos. Eu posso dizer que ouvia muito os guitarristas que haviam chegado antes de mim para que eu pudesse estar em uma gravadora. Guitar Slim era um deles, que gravou um hit chamado Things How You Used To Do. No momento em que vi BB King apertando sua mão por não usar efeito nenhum, descobri que eu gostaria de tocar como BB King e agir como Guitar Slim.

O senhor poderia formar sua “banda de blues dos sonhos” de todos os tempos?

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Claro, vamos lá: na bateria, Freddy Bellow. No baixo, Phil Upchurch. Nos teclados: Otis Spann. Na gaita: Little Walter; na guitarra: BB King. E, nos vocais, Bobby “Blue” Bland.

Como o senhor disse, a guitarra nem sempre esteve no centro do blues. Podemos pensar que o blues, de alguma forma, usou a ideia dos white guitar heroes brancos para colocar a guitarra no centro da história e fazer do blues uma música mais planetária?

Eu não sei para quem dar os créditos por isso que aconteceu, mas sei que tudo o que temos é fruto, primeiro, do que veio da África. O blues gospel se organizou muito rápido nos Estados Unidos e as vozes se impuseram também, além do piano. As cordas de uma guitarra começaram a fazer o que as vozes faziam, elas têm esse poder.

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As pessoas falam muito hoje sobre questões raciais e legitimidade. E falam que muitos guitarristas se apropriaram da cultura dos bluesmen americanos. Grupos como Led Zeppelin, Cream, Stones ou The Who teriam usado canções de blues sem dar crédito aos autores. O que o senhor acha disso?

As pessoas não estão dizendo a verdade quando dizem isso. Os ingleses dos Rolling Stones, por exemplo, tiveram muita responsabilidade ao levarem para a mídia e para os shows alguém como Muddy Waters.

Senhor Guy, talvez esta seja a última vez que os brasileiros assistam a uma apresentação sua. O que poderia dizer neste instante aos jovens que procuram entender o que é o blues?

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O blues é a crônica da própria vida, a expressão dos tempos. Se você vive um tempo bom, apenas siga vivendo. Se está ruim, continue vivendo. O blues é sobre isso.

Confira abaixo as atrações confirmadas em cada dia do festival:

DIA 2 DE JUNHO (sexta)

Tom Morello

Extreme

Malvada

Nanda Moura

DIA 3 DE JUNHO (sábado)

Buddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê mundial de despedida)

Steve Vai

The Nu Blu Band

Artur Menezes

Dead Fish

DIA 4 DE JUNHO (domingo)

Tom Morello

Buddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê mundial de despedida)

Goo Goo Dolls

Ira!

Day Limns

SERVIÇO:

Best of Blues and Rock 10 anos

Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral -Ibirapuera - São Paulo

Classificação: 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal)

Ingressos: a partir de R$ 450,00 (meia-entrada)

Vendas online: Eventim

Última lenda viva do blues, prestes a passar por São Paulo como estrela maior do Best of Blues and Rock Festival, dias 3 e 4 de junho, na parte externa do Auditório Ibirapuera, mister Buddy Guy, 86 anos, despede-se das turnês mundiais fazendo algo inédito a pedido do Estadão: O senhor poderia montar agora a banda imaginária mais poderosa de blues de todos os tempos? “Claro, vamos lá”, começa.

Buddy Guy premiado com um Grammy, em 2019 Foto: MARIO ANZUONI / REUTERS

Guy é o guitarrista de maior magnetismo sobre um palco da história do blues. Ainda nesta entrevista, ele dá sua opinião sobre guitarristas brancos, como Jimmy Page, serem acusados de “roubar” o ouro dos negros. “Acho que não dizem a verdade quando falam isso.” Dá o nome dos músicos que iniciaram a vida imitando seu estilo: “Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page e (preparem-se) Jimi Hendrix.” E diz quem, em sua opinião, é o maior de todos: “BB King. Muitos de nós só começaram por causa dele.”

Senhor Guy, seu álbum mais recente, The Blues Don’t Lie, não parece ter sido feito por um homem que está se despedindo dos palcos...

Eu não tinha muitas pretensões quando o gravei, e confesso que não queria me despedir. Apenas ia ao estúdio e gravava as canções. A minha esperança era apenas de manter o blues vivo.

Guitarristas não gostam de dizer que imitam outros guitarristas, mas todo mundo imita alguém no começo da carreira. Quem o senhor imitou?

BB King. Quando ele surgiu, confesso que fiquei maluco. BB King mudou o mundo quando começou a tocar aquela guitarra, e sei que muita gente só começou a tocar por causa dele. Houve muitos bons guitarristas antes da invenção da guitarra elétrica, mas eles não tiveram sorte porque ninguém conseguia ouvir seus instrumentos. Só a invenção da eletricidade conseguiu mudar isso.

E qual guitarrista começou a carreira imitando o senhor?

Ah, é uma longa lista. Começa por Eric Clapton, vai para Jeff Beck, segue por Jimmy Page e, sim, chega a Jimi Hendrix. Mas o que vai também volta. Conheci todos e também acabei sendo inspirado por eles.

Algum guitarrista fez o senhor pensar em desistir de tocar guitarra? Algumas pessoas dizem que Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan deixaram muitos guitarristas com depressão...

Eu não sei o quanto isso é verdade, risos. Eu posso dizer que ouvia muito os guitarristas que haviam chegado antes de mim para que eu pudesse estar em uma gravadora. Guitar Slim era um deles, que gravou um hit chamado Things How You Used To Do. No momento em que vi BB King apertando sua mão por não usar efeito nenhum, descobri que eu gostaria de tocar como BB King e agir como Guitar Slim.

O senhor poderia formar sua “banda de blues dos sonhos” de todos os tempos?

Claro, vamos lá: na bateria, Freddy Bellow. No baixo, Phil Upchurch. Nos teclados: Otis Spann. Na gaita: Little Walter; na guitarra: BB King. E, nos vocais, Bobby “Blue” Bland.

Como o senhor disse, a guitarra nem sempre esteve no centro do blues. Podemos pensar que o blues, de alguma forma, usou a ideia dos white guitar heroes brancos para colocar a guitarra no centro da história e fazer do blues uma música mais planetária?

Eu não sei para quem dar os créditos por isso que aconteceu, mas sei que tudo o que temos é fruto, primeiro, do que veio da África. O blues gospel se organizou muito rápido nos Estados Unidos e as vozes se impuseram também, além do piano. As cordas de uma guitarra começaram a fazer o que as vozes faziam, elas têm esse poder.

As pessoas falam muito hoje sobre questões raciais e legitimidade. E falam que muitos guitarristas se apropriaram da cultura dos bluesmen americanos. Grupos como Led Zeppelin, Cream, Stones ou The Who teriam usado canções de blues sem dar crédito aos autores. O que o senhor acha disso?

As pessoas não estão dizendo a verdade quando dizem isso. Os ingleses dos Rolling Stones, por exemplo, tiveram muita responsabilidade ao levarem para a mídia e para os shows alguém como Muddy Waters.

Senhor Guy, talvez esta seja a última vez que os brasileiros assistam a uma apresentação sua. O que poderia dizer neste instante aos jovens que procuram entender o que é o blues?

O blues é a crônica da própria vida, a expressão dos tempos. Se você vive um tempo bom, apenas siga vivendo. Se está ruim, continue vivendo. O blues é sobre isso.

Confira abaixo as atrações confirmadas em cada dia do festival:

DIA 2 DE JUNHO (sexta)

Tom Morello

Extreme

Malvada

Nanda Moura

DIA 3 DE JUNHO (sábado)

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Steve Vai

The Nu Blu Band

Artur Menezes

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DIA 4 DE JUNHO (domingo)

Tom Morello

Buddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê mundial de despedida)

Goo Goo Dolls

Ira!

Day Limns

SERVIÇO:

Best of Blues and Rock 10 anos

Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral -Ibirapuera - São Paulo

Classificação: 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal)

Ingressos: a partir de R$ 450,00 (meia-entrada)

Vendas online: Eventim

Última lenda viva do blues, prestes a passar por São Paulo como estrela maior do Best of Blues and Rock Festival, dias 3 e 4 de junho, na parte externa do Auditório Ibirapuera, mister Buddy Guy, 86 anos, despede-se das turnês mundiais fazendo algo inédito a pedido do Estadão: O senhor poderia montar agora a banda imaginária mais poderosa de blues de todos os tempos? “Claro, vamos lá”, começa.

Buddy Guy premiado com um Grammy, em 2019 Foto: MARIO ANZUONI / REUTERS

Guy é o guitarrista de maior magnetismo sobre um palco da história do blues. Ainda nesta entrevista, ele dá sua opinião sobre guitarristas brancos, como Jimmy Page, serem acusados de “roubar” o ouro dos negros. “Acho que não dizem a verdade quando falam isso.” Dá o nome dos músicos que iniciaram a vida imitando seu estilo: “Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page e (preparem-se) Jimi Hendrix.” E diz quem, em sua opinião, é o maior de todos: “BB King. Muitos de nós só começaram por causa dele.”

Senhor Guy, seu álbum mais recente, The Blues Don’t Lie, não parece ter sido feito por um homem que está se despedindo dos palcos...

Eu não tinha muitas pretensões quando o gravei, e confesso que não queria me despedir. Apenas ia ao estúdio e gravava as canções. A minha esperança era apenas de manter o blues vivo.

Guitarristas não gostam de dizer que imitam outros guitarristas, mas todo mundo imita alguém no começo da carreira. Quem o senhor imitou?

BB King. Quando ele surgiu, confesso que fiquei maluco. BB King mudou o mundo quando começou a tocar aquela guitarra, e sei que muita gente só começou a tocar por causa dele. Houve muitos bons guitarristas antes da invenção da guitarra elétrica, mas eles não tiveram sorte porque ninguém conseguia ouvir seus instrumentos. Só a invenção da eletricidade conseguiu mudar isso.

E qual guitarrista começou a carreira imitando o senhor?

Ah, é uma longa lista. Começa por Eric Clapton, vai para Jeff Beck, segue por Jimmy Page e, sim, chega a Jimi Hendrix. Mas o que vai também volta. Conheci todos e também acabei sendo inspirado por eles.

Algum guitarrista fez o senhor pensar em desistir de tocar guitarra? Algumas pessoas dizem que Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan deixaram muitos guitarristas com depressão...

Eu não sei o quanto isso é verdade, risos. Eu posso dizer que ouvia muito os guitarristas que haviam chegado antes de mim para que eu pudesse estar em uma gravadora. Guitar Slim era um deles, que gravou um hit chamado Things How You Used To Do. No momento em que vi BB King apertando sua mão por não usar efeito nenhum, descobri que eu gostaria de tocar como BB King e agir como Guitar Slim.

O senhor poderia formar sua “banda de blues dos sonhos” de todos os tempos?

Claro, vamos lá: na bateria, Freddy Bellow. No baixo, Phil Upchurch. Nos teclados: Otis Spann. Na gaita: Little Walter; na guitarra: BB King. E, nos vocais, Bobby “Blue” Bland.

Como o senhor disse, a guitarra nem sempre esteve no centro do blues. Podemos pensar que o blues, de alguma forma, usou a ideia dos white guitar heroes brancos para colocar a guitarra no centro da história e fazer do blues uma música mais planetária?

Eu não sei para quem dar os créditos por isso que aconteceu, mas sei que tudo o que temos é fruto, primeiro, do que veio da África. O blues gospel se organizou muito rápido nos Estados Unidos e as vozes se impuseram também, além do piano. As cordas de uma guitarra começaram a fazer o que as vozes faziam, elas têm esse poder.

As pessoas falam muito hoje sobre questões raciais e legitimidade. E falam que muitos guitarristas se apropriaram da cultura dos bluesmen americanos. Grupos como Led Zeppelin, Cream, Stones ou The Who teriam usado canções de blues sem dar crédito aos autores. O que o senhor acha disso?

As pessoas não estão dizendo a verdade quando dizem isso. Os ingleses dos Rolling Stones, por exemplo, tiveram muita responsabilidade ao levarem para a mídia e para os shows alguém como Muddy Waters.

Senhor Guy, talvez esta seja a última vez que os brasileiros assistam a uma apresentação sua. O que poderia dizer neste instante aos jovens que procuram entender o que é o blues?

O blues é a crônica da própria vida, a expressão dos tempos. Se você vive um tempo bom, apenas siga vivendo. Se está ruim, continue vivendo. O blues é sobre isso.

Confira abaixo as atrações confirmadas em cada dia do festival:

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Best of Blues and Rock 10 anos

Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral -Ibirapuera - São Paulo

Classificação: 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal)

Ingressos: a partir de R$ 450,00 (meia-entrada)

Vendas online: Eventim

Última lenda viva do blues, prestes a passar por São Paulo como estrela maior do Best of Blues and Rock Festival, dias 3 e 4 de junho, na parte externa do Auditório Ibirapuera, mister Buddy Guy, 86 anos, despede-se das turnês mundiais fazendo algo inédito a pedido do Estadão: O senhor poderia montar agora a banda imaginária mais poderosa de blues de todos os tempos? “Claro, vamos lá”, começa.

Buddy Guy premiado com um Grammy, em 2019 Foto: MARIO ANZUONI / REUTERS

Guy é o guitarrista de maior magnetismo sobre um palco da história do blues. Ainda nesta entrevista, ele dá sua opinião sobre guitarristas brancos, como Jimmy Page, serem acusados de “roubar” o ouro dos negros. “Acho que não dizem a verdade quando falam isso.” Dá o nome dos músicos que iniciaram a vida imitando seu estilo: “Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page e (preparem-se) Jimi Hendrix.” E diz quem, em sua opinião, é o maior de todos: “BB King. Muitos de nós só começaram por causa dele.”

Senhor Guy, seu álbum mais recente, The Blues Don’t Lie, não parece ter sido feito por um homem que está se despedindo dos palcos...

Eu não tinha muitas pretensões quando o gravei, e confesso que não queria me despedir. Apenas ia ao estúdio e gravava as canções. A minha esperança era apenas de manter o blues vivo.

Guitarristas não gostam de dizer que imitam outros guitarristas, mas todo mundo imita alguém no começo da carreira. Quem o senhor imitou?

BB King. Quando ele surgiu, confesso que fiquei maluco. BB King mudou o mundo quando começou a tocar aquela guitarra, e sei que muita gente só começou a tocar por causa dele. Houve muitos bons guitarristas antes da invenção da guitarra elétrica, mas eles não tiveram sorte porque ninguém conseguia ouvir seus instrumentos. Só a invenção da eletricidade conseguiu mudar isso.

E qual guitarrista começou a carreira imitando o senhor?

Ah, é uma longa lista. Começa por Eric Clapton, vai para Jeff Beck, segue por Jimmy Page e, sim, chega a Jimi Hendrix. Mas o que vai também volta. Conheci todos e também acabei sendo inspirado por eles.

Algum guitarrista fez o senhor pensar em desistir de tocar guitarra? Algumas pessoas dizem que Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan deixaram muitos guitarristas com depressão...

Eu não sei o quanto isso é verdade, risos. Eu posso dizer que ouvia muito os guitarristas que haviam chegado antes de mim para que eu pudesse estar em uma gravadora. Guitar Slim era um deles, que gravou um hit chamado Things How You Used To Do. No momento em que vi BB King apertando sua mão por não usar efeito nenhum, descobri que eu gostaria de tocar como BB King e agir como Guitar Slim.

O senhor poderia formar sua “banda de blues dos sonhos” de todos os tempos?

Claro, vamos lá: na bateria, Freddy Bellow. No baixo, Phil Upchurch. Nos teclados: Otis Spann. Na gaita: Little Walter; na guitarra: BB King. E, nos vocais, Bobby “Blue” Bland.

Como o senhor disse, a guitarra nem sempre esteve no centro do blues. Podemos pensar que o blues, de alguma forma, usou a ideia dos white guitar heroes brancos para colocar a guitarra no centro da história e fazer do blues uma música mais planetária?

Eu não sei para quem dar os créditos por isso que aconteceu, mas sei que tudo o que temos é fruto, primeiro, do que veio da África. O blues gospel se organizou muito rápido nos Estados Unidos e as vozes se impuseram também, além do piano. As cordas de uma guitarra começaram a fazer o que as vozes faziam, elas têm esse poder.

As pessoas falam muito hoje sobre questões raciais e legitimidade. E falam que muitos guitarristas se apropriaram da cultura dos bluesmen americanos. Grupos como Led Zeppelin, Cream, Stones ou The Who teriam usado canções de blues sem dar crédito aos autores. O que o senhor acha disso?

As pessoas não estão dizendo a verdade quando dizem isso. Os ingleses dos Rolling Stones, por exemplo, tiveram muita responsabilidade ao levarem para a mídia e para os shows alguém como Muddy Waters.

Senhor Guy, talvez esta seja a última vez que os brasileiros assistam a uma apresentação sua. O que poderia dizer neste instante aos jovens que procuram entender o que é o blues?

O blues é a crônica da própria vida, a expressão dos tempos. Se você vive um tempo bom, apenas siga vivendo. Se está ruim, continue vivendo. O blues é sobre isso.

Confira abaixo as atrações confirmadas em cada dia do festival:

DIA 2 DE JUNHO (sexta)

Tom Morello

Extreme

Malvada

Nanda Moura

DIA 3 DE JUNHO (sábado)

Buddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê mundial de despedida)

Steve Vai

The Nu Blu Band

Artur Menezes

Dead Fish

DIA 4 DE JUNHO (domingo)

Tom Morello

Buddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê mundial de despedida)

Goo Goo Dolls

Ira!

Day Limns

SERVIÇO:

Best of Blues and Rock 10 anos

Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral -Ibirapuera - São Paulo

Classificação: 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal)

Ingressos: a partir de R$ 450,00 (meia-entrada)

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Última lenda viva do blues, prestes a passar por São Paulo como estrela maior do Best of Blues and Rock Festival, dias 3 e 4 de junho, na parte externa do Auditório Ibirapuera, mister Buddy Guy, 86 anos, despede-se das turnês mundiais fazendo algo inédito a pedido do Estadão: O senhor poderia montar agora a banda imaginária mais poderosa de blues de todos os tempos? “Claro, vamos lá”, começa.

Buddy Guy premiado com um Grammy, em 2019 Foto: MARIO ANZUONI / REUTERS

Guy é o guitarrista de maior magnetismo sobre um palco da história do blues. Ainda nesta entrevista, ele dá sua opinião sobre guitarristas brancos, como Jimmy Page, serem acusados de “roubar” o ouro dos negros. “Acho que não dizem a verdade quando falam isso.” Dá o nome dos músicos que iniciaram a vida imitando seu estilo: “Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page e (preparem-se) Jimi Hendrix.” E diz quem, em sua opinião, é o maior de todos: “BB King. Muitos de nós só começaram por causa dele.”

Senhor Guy, seu álbum mais recente, The Blues Don’t Lie, não parece ter sido feito por um homem que está se despedindo dos palcos...

Eu não tinha muitas pretensões quando o gravei, e confesso que não queria me despedir. Apenas ia ao estúdio e gravava as canções. A minha esperança era apenas de manter o blues vivo.

Guitarristas não gostam de dizer que imitam outros guitarristas, mas todo mundo imita alguém no começo da carreira. Quem o senhor imitou?

BB King. Quando ele surgiu, confesso que fiquei maluco. BB King mudou o mundo quando começou a tocar aquela guitarra, e sei que muita gente só começou a tocar por causa dele. Houve muitos bons guitarristas antes da invenção da guitarra elétrica, mas eles não tiveram sorte porque ninguém conseguia ouvir seus instrumentos. Só a invenção da eletricidade conseguiu mudar isso.

E qual guitarrista começou a carreira imitando o senhor?

Ah, é uma longa lista. Começa por Eric Clapton, vai para Jeff Beck, segue por Jimmy Page e, sim, chega a Jimi Hendrix. Mas o que vai também volta. Conheci todos e também acabei sendo inspirado por eles.

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Eu não sei o quanto isso é verdade, risos. Eu posso dizer que ouvia muito os guitarristas que haviam chegado antes de mim para que eu pudesse estar em uma gravadora. Guitar Slim era um deles, que gravou um hit chamado Things How You Used To Do. No momento em que vi BB King apertando sua mão por não usar efeito nenhum, descobri que eu gostaria de tocar como BB King e agir como Guitar Slim.

O senhor poderia formar sua “banda de blues dos sonhos” de todos os tempos?

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Como o senhor disse, a guitarra nem sempre esteve no centro do blues. Podemos pensar que o blues, de alguma forma, usou a ideia dos white guitar heroes brancos para colocar a guitarra no centro da história e fazer do blues uma música mais planetária?

Eu não sei para quem dar os créditos por isso que aconteceu, mas sei que tudo o que temos é fruto, primeiro, do que veio da África. O blues gospel se organizou muito rápido nos Estados Unidos e as vozes se impuseram também, além do piano. As cordas de uma guitarra começaram a fazer o que as vozes faziam, elas têm esse poder.

As pessoas falam muito hoje sobre questões raciais e legitimidade. E falam que muitos guitarristas se apropriaram da cultura dos bluesmen americanos. Grupos como Led Zeppelin, Cream, Stones ou The Who teriam usado canções de blues sem dar crédito aos autores. O que o senhor acha disso?

As pessoas não estão dizendo a verdade quando dizem isso. Os ingleses dos Rolling Stones, por exemplo, tiveram muita responsabilidade ao levarem para a mídia e para os shows alguém como Muddy Waters.

Senhor Guy, talvez esta seja a última vez que os brasileiros assistam a uma apresentação sua. O que poderia dizer neste instante aos jovens que procuram entender o que é o blues?

O blues é a crônica da própria vida, a expressão dos tempos. Se você vive um tempo bom, apenas siga vivendo. Se está ruim, continue vivendo. O blues é sobre isso.

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Tom Morello

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Malvada

Nanda Moura

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Steve Vai

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Buddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê mundial de despedida)

Goo Goo Dolls

Ira!

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Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral -Ibirapuera - São Paulo

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