Depois de 12 anos, o Ultra Music Festival está de volta a São Paulo. Fundado em Miami, o megaevento de música eletrônica acumula hoje edições em 29 países - entre eles México, Chile, África do Sul, Japão e Austrália. Em sua última passagem pela capital paulista, em 2011, os palcos do Ultra foram montados no Sambódromo do Anhembi. Desta vez, os organizadores escolheram um lugar diferente: o novo Vale do Anhangabaú, no coração da cidade.
“A gente não pensou em outro lugar que não fosse o Vale, por ter uma identidade parecida com Miami, onde o festival acontece originalmente”, afirma Caio Jacob, sócio e diretor da 30E, que produz o festival no País junto com a BAN Music Worldwide. Na cidade norte-americana, o Ultra acontece anualmente em plena Downtown, com os prédios da metrópole de fundo. É essa atmosfera que os organizadores buscam para o Ultra Brasil 2023.
Durante os dias 21 e 22 de abril, 75 artistas brasileiros e internacionais se apresentarão em quatro palcos que ocuparão toda a extensão ao ar livre do vale: Mainstage, Resistance, Worldwide e UMF Radio - este último, totalmente dedicado a DJs e produtores nacionais. “Há uma ansiedade muito grande do público que não espera somente o artista, espera também o festival. É um público muito fiel à marca Ultra, que acompanha o evento ao redor do mundo”, define Gustavo Luveira, sócio e CMO da 30E.
Nas redes sociais, muitos fãs de música eletrônica questionam a realização do festival no Anhangabaú, reaberto em 2021 após uma grande reforma e agora sob concessão pública. Diversos comentários apontam a sensação de insegurança. “É natural que haja certo receio do público de aceitar o festival no Anhangabaú, mas a gente tem um acordo bacana com a Prefeitura, chamado Marco Zero dos festivais, com o compromisso de entregar uma experiência segura”, diz Luveira.
O reforço na segurança tomará toda a extensão do vale. “É muito importante desmistificar essa figura do Centro, que já passou por muitas mudanças. Teremos todo o perímetro do vale monitorado para dar segurança no ir e vir. Como as estações de Metrô são muito próximas, o controle de tudo fica mais fácil”, acrescenta Luveira. “A gente tem todo o apoio da Prefeitura e do governo estadual para a realização do evento. Eles têm noção da responsabilidade que é a gente ser pioneiro nesse Vale do Anhangabaú reformado”, completa Jacob.
O cardápio musical do Ultra Brasil está bem diversificado para os padrões dos grandes festivais, com diversas vertentes da música eletrônica, do tradicional EDM até o techno e psytrance, gêneros menos comerciais. Marshmello, Oliver Heldens, Above & Beyond, Nicky Romero e Axwell, integrante do supergrupo Swedish House Mafia, são alguns dos headliners do festival. Chemical Surf, FTampa, Vinne, Gabe, Deadline e JØRD aparecem entre os nomes brasileiros que marcam presença no line-up.
O palco regional UMF Radio promete fervilhar com alguns dos melhores representantes da música eletrônica brasileira, que vive uma ótima fase. “O momento atual do mercado musical nacional é o melhor possível. O pessoal até brinca sobre o “brazilian storm”. O Vintage (Culture) puxa essa fila, tem todo o mérito dele, mas há outros grupos começando a frequentar os festivais internacionais”, afirma Jacob. “A gente pensou nesse line up regional com artistas que merecem estar ali pelo potencial que estão mostrando. O próprio Deadline, por exemplo, a Carol Favero. Eu poderia citar inúmeros, de diferentes vertentes. não é só EDM”, acrescenta.
Entre as mulheres, há oito nomes. “É um grande feito em relação às últimas edições. A gente está sempre buscando equalizar esses line-ups. É um trabalho necessário”, adverte o organizador. “Temos hoje uma grande DJ brasileira de destaque, a Anna. Ela não está no Ultra esse ano porque tinha um evento no mesmo dia, espero colocá-la no ano que vem.”
A produção espera receber 30 mil pessoas por dia no Anhangabaú. “O projeto que a gente desenhou foi para atender essas 30 mil de modo confortável”, avisa Jacob. “Não é um festival só de São Paulo, tem muitos ingressos comprados na Argentina, no Chile, na Colômbia, na Austrália. Nossa intenção é que o Ultra Brasil se torne um festival de destino. São Paulo foi escolhida porque a gente entende que é a cidade ideal para receber turistas do mundo todo”, conclui.