Wanessa Camargo: Entre críticas e a criatividade aflorada, cantora encara a vida ‘de peito aberto’


‘Problemas sérios de saúde mental’ a ensinaram a lidar com a fama. Agora, pós-BBB, ela fala sobre aceitar o ônus e o bônus de ser celebridade, conta sobre seu novo projeto profissional, avalia impacto do reality em sua arte e se entrega à música pop

Por Sabrina Legramandi
Foto: Paulo Belote/Globo/Divulgação
Entrevista comWanessa CamargoCantora

Vinte e três anos de carreira se passaram para que um novo desafio, diferente de tudo o que já havia feito, chegasse às mãos da cantora Wanessa Camargo: uma participação no Big Brother Brasil 24. Ela tinha consciência do alcance do reality, o mais assistido no País, e dos riscos, mas, mesmo assim, decidiu se aventurar.

“Eu sempre fui muito verdadeira com o meu público”, comenta ela, avaliando sua postura de “se mostrar vulnerável” durante o programa. O final de Wanessa no BBB 24, porém, não foi tão feliz: ela foi expulsa do reality após agredir Davi, seu rival e campeão da edição.

Após o caso, a cantora decidiu não se esconder. Gravou vídeos pedindo desculpas por atitudes no reality, incluindo acusações de racismo, e compôs uma música sobre o cancelamento que sofreu após o programa, Caça Like.

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No início do mês, a artista realizou um show, o primeiro depois da saída conturbada do reality, para apresentar Caça Like, retomando, assim, sua vida profissional - e voltando a chamar a atenção para sua vida pessoal.

As idas e vindas com Dado Dolabella e os desafios do passado estão entre os assuntos que acompanham a sua imagem na mídia. Em entrevista recente, ao G1, por exemplo, ela revelou que sofreu bulimia na época em que era comparada a Sandy e sofria pressão por aceitação. “Eu não comia mais. E foi um ‘caos’ para esconder da mídia, para eu poder me tratar e me cuidar”, disse.

O primeiro show depois do BBB

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Naquele show na Audio, em São Paulo, ela pediu para que a plateia interrompesse as vaias contra Davi. “Se eu tivesse sido eliminada na primeira semana ou fosse finalista, independentemente de quando eu saísse do programa, eu voltaria a fazer show urgentemente. O plano sempre foi esse”, diz, em entrevista por escrito ao Estadão.

Mas se manter nos holofotes não a isentou de críticas. Para parte do público, Caça Like significou exatamente uma esquiva dos comentários negativos sobre suas atitudes no BBB 24 e uma contradição ao vídeo que gravou pedindo desculpas a Davi e avaliando ter cometido “racismo estrutural”.

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Questionada pelo Estadão sobre como responde aos comentários negativos do público e se avalia que a música realmente a tira de uma postura crítica sobre si mesma, a cantora não quis responder. Ela revelou, porém, o que pensa sobre sua imagem estar vinculada ao reality show e o impacto da passagem pelo programa em sua arte e mencionou um próximo projeto, planejado para ser lançado no próximo semestre. Veja abaixo.

Você disse que a apresentação de ‘Caça Like’ representou ‘um novo momento’ na carreira. Essa virada de chave foi totalmente inspirada pela sua participação no BBB ou já estava planejada antes? E como foi esse processo de mudança?

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Estava meio que pré-desenhado. Eu não entrei no BBB com um novo projeto já pronto para soltar, seja durante ou após a minha participação. Mas sabia que, como eu poderia ficar semanas confinada, sem poder fazer shows ou divulgar meu último projeto (o álbum Livre, lançado no ano passado), eu teria que retornar com novidades. Aconteceu de eu produzir músicas assim que saí da casa, como Caça Like. Já tenho outras também e sigo produzindo, é um momento que a minha criatividade está aflorada.

Pelo menos no momento atual da sua carreira, as pessoas têm vinculado muito a sua música e a sua imagem à participação no reality. Isso te incomoda de alguma forma?

Não, não me incomodo de jeito nenhum. Eu acho que é comum. O BBB é um projeto gigantesco. Muito assistido no Brasil e por duas décadas. Ele tem uma força muito grande. Faz parte do processo também. Com o tempo, as pessoas vão se conectar com a Wanessa cantora que eu sou há 23 anos, focando no meu trabalho, que é o que eu tenho de melhor para entregar. Estamos falando de algo que é muito recente. Agora, é trabalhar bastante.

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O BBB faz parte da minha história mas não é a minha história toda. Tenho muitas coisas para contar ainda pela frente.”

Wanessa Camargo

Você sempre teve de lidar com a opinião pública e, hoje, está bem no centro dos holofotes. Musicalmente, você avalia essa atenção te ajuda ou atrapalha como artista? Por quê?

Tudo na vida tem seu lado bom e o seu lado ruim. Ter o microfone na mão, essa visibilidade que ele te dá, para falar de assuntos que você acha importante, é ótimo. Mas nem sempre a atenção que as pessoas vão te dar é para os assuntos que você quer. Você tem que seguir em frente. Tenho uma positividade muito grande na minha vida. Eu enxergo o copo meio cheio. Se eu estou tendo essa visibilidade, que eu a use para falar de assuntos que considero relevantes. Já comentei sobre isso antes, mas por volta de 2003, 2004, eu tive problemas sérios com saúde mental. Aí eu aprendi a não só separar as coisas, mas a lidar com os holofotes e canalizar as emoções na arte. [...] No meu catálogo, está tudo ali, as dores, prazeres, risos, sorriso e lágrimas da minha vida. Então, enriquece a minha arte.

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A cantora Wanessa Camargo. Foto: Alexandre Pio/Divulgação

Vejo que você adotou uma postura sincera, de se mostrar realmente vulnerável, tanto com a sua vida pessoal quanto profissional, durante o BBB. Você pretende continuar a adotando daqui para frente, inclusive em suas próximas composições?

Eu sempre fui muito verdadeira com o meu público. Paguei até preços altos no começo da carreira, porque eu me colocava de lugares de muita vulnerabilidade que rendia muitas críticas por essa transparência. Hoje em dia, eu entendo que é preciso o equilíbrio. Sou muito verdadeira e honesta com o que penso, acredito e defendo, seja na minha carreira ou fora dela, mas, ao mesmo tempo, sei que existem coisas que é melhor resguardar e proteger, como a minha família, quem eu amo e processos que ainda estou passando e necessitam de um olhar mais íntimo. Mas jamais esconder o que eu penso, seja da imprensa ou do público.

Em que momento você decidiu compor ‘Caça Like’? Teve algum acontecimento específico que te deu inspiração para a letra?

Sim. Tiveram algumas pessoas e comentários específicos que eu pensava: “Nossa, isso é 100% ‘caça like’”. Hoje em dia, você consegue ler um ‘textão’ e ter o sentimento que a pessoa nem viu o vídeo. Não leu a matéria. Não sabe sobre o assunto. Não sabe o que está acontecendo. Ela viu que está nos trends do Twitter, leu a manchete, e vai desenvolver um texto sobre assuntos sérios. Isso não é apenas sobre mim, longe disso. É uma crítica a um sistema como um todo.

Como foi, para você, tomar a decisão de fazer o show com ‘Caça Like’ após o BBB?

Se eu tivesse sido eliminada na primeira semana ou fosse finalista, independentemente de quando eu saísse do programa, eu voltaria a fazer show urgentemente. O plano sempre foi esse. Muitos shows depois do programa. [...] Sempre fui verdadeira o máximo possível. Se pegar o histórico da minha carreira, das minhas entrevistas ao longo desses 23 anos, está tudo lá. Eu falando a minha verdade. Eu encaro as coisas de peito aberto, é muito a minha essência. Não fazer show nunca passou pela minha cabeça, em hipótese alguma.

Como vê esse novo momento da carreira. Você planeja mudar completamente a sua maneira de fazer shows e compor músicas? E pretende explorar outros gêneros musicais?

Agora eu estou em um momento criativo muito forte, com muita coisa para falar, escrever e cantar. A minha ideia é fazer material novo entre junho e julho, compor e produzir com os meus parceiros. Quero chegar no segundo semestre com um trabalho novo, renovado, com muita coisa nova, mas voltada para o mercado pop, que é a minha principal vertente.

Vinte e três anos de carreira se passaram para que um novo desafio, diferente de tudo o que já havia feito, chegasse às mãos da cantora Wanessa Camargo: uma participação no Big Brother Brasil 24. Ela tinha consciência do alcance do reality, o mais assistido no País, e dos riscos, mas, mesmo assim, decidiu se aventurar.

“Eu sempre fui muito verdadeira com o meu público”, comenta ela, avaliando sua postura de “se mostrar vulnerável” durante o programa. O final de Wanessa no BBB 24, porém, não foi tão feliz: ela foi expulsa do reality após agredir Davi, seu rival e campeão da edição.

Após o caso, a cantora decidiu não se esconder. Gravou vídeos pedindo desculpas por atitudes no reality, incluindo acusações de racismo, e compôs uma música sobre o cancelamento que sofreu após o programa, Caça Like.

No início do mês, a artista realizou um show, o primeiro depois da saída conturbada do reality, para apresentar Caça Like, retomando, assim, sua vida profissional - e voltando a chamar a atenção para sua vida pessoal.

As idas e vindas com Dado Dolabella e os desafios do passado estão entre os assuntos que acompanham a sua imagem na mídia. Em entrevista recente, ao G1, por exemplo, ela revelou que sofreu bulimia na época em que era comparada a Sandy e sofria pressão por aceitação. “Eu não comia mais. E foi um ‘caos’ para esconder da mídia, para eu poder me tratar e me cuidar”, disse.

O primeiro show depois do BBB

Naquele show na Audio, em São Paulo, ela pediu para que a plateia interrompesse as vaias contra Davi. “Se eu tivesse sido eliminada na primeira semana ou fosse finalista, independentemente de quando eu saísse do programa, eu voltaria a fazer show urgentemente. O plano sempre foi esse”, diz, em entrevista por escrito ao Estadão.

Mas se manter nos holofotes não a isentou de críticas. Para parte do público, Caça Like significou exatamente uma esquiva dos comentários negativos sobre suas atitudes no BBB 24 e uma contradição ao vídeo que gravou pedindo desculpas a Davi e avaliando ter cometido “racismo estrutural”.

Questionada pelo Estadão sobre como responde aos comentários negativos do público e se avalia que a música realmente a tira de uma postura crítica sobre si mesma, a cantora não quis responder. Ela revelou, porém, o que pensa sobre sua imagem estar vinculada ao reality show e o impacto da passagem pelo programa em sua arte e mencionou um próximo projeto, planejado para ser lançado no próximo semestre. Veja abaixo.

Você disse que a apresentação de ‘Caça Like’ representou ‘um novo momento’ na carreira. Essa virada de chave foi totalmente inspirada pela sua participação no BBB ou já estava planejada antes? E como foi esse processo de mudança?

Estava meio que pré-desenhado. Eu não entrei no BBB com um novo projeto já pronto para soltar, seja durante ou após a minha participação. Mas sabia que, como eu poderia ficar semanas confinada, sem poder fazer shows ou divulgar meu último projeto (o álbum Livre, lançado no ano passado), eu teria que retornar com novidades. Aconteceu de eu produzir músicas assim que saí da casa, como Caça Like. Já tenho outras também e sigo produzindo, é um momento que a minha criatividade está aflorada.

Pelo menos no momento atual da sua carreira, as pessoas têm vinculado muito a sua música e a sua imagem à participação no reality. Isso te incomoda de alguma forma?

Não, não me incomodo de jeito nenhum. Eu acho que é comum. O BBB é um projeto gigantesco. Muito assistido no Brasil e por duas décadas. Ele tem uma força muito grande. Faz parte do processo também. Com o tempo, as pessoas vão se conectar com a Wanessa cantora que eu sou há 23 anos, focando no meu trabalho, que é o que eu tenho de melhor para entregar. Estamos falando de algo que é muito recente. Agora, é trabalhar bastante.

O BBB faz parte da minha história mas não é a minha história toda. Tenho muitas coisas para contar ainda pela frente.”

Wanessa Camargo

Você sempre teve de lidar com a opinião pública e, hoje, está bem no centro dos holofotes. Musicalmente, você avalia essa atenção te ajuda ou atrapalha como artista? Por quê?

Tudo na vida tem seu lado bom e o seu lado ruim. Ter o microfone na mão, essa visibilidade que ele te dá, para falar de assuntos que você acha importante, é ótimo. Mas nem sempre a atenção que as pessoas vão te dar é para os assuntos que você quer. Você tem que seguir em frente. Tenho uma positividade muito grande na minha vida. Eu enxergo o copo meio cheio. Se eu estou tendo essa visibilidade, que eu a use para falar de assuntos que considero relevantes. Já comentei sobre isso antes, mas por volta de 2003, 2004, eu tive problemas sérios com saúde mental. Aí eu aprendi a não só separar as coisas, mas a lidar com os holofotes e canalizar as emoções na arte. [...] No meu catálogo, está tudo ali, as dores, prazeres, risos, sorriso e lágrimas da minha vida. Então, enriquece a minha arte.

A cantora Wanessa Camargo. Foto: Alexandre Pio/Divulgação

Vejo que você adotou uma postura sincera, de se mostrar realmente vulnerável, tanto com a sua vida pessoal quanto profissional, durante o BBB. Você pretende continuar a adotando daqui para frente, inclusive em suas próximas composições?

Eu sempre fui muito verdadeira com o meu público. Paguei até preços altos no começo da carreira, porque eu me colocava de lugares de muita vulnerabilidade que rendia muitas críticas por essa transparência. Hoje em dia, eu entendo que é preciso o equilíbrio. Sou muito verdadeira e honesta com o que penso, acredito e defendo, seja na minha carreira ou fora dela, mas, ao mesmo tempo, sei que existem coisas que é melhor resguardar e proteger, como a minha família, quem eu amo e processos que ainda estou passando e necessitam de um olhar mais íntimo. Mas jamais esconder o que eu penso, seja da imprensa ou do público.

Em que momento você decidiu compor ‘Caça Like’? Teve algum acontecimento específico que te deu inspiração para a letra?

Sim. Tiveram algumas pessoas e comentários específicos que eu pensava: “Nossa, isso é 100% ‘caça like’”. Hoje em dia, você consegue ler um ‘textão’ e ter o sentimento que a pessoa nem viu o vídeo. Não leu a matéria. Não sabe sobre o assunto. Não sabe o que está acontecendo. Ela viu que está nos trends do Twitter, leu a manchete, e vai desenvolver um texto sobre assuntos sérios. Isso não é apenas sobre mim, longe disso. É uma crítica a um sistema como um todo.

Como foi, para você, tomar a decisão de fazer o show com ‘Caça Like’ após o BBB?

Se eu tivesse sido eliminada na primeira semana ou fosse finalista, independentemente de quando eu saísse do programa, eu voltaria a fazer show urgentemente. O plano sempre foi esse. Muitos shows depois do programa. [...] Sempre fui verdadeira o máximo possível. Se pegar o histórico da minha carreira, das minhas entrevistas ao longo desses 23 anos, está tudo lá. Eu falando a minha verdade. Eu encaro as coisas de peito aberto, é muito a minha essência. Não fazer show nunca passou pela minha cabeça, em hipótese alguma.

Como vê esse novo momento da carreira. Você planeja mudar completamente a sua maneira de fazer shows e compor músicas? E pretende explorar outros gêneros musicais?

Agora eu estou em um momento criativo muito forte, com muita coisa para falar, escrever e cantar. A minha ideia é fazer material novo entre junho e julho, compor e produzir com os meus parceiros. Quero chegar no segundo semestre com um trabalho novo, renovado, com muita coisa nova, mas voltada para o mercado pop, que é a minha principal vertente.

Vinte e três anos de carreira se passaram para que um novo desafio, diferente de tudo o que já havia feito, chegasse às mãos da cantora Wanessa Camargo: uma participação no Big Brother Brasil 24. Ela tinha consciência do alcance do reality, o mais assistido no País, e dos riscos, mas, mesmo assim, decidiu se aventurar.

“Eu sempre fui muito verdadeira com o meu público”, comenta ela, avaliando sua postura de “se mostrar vulnerável” durante o programa. O final de Wanessa no BBB 24, porém, não foi tão feliz: ela foi expulsa do reality após agredir Davi, seu rival e campeão da edição.

Após o caso, a cantora decidiu não se esconder. Gravou vídeos pedindo desculpas por atitudes no reality, incluindo acusações de racismo, e compôs uma música sobre o cancelamento que sofreu após o programa, Caça Like.

No início do mês, a artista realizou um show, o primeiro depois da saída conturbada do reality, para apresentar Caça Like, retomando, assim, sua vida profissional - e voltando a chamar a atenção para sua vida pessoal.

As idas e vindas com Dado Dolabella e os desafios do passado estão entre os assuntos que acompanham a sua imagem na mídia. Em entrevista recente, ao G1, por exemplo, ela revelou que sofreu bulimia na época em que era comparada a Sandy e sofria pressão por aceitação. “Eu não comia mais. E foi um ‘caos’ para esconder da mídia, para eu poder me tratar e me cuidar”, disse.

O primeiro show depois do BBB

Naquele show na Audio, em São Paulo, ela pediu para que a plateia interrompesse as vaias contra Davi. “Se eu tivesse sido eliminada na primeira semana ou fosse finalista, independentemente de quando eu saísse do programa, eu voltaria a fazer show urgentemente. O plano sempre foi esse”, diz, em entrevista por escrito ao Estadão.

Mas se manter nos holofotes não a isentou de críticas. Para parte do público, Caça Like significou exatamente uma esquiva dos comentários negativos sobre suas atitudes no BBB 24 e uma contradição ao vídeo que gravou pedindo desculpas a Davi e avaliando ter cometido “racismo estrutural”.

Questionada pelo Estadão sobre como responde aos comentários negativos do público e se avalia que a música realmente a tira de uma postura crítica sobre si mesma, a cantora não quis responder. Ela revelou, porém, o que pensa sobre sua imagem estar vinculada ao reality show e o impacto da passagem pelo programa em sua arte e mencionou um próximo projeto, planejado para ser lançado no próximo semestre. Veja abaixo.

Você disse que a apresentação de ‘Caça Like’ representou ‘um novo momento’ na carreira. Essa virada de chave foi totalmente inspirada pela sua participação no BBB ou já estava planejada antes? E como foi esse processo de mudança?

Estava meio que pré-desenhado. Eu não entrei no BBB com um novo projeto já pronto para soltar, seja durante ou após a minha participação. Mas sabia que, como eu poderia ficar semanas confinada, sem poder fazer shows ou divulgar meu último projeto (o álbum Livre, lançado no ano passado), eu teria que retornar com novidades. Aconteceu de eu produzir músicas assim que saí da casa, como Caça Like. Já tenho outras também e sigo produzindo, é um momento que a minha criatividade está aflorada.

Pelo menos no momento atual da sua carreira, as pessoas têm vinculado muito a sua música e a sua imagem à participação no reality. Isso te incomoda de alguma forma?

Não, não me incomodo de jeito nenhum. Eu acho que é comum. O BBB é um projeto gigantesco. Muito assistido no Brasil e por duas décadas. Ele tem uma força muito grande. Faz parte do processo também. Com o tempo, as pessoas vão se conectar com a Wanessa cantora que eu sou há 23 anos, focando no meu trabalho, que é o que eu tenho de melhor para entregar. Estamos falando de algo que é muito recente. Agora, é trabalhar bastante.

O BBB faz parte da minha história mas não é a minha história toda. Tenho muitas coisas para contar ainda pela frente.”

Wanessa Camargo

Você sempre teve de lidar com a opinião pública e, hoje, está bem no centro dos holofotes. Musicalmente, você avalia essa atenção te ajuda ou atrapalha como artista? Por quê?

Tudo na vida tem seu lado bom e o seu lado ruim. Ter o microfone na mão, essa visibilidade que ele te dá, para falar de assuntos que você acha importante, é ótimo. Mas nem sempre a atenção que as pessoas vão te dar é para os assuntos que você quer. Você tem que seguir em frente. Tenho uma positividade muito grande na minha vida. Eu enxergo o copo meio cheio. Se eu estou tendo essa visibilidade, que eu a use para falar de assuntos que considero relevantes. Já comentei sobre isso antes, mas por volta de 2003, 2004, eu tive problemas sérios com saúde mental. Aí eu aprendi a não só separar as coisas, mas a lidar com os holofotes e canalizar as emoções na arte. [...] No meu catálogo, está tudo ali, as dores, prazeres, risos, sorriso e lágrimas da minha vida. Então, enriquece a minha arte.

A cantora Wanessa Camargo. Foto: Alexandre Pio/Divulgação

Vejo que você adotou uma postura sincera, de se mostrar realmente vulnerável, tanto com a sua vida pessoal quanto profissional, durante o BBB. Você pretende continuar a adotando daqui para frente, inclusive em suas próximas composições?

Eu sempre fui muito verdadeira com o meu público. Paguei até preços altos no começo da carreira, porque eu me colocava de lugares de muita vulnerabilidade que rendia muitas críticas por essa transparência. Hoje em dia, eu entendo que é preciso o equilíbrio. Sou muito verdadeira e honesta com o que penso, acredito e defendo, seja na minha carreira ou fora dela, mas, ao mesmo tempo, sei que existem coisas que é melhor resguardar e proteger, como a minha família, quem eu amo e processos que ainda estou passando e necessitam de um olhar mais íntimo. Mas jamais esconder o que eu penso, seja da imprensa ou do público.

Em que momento você decidiu compor ‘Caça Like’? Teve algum acontecimento específico que te deu inspiração para a letra?

Sim. Tiveram algumas pessoas e comentários específicos que eu pensava: “Nossa, isso é 100% ‘caça like’”. Hoje em dia, você consegue ler um ‘textão’ e ter o sentimento que a pessoa nem viu o vídeo. Não leu a matéria. Não sabe sobre o assunto. Não sabe o que está acontecendo. Ela viu que está nos trends do Twitter, leu a manchete, e vai desenvolver um texto sobre assuntos sérios. Isso não é apenas sobre mim, longe disso. É uma crítica a um sistema como um todo.

Como foi, para você, tomar a decisão de fazer o show com ‘Caça Like’ após o BBB?

Se eu tivesse sido eliminada na primeira semana ou fosse finalista, independentemente de quando eu saísse do programa, eu voltaria a fazer show urgentemente. O plano sempre foi esse. Muitos shows depois do programa. [...] Sempre fui verdadeira o máximo possível. Se pegar o histórico da minha carreira, das minhas entrevistas ao longo desses 23 anos, está tudo lá. Eu falando a minha verdade. Eu encaro as coisas de peito aberto, é muito a minha essência. Não fazer show nunca passou pela minha cabeça, em hipótese alguma.

Como vê esse novo momento da carreira. Você planeja mudar completamente a sua maneira de fazer shows e compor músicas? E pretende explorar outros gêneros musicais?

Agora eu estou em um momento criativo muito forte, com muita coisa para falar, escrever e cantar. A minha ideia é fazer material novo entre junho e julho, compor e produzir com os meus parceiros. Quero chegar no segundo semestre com um trabalho novo, renovado, com muita coisa nova, mas voltada para o mercado pop, que é a minha principal vertente.

Entrevista por Sabrina Legramandi

Repórter de Cultura do Estadão

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