Woodstock rendeu um grande documentário e uma ficção decepcionante


Michael Wadleigh venceu o Oscar ao documentar o festival que completa 50 anos e Ang Lee decepcionou com a fábula do garoto virgem

Por Luiz Carlos Merten

Num texto sobre a exibição de Woodstock em cinemas de Manhattan, neste fim de semana – para comemorar os 50 anos do evento –, um vlogger de Nova York ironizou. Conta que havia 500 mil pessoas na fazenda que abrigou o festival, mas hoje tanta gente diz que esteve lá que devem ter sido no mínimo 2 milhões. Não é piada. O longa de Michael Wadleigh que documenta os três dias de paz, amor e rock’n’roll registra as performances de grandes nomes da música e muitas, senão todas, são eletrizantes, mas o que mais impressiona, ainda hoje, é a multidão. Woodstock marcou a vitória da utopia hippie.

Cena do filme 'Aconteceu em Woodstock' Foto: Focus Features

Quase sem comida (mas com muita erva), sem nenhum tipo de assistência médica e sob chuvas intensas que transformaram o local num lamaçal, os jovens cantam, fazem amor, brincam no barro. Nada de estresse nem violência. Pelo menos é essa imagem que Wadleigh eternizou no cinema. Muita gente até se pergunta quem é, ou era esse Michael Wadleigh? Todo aquele grande evento foi marcado pela improvisação – e segundo a ficção de Ang Lee, adiante – quase não ocorreu. Wadleigh era um jovem cameraman, quase desconhecido. Comandou a equipe de cinegrafistas que documentou os três dias, colhendo 120 horas de material. A edição demorou nove meses e teve uma equipe de sete montadores, incluindo um jovem Martin Scorsese e a já veterana Thelma Schoonmaker. Ela foi a única indicada para o Oscar da categoria, uma raridade em se tratando de documentário, e Woodstock venceu o prêmio da Academia para o melhor documentário de 1970.

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Naquele tempo, chamava-se Woodstock – Onde Tudo Começou e teve direito a tapete vermelho, sem participar da competição, em Cannes. Em 1994, surgiu a segunda versão, essa sim chamada de Woodstock – Três Dias de Paz e Amor, para comemorar os 25 anos da grande festa. Wadleigh agregou material, mas a abertura e o encerramento, com Richie Havens e Jimi Hendrix, permaneceram. A divisão da tela permite mostrar várias ações simultâneas, do palco ao público.

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Em 2009, há dez anos, Ang Lee recriou Woodstock como ficção. Aconteceu em Woodstock é sobre garoto que tenta salvar a fazenda dos pais e oferece o lugar para sediar um evento de rock que uns carinhas de Nova York estão promovendo. O que ninguém imaginava é a proporção que aquilo iria tomar. Elliott, o garoto (Demetri Martin), é virgem, tem uma mãe dominadora (Imelda Staunton) e um amigo descolado (Emile Hirsch), que logo vê a oportunidade de descolarem algumas garotas. Ang Lee já havia recebido seu primeiro Oscar de direção (por O Segredo de Brokeback Mountain, em 2005) e esse é considerado seu pior filme. Woodstock, no cinema, só como documentário.

Num texto sobre a exibição de Woodstock em cinemas de Manhattan, neste fim de semana – para comemorar os 50 anos do evento –, um vlogger de Nova York ironizou. Conta que havia 500 mil pessoas na fazenda que abrigou o festival, mas hoje tanta gente diz que esteve lá que devem ter sido no mínimo 2 milhões. Não é piada. O longa de Michael Wadleigh que documenta os três dias de paz, amor e rock’n’roll registra as performances de grandes nomes da música e muitas, senão todas, são eletrizantes, mas o que mais impressiona, ainda hoje, é a multidão. Woodstock marcou a vitória da utopia hippie.

Cena do filme 'Aconteceu em Woodstock' Foto: Focus Features

Quase sem comida (mas com muita erva), sem nenhum tipo de assistência médica e sob chuvas intensas que transformaram o local num lamaçal, os jovens cantam, fazem amor, brincam no barro. Nada de estresse nem violência. Pelo menos é essa imagem que Wadleigh eternizou no cinema. Muita gente até se pergunta quem é, ou era esse Michael Wadleigh? Todo aquele grande evento foi marcado pela improvisação – e segundo a ficção de Ang Lee, adiante – quase não ocorreu. Wadleigh era um jovem cameraman, quase desconhecido. Comandou a equipe de cinegrafistas que documentou os três dias, colhendo 120 horas de material. A edição demorou nove meses e teve uma equipe de sete montadores, incluindo um jovem Martin Scorsese e a já veterana Thelma Schoonmaker. Ela foi a única indicada para o Oscar da categoria, uma raridade em se tratando de documentário, e Woodstock venceu o prêmio da Academia para o melhor documentário de 1970.

Naquele tempo, chamava-se Woodstock – Onde Tudo Começou e teve direito a tapete vermelho, sem participar da competição, em Cannes. Em 1994, surgiu a segunda versão, essa sim chamada de Woodstock – Três Dias de Paz e Amor, para comemorar os 25 anos da grande festa. Wadleigh agregou material, mas a abertura e o encerramento, com Richie Havens e Jimi Hendrix, permaneceram. A divisão da tela permite mostrar várias ações simultâneas, do palco ao público.

Em 2009, há dez anos, Ang Lee recriou Woodstock como ficção. Aconteceu em Woodstock é sobre garoto que tenta salvar a fazenda dos pais e oferece o lugar para sediar um evento de rock que uns carinhas de Nova York estão promovendo. O que ninguém imaginava é a proporção que aquilo iria tomar. Elliott, o garoto (Demetri Martin), é virgem, tem uma mãe dominadora (Imelda Staunton) e um amigo descolado (Emile Hirsch), que logo vê a oportunidade de descolarem algumas garotas. Ang Lee já havia recebido seu primeiro Oscar de direção (por O Segredo de Brokeback Mountain, em 2005) e esse é considerado seu pior filme. Woodstock, no cinema, só como documentário.

Num texto sobre a exibição de Woodstock em cinemas de Manhattan, neste fim de semana – para comemorar os 50 anos do evento –, um vlogger de Nova York ironizou. Conta que havia 500 mil pessoas na fazenda que abrigou o festival, mas hoje tanta gente diz que esteve lá que devem ter sido no mínimo 2 milhões. Não é piada. O longa de Michael Wadleigh que documenta os três dias de paz, amor e rock’n’roll registra as performances de grandes nomes da música e muitas, senão todas, são eletrizantes, mas o que mais impressiona, ainda hoje, é a multidão. Woodstock marcou a vitória da utopia hippie.

Cena do filme 'Aconteceu em Woodstock' Foto: Focus Features

Quase sem comida (mas com muita erva), sem nenhum tipo de assistência médica e sob chuvas intensas que transformaram o local num lamaçal, os jovens cantam, fazem amor, brincam no barro. Nada de estresse nem violência. Pelo menos é essa imagem que Wadleigh eternizou no cinema. Muita gente até se pergunta quem é, ou era esse Michael Wadleigh? Todo aquele grande evento foi marcado pela improvisação – e segundo a ficção de Ang Lee, adiante – quase não ocorreu. Wadleigh era um jovem cameraman, quase desconhecido. Comandou a equipe de cinegrafistas que documentou os três dias, colhendo 120 horas de material. A edição demorou nove meses e teve uma equipe de sete montadores, incluindo um jovem Martin Scorsese e a já veterana Thelma Schoonmaker. Ela foi a única indicada para o Oscar da categoria, uma raridade em se tratando de documentário, e Woodstock venceu o prêmio da Academia para o melhor documentário de 1970.

Naquele tempo, chamava-se Woodstock – Onde Tudo Começou e teve direito a tapete vermelho, sem participar da competição, em Cannes. Em 1994, surgiu a segunda versão, essa sim chamada de Woodstock – Três Dias de Paz e Amor, para comemorar os 25 anos da grande festa. Wadleigh agregou material, mas a abertura e o encerramento, com Richie Havens e Jimi Hendrix, permaneceram. A divisão da tela permite mostrar várias ações simultâneas, do palco ao público.

Em 2009, há dez anos, Ang Lee recriou Woodstock como ficção. Aconteceu em Woodstock é sobre garoto que tenta salvar a fazenda dos pais e oferece o lugar para sediar um evento de rock que uns carinhas de Nova York estão promovendo. O que ninguém imaginava é a proporção que aquilo iria tomar. Elliott, o garoto (Demetri Martin), é virgem, tem uma mãe dominadora (Imelda Staunton) e um amigo descolado (Emile Hirsch), que logo vê a oportunidade de descolarem algumas garotas. Ang Lee já havia recebido seu primeiro Oscar de direção (por O Segredo de Brokeback Mountain, em 2005) e esse é considerado seu pior filme. Woodstock, no cinema, só como documentário.

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