Zakk Wylde encarna o heavy metal de corpo e alma, até mesmo no mau-humor para atender a reportagem do Estadão, por telefone, antes da nova turnê do guitarrista americano pelo Brasil, como parte da programação do festival Best Of Blues & Rock, entre os dias 21 e 25 de junho, com paradas em São Paulo, Rio, Curitiba e Belo Horizonte.
O roqueiro de 57 anos é conhecido por seu trabalho no Black Label Society e pela duradoura parceria com Ozzy Osbourne, tanto nos palcos quanto nos principais discos da carreira solo do ‘Príncipe das Trevas’ – posição de destaque no universo da música pesada ocupada por ele desde o final dos anos 80.
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Mesmo desprovido de simpatia, Wylde demonstrou ter afeto pelo País das pessoas “muito gentis” o qual já visitou várias vezes e cuja “música de rua é incrível”.
Curiosamente, ele afirmou gostar do Sepultura, mas ao ser perguntado sobre Eloy Casagrande, disse não conhecer o trabalho do baterista recém-contratado pelo Slipknot, uma das maiores bandas de metal do planeta.
‘Faz-tudo’ no metal, o autor de Lost Prayer também foi recrutado para turnês com o Pantera, mas agora traz consigo o Zakk Sabbath, homenagem ao Black Sabbath formada ao lado do baixista Rob ‘Blasko’ Nicholson e do baterista Joey Castillo.
“Eu e Blasko estávamos tocando no projeto Metal All-Stars e, considerando que não havíamos ensaiado, perguntávamos ao baterista se ele conhecia alguma música do Sabbath”, relembra. “Se tratando desse gênero, é uma banda que faz parte da nossa educação. Se você conhece música clássica, você vai saber algo de Bach, Beethoven ou Mozart. Para nós, o terreno comum é o Black Sabbath. Então, quando nos reuníamos sempre acabava sendo músicas do Black Sabbath. Foi daí que surgiu uma piada recorrente, que basicamente floresceu até onde está agora”, explica Wylde, descartando qualquer envolvimento de Ozzy na criação do tributo.
A saúde do cantor de clássicos como Crazy Train e Paranoid preocupa fãs no mundo inteiro. Osbourne abusou das drogas durante a maior parte da vida e já esteve à beira da morte inúmeras vezes. Recentemente, foi diagnosticado com mal de Parkinson e precisou se afastar dos palcos.
Zakk Wylde, sobre Ozzy Osbourne
O guitarrista também não passou incólume aos excessos do rock. Beberrão desde a adolescência, só teve lapsos de consciência quando recebeu um sério alerta em meados de 2009. “Tive coágulos sanguíneos, e meu médico verificou meu fígado, pâncreas e falou que minhas enzimas [hepáticas] estavam bem altas. Ele disse: ‘você tem 42 anos agora, quando tiver 45, terá que fazer um transplante de fígado. Se você parar agora, ficará bem, mas se continuar, sabe para onde está indo’. Então, tive que parar naquele dia”, conta.
O blues é a raiz
Para o músico, tocar metal em um festival de blues não será um problema. Em São Paulo, o grupo de Wylde será precedido por Joe Bonamassa e Eric Gales, artistas mais puristas ligados ao gênero afro-americano.
“O Sabbath foi inspirado por John Mayall & the Bluesbreakers, Cream e toda aquela explosão de blues lá na Inglaterra. O Sabbath foi parte disso, com o Led Zeppelin. Eles sempre foram blues”, explica, sem negar a possibilidade de colaborações com os colegas. “Veremos o que acontece quando chegarmos aí. Fiz um projeto de Jimi Hendrix com o Eric e já participei de um show do Joe. O Kiko Loureiro [que abre o show do Zakk Sabbath no Rio de Janeiro] também é incrível. Sou amigo de todos os caras”, revela.
Homem de poucas palavras quando questionado com perguntas mais controversas, Wylde disse não “prestar atenção” ao fanatismo dos fãs de metal, geralmente criticados pela pouca receptividade a novidades no gênero, e também se esquivou de falar sobre artistas que se posicionam politicamente no palco (Phil Anselmo – seu colega no Pantera –, por exemplo, já fez saudação nazista durante um show).
“Bem, se é isso que eles querem fazer... Quer dizer, estamos nos preparando para tocar algumas músicas do Zakk Sabbath, então estou apenas me certificando de que acertei as letras”, diz.
Zakk Sabbath
- Onde: Best Of Blues & Rock Festival
- Data: 22 de junho de 2024
- Local: Auditório do Parque Ibirapuera, em São Paulo
- Preços: R$ 250,00 a R$ 500,00
- Ingressos: eventim.com.br