A cantora Zélia Duncan, que assinou e gravou a canção Pagu com Rita Lee, revelou por que a amizade entre as duas chegou ao fim em 2006. Em entrevista para Tati Bernardi, no canal Universa, Duncan contou que tudo se deu devido à entrada dela nos Mutantes – lugar anteriormente ocupado por Rita.
“Jamais desejei cantar nos Mutantes. Não sou louca. Olha a minha voz, olha a voz da Rita, uma grave, outra aguda”, contou. “Ele [Sérgio Dias] me convidou para cantar com a banda em Los Angeles, Nova York e São Francisco. Fiquei desesperada. Convidaram a Rita, ela não quis. E estavam procurando uma cantora”.
Zélia disse que, quando esse convite aconteceu, ela imediatamente ligou para Rita. “Peguei o telefone, ela atendeu. Eu disse: ‘Rita, recebi esse convite, mas quero saber como é para você. Porque se for estranho para você, realmente eu não vou’. Ela esperou uns três segundos e falou essas palavras: ‘Vai, você vai se divertir com os manos’”, relembrou.
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“Eu até pensei: que legal ela falar assim, ‘com os manos’, porque eu sei que, com motivo e razão, ela teve uma mágoa com eles lá nos anos 70. Mas a Rita é a rainha do Brasil, do pop brasileiro. Ela abriu todos os caminhos, é uma luz na vida da gente. Tudo que ela fez, ela revolucionou. Tudo ela fez em altíssimo nível. E assim foi. Ela falou ‘vai’, e eu fui. Alguns meses depois, ela foi sumindo, sumindo, e sumiu de mim. Parou [de falar comigo]. Tentei [procurá-la], até um certo ponto, óbvio que respeitei”.
Na entrevista, Zélia reforçou que “realmente achava” que havia uma amizade entre ela e Rita. “Nós fizemos Pagu juntas, uma música que muito me orgulha. Cantei com a Rita várias vezes em shows dela, e para mim, era uma imensa honra. E a gente se falava, passamos um monte de coisas legais”, disse.
“Eu conheci a Rita quando gravei o Lá vou eu. Quando teve o Prêmio da Música Brasileira, ela era homenageada, e ela me chamou para cantar. Dali cantei em vários lugares com ela, em outras cidades. E a Rita foi o meu primeiro ídolo. Com 12 anos, pedi para a minha mãe o primeiro vinil, que era ‘Fruto Proibido’”.
Por fim, ela ressaltou que o afastamento “doeu e dói até hoje” – mas aconteceu com vários amigos da ex-Mutante. “Tem muitos amigos da Rita que perderam o contato com ela. Era dela, ela quis ficar mais com a família e com outros amigos, ela tem todo o direito”, disse.
“A vida se impõe, e eu vou prestar homenagem para a Rita até eu morrer. Curada essa dor na coisa mais aguda dela, o que fica é a menina de 12 anos que pediu para mãe o primeiro vinil, e esse vinil era Fruto Proibido. E ela vai ser sempre para mim o que ela sempre foi como artista e como mulher. Lamento imensamente, eu até queria fazer com ela a resposta para a Pagu. Ficam as músicas. Sou muito tranquila em relação ao que eu podia fazer. Acho que fui amiga dela até quando ela permitiu”, finalizou.