Nas quatro linhas


Futebol e desenho tabelaram na vida de nosso maior quadrinista

Por MAURICIO DE SOUSA

A primeira bola que me veio às mãos foi num distante Natal. E com ela me ensinaram o primeiro uso ou brincadeira: jogar contra a parede e pegar de volta. Mas logo essa brincadeira cansou. E fui para a rua (de terra) treinar os primeiros exercícios de drible. Custei para alcançar a destreza dos moleques mais experientes da velha rua Ipiranga, em Mogi das Cruzes. Mas depois que peguei o jeito, a rua não nos bastava. Buscamos campinhos próximos. Tinha um, especial, perto da casa da minha avó, que era tudo de bom: gramado, plano, cercado por barrancos (como arquibancadas) e... disputadíssimo. Se meu time de meninos pequenos estava jogando e chegava um grupo de garotos maiores, ou interrompíamos o jogo e saíamos ou estávamos arriscados a levar uns empurrões, sopapos... Batizamos esse campinho de "esmaga-sapo". Imagine por que (ficava ao lado de um Ribeirão). E durante anos gostosos da infância, passei boas horas em disputas com turminhas de outras ruas. Às vezes em jogos calmos, às vezes com alguns incidentes. Sem maiores consequências, felizmente. Mas a bola, sempre a bola, era o brinquedo maior, querido, procurado. Não me transformei num craque, mas continuei próximo do futebol. Acompanhava os campeonatos regionais e até mesmo narrei, quando jovem, algumas partidas como locutor esportivo da rádio de Mogi. Essa proximidade com o futebol, com os clubes, abriu as portas para os primeiros desenhos que publiquei num jornal. Foi no semanário Mogi Esportivo, onde publiquei desenhos com personagens símbolos de todos os times da região. Publiquei e gostei. Mas a cidade não oferecia oportunidades para crescimento como desenhista. Fui para São Paulo procurar meu futuro. Que veio na ocupação de repórter policial e depois desenhista. Criei a Turma da Mônica e cresci como produtor de histórias em quadrinhos, longe do futebol. Até que me encontrei, durante uma viagem, com o Pelé. Propus a criação de um personagem baseado nele... e ele topou. E veio a série vitoriosa do Pelezinho, em revistas e tiras de jornal e produtos por mais de 10 anos. De algum modo, estive próximo da bola, do futebol, de novo. Mas com o término do contrato com Pelé, sentia falta de falar sobre o tema. Era bom passar entretenimento nas mensagens ligadas ao futebol. Onde ética, disciplina, alegria de jogar, estavam presentes. Veio a possibilidade de criar o personagem Dieguito, baseado no Maradona. E foi um lindo projeto, infelizmente prejudicado por problemas que a figura inspiradora enfrentou... Mas eu não esquecia do tema. E veio o tempo do Ronaldo, depois da Copa do Japão, com seu penteado a lá Cascão. Criei o personagem. Mas detalhes do contrato do craque com o Real Madrid impediam o desenvolvimento do projeto. Despontava o Ronaldinho Gaúcho: foi o personagem seguinte. Com sucesso instantâneo. Falando em mais de 30 idiomas pelo mundo. Continua firme, com ótimos números de tiragem. Mas surge um tempo novo, em que vai se respirar futebol e esporte, em geral. Principalmente no Brasil. E surge, também, uma nova estrela no futebol: o garoto Neymar. Com seu jeito moleque, alegre, criativo, genial mesmo, de tratar com a bola. Por que não tentar continuar com a minha saga de criador de personagens futebolistas? O Neymar daria um espetacular personagem. Provavelmente, o primeiro que vai nascer já mundial. E, já que é tempo de futebol, quem sabe o Ronaldo não possa voltar a ter/ser um personagem de quadrinhos? Como gostaria, também, de republicar a "saga" do Pelezinho. Estou em busca da minha seleção de estrelas, virtual, mas tão próxima do leitor. O mundo, esta grande bola, merece essas homenagens todas. Enquanto isso... o sonho ainda não atingido? Um personagem que personifique a Copa do Mundo.* DESENHISTA, CRIADOR DA TURMA DA MÔNICA, COMEÇOU SUA CARREIRA EM 1959 NA FOLHA DA MANHÃ. JÁ PUBLICOU CERCA DE UM BILHÃO DE EXEMPLARES DE REVISTAS NO BRASIL, EM MAIS DE 50 PAÍSES

A primeira bola que me veio às mãos foi num distante Natal. E com ela me ensinaram o primeiro uso ou brincadeira: jogar contra a parede e pegar de volta. Mas logo essa brincadeira cansou. E fui para a rua (de terra) treinar os primeiros exercícios de drible. Custei para alcançar a destreza dos moleques mais experientes da velha rua Ipiranga, em Mogi das Cruzes. Mas depois que peguei o jeito, a rua não nos bastava. Buscamos campinhos próximos. Tinha um, especial, perto da casa da minha avó, que era tudo de bom: gramado, plano, cercado por barrancos (como arquibancadas) e... disputadíssimo. Se meu time de meninos pequenos estava jogando e chegava um grupo de garotos maiores, ou interrompíamos o jogo e saíamos ou estávamos arriscados a levar uns empurrões, sopapos... Batizamos esse campinho de "esmaga-sapo". Imagine por que (ficava ao lado de um Ribeirão). E durante anos gostosos da infância, passei boas horas em disputas com turminhas de outras ruas. Às vezes em jogos calmos, às vezes com alguns incidentes. Sem maiores consequências, felizmente. Mas a bola, sempre a bola, era o brinquedo maior, querido, procurado. Não me transformei num craque, mas continuei próximo do futebol. Acompanhava os campeonatos regionais e até mesmo narrei, quando jovem, algumas partidas como locutor esportivo da rádio de Mogi. Essa proximidade com o futebol, com os clubes, abriu as portas para os primeiros desenhos que publiquei num jornal. Foi no semanário Mogi Esportivo, onde publiquei desenhos com personagens símbolos de todos os times da região. Publiquei e gostei. Mas a cidade não oferecia oportunidades para crescimento como desenhista. Fui para São Paulo procurar meu futuro. Que veio na ocupação de repórter policial e depois desenhista. Criei a Turma da Mônica e cresci como produtor de histórias em quadrinhos, longe do futebol. Até que me encontrei, durante uma viagem, com o Pelé. Propus a criação de um personagem baseado nele... e ele topou. E veio a série vitoriosa do Pelezinho, em revistas e tiras de jornal e produtos por mais de 10 anos. De algum modo, estive próximo da bola, do futebol, de novo. Mas com o término do contrato com Pelé, sentia falta de falar sobre o tema. Era bom passar entretenimento nas mensagens ligadas ao futebol. Onde ética, disciplina, alegria de jogar, estavam presentes. Veio a possibilidade de criar o personagem Dieguito, baseado no Maradona. E foi um lindo projeto, infelizmente prejudicado por problemas que a figura inspiradora enfrentou... Mas eu não esquecia do tema. E veio o tempo do Ronaldo, depois da Copa do Japão, com seu penteado a lá Cascão. Criei o personagem. Mas detalhes do contrato do craque com o Real Madrid impediam o desenvolvimento do projeto. Despontava o Ronaldinho Gaúcho: foi o personagem seguinte. Com sucesso instantâneo. Falando em mais de 30 idiomas pelo mundo. Continua firme, com ótimos números de tiragem. Mas surge um tempo novo, em que vai se respirar futebol e esporte, em geral. Principalmente no Brasil. E surge, também, uma nova estrela no futebol: o garoto Neymar. Com seu jeito moleque, alegre, criativo, genial mesmo, de tratar com a bola. Por que não tentar continuar com a minha saga de criador de personagens futebolistas? O Neymar daria um espetacular personagem. Provavelmente, o primeiro que vai nascer já mundial. E, já que é tempo de futebol, quem sabe o Ronaldo não possa voltar a ter/ser um personagem de quadrinhos? Como gostaria, também, de republicar a "saga" do Pelezinho. Estou em busca da minha seleção de estrelas, virtual, mas tão próxima do leitor. O mundo, esta grande bola, merece essas homenagens todas. Enquanto isso... o sonho ainda não atingido? Um personagem que personifique a Copa do Mundo.* DESENHISTA, CRIADOR DA TURMA DA MÔNICA, COMEÇOU SUA CARREIRA EM 1959 NA FOLHA DA MANHÃ. JÁ PUBLICOU CERCA DE UM BILHÃO DE EXEMPLARES DE REVISTAS NO BRASIL, EM MAIS DE 50 PAÍSES

A primeira bola que me veio às mãos foi num distante Natal. E com ela me ensinaram o primeiro uso ou brincadeira: jogar contra a parede e pegar de volta. Mas logo essa brincadeira cansou. E fui para a rua (de terra) treinar os primeiros exercícios de drible. Custei para alcançar a destreza dos moleques mais experientes da velha rua Ipiranga, em Mogi das Cruzes. Mas depois que peguei o jeito, a rua não nos bastava. Buscamos campinhos próximos. Tinha um, especial, perto da casa da minha avó, que era tudo de bom: gramado, plano, cercado por barrancos (como arquibancadas) e... disputadíssimo. Se meu time de meninos pequenos estava jogando e chegava um grupo de garotos maiores, ou interrompíamos o jogo e saíamos ou estávamos arriscados a levar uns empurrões, sopapos... Batizamos esse campinho de "esmaga-sapo". Imagine por que (ficava ao lado de um Ribeirão). E durante anos gostosos da infância, passei boas horas em disputas com turminhas de outras ruas. Às vezes em jogos calmos, às vezes com alguns incidentes. Sem maiores consequências, felizmente. Mas a bola, sempre a bola, era o brinquedo maior, querido, procurado. Não me transformei num craque, mas continuei próximo do futebol. Acompanhava os campeonatos regionais e até mesmo narrei, quando jovem, algumas partidas como locutor esportivo da rádio de Mogi. Essa proximidade com o futebol, com os clubes, abriu as portas para os primeiros desenhos que publiquei num jornal. Foi no semanário Mogi Esportivo, onde publiquei desenhos com personagens símbolos de todos os times da região. Publiquei e gostei. Mas a cidade não oferecia oportunidades para crescimento como desenhista. Fui para São Paulo procurar meu futuro. Que veio na ocupação de repórter policial e depois desenhista. Criei a Turma da Mônica e cresci como produtor de histórias em quadrinhos, longe do futebol. Até que me encontrei, durante uma viagem, com o Pelé. Propus a criação de um personagem baseado nele... e ele topou. E veio a série vitoriosa do Pelezinho, em revistas e tiras de jornal e produtos por mais de 10 anos. De algum modo, estive próximo da bola, do futebol, de novo. Mas com o término do contrato com Pelé, sentia falta de falar sobre o tema. Era bom passar entretenimento nas mensagens ligadas ao futebol. Onde ética, disciplina, alegria de jogar, estavam presentes. Veio a possibilidade de criar o personagem Dieguito, baseado no Maradona. E foi um lindo projeto, infelizmente prejudicado por problemas que a figura inspiradora enfrentou... Mas eu não esquecia do tema. E veio o tempo do Ronaldo, depois da Copa do Japão, com seu penteado a lá Cascão. Criei o personagem. Mas detalhes do contrato do craque com o Real Madrid impediam o desenvolvimento do projeto. Despontava o Ronaldinho Gaúcho: foi o personagem seguinte. Com sucesso instantâneo. Falando em mais de 30 idiomas pelo mundo. Continua firme, com ótimos números de tiragem. Mas surge um tempo novo, em que vai se respirar futebol e esporte, em geral. Principalmente no Brasil. E surge, também, uma nova estrela no futebol: o garoto Neymar. Com seu jeito moleque, alegre, criativo, genial mesmo, de tratar com a bola. Por que não tentar continuar com a minha saga de criador de personagens futebolistas? O Neymar daria um espetacular personagem. Provavelmente, o primeiro que vai nascer já mundial. E, já que é tempo de futebol, quem sabe o Ronaldo não possa voltar a ter/ser um personagem de quadrinhos? Como gostaria, também, de republicar a "saga" do Pelezinho. Estou em busca da minha seleção de estrelas, virtual, mas tão próxima do leitor. O mundo, esta grande bola, merece essas homenagens todas. Enquanto isso... o sonho ainda não atingido? Um personagem que personifique a Copa do Mundo.* DESENHISTA, CRIADOR DA TURMA DA MÔNICA, COMEÇOU SUA CARREIRA EM 1959 NA FOLHA DA MANHÃ. JÁ PUBLICOU CERCA DE UM BILHÃO DE EXEMPLARES DE REVISTAS NO BRASIL, EM MAIS DE 50 PAÍSES

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