O espírito inquieto e contestador de Cazuza


Museu da Língua Portuguesa abre nesta semana mostra dedicada ao músico e poeta

Por Maria Fernanda Rodrigues

Cazuza (1958-1990) chega hoje ao Museu da Língua Portuguesa e se torna o primeiro artista popular a ganhar uma exposição no espaço já ocupado por escritores como Fernando Pessoa, Machado de Assis e pela musa do cantor, Clarice Lispector – ele gostava tanto dela que leu Água Viva 120 vezes, fazendo um tracinho na última página ao final de cada leitura, lembra a mãe, Lucinha Araújo.

Em poesia, ele gostava dos malditos, mas também de Carlos Drummond de Andrade. “Morávamos perto, e o Cazuza, com uns 15 anos, seguia o Carlos Drummond de Andrade quando ele saía para passear no Leblon e em Ipanema. Eu dizia: ‘Meu filho, ele vai achar que você quer assaltá-lo’. E ele respondia que o poeta nem reparava e que ele fazia isso porque o admirava muito”, conta Lucinha.

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Mas as referências e influências literárias do músico não serão exatamente o foco da mostra Cazuza Mostra a Sua Cara, que abre para o público nesta terça. A ideia é mostrar seu pensamento político, a transformação do menino num jovem inquieto, rebelde, contestador, exagerado, que recentemente inspirou outros tantos jovens que foram às ruas levando nas mãos cartazes com frases de suas músicas, como “Meus inimigos estão no poder” e “Brasil, mostra sua cara”, e que, por trás, traziam uma outra mensagem dele: “Ideologia, eu quero uma pra viver”.

Também será discutida a relação entre letra e poesia. “Quando comecei a mergulhar nos depoimentos, vi que ele não sabia se era poeta. Ele estava procurando o lugar dele, e trouxemos essa questão para o museu”, explica Gringo Cardia, arquiteto e curador da exposição. “Ele falava que não era poeta, era letrista. Não concordo com ele, que era muito modesto. Mas, como eu sou a mãe e nada modesta, digo que ele era mesmo um grande poeta”, diz Lucinha.

Apesar de não pretender fazer uma revisão biográfica do artista, a exposição é realizada num momento em que a população discute a questão das biografias. E a mãe do Cazuza comenta a situação: “O tempo da ditadura já passou. Temos que deixar, ver o que a pessoa vai escrever, e, depois, entrar na justiça se achar que algo deturpou a imagem do biografado”.

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São oito salas num espaço de 600 m² – tudo com muita tecnologia. Ao entrar, o visitante se depara com fotos de jovens anônimos com essas frases retiradas de músicas. Ao final da visita, quem quiser também pode tirar uma. A primeira sala mostra, em projeções, como a literatura influenciou a música. A segunda é mais sensorial, com voz separada da música, trecho de entrevista e jogo de luz. “É uma viagem, como se estivéssemos dentro de uma cabeça pensante. Não é para ter análise crítica; é para sentir emoção”, conta Gringo.

Depois, há um espaço com uma linha do tempo com monitores que mostram o Brasil que Cazuza viu enquanto crescia. Outra traz depoimentos de amigos e de psicanalistas, sociólogos, etc., sobre a juventude. No caminho para as salas seguintes, onde será possível cantar com Cazuza e depois estudar a estrutura da poesia e das letras (das românticas, inclusive), há um telefone de onde Cazuza xinga com seu jeito exagerado. Chegando ao final, há fotos gigantes dele e totens com 50 palavras – clicando nelas, será possível ouvir Cazuza falando sobre aquele assunto. Para encerrar, um corredor com faixas de protestos de 1964 até hoje, e objetos, como o tênis que mais usava. Antes de deixar a exposição, vale dar uma passada no banheiro, que vai reproduzir o de uma discoteca, com música alta e projeção de vídeos.

Letra & MúsicaComo parte do programa educativo do museu, a curadoria prevê workshops mensais, aos sábados, com letristas. O primeiro será no dia 2/11, com China. Participam, ainda, Emicida e Céu.

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CAZUZA MOSTRA SUA CARAMuseu da Língua Portuguesa. Pça. da Luz, s/nº, 3322-0080. 10 h/17 h (3ª, 10 h/21 h; fecha 2ª). R$ 6 (3ª e sáb., grátis). Até 23/2.

Cazuza (1958-1990) chega hoje ao Museu da Língua Portuguesa e se torna o primeiro artista popular a ganhar uma exposição no espaço já ocupado por escritores como Fernando Pessoa, Machado de Assis e pela musa do cantor, Clarice Lispector – ele gostava tanto dela que leu Água Viva 120 vezes, fazendo um tracinho na última página ao final de cada leitura, lembra a mãe, Lucinha Araújo.

Em poesia, ele gostava dos malditos, mas também de Carlos Drummond de Andrade. “Morávamos perto, e o Cazuza, com uns 15 anos, seguia o Carlos Drummond de Andrade quando ele saía para passear no Leblon e em Ipanema. Eu dizia: ‘Meu filho, ele vai achar que você quer assaltá-lo’. E ele respondia que o poeta nem reparava e que ele fazia isso porque o admirava muito”, conta Lucinha.

Mas as referências e influências literárias do músico não serão exatamente o foco da mostra Cazuza Mostra a Sua Cara, que abre para o público nesta terça. A ideia é mostrar seu pensamento político, a transformação do menino num jovem inquieto, rebelde, contestador, exagerado, que recentemente inspirou outros tantos jovens que foram às ruas levando nas mãos cartazes com frases de suas músicas, como “Meus inimigos estão no poder” e “Brasil, mostra sua cara”, e que, por trás, traziam uma outra mensagem dele: “Ideologia, eu quero uma pra viver”.

Também será discutida a relação entre letra e poesia. “Quando comecei a mergulhar nos depoimentos, vi que ele não sabia se era poeta. Ele estava procurando o lugar dele, e trouxemos essa questão para o museu”, explica Gringo Cardia, arquiteto e curador da exposição. “Ele falava que não era poeta, era letrista. Não concordo com ele, que era muito modesto. Mas, como eu sou a mãe e nada modesta, digo que ele era mesmo um grande poeta”, diz Lucinha.

Apesar de não pretender fazer uma revisão biográfica do artista, a exposição é realizada num momento em que a população discute a questão das biografias. E a mãe do Cazuza comenta a situação: “O tempo da ditadura já passou. Temos que deixar, ver o que a pessoa vai escrever, e, depois, entrar na justiça se achar que algo deturpou a imagem do biografado”.

São oito salas num espaço de 600 m² – tudo com muita tecnologia. Ao entrar, o visitante se depara com fotos de jovens anônimos com essas frases retiradas de músicas. Ao final da visita, quem quiser também pode tirar uma. A primeira sala mostra, em projeções, como a literatura influenciou a música. A segunda é mais sensorial, com voz separada da música, trecho de entrevista e jogo de luz. “É uma viagem, como se estivéssemos dentro de uma cabeça pensante. Não é para ter análise crítica; é para sentir emoção”, conta Gringo.

Depois, há um espaço com uma linha do tempo com monitores que mostram o Brasil que Cazuza viu enquanto crescia. Outra traz depoimentos de amigos e de psicanalistas, sociólogos, etc., sobre a juventude. No caminho para as salas seguintes, onde será possível cantar com Cazuza e depois estudar a estrutura da poesia e das letras (das românticas, inclusive), há um telefone de onde Cazuza xinga com seu jeito exagerado. Chegando ao final, há fotos gigantes dele e totens com 50 palavras – clicando nelas, será possível ouvir Cazuza falando sobre aquele assunto. Para encerrar, um corredor com faixas de protestos de 1964 até hoje, e objetos, como o tênis que mais usava. Antes de deixar a exposição, vale dar uma passada no banheiro, que vai reproduzir o de uma discoteca, com música alta e projeção de vídeos.

Letra & MúsicaComo parte do programa educativo do museu, a curadoria prevê workshops mensais, aos sábados, com letristas. O primeiro será no dia 2/11, com China. Participam, ainda, Emicida e Céu.

CAZUZA MOSTRA SUA CARAMuseu da Língua Portuguesa. Pça. da Luz, s/nº, 3322-0080. 10 h/17 h (3ª, 10 h/21 h; fecha 2ª). R$ 6 (3ª e sáb., grátis). Até 23/2.

Cazuza (1958-1990) chega hoje ao Museu da Língua Portuguesa e se torna o primeiro artista popular a ganhar uma exposição no espaço já ocupado por escritores como Fernando Pessoa, Machado de Assis e pela musa do cantor, Clarice Lispector – ele gostava tanto dela que leu Água Viva 120 vezes, fazendo um tracinho na última página ao final de cada leitura, lembra a mãe, Lucinha Araújo.

Em poesia, ele gostava dos malditos, mas também de Carlos Drummond de Andrade. “Morávamos perto, e o Cazuza, com uns 15 anos, seguia o Carlos Drummond de Andrade quando ele saía para passear no Leblon e em Ipanema. Eu dizia: ‘Meu filho, ele vai achar que você quer assaltá-lo’. E ele respondia que o poeta nem reparava e que ele fazia isso porque o admirava muito”, conta Lucinha.

Mas as referências e influências literárias do músico não serão exatamente o foco da mostra Cazuza Mostra a Sua Cara, que abre para o público nesta terça. A ideia é mostrar seu pensamento político, a transformação do menino num jovem inquieto, rebelde, contestador, exagerado, que recentemente inspirou outros tantos jovens que foram às ruas levando nas mãos cartazes com frases de suas músicas, como “Meus inimigos estão no poder” e “Brasil, mostra sua cara”, e que, por trás, traziam uma outra mensagem dele: “Ideologia, eu quero uma pra viver”.

Também será discutida a relação entre letra e poesia. “Quando comecei a mergulhar nos depoimentos, vi que ele não sabia se era poeta. Ele estava procurando o lugar dele, e trouxemos essa questão para o museu”, explica Gringo Cardia, arquiteto e curador da exposição. “Ele falava que não era poeta, era letrista. Não concordo com ele, que era muito modesto. Mas, como eu sou a mãe e nada modesta, digo que ele era mesmo um grande poeta”, diz Lucinha.

Apesar de não pretender fazer uma revisão biográfica do artista, a exposição é realizada num momento em que a população discute a questão das biografias. E a mãe do Cazuza comenta a situação: “O tempo da ditadura já passou. Temos que deixar, ver o que a pessoa vai escrever, e, depois, entrar na justiça se achar que algo deturpou a imagem do biografado”.

São oito salas num espaço de 600 m² – tudo com muita tecnologia. Ao entrar, o visitante se depara com fotos de jovens anônimos com essas frases retiradas de músicas. Ao final da visita, quem quiser também pode tirar uma. A primeira sala mostra, em projeções, como a literatura influenciou a música. A segunda é mais sensorial, com voz separada da música, trecho de entrevista e jogo de luz. “É uma viagem, como se estivéssemos dentro de uma cabeça pensante. Não é para ter análise crítica; é para sentir emoção”, conta Gringo.

Depois, há um espaço com uma linha do tempo com monitores que mostram o Brasil que Cazuza viu enquanto crescia. Outra traz depoimentos de amigos e de psicanalistas, sociólogos, etc., sobre a juventude. No caminho para as salas seguintes, onde será possível cantar com Cazuza e depois estudar a estrutura da poesia e das letras (das românticas, inclusive), há um telefone de onde Cazuza xinga com seu jeito exagerado. Chegando ao final, há fotos gigantes dele e totens com 50 palavras – clicando nelas, será possível ouvir Cazuza falando sobre aquele assunto. Para encerrar, um corredor com faixas de protestos de 1964 até hoje, e objetos, como o tênis que mais usava. Antes de deixar a exposição, vale dar uma passada no banheiro, que vai reproduzir o de uma discoteca, com música alta e projeção de vídeos.

Letra & MúsicaComo parte do programa educativo do museu, a curadoria prevê workshops mensais, aos sábados, com letristas. O primeiro será no dia 2/11, com China. Participam, ainda, Emicida e Céu.

CAZUZA MOSTRA SUA CARAMuseu da Língua Portuguesa. Pça. da Luz, s/nº, 3322-0080. 10 h/17 h (3ª, 10 h/21 h; fecha 2ª). R$ 6 (3ª e sáb., grátis). Até 23/2.

Cazuza (1958-1990) chega hoje ao Museu da Língua Portuguesa e se torna o primeiro artista popular a ganhar uma exposição no espaço já ocupado por escritores como Fernando Pessoa, Machado de Assis e pela musa do cantor, Clarice Lispector – ele gostava tanto dela que leu Água Viva 120 vezes, fazendo um tracinho na última página ao final de cada leitura, lembra a mãe, Lucinha Araújo.

Em poesia, ele gostava dos malditos, mas também de Carlos Drummond de Andrade. “Morávamos perto, e o Cazuza, com uns 15 anos, seguia o Carlos Drummond de Andrade quando ele saía para passear no Leblon e em Ipanema. Eu dizia: ‘Meu filho, ele vai achar que você quer assaltá-lo’. E ele respondia que o poeta nem reparava e que ele fazia isso porque o admirava muito”, conta Lucinha.

Mas as referências e influências literárias do músico não serão exatamente o foco da mostra Cazuza Mostra a Sua Cara, que abre para o público nesta terça. A ideia é mostrar seu pensamento político, a transformação do menino num jovem inquieto, rebelde, contestador, exagerado, que recentemente inspirou outros tantos jovens que foram às ruas levando nas mãos cartazes com frases de suas músicas, como “Meus inimigos estão no poder” e “Brasil, mostra sua cara”, e que, por trás, traziam uma outra mensagem dele: “Ideologia, eu quero uma pra viver”.

Também será discutida a relação entre letra e poesia. “Quando comecei a mergulhar nos depoimentos, vi que ele não sabia se era poeta. Ele estava procurando o lugar dele, e trouxemos essa questão para o museu”, explica Gringo Cardia, arquiteto e curador da exposição. “Ele falava que não era poeta, era letrista. Não concordo com ele, que era muito modesto. Mas, como eu sou a mãe e nada modesta, digo que ele era mesmo um grande poeta”, diz Lucinha.

Apesar de não pretender fazer uma revisão biográfica do artista, a exposição é realizada num momento em que a população discute a questão das biografias. E a mãe do Cazuza comenta a situação: “O tempo da ditadura já passou. Temos que deixar, ver o que a pessoa vai escrever, e, depois, entrar na justiça se achar que algo deturpou a imagem do biografado”.

São oito salas num espaço de 600 m² – tudo com muita tecnologia. Ao entrar, o visitante se depara com fotos de jovens anônimos com essas frases retiradas de músicas. Ao final da visita, quem quiser também pode tirar uma. A primeira sala mostra, em projeções, como a literatura influenciou a música. A segunda é mais sensorial, com voz separada da música, trecho de entrevista e jogo de luz. “É uma viagem, como se estivéssemos dentro de uma cabeça pensante. Não é para ter análise crítica; é para sentir emoção”, conta Gringo.

Depois, há um espaço com uma linha do tempo com monitores que mostram o Brasil que Cazuza viu enquanto crescia. Outra traz depoimentos de amigos e de psicanalistas, sociólogos, etc., sobre a juventude. No caminho para as salas seguintes, onde será possível cantar com Cazuza e depois estudar a estrutura da poesia e das letras (das românticas, inclusive), há um telefone de onde Cazuza xinga com seu jeito exagerado. Chegando ao final, há fotos gigantes dele e totens com 50 palavras – clicando nelas, será possível ouvir Cazuza falando sobre aquele assunto. Para encerrar, um corredor com faixas de protestos de 1964 até hoje, e objetos, como o tênis que mais usava. Antes de deixar a exposição, vale dar uma passada no banheiro, que vai reproduzir o de uma discoteca, com música alta e projeção de vídeos.

Letra & MúsicaComo parte do programa educativo do museu, a curadoria prevê workshops mensais, aos sábados, com letristas. O primeiro será no dia 2/11, com China. Participam, ainda, Emicida e Céu.

CAZUZA MOSTRA SUA CARAMuseu da Língua Portuguesa. Pça. da Luz, s/nº, 3322-0080. 10 h/17 h (3ª, 10 h/21 h; fecha 2ª). R$ 6 (3ª e sáb., grátis). Até 23/2.

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