‘O que aprendi com minha mãe foi...’: artistas, cantores e escritores contam as lições recebidas


Para celebrar a data, ‘Estadão’ perguntou a personalidades o maior conselho já recebido ou um arrependimento que tiveram na relação com as mães. Relatos vão de não desistir dos sonhos a seguir o coração; veja resultado

Por Maria Fernanda Rodrigues, Sabrina Legramandi, Pedro Antunes, Dora Guerra e Julia Queiroz
Atualização:

Andar, falar, respeitar, viver, amar. Lições de mãe são daquelas que carregamos conosco, por vezes sem sequer perceber. Somos quem somos por elas, de alguma maneira.

E é para homenageá-las que o Estadão criou este especial dedicado ao Dia das Mães, com a seguinte pergunta: o que você aprendeu com a sua mãe?

Artistas, escritores e cantores falam de suas mães e contam uma lição, um conselho ou um arrependimento. Foto: Arquivo Pessoal e Flor de Lis/Divulgação
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Convidamos escritores, cantores, apresentadores e influenciadores para responder qual foi o maior conselho já recebido ou um arrependimento que tiveram na relação com as mães.

Os relatos, assim como a lista, são diversos, sobre autoestima e perseverança, mas há algo comum entre eles: o amor. Leia os relatos abaixo.

Itamar Vieira Junior, escritor

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Itamar Vieira Junior (esq.) ao lado da mãe, Tereza, e do irmão, Leandro. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe é, até hoje, uma pessoa comedida, que demonstra poucos afetos, mas que me ensinou coisas muito importantes, como ter disciplina. Em nossa casa, nós não acordávamos mais do que às 7h da manhã. Mesmo nos feriados e finais de semana, era importante que acordássemos para estudar e contribuir com as necessidades da casa.

Isso me deixou boas lições: como trabalhar, como me portar no mundo. Mas a lição mais importante é que minha mãe nunca levava desaforo para casa. Ela sempre erguia a cabeça e retrucava caso se considerasse correta. De alguma maneira, eu herdei isso dela, eu ando de cabeça erguida e respondo quando preciso responder. Eu acho que nos ensinar a nos defendermos, de alguma forma, também nos incutiu um espírito de sobrevivência, então eu aprendi a me defender desde cedo com ela.”

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Vera Eunice de Jesus, professora e filha de Carolina Maria de Jesus

Vera Eunice de Jesus e Carolina Maria de Jesus Foto: Arquivo Pessoal

“Eu era muito agarrada com a minha mãe. Ela tinha muito cuidado e preocupação comigo por ser menina e morar na favela. Minha mãe cantava muito para os filhos, dançava, relembrando músicas africanas, – as quais ela ouvia em Sacramento, sua cidade natal –, imitava instrumentos com a boca e rodava a saia, girando pela cozinha. Nós nos divertíamos muito. Principalmente quando estávamos com fome, era a maneira que ela encontrava para que nos distraíssemos e dormíssemos.

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Minha mãe conversava bastante conosco e nos contava como foi sua infância e como a família dela sofreu por serem negros e pobres, mas destacava sempre o seu avô pela sua sabedoria e inteligência, mesmo sendo analfabeto.

Carolina deixou uma lição de vida: as pessoas nunca devem desistir dos sonhos, mesmo que possam parecer inatingíveis. Ela é esta escritora, que, hoje, é reconhecida pelo mundo afora. Negra, cursou apenas um ano e meio na escola, mãe solo, com um filho de cada pai, e favelada. Nada a favorecia, mas tinha um sonho e lutou para realizá-lo.”

Natalia Timerman, escritora

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A escritora Natalia Timerman ao lado da mãe. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe está viva, mas já se foi. Ela encarna a instabilidade verbal do Alzheimer, me lança a dúvida se falo dela no presente ou no passado. Ela ainda abraça – eu ainda a abraço, e procuro no cheiro novo dela o antigo. Aconteceu aos poucos, mas foi de repente que me dei conta de que ela já não era (é) mais a mesma, apesar de ainda ser. Sinto tanta falta da minha mãe: seu sorriso ao abrir a porta para mim, seu carinho, o cuidado. Suas ligações, que antes me pareciam tão excessivas. Esse é provavelmente meu maior arrependimento: ter agido como se minha mãe fosse durar para sempre.

Leandro Karnal, historiador e escritor

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Leandro Karnal ao lado da mãe, Jacyr Karnal. Foto: Arquivo Pessoal

Depois de morar em uma pensão ao chegar a São Paulo, mudei-me para um apartamento pequeno em Pinheiros. Minha mãe veio me visitar. Desculpei-me pelo espaço limitado. Ela me disse algo sobre a felicidade não poder ser medida em metros quadrados, mas nos horizontes pela frente. Profetizou que eu cresceria sempre. Abraçou-me longamente e eu pensei que ali estava a pessoa que me amava em quaisquer cenários. Sinto muita falta dos abraços de dona Jacyr Karnal.

Paulo Miklos, músico

Músico Paulo Miklos e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Com Ivone, minha mãe, aprendi a amar incondicionalmente.

Jorge de Sá, ator

Jorge de Sá e sua mãe, Sandra de Sá Foto: Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação

Como mãe, ela é incrível, generosa, protetora, feliz, animada e me motiva. Para mim, a minha mãe é uma das maiores cantoras do mundo. O que ela tem de intuitivo, de dom, é muito fora da curva. Mas a mãe Sandra consegue superar e surpreender ainda mais. Se sou o que sou hoje, o meu lado bom e as coisas certas que faço vieram de Deus ou da minha mãe. E as ruins vieram de mim [risos]. Ela tem um trabalho muito genuíno, e eu aprendo isso com ela.

Wanessa Camargo, cantora

Zilu Godói e Wanessa Camargo. Foto: Arquivo Pessoal

Ela me ensina, ainda, que ser mãe não tem folga. Não é um trabalho que tem pausa no final de semana ou férias no fim do ano. É algo contínuo. É sobre o constante “ser”. Não há melhor forma de ensinar um filho, se não pelo exemplo.

Ana Castela, cantora

Ana Castela e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe é a minha inspiração. Foi olhando ela cantar que me deu vontade de seguir esse caminho. Ela é bem mãezona, briga quando tem que brigar, até com quem não deve, e faz tudo por mim e pela minha irmã.

Chaene da Gama, músico da banda Black Pantera

Chaene da Gama, da banda Black Pantera, com a mãe, Guiomar. Foto: Arquivo Pessoal

Eu não estaria aqui se não fosse a minha mãe, e isso vai muito além da parte biológica. Ela me ensina todos os dias o quão poderoso seu sorriso é diante de um mundo tão racista, me ensinou a ter fé em dias melhores, mesmo durante as adversidades. Eu via o que ela era capaz de fazer, eu aprendi com minha mãe a questionar e enfrentar o impossível. Viva Dona Guiomar, minha mãe, meu amor.

Fafá de Belém, cantora

Fafá de Belém e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi muitas coisas com a minha mãe. Ela detestava cozinhar. Ela aprendeu a cozinhar com a minha avó paterna. E ela que me ensinou a fazer o vatapá, a maniçoba. Ela resolvia fazer uma coisa, se dedicava e virava um gênio. Para usar as minhas roupas, era ela que fazia. E ela sempre tinha uma atividade que ela pudesse ter um dinheirinho dela. Então ela costurava, ela bordava. E adorava flores. Fazia enxerto de rosas.

Lembro da gente, aqui em São Paulo, indo para a Roselândia – hoje é outro nome, né? Holambra –, para ela aprender a fazer enxerto. Então, ela tinha um esmero, né? E uma privacidade, que eu acho que é a marca mais forte que ela me deixou. Eu nunca vi uma roupa íntima da mamãe no varal. Ela saía do quarto já com um batonzinho, um colarzinho de pérola. Sempre muito elegante. Sempre muito discreta.

Sou uma pessoa muito estabanada, sou muito barulhenta, sou volumosa. Mas ninguém entra na minha privacidade. Acho que, dessas coisas todas que falei, do cozinhar, do não me apertar, se preciso costurar uma roupa, fazer uma bainha, ou mesmo fazer um vestido, se tiver um molde, eu faço. Mas a privacidade é a sua privacidade. O público é público, o privado é privado.

Acho que a marca mais forte é essa. Divido as coisas e resolvo as coisas em casa. Alguns assuntos se falam apenas com a família. Não se manda recado para amigos. Chama-se o amigo, conversa em particular. E resolve-se.

Éramos quatro irmãos: três meninos e eu, a única menina e mulher. A mais nova de todos. Então, eu acho que essas delicadezas de minha mãe deixaram uma marca muito grande. E elegância, meu amor. Não se sai na rua de qualquer jeito. Você pode não estar com uma roupa de grife, mas, de qualquer jeito, não.

Então, é dessa mulher que tenho muita saudade. Parecia uma artista de cinema. Quando eu era criança, olhava a minha mãe, e ela era sempre impecável. É isso. A gente vai seguindo o melhor sempre, né? E ela deixou recordações, lembranças e conselhos maravilhosos que tento passar também para minha filha e minhas netas.

Drik Barbosa, cantora

Drik Barbosa e mãe, Dalva Barbosa. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que apesar de tantas pedras no caminho, o amor, a coragem e a esperança são combustíveis pra viver.

Andreas Kisser, músico

Andreas Kisser e Anna Maria Tarkusch. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe tinha a alma livre de artista, sempre me apoiou nas minhas decisões, me ensinou a não ter medo das mudanças e desafios, sempre me encorajou a estudar e a me preparar o melhor possível para a vida. Me ensinou a viver!

Chico Bernardes, músico

Chico Bernardes com a mãe, Lucila Toledo Bernardes, e os irmãos, a atriz Manuela Pereira e o também músico Tim Bernardes. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que devemos sempre cuidar das nossas relações com as pessoas, fazendo a manutenção com carinho e dedicação, assim moldando a beleza na felicidade que paira em nosso entorno e em quem nos cerca. Também aprendi que a ação gera tônus, vendo ela durante seus anos trabalhando como orientadora educacional, coordenadora de práticas inclusivas e psicanalista. Entre dias bons e dias difíceis, ela me ensinou que toda fase é passageira, e que devemos enfrentar os desafios pra desfrutar dos momentos de alegria.

Cleo, atriz e cantora

Cleo com a mãe, Glória Pires. Foto: Arquivo Pessoal

Os maiores conselhos que minha mãe que deu foram que a gente nasce sozinha e a gente morre sozinha e que temos que ter olho vivo e faro fino.

Ticiane Pinheiro, apresentadora

Helô Pinheiro e Ticiane Pinheiro. Foto: Flor de Lis/Divulgação

Sempre me inspirei na minha mãe, ela é meu ídolo! Um exemplo de mulher batalhadora, guerreira, com uma história de vida linda, sem escândalos. Ela me inspira todos os dias a buscar o melhor de mim, a sempre priorizar uma atitude positiva diante dos desafios. Desde que me entendo por gente, ela é o meu exemplo de empoderamento e vitalidade, e sua história me encoraja a abraçar cada fase da vida com entusiasmo.

Aprendo muito com ela, mas, sem dúvida, os valores que carrego comigo são a honestidade, integridade, responsabilidade e fazer o bem ao próximo. Cada passo que a minha mãe dá é um lembrete de que o sucesso não é apenas sobre aplausos e elogios, mas sobre a dedicação incansável aos seus princípios e a vontade de superar desafios.

Quando comecei a minha carreira profissional, quis fazer faculdade de jornalismo por causa dela, eu quis entrar na televisão por causa dela. Essa inspiração é um verdadeiro tesouro em minha vida, sou grata todos os dias por ter alguém tão especial como ela ao meu lado.

Rafaella Pinheiro Justus, influenciadora

Rafaella Justus e Ticiane Pinheiro. Foto: Arquivo Pessoal

A minha mãe é o maior orgulho que tenho na vida. Tenho orgulho da mulher que ela é, da carreira brilhante que ela construiu e da mãe, amiga, que posso contar em qualquer momento. Ela me ensina diariamente a ser Poliana [risos], ver um lado bom em tudo, mas é a sua autenticidade uma das lições que mais representa os ensinamentos que recebi. Com ela, aprendi o real significado das palavras honestidade e transparência. Aplico esses valores em tudo o que me proponho a fazer.

Sabrina Sato, apresentadora

Sabrina Sato e a mãe, Kika Sato Rahal. Foto: Arquivo Pessoal

Desde cedo, absorvi com a minha mãe a essência do respeito, do trabalho serio, da responsabilidade, do olhar positivo pra vida. A importância do esforço e dedicação moldaram minha compreensão sobre a vida e também a forma como cultivo a educação da Zoe com disciplina, humildade, gratidão, apreço pela família, pelo próximo, herdados com todo o amor de minha mãe e avós. Gosto muito de transmitir a Zoe a segurança e o incentivo que tanto recebi da Dona Kika e da minha família.

Flávia Alessandra, apresentadora

Flávia Alessandra ao lado da mãe e das filhas. Foto: Arquivo Pessoal

A maior lição que minha mãe me ensinou sobre maternidade é a importância de permitir que meus filhos trilhem o próprio caminho, com suas próprias pernas. Ela sempre enfatizou a necessidade de compreender o caráter e a moral, e valorizar a autonomia e a individualidade de cada criança. Em vez de impor nossas próprias ambições ou desejos sobre eles, devemos encorajá-los a descobrir e perseguir seus próprios sonhos, guiados por princípios, claro. Isso significa fornecer orientação e apoio, mas também dar espaço para que eles cresçam e se desenvolvam como indivíduos únicos. Isso não apenas fortalece o vínculo entre pais e filhos, mas também capacita as crianças a alcançarem seus objetivos com integridade e determinação.

Yasmin Brunet, modelo

Yasmin Brunet e Luiza Brunet. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe, desde criança, me ensinou que eu deveria ser sempre eu mesma e abraçar as minhas diferentes versões, dando o meu melhor, e a me amar exatamente do jeito que eu sou. E isso eu carrego comigo e lembro a todos os momentos, especialmente naqueles de insegurança.

Virginia Fonseca, influenciadora

Virginia Fonseca e a mãe, Margareth Serrão. Foto: Rogerio Pallatta/SBT/Divulgação

Ensinamentos mais marcantes: “Quer ter, trabalhe! Nunca espere que as coisas caiam do céu. E honre a família sempre, em todas as horas”.

Viih Tube, influenciadora

Viih Tube e a mãe, Viviane Di Felice. Foto: Arquivo Pessoal

Mãe, vou resumir a lição de vida que eu tive com você: Quando eu tinha meus 15 anos, com o meu primeiro namorado, você nunca me proibiu. Você sabia que não estava dando certo, que não me fazia bem, mas eu falava que ainda queria tentar. Você nunca forçou a barra, as coisas comigo, sempre deixou acontecer. Você sempre olhou para mim e falou: ‘Filha, você ainda quer tentar? Você acha que ainda vale a pena? Então tenta. Quebra a cara, quantas vezes for preciso, ou acredita em você, quantas vezes for preciso. Quando não for para ser algo, você vai sentir que não é para ser’.

E, na minha vida, foi sempre assim: nos meus três términos de relacionamento, eu tentei ao máximo e, quando eu vi que não era para ser, eu senti que não era para ser e não foi. Eu aprendi com você que, às vezes, tentar até a gente sentir que fez de tudo ou deu o nosso melhor – não só para relacionamento, mas por trabalhos, por ideias, por coisas… Faz bem para a gente sentir que a gente se dedicou ao máximo quando ainda vai do coração.

Quando eu sentia que algo ainda era de coração, eu dedicava a minha energia. Eu não era pessimista e, quando não era para ser, eu sentia que não era para ser. Por exemplo, o caso das web séries: eu tentei a primeira vez, recebi várias críticas, memes, várias coisas. Eu virei para você e falei: ‘Nossa, mãe. Não está dando certo’. Quase desisti. Você virou e falou: ‘Filha, mas não te faz bem? Você não gosta de fazer?’. Eu falei: ‘Gosto’. E você falou: ‘Então tenta de novo, vai por outra rota. Tenta de novo, vai dar certo’. E deu muito certo. Se não fosse o seu conselho, talvez eu tivesse desistido.

Então é isso: de ser leve com a gente, de confiar no instinto e no coração. ‘Seguir o coração’ é uma frase que eu prego desde os meus 15 anos. E isso vem da minha mãe. Se o seu coração está batendo forte, mesmo que as pessoas falem ‘você é trouxa’, ‘você é besta de fazer isso, de fazer aquilo’... Às vezes, em um trabalho ou em alguma coisa que não está dando certo, em alguém que você sabe que não está ‘vingando’, mas você está sentindo no seu coração que deve… Foi com a minha mãe que eu aprendi a ser assim.

E não me arrependo. Não me acho trouxa, não me acho nada. Eu acho que, quando as coisas são por amor, são pelo coração, elas valem muito a pena. Isso eu aprendi plenamente com ela. Quando você achar que ‘nossa, fiz de tudo agora, não dá mais’, você vai sentir. Ou, se você sentir que deu a volta por cima e deu certo, melhor ainda que você não tenha desistido.

Andar, falar, respeitar, viver, amar. Lições de mãe são daquelas que carregamos conosco, por vezes sem sequer perceber. Somos quem somos por elas, de alguma maneira.

E é para homenageá-las que o Estadão criou este especial dedicado ao Dia das Mães, com a seguinte pergunta: o que você aprendeu com a sua mãe?

Artistas, escritores e cantores falam de suas mães e contam uma lição, um conselho ou um arrependimento. Foto: Arquivo Pessoal e Flor de Lis/Divulgação

Convidamos escritores, cantores, apresentadores e influenciadores para responder qual foi o maior conselho já recebido ou um arrependimento que tiveram na relação com as mães.

Os relatos, assim como a lista, são diversos, sobre autoestima e perseverança, mas há algo comum entre eles: o amor. Leia os relatos abaixo.

Itamar Vieira Junior, escritor

Itamar Vieira Junior (esq.) ao lado da mãe, Tereza, e do irmão, Leandro. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe é, até hoje, uma pessoa comedida, que demonstra poucos afetos, mas que me ensinou coisas muito importantes, como ter disciplina. Em nossa casa, nós não acordávamos mais do que às 7h da manhã. Mesmo nos feriados e finais de semana, era importante que acordássemos para estudar e contribuir com as necessidades da casa.

Isso me deixou boas lições: como trabalhar, como me portar no mundo. Mas a lição mais importante é que minha mãe nunca levava desaforo para casa. Ela sempre erguia a cabeça e retrucava caso se considerasse correta. De alguma maneira, eu herdei isso dela, eu ando de cabeça erguida e respondo quando preciso responder. Eu acho que nos ensinar a nos defendermos, de alguma forma, também nos incutiu um espírito de sobrevivência, então eu aprendi a me defender desde cedo com ela.”

Vera Eunice de Jesus, professora e filha de Carolina Maria de Jesus

Vera Eunice de Jesus e Carolina Maria de Jesus Foto: Arquivo Pessoal

“Eu era muito agarrada com a minha mãe. Ela tinha muito cuidado e preocupação comigo por ser menina e morar na favela. Minha mãe cantava muito para os filhos, dançava, relembrando músicas africanas, – as quais ela ouvia em Sacramento, sua cidade natal –, imitava instrumentos com a boca e rodava a saia, girando pela cozinha. Nós nos divertíamos muito. Principalmente quando estávamos com fome, era a maneira que ela encontrava para que nos distraíssemos e dormíssemos.

Minha mãe conversava bastante conosco e nos contava como foi sua infância e como a família dela sofreu por serem negros e pobres, mas destacava sempre o seu avô pela sua sabedoria e inteligência, mesmo sendo analfabeto.

Carolina deixou uma lição de vida: as pessoas nunca devem desistir dos sonhos, mesmo que possam parecer inatingíveis. Ela é esta escritora, que, hoje, é reconhecida pelo mundo afora. Negra, cursou apenas um ano e meio na escola, mãe solo, com um filho de cada pai, e favelada. Nada a favorecia, mas tinha um sonho e lutou para realizá-lo.”

Natalia Timerman, escritora

A escritora Natalia Timerman ao lado da mãe. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe está viva, mas já se foi. Ela encarna a instabilidade verbal do Alzheimer, me lança a dúvida se falo dela no presente ou no passado. Ela ainda abraça – eu ainda a abraço, e procuro no cheiro novo dela o antigo. Aconteceu aos poucos, mas foi de repente que me dei conta de que ela já não era (é) mais a mesma, apesar de ainda ser. Sinto tanta falta da minha mãe: seu sorriso ao abrir a porta para mim, seu carinho, o cuidado. Suas ligações, que antes me pareciam tão excessivas. Esse é provavelmente meu maior arrependimento: ter agido como se minha mãe fosse durar para sempre.

Leandro Karnal, historiador e escritor

Leandro Karnal ao lado da mãe, Jacyr Karnal. Foto: Arquivo Pessoal

Depois de morar em uma pensão ao chegar a São Paulo, mudei-me para um apartamento pequeno em Pinheiros. Minha mãe veio me visitar. Desculpei-me pelo espaço limitado. Ela me disse algo sobre a felicidade não poder ser medida em metros quadrados, mas nos horizontes pela frente. Profetizou que eu cresceria sempre. Abraçou-me longamente e eu pensei que ali estava a pessoa que me amava em quaisquer cenários. Sinto muita falta dos abraços de dona Jacyr Karnal.

Paulo Miklos, músico

Músico Paulo Miklos e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Com Ivone, minha mãe, aprendi a amar incondicionalmente.

Jorge de Sá, ator

Jorge de Sá e sua mãe, Sandra de Sá Foto: Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação

Como mãe, ela é incrível, generosa, protetora, feliz, animada e me motiva. Para mim, a minha mãe é uma das maiores cantoras do mundo. O que ela tem de intuitivo, de dom, é muito fora da curva. Mas a mãe Sandra consegue superar e surpreender ainda mais. Se sou o que sou hoje, o meu lado bom e as coisas certas que faço vieram de Deus ou da minha mãe. E as ruins vieram de mim [risos]. Ela tem um trabalho muito genuíno, e eu aprendo isso com ela.

Wanessa Camargo, cantora

Zilu Godói e Wanessa Camargo. Foto: Arquivo Pessoal

Ela me ensina, ainda, que ser mãe não tem folga. Não é um trabalho que tem pausa no final de semana ou férias no fim do ano. É algo contínuo. É sobre o constante “ser”. Não há melhor forma de ensinar um filho, se não pelo exemplo.

Ana Castela, cantora

Ana Castela e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe é a minha inspiração. Foi olhando ela cantar que me deu vontade de seguir esse caminho. Ela é bem mãezona, briga quando tem que brigar, até com quem não deve, e faz tudo por mim e pela minha irmã.

Chaene da Gama, músico da banda Black Pantera

Chaene da Gama, da banda Black Pantera, com a mãe, Guiomar. Foto: Arquivo Pessoal

Eu não estaria aqui se não fosse a minha mãe, e isso vai muito além da parte biológica. Ela me ensina todos os dias o quão poderoso seu sorriso é diante de um mundo tão racista, me ensinou a ter fé em dias melhores, mesmo durante as adversidades. Eu via o que ela era capaz de fazer, eu aprendi com minha mãe a questionar e enfrentar o impossível. Viva Dona Guiomar, minha mãe, meu amor.

Fafá de Belém, cantora

Fafá de Belém e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi muitas coisas com a minha mãe. Ela detestava cozinhar. Ela aprendeu a cozinhar com a minha avó paterna. E ela que me ensinou a fazer o vatapá, a maniçoba. Ela resolvia fazer uma coisa, se dedicava e virava um gênio. Para usar as minhas roupas, era ela que fazia. E ela sempre tinha uma atividade que ela pudesse ter um dinheirinho dela. Então ela costurava, ela bordava. E adorava flores. Fazia enxerto de rosas.

Lembro da gente, aqui em São Paulo, indo para a Roselândia – hoje é outro nome, né? Holambra –, para ela aprender a fazer enxerto. Então, ela tinha um esmero, né? E uma privacidade, que eu acho que é a marca mais forte que ela me deixou. Eu nunca vi uma roupa íntima da mamãe no varal. Ela saía do quarto já com um batonzinho, um colarzinho de pérola. Sempre muito elegante. Sempre muito discreta.

Sou uma pessoa muito estabanada, sou muito barulhenta, sou volumosa. Mas ninguém entra na minha privacidade. Acho que, dessas coisas todas que falei, do cozinhar, do não me apertar, se preciso costurar uma roupa, fazer uma bainha, ou mesmo fazer um vestido, se tiver um molde, eu faço. Mas a privacidade é a sua privacidade. O público é público, o privado é privado.

Acho que a marca mais forte é essa. Divido as coisas e resolvo as coisas em casa. Alguns assuntos se falam apenas com a família. Não se manda recado para amigos. Chama-se o amigo, conversa em particular. E resolve-se.

Éramos quatro irmãos: três meninos e eu, a única menina e mulher. A mais nova de todos. Então, eu acho que essas delicadezas de minha mãe deixaram uma marca muito grande. E elegância, meu amor. Não se sai na rua de qualquer jeito. Você pode não estar com uma roupa de grife, mas, de qualquer jeito, não.

Então, é dessa mulher que tenho muita saudade. Parecia uma artista de cinema. Quando eu era criança, olhava a minha mãe, e ela era sempre impecável. É isso. A gente vai seguindo o melhor sempre, né? E ela deixou recordações, lembranças e conselhos maravilhosos que tento passar também para minha filha e minhas netas.

Drik Barbosa, cantora

Drik Barbosa e mãe, Dalva Barbosa. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que apesar de tantas pedras no caminho, o amor, a coragem e a esperança são combustíveis pra viver.

Andreas Kisser, músico

Andreas Kisser e Anna Maria Tarkusch. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe tinha a alma livre de artista, sempre me apoiou nas minhas decisões, me ensinou a não ter medo das mudanças e desafios, sempre me encorajou a estudar e a me preparar o melhor possível para a vida. Me ensinou a viver!

Chico Bernardes, músico

Chico Bernardes com a mãe, Lucila Toledo Bernardes, e os irmãos, a atriz Manuela Pereira e o também músico Tim Bernardes. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que devemos sempre cuidar das nossas relações com as pessoas, fazendo a manutenção com carinho e dedicação, assim moldando a beleza na felicidade que paira em nosso entorno e em quem nos cerca. Também aprendi que a ação gera tônus, vendo ela durante seus anos trabalhando como orientadora educacional, coordenadora de práticas inclusivas e psicanalista. Entre dias bons e dias difíceis, ela me ensinou que toda fase é passageira, e que devemos enfrentar os desafios pra desfrutar dos momentos de alegria.

Cleo, atriz e cantora

Cleo com a mãe, Glória Pires. Foto: Arquivo Pessoal

Os maiores conselhos que minha mãe que deu foram que a gente nasce sozinha e a gente morre sozinha e que temos que ter olho vivo e faro fino.

Ticiane Pinheiro, apresentadora

Helô Pinheiro e Ticiane Pinheiro. Foto: Flor de Lis/Divulgação

Sempre me inspirei na minha mãe, ela é meu ídolo! Um exemplo de mulher batalhadora, guerreira, com uma história de vida linda, sem escândalos. Ela me inspira todos os dias a buscar o melhor de mim, a sempre priorizar uma atitude positiva diante dos desafios. Desde que me entendo por gente, ela é o meu exemplo de empoderamento e vitalidade, e sua história me encoraja a abraçar cada fase da vida com entusiasmo.

Aprendo muito com ela, mas, sem dúvida, os valores que carrego comigo são a honestidade, integridade, responsabilidade e fazer o bem ao próximo. Cada passo que a minha mãe dá é um lembrete de que o sucesso não é apenas sobre aplausos e elogios, mas sobre a dedicação incansável aos seus princípios e a vontade de superar desafios.

Quando comecei a minha carreira profissional, quis fazer faculdade de jornalismo por causa dela, eu quis entrar na televisão por causa dela. Essa inspiração é um verdadeiro tesouro em minha vida, sou grata todos os dias por ter alguém tão especial como ela ao meu lado.

Rafaella Pinheiro Justus, influenciadora

Rafaella Justus e Ticiane Pinheiro. Foto: Arquivo Pessoal

A minha mãe é o maior orgulho que tenho na vida. Tenho orgulho da mulher que ela é, da carreira brilhante que ela construiu e da mãe, amiga, que posso contar em qualquer momento. Ela me ensina diariamente a ser Poliana [risos], ver um lado bom em tudo, mas é a sua autenticidade uma das lições que mais representa os ensinamentos que recebi. Com ela, aprendi o real significado das palavras honestidade e transparência. Aplico esses valores em tudo o que me proponho a fazer.

Sabrina Sato, apresentadora

Sabrina Sato e a mãe, Kika Sato Rahal. Foto: Arquivo Pessoal

Desde cedo, absorvi com a minha mãe a essência do respeito, do trabalho serio, da responsabilidade, do olhar positivo pra vida. A importância do esforço e dedicação moldaram minha compreensão sobre a vida e também a forma como cultivo a educação da Zoe com disciplina, humildade, gratidão, apreço pela família, pelo próximo, herdados com todo o amor de minha mãe e avós. Gosto muito de transmitir a Zoe a segurança e o incentivo que tanto recebi da Dona Kika e da minha família.

Flávia Alessandra, apresentadora

Flávia Alessandra ao lado da mãe e das filhas. Foto: Arquivo Pessoal

A maior lição que minha mãe me ensinou sobre maternidade é a importância de permitir que meus filhos trilhem o próprio caminho, com suas próprias pernas. Ela sempre enfatizou a necessidade de compreender o caráter e a moral, e valorizar a autonomia e a individualidade de cada criança. Em vez de impor nossas próprias ambições ou desejos sobre eles, devemos encorajá-los a descobrir e perseguir seus próprios sonhos, guiados por princípios, claro. Isso significa fornecer orientação e apoio, mas também dar espaço para que eles cresçam e se desenvolvam como indivíduos únicos. Isso não apenas fortalece o vínculo entre pais e filhos, mas também capacita as crianças a alcançarem seus objetivos com integridade e determinação.

Yasmin Brunet, modelo

Yasmin Brunet e Luiza Brunet. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe, desde criança, me ensinou que eu deveria ser sempre eu mesma e abraçar as minhas diferentes versões, dando o meu melhor, e a me amar exatamente do jeito que eu sou. E isso eu carrego comigo e lembro a todos os momentos, especialmente naqueles de insegurança.

Virginia Fonseca, influenciadora

Virginia Fonseca e a mãe, Margareth Serrão. Foto: Rogerio Pallatta/SBT/Divulgação

Ensinamentos mais marcantes: “Quer ter, trabalhe! Nunca espere que as coisas caiam do céu. E honre a família sempre, em todas as horas”.

Viih Tube, influenciadora

Viih Tube e a mãe, Viviane Di Felice. Foto: Arquivo Pessoal

Mãe, vou resumir a lição de vida que eu tive com você: Quando eu tinha meus 15 anos, com o meu primeiro namorado, você nunca me proibiu. Você sabia que não estava dando certo, que não me fazia bem, mas eu falava que ainda queria tentar. Você nunca forçou a barra, as coisas comigo, sempre deixou acontecer. Você sempre olhou para mim e falou: ‘Filha, você ainda quer tentar? Você acha que ainda vale a pena? Então tenta. Quebra a cara, quantas vezes for preciso, ou acredita em você, quantas vezes for preciso. Quando não for para ser algo, você vai sentir que não é para ser’.

E, na minha vida, foi sempre assim: nos meus três términos de relacionamento, eu tentei ao máximo e, quando eu vi que não era para ser, eu senti que não era para ser e não foi. Eu aprendi com você que, às vezes, tentar até a gente sentir que fez de tudo ou deu o nosso melhor – não só para relacionamento, mas por trabalhos, por ideias, por coisas… Faz bem para a gente sentir que a gente se dedicou ao máximo quando ainda vai do coração.

Quando eu sentia que algo ainda era de coração, eu dedicava a minha energia. Eu não era pessimista e, quando não era para ser, eu sentia que não era para ser. Por exemplo, o caso das web séries: eu tentei a primeira vez, recebi várias críticas, memes, várias coisas. Eu virei para você e falei: ‘Nossa, mãe. Não está dando certo’. Quase desisti. Você virou e falou: ‘Filha, mas não te faz bem? Você não gosta de fazer?’. Eu falei: ‘Gosto’. E você falou: ‘Então tenta de novo, vai por outra rota. Tenta de novo, vai dar certo’. E deu muito certo. Se não fosse o seu conselho, talvez eu tivesse desistido.

Então é isso: de ser leve com a gente, de confiar no instinto e no coração. ‘Seguir o coração’ é uma frase que eu prego desde os meus 15 anos. E isso vem da minha mãe. Se o seu coração está batendo forte, mesmo que as pessoas falem ‘você é trouxa’, ‘você é besta de fazer isso, de fazer aquilo’... Às vezes, em um trabalho ou em alguma coisa que não está dando certo, em alguém que você sabe que não está ‘vingando’, mas você está sentindo no seu coração que deve… Foi com a minha mãe que eu aprendi a ser assim.

E não me arrependo. Não me acho trouxa, não me acho nada. Eu acho que, quando as coisas são por amor, são pelo coração, elas valem muito a pena. Isso eu aprendi plenamente com ela. Quando você achar que ‘nossa, fiz de tudo agora, não dá mais’, você vai sentir. Ou, se você sentir que deu a volta por cima e deu certo, melhor ainda que você não tenha desistido.

Andar, falar, respeitar, viver, amar. Lições de mãe são daquelas que carregamos conosco, por vezes sem sequer perceber. Somos quem somos por elas, de alguma maneira.

E é para homenageá-las que o Estadão criou este especial dedicado ao Dia das Mães, com a seguinte pergunta: o que você aprendeu com a sua mãe?

Artistas, escritores e cantores falam de suas mães e contam uma lição, um conselho ou um arrependimento. Foto: Arquivo Pessoal e Flor de Lis/Divulgação

Convidamos escritores, cantores, apresentadores e influenciadores para responder qual foi o maior conselho já recebido ou um arrependimento que tiveram na relação com as mães.

Os relatos, assim como a lista, são diversos, sobre autoestima e perseverança, mas há algo comum entre eles: o amor. Leia os relatos abaixo.

Itamar Vieira Junior, escritor

Itamar Vieira Junior (esq.) ao lado da mãe, Tereza, e do irmão, Leandro. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe é, até hoje, uma pessoa comedida, que demonstra poucos afetos, mas que me ensinou coisas muito importantes, como ter disciplina. Em nossa casa, nós não acordávamos mais do que às 7h da manhã. Mesmo nos feriados e finais de semana, era importante que acordássemos para estudar e contribuir com as necessidades da casa.

Isso me deixou boas lições: como trabalhar, como me portar no mundo. Mas a lição mais importante é que minha mãe nunca levava desaforo para casa. Ela sempre erguia a cabeça e retrucava caso se considerasse correta. De alguma maneira, eu herdei isso dela, eu ando de cabeça erguida e respondo quando preciso responder. Eu acho que nos ensinar a nos defendermos, de alguma forma, também nos incutiu um espírito de sobrevivência, então eu aprendi a me defender desde cedo com ela.”

Vera Eunice de Jesus, professora e filha de Carolina Maria de Jesus

Vera Eunice de Jesus e Carolina Maria de Jesus Foto: Arquivo Pessoal

“Eu era muito agarrada com a minha mãe. Ela tinha muito cuidado e preocupação comigo por ser menina e morar na favela. Minha mãe cantava muito para os filhos, dançava, relembrando músicas africanas, – as quais ela ouvia em Sacramento, sua cidade natal –, imitava instrumentos com a boca e rodava a saia, girando pela cozinha. Nós nos divertíamos muito. Principalmente quando estávamos com fome, era a maneira que ela encontrava para que nos distraíssemos e dormíssemos.

Minha mãe conversava bastante conosco e nos contava como foi sua infância e como a família dela sofreu por serem negros e pobres, mas destacava sempre o seu avô pela sua sabedoria e inteligência, mesmo sendo analfabeto.

Carolina deixou uma lição de vida: as pessoas nunca devem desistir dos sonhos, mesmo que possam parecer inatingíveis. Ela é esta escritora, que, hoje, é reconhecida pelo mundo afora. Negra, cursou apenas um ano e meio na escola, mãe solo, com um filho de cada pai, e favelada. Nada a favorecia, mas tinha um sonho e lutou para realizá-lo.”

Natalia Timerman, escritora

A escritora Natalia Timerman ao lado da mãe. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe está viva, mas já se foi. Ela encarna a instabilidade verbal do Alzheimer, me lança a dúvida se falo dela no presente ou no passado. Ela ainda abraça – eu ainda a abraço, e procuro no cheiro novo dela o antigo. Aconteceu aos poucos, mas foi de repente que me dei conta de que ela já não era (é) mais a mesma, apesar de ainda ser. Sinto tanta falta da minha mãe: seu sorriso ao abrir a porta para mim, seu carinho, o cuidado. Suas ligações, que antes me pareciam tão excessivas. Esse é provavelmente meu maior arrependimento: ter agido como se minha mãe fosse durar para sempre.

Leandro Karnal, historiador e escritor

Leandro Karnal ao lado da mãe, Jacyr Karnal. Foto: Arquivo Pessoal

Depois de morar em uma pensão ao chegar a São Paulo, mudei-me para um apartamento pequeno em Pinheiros. Minha mãe veio me visitar. Desculpei-me pelo espaço limitado. Ela me disse algo sobre a felicidade não poder ser medida em metros quadrados, mas nos horizontes pela frente. Profetizou que eu cresceria sempre. Abraçou-me longamente e eu pensei que ali estava a pessoa que me amava em quaisquer cenários. Sinto muita falta dos abraços de dona Jacyr Karnal.

Paulo Miklos, músico

Músico Paulo Miklos e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Com Ivone, minha mãe, aprendi a amar incondicionalmente.

Jorge de Sá, ator

Jorge de Sá e sua mãe, Sandra de Sá Foto: Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação

Como mãe, ela é incrível, generosa, protetora, feliz, animada e me motiva. Para mim, a minha mãe é uma das maiores cantoras do mundo. O que ela tem de intuitivo, de dom, é muito fora da curva. Mas a mãe Sandra consegue superar e surpreender ainda mais. Se sou o que sou hoje, o meu lado bom e as coisas certas que faço vieram de Deus ou da minha mãe. E as ruins vieram de mim [risos]. Ela tem um trabalho muito genuíno, e eu aprendo isso com ela.

Wanessa Camargo, cantora

Zilu Godói e Wanessa Camargo. Foto: Arquivo Pessoal

Ela me ensina, ainda, que ser mãe não tem folga. Não é um trabalho que tem pausa no final de semana ou férias no fim do ano. É algo contínuo. É sobre o constante “ser”. Não há melhor forma de ensinar um filho, se não pelo exemplo.

Ana Castela, cantora

Ana Castela e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe é a minha inspiração. Foi olhando ela cantar que me deu vontade de seguir esse caminho. Ela é bem mãezona, briga quando tem que brigar, até com quem não deve, e faz tudo por mim e pela minha irmã.

Chaene da Gama, músico da banda Black Pantera

Chaene da Gama, da banda Black Pantera, com a mãe, Guiomar. Foto: Arquivo Pessoal

Eu não estaria aqui se não fosse a minha mãe, e isso vai muito além da parte biológica. Ela me ensina todos os dias o quão poderoso seu sorriso é diante de um mundo tão racista, me ensinou a ter fé em dias melhores, mesmo durante as adversidades. Eu via o que ela era capaz de fazer, eu aprendi com minha mãe a questionar e enfrentar o impossível. Viva Dona Guiomar, minha mãe, meu amor.

Fafá de Belém, cantora

Fafá de Belém e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi muitas coisas com a minha mãe. Ela detestava cozinhar. Ela aprendeu a cozinhar com a minha avó paterna. E ela que me ensinou a fazer o vatapá, a maniçoba. Ela resolvia fazer uma coisa, se dedicava e virava um gênio. Para usar as minhas roupas, era ela que fazia. E ela sempre tinha uma atividade que ela pudesse ter um dinheirinho dela. Então ela costurava, ela bordava. E adorava flores. Fazia enxerto de rosas.

Lembro da gente, aqui em São Paulo, indo para a Roselândia – hoje é outro nome, né? Holambra –, para ela aprender a fazer enxerto. Então, ela tinha um esmero, né? E uma privacidade, que eu acho que é a marca mais forte que ela me deixou. Eu nunca vi uma roupa íntima da mamãe no varal. Ela saía do quarto já com um batonzinho, um colarzinho de pérola. Sempre muito elegante. Sempre muito discreta.

Sou uma pessoa muito estabanada, sou muito barulhenta, sou volumosa. Mas ninguém entra na minha privacidade. Acho que, dessas coisas todas que falei, do cozinhar, do não me apertar, se preciso costurar uma roupa, fazer uma bainha, ou mesmo fazer um vestido, se tiver um molde, eu faço. Mas a privacidade é a sua privacidade. O público é público, o privado é privado.

Acho que a marca mais forte é essa. Divido as coisas e resolvo as coisas em casa. Alguns assuntos se falam apenas com a família. Não se manda recado para amigos. Chama-se o amigo, conversa em particular. E resolve-se.

Éramos quatro irmãos: três meninos e eu, a única menina e mulher. A mais nova de todos. Então, eu acho que essas delicadezas de minha mãe deixaram uma marca muito grande. E elegância, meu amor. Não se sai na rua de qualquer jeito. Você pode não estar com uma roupa de grife, mas, de qualquer jeito, não.

Então, é dessa mulher que tenho muita saudade. Parecia uma artista de cinema. Quando eu era criança, olhava a minha mãe, e ela era sempre impecável. É isso. A gente vai seguindo o melhor sempre, né? E ela deixou recordações, lembranças e conselhos maravilhosos que tento passar também para minha filha e minhas netas.

Drik Barbosa, cantora

Drik Barbosa e mãe, Dalva Barbosa. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que apesar de tantas pedras no caminho, o amor, a coragem e a esperança são combustíveis pra viver.

Andreas Kisser, músico

Andreas Kisser e Anna Maria Tarkusch. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe tinha a alma livre de artista, sempre me apoiou nas minhas decisões, me ensinou a não ter medo das mudanças e desafios, sempre me encorajou a estudar e a me preparar o melhor possível para a vida. Me ensinou a viver!

Chico Bernardes, músico

Chico Bernardes com a mãe, Lucila Toledo Bernardes, e os irmãos, a atriz Manuela Pereira e o também músico Tim Bernardes. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que devemos sempre cuidar das nossas relações com as pessoas, fazendo a manutenção com carinho e dedicação, assim moldando a beleza na felicidade que paira em nosso entorno e em quem nos cerca. Também aprendi que a ação gera tônus, vendo ela durante seus anos trabalhando como orientadora educacional, coordenadora de práticas inclusivas e psicanalista. Entre dias bons e dias difíceis, ela me ensinou que toda fase é passageira, e que devemos enfrentar os desafios pra desfrutar dos momentos de alegria.

Cleo, atriz e cantora

Cleo com a mãe, Glória Pires. Foto: Arquivo Pessoal

Os maiores conselhos que minha mãe que deu foram que a gente nasce sozinha e a gente morre sozinha e que temos que ter olho vivo e faro fino.

Ticiane Pinheiro, apresentadora

Helô Pinheiro e Ticiane Pinheiro. Foto: Flor de Lis/Divulgação

Sempre me inspirei na minha mãe, ela é meu ídolo! Um exemplo de mulher batalhadora, guerreira, com uma história de vida linda, sem escândalos. Ela me inspira todos os dias a buscar o melhor de mim, a sempre priorizar uma atitude positiva diante dos desafios. Desde que me entendo por gente, ela é o meu exemplo de empoderamento e vitalidade, e sua história me encoraja a abraçar cada fase da vida com entusiasmo.

Aprendo muito com ela, mas, sem dúvida, os valores que carrego comigo são a honestidade, integridade, responsabilidade e fazer o bem ao próximo. Cada passo que a minha mãe dá é um lembrete de que o sucesso não é apenas sobre aplausos e elogios, mas sobre a dedicação incansável aos seus princípios e a vontade de superar desafios.

Quando comecei a minha carreira profissional, quis fazer faculdade de jornalismo por causa dela, eu quis entrar na televisão por causa dela. Essa inspiração é um verdadeiro tesouro em minha vida, sou grata todos os dias por ter alguém tão especial como ela ao meu lado.

Rafaella Pinheiro Justus, influenciadora

Rafaella Justus e Ticiane Pinheiro. Foto: Arquivo Pessoal

A minha mãe é o maior orgulho que tenho na vida. Tenho orgulho da mulher que ela é, da carreira brilhante que ela construiu e da mãe, amiga, que posso contar em qualquer momento. Ela me ensina diariamente a ser Poliana [risos], ver um lado bom em tudo, mas é a sua autenticidade uma das lições que mais representa os ensinamentos que recebi. Com ela, aprendi o real significado das palavras honestidade e transparência. Aplico esses valores em tudo o que me proponho a fazer.

Sabrina Sato, apresentadora

Sabrina Sato e a mãe, Kika Sato Rahal. Foto: Arquivo Pessoal

Desde cedo, absorvi com a minha mãe a essência do respeito, do trabalho serio, da responsabilidade, do olhar positivo pra vida. A importância do esforço e dedicação moldaram minha compreensão sobre a vida e também a forma como cultivo a educação da Zoe com disciplina, humildade, gratidão, apreço pela família, pelo próximo, herdados com todo o amor de minha mãe e avós. Gosto muito de transmitir a Zoe a segurança e o incentivo que tanto recebi da Dona Kika e da minha família.

Flávia Alessandra, apresentadora

Flávia Alessandra ao lado da mãe e das filhas. Foto: Arquivo Pessoal

A maior lição que minha mãe me ensinou sobre maternidade é a importância de permitir que meus filhos trilhem o próprio caminho, com suas próprias pernas. Ela sempre enfatizou a necessidade de compreender o caráter e a moral, e valorizar a autonomia e a individualidade de cada criança. Em vez de impor nossas próprias ambições ou desejos sobre eles, devemos encorajá-los a descobrir e perseguir seus próprios sonhos, guiados por princípios, claro. Isso significa fornecer orientação e apoio, mas também dar espaço para que eles cresçam e se desenvolvam como indivíduos únicos. Isso não apenas fortalece o vínculo entre pais e filhos, mas também capacita as crianças a alcançarem seus objetivos com integridade e determinação.

Yasmin Brunet, modelo

Yasmin Brunet e Luiza Brunet. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe, desde criança, me ensinou que eu deveria ser sempre eu mesma e abraçar as minhas diferentes versões, dando o meu melhor, e a me amar exatamente do jeito que eu sou. E isso eu carrego comigo e lembro a todos os momentos, especialmente naqueles de insegurança.

Virginia Fonseca, influenciadora

Virginia Fonseca e a mãe, Margareth Serrão. Foto: Rogerio Pallatta/SBT/Divulgação

Ensinamentos mais marcantes: “Quer ter, trabalhe! Nunca espere que as coisas caiam do céu. E honre a família sempre, em todas as horas”.

Viih Tube, influenciadora

Viih Tube e a mãe, Viviane Di Felice. Foto: Arquivo Pessoal

Mãe, vou resumir a lição de vida que eu tive com você: Quando eu tinha meus 15 anos, com o meu primeiro namorado, você nunca me proibiu. Você sabia que não estava dando certo, que não me fazia bem, mas eu falava que ainda queria tentar. Você nunca forçou a barra, as coisas comigo, sempre deixou acontecer. Você sempre olhou para mim e falou: ‘Filha, você ainda quer tentar? Você acha que ainda vale a pena? Então tenta. Quebra a cara, quantas vezes for preciso, ou acredita em você, quantas vezes for preciso. Quando não for para ser algo, você vai sentir que não é para ser’.

E, na minha vida, foi sempre assim: nos meus três términos de relacionamento, eu tentei ao máximo e, quando eu vi que não era para ser, eu senti que não era para ser e não foi. Eu aprendi com você que, às vezes, tentar até a gente sentir que fez de tudo ou deu o nosso melhor – não só para relacionamento, mas por trabalhos, por ideias, por coisas… Faz bem para a gente sentir que a gente se dedicou ao máximo quando ainda vai do coração.

Quando eu sentia que algo ainda era de coração, eu dedicava a minha energia. Eu não era pessimista e, quando não era para ser, eu sentia que não era para ser. Por exemplo, o caso das web séries: eu tentei a primeira vez, recebi várias críticas, memes, várias coisas. Eu virei para você e falei: ‘Nossa, mãe. Não está dando certo’. Quase desisti. Você virou e falou: ‘Filha, mas não te faz bem? Você não gosta de fazer?’. Eu falei: ‘Gosto’. E você falou: ‘Então tenta de novo, vai por outra rota. Tenta de novo, vai dar certo’. E deu muito certo. Se não fosse o seu conselho, talvez eu tivesse desistido.

Então é isso: de ser leve com a gente, de confiar no instinto e no coração. ‘Seguir o coração’ é uma frase que eu prego desde os meus 15 anos. E isso vem da minha mãe. Se o seu coração está batendo forte, mesmo que as pessoas falem ‘você é trouxa’, ‘você é besta de fazer isso, de fazer aquilo’... Às vezes, em um trabalho ou em alguma coisa que não está dando certo, em alguém que você sabe que não está ‘vingando’, mas você está sentindo no seu coração que deve… Foi com a minha mãe que eu aprendi a ser assim.

E não me arrependo. Não me acho trouxa, não me acho nada. Eu acho que, quando as coisas são por amor, são pelo coração, elas valem muito a pena. Isso eu aprendi plenamente com ela. Quando você achar que ‘nossa, fiz de tudo agora, não dá mais’, você vai sentir. Ou, se você sentir que deu a volta por cima e deu certo, melhor ainda que você não tenha desistido.

Andar, falar, respeitar, viver, amar. Lições de mãe são daquelas que carregamos conosco, por vezes sem sequer perceber. Somos quem somos por elas, de alguma maneira.

E é para homenageá-las que o Estadão criou este especial dedicado ao Dia das Mães, com a seguinte pergunta: o que você aprendeu com a sua mãe?

Artistas, escritores e cantores falam de suas mães e contam uma lição, um conselho ou um arrependimento. Foto: Arquivo Pessoal e Flor de Lis/Divulgação

Convidamos escritores, cantores, apresentadores e influenciadores para responder qual foi o maior conselho já recebido ou um arrependimento que tiveram na relação com as mães.

Os relatos, assim como a lista, são diversos, sobre autoestima e perseverança, mas há algo comum entre eles: o amor. Leia os relatos abaixo.

Itamar Vieira Junior, escritor

Itamar Vieira Junior (esq.) ao lado da mãe, Tereza, e do irmão, Leandro. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe é, até hoje, uma pessoa comedida, que demonstra poucos afetos, mas que me ensinou coisas muito importantes, como ter disciplina. Em nossa casa, nós não acordávamos mais do que às 7h da manhã. Mesmo nos feriados e finais de semana, era importante que acordássemos para estudar e contribuir com as necessidades da casa.

Isso me deixou boas lições: como trabalhar, como me portar no mundo. Mas a lição mais importante é que minha mãe nunca levava desaforo para casa. Ela sempre erguia a cabeça e retrucava caso se considerasse correta. De alguma maneira, eu herdei isso dela, eu ando de cabeça erguida e respondo quando preciso responder. Eu acho que nos ensinar a nos defendermos, de alguma forma, também nos incutiu um espírito de sobrevivência, então eu aprendi a me defender desde cedo com ela.”

Vera Eunice de Jesus, professora e filha de Carolina Maria de Jesus

Vera Eunice de Jesus e Carolina Maria de Jesus Foto: Arquivo Pessoal

“Eu era muito agarrada com a minha mãe. Ela tinha muito cuidado e preocupação comigo por ser menina e morar na favela. Minha mãe cantava muito para os filhos, dançava, relembrando músicas africanas, – as quais ela ouvia em Sacramento, sua cidade natal –, imitava instrumentos com a boca e rodava a saia, girando pela cozinha. Nós nos divertíamos muito. Principalmente quando estávamos com fome, era a maneira que ela encontrava para que nos distraíssemos e dormíssemos.

Minha mãe conversava bastante conosco e nos contava como foi sua infância e como a família dela sofreu por serem negros e pobres, mas destacava sempre o seu avô pela sua sabedoria e inteligência, mesmo sendo analfabeto.

Carolina deixou uma lição de vida: as pessoas nunca devem desistir dos sonhos, mesmo que possam parecer inatingíveis. Ela é esta escritora, que, hoje, é reconhecida pelo mundo afora. Negra, cursou apenas um ano e meio na escola, mãe solo, com um filho de cada pai, e favelada. Nada a favorecia, mas tinha um sonho e lutou para realizá-lo.”

Natalia Timerman, escritora

A escritora Natalia Timerman ao lado da mãe. Foto: Arquivo Pessoal

“Minha mãe está viva, mas já se foi. Ela encarna a instabilidade verbal do Alzheimer, me lança a dúvida se falo dela no presente ou no passado. Ela ainda abraça – eu ainda a abraço, e procuro no cheiro novo dela o antigo. Aconteceu aos poucos, mas foi de repente que me dei conta de que ela já não era (é) mais a mesma, apesar de ainda ser. Sinto tanta falta da minha mãe: seu sorriso ao abrir a porta para mim, seu carinho, o cuidado. Suas ligações, que antes me pareciam tão excessivas. Esse é provavelmente meu maior arrependimento: ter agido como se minha mãe fosse durar para sempre.

Leandro Karnal, historiador e escritor

Leandro Karnal ao lado da mãe, Jacyr Karnal. Foto: Arquivo Pessoal

Depois de morar em uma pensão ao chegar a São Paulo, mudei-me para um apartamento pequeno em Pinheiros. Minha mãe veio me visitar. Desculpei-me pelo espaço limitado. Ela me disse algo sobre a felicidade não poder ser medida em metros quadrados, mas nos horizontes pela frente. Profetizou que eu cresceria sempre. Abraçou-me longamente e eu pensei que ali estava a pessoa que me amava em quaisquer cenários. Sinto muita falta dos abraços de dona Jacyr Karnal.

Paulo Miklos, músico

Músico Paulo Miklos e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Com Ivone, minha mãe, aprendi a amar incondicionalmente.

Jorge de Sá, ator

Jorge de Sá e sua mãe, Sandra de Sá Foto: Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação

Como mãe, ela é incrível, generosa, protetora, feliz, animada e me motiva. Para mim, a minha mãe é uma das maiores cantoras do mundo. O que ela tem de intuitivo, de dom, é muito fora da curva. Mas a mãe Sandra consegue superar e surpreender ainda mais. Se sou o que sou hoje, o meu lado bom e as coisas certas que faço vieram de Deus ou da minha mãe. E as ruins vieram de mim [risos]. Ela tem um trabalho muito genuíno, e eu aprendo isso com ela.

Wanessa Camargo, cantora

Zilu Godói e Wanessa Camargo. Foto: Arquivo Pessoal

Ela me ensina, ainda, que ser mãe não tem folga. Não é um trabalho que tem pausa no final de semana ou férias no fim do ano. É algo contínuo. É sobre o constante “ser”. Não há melhor forma de ensinar um filho, se não pelo exemplo.

Ana Castela, cantora

Ana Castela e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe é a minha inspiração. Foi olhando ela cantar que me deu vontade de seguir esse caminho. Ela é bem mãezona, briga quando tem que brigar, até com quem não deve, e faz tudo por mim e pela minha irmã.

Chaene da Gama, músico da banda Black Pantera

Chaene da Gama, da banda Black Pantera, com a mãe, Guiomar. Foto: Arquivo Pessoal

Eu não estaria aqui se não fosse a minha mãe, e isso vai muito além da parte biológica. Ela me ensina todos os dias o quão poderoso seu sorriso é diante de um mundo tão racista, me ensinou a ter fé em dias melhores, mesmo durante as adversidades. Eu via o que ela era capaz de fazer, eu aprendi com minha mãe a questionar e enfrentar o impossível. Viva Dona Guiomar, minha mãe, meu amor.

Fafá de Belém, cantora

Fafá de Belém e a mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi muitas coisas com a minha mãe. Ela detestava cozinhar. Ela aprendeu a cozinhar com a minha avó paterna. E ela que me ensinou a fazer o vatapá, a maniçoba. Ela resolvia fazer uma coisa, se dedicava e virava um gênio. Para usar as minhas roupas, era ela que fazia. E ela sempre tinha uma atividade que ela pudesse ter um dinheirinho dela. Então ela costurava, ela bordava. E adorava flores. Fazia enxerto de rosas.

Lembro da gente, aqui em São Paulo, indo para a Roselândia – hoje é outro nome, né? Holambra –, para ela aprender a fazer enxerto. Então, ela tinha um esmero, né? E uma privacidade, que eu acho que é a marca mais forte que ela me deixou. Eu nunca vi uma roupa íntima da mamãe no varal. Ela saía do quarto já com um batonzinho, um colarzinho de pérola. Sempre muito elegante. Sempre muito discreta.

Sou uma pessoa muito estabanada, sou muito barulhenta, sou volumosa. Mas ninguém entra na minha privacidade. Acho que, dessas coisas todas que falei, do cozinhar, do não me apertar, se preciso costurar uma roupa, fazer uma bainha, ou mesmo fazer um vestido, se tiver um molde, eu faço. Mas a privacidade é a sua privacidade. O público é público, o privado é privado.

Acho que a marca mais forte é essa. Divido as coisas e resolvo as coisas em casa. Alguns assuntos se falam apenas com a família. Não se manda recado para amigos. Chama-se o amigo, conversa em particular. E resolve-se.

Éramos quatro irmãos: três meninos e eu, a única menina e mulher. A mais nova de todos. Então, eu acho que essas delicadezas de minha mãe deixaram uma marca muito grande. E elegância, meu amor. Não se sai na rua de qualquer jeito. Você pode não estar com uma roupa de grife, mas, de qualquer jeito, não.

Então, é dessa mulher que tenho muita saudade. Parecia uma artista de cinema. Quando eu era criança, olhava a minha mãe, e ela era sempre impecável. É isso. A gente vai seguindo o melhor sempre, né? E ela deixou recordações, lembranças e conselhos maravilhosos que tento passar também para minha filha e minhas netas.

Drik Barbosa, cantora

Drik Barbosa e mãe, Dalva Barbosa. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que apesar de tantas pedras no caminho, o amor, a coragem e a esperança são combustíveis pra viver.

Andreas Kisser, músico

Andreas Kisser e Anna Maria Tarkusch. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe tinha a alma livre de artista, sempre me apoiou nas minhas decisões, me ensinou a não ter medo das mudanças e desafios, sempre me encorajou a estudar e a me preparar o melhor possível para a vida. Me ensinou a viver!

Chico Bernardes, músico

Chico Bernardes com a mãe, Lucila Toledo Bernardes, e os irmãos, a atriz Manuela Pereira e o também músico Tim Bernardes. Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi com minha mãe que devemos sempre cuidar das nossas relações com as pessoas, fazendo a manutenção com carinho e dedicação, assim moldando a beleza na felicidade que paira em nosso entorno e em quem nos cerca. Também aprendi que a ação gera tônus, vendo ela durante seus anos trabalhando como orientadora educacional, coordenadora de práticas inclusivas e psicanalista. Entre dias bons e dias difíceis, ela me ensinou que toda fase é passageira, e que devemos enfrentar os desafios pra desfrutar dos momentos de alegria.

Cleo, atriz e cantora

Cleo com a mãe, Glória Pires. Foto: Arquivo Pessoal

Os maiores conselhos que minha mãe que deu foram que a gente nasce sozinha e a gente morre sozinha e que temos que ter olho vivo e faro fino.

Ticiane Pinheiro, apresentadora

Helô Pinheiro e Ticiane Pinheiro. Foto: Flor de Lis/Divulgação

Sempre me inspirei na minha mãe, ela é meu ídolo! Um exemplo de mulher batalhadora, guerreira, com uma história de vida linda, sem escândalos. Ela me inspira todos os dias a buscar o melhor de mim, a sempre priorizar uma atitude positiva diante dos desafios. Desde que me entendo por gente, ela é o meu exemplo de empoderamento e vitalidade, e sua história me encoraja a abraçar cada fase da vida com entusiasmo.

Aprendo muito com ela, mas, sem dúvida, os valores que carrego comigo são a honestidade, integridade, responsabilidade e fazer o bem ao próximo. Cada passo que a minha mãe dá é um lembrete de que o sucesso não é apenas sobre aplausos e elogios, mas sobre a dedicação incansável aos seus princípios e a vontade de superar desafios.

Quando comecei a minha carreira profissional, quis fazer faculdade de jornalismo por causa dela, eu quis entrar na televisão por causa dela. Essa inspiração é um verdadeiro tesouro em minha vida, sou grata todos os dias por ter alguém tão especial como ela ao meu lado.

Rafaella Pinheiro Justus, influenciadora

Rafaella Justus e Ticiane Pinheiro. Foto: Arquivo Pessoal

A minha mãe é o maior orgulho que tenho na vida. Tenho orgulho da mulher que ela é, da carreira brilhante que ela construiu e da mãe, amiga, que posso contar em qualquer momento. Ela me ensina diariamente a ser Poliana [risos], ver um lado bom em tudo, mas é a sua autenticidade uma das lições que mais representa os ensinamentos que recebi. Com ela, aprendi o real significado das palavras honestidade e transparência. Aplico esses valores em tudo o que me proponho a fazer.

Sabrina Sato, apresentadora

Sabrina Sato e a mãe, Kika Sato Rahal. Foto: Arquivo Pessoal

Desde cedo, absorvi com a minha mãe a essência do respeito, do trabalho serio, da responsabilidade, do olhar positivo pra vida. A importância do esforço e dedicação moldaram minha compreensão sobre a vida e também a forma como cultivo a educação da Zoe com disciplina, humildade, gratidão, apreço pela família, pelo próximo, herdados com todo o amor de minha mãe e avós. Gosto muito de transmitir a Zoe a segurança e o incentivo que tanto recebi da Dona Kika e da minha família.

Flávia Alessandra, apresentadora

Flávia Alessandra ao lado da mãe e das filhas. Foto: Arquivo Pessoal

A maior lição que minha mãe me ensinou sobre maternidade é a importância de permitir que meus filhos trilhem o próprio caminho, com suas próprias pernas. Ela sempre enfatizou a necessidade de compreender o caráter e a moral, e valorizar a autonomia e a individualidade de cada criança. Em vez de impor nossas próprias ambições ou desejos sobre eles, devemos encorajá-los a descobrir e perseguir seus próprios sonhos, guiados por princípios, claro. Isso significa fornecer orientação e apoio, mas também dar espaço para que eles cresçam e se desenvolvam como indivíduos únicos. Isso não apenas fortalece o vínculo entre pais e filhos, mas também capacita as crianças a alcançarem seus objetivos com integridade e determinação.

Yasmin Brunet, modelo

Yasmin Brunet e Luiza Brunet. Foto: Arquivo Pessoal

Minha mãe, desde criança, me ensinou que eu deveria ser sempre eu mesma e abraçar as minhas diferentes versões, dando o meu melhor, e a me amar exatamente do jeito que eu sou. E isso eu carrego comigo e lembro a todos os momentos, especialmente naqueles de insegurança.

Virginia Fonseca, influenciadora

Virginia Fonseca e a mãe, Margareth Serrão. Foto: Rogerio Pallatta/SBT/Divulgação

Ensinamentos mais marcantes: “Quer ter, trabalhe! Nunca espere que as coisas caiam do céu. E honre a família sempre, em todas as horas”.

Viih Tube, influenciadora

Viih Tube e a mãe, Viviane Di Felice. Foto: Arquivo Pessoal

Mãe, vou resumir a lição de vida que eu tive com você: Quando eu tinha meus 15 anos, com o meu primeiro namorado, você nunca me proibiu. Você sabia que não estava dando certo, que não me fazia bem, mas eu falava que ainda queria tentar. Você nunca forçou a barra, as coisas comigo, sempre deixou acontecer. Você sempre olhou para mim e falou: ‘Filha, você ainda quer tentar? Você acha que ainda vale a pena? Então tenta. Quebra a cara, quantas vezes for preciso, ou acredita em você, quantas vezes for preciso. Quando não for para ser algo, você vai sentir que não é para ser’.

E, na minha vida, foi sempre assim: nos meus três términos de relacionamento, eu tentei ao máximo e, quando eu vi que não era para ser, eu senti que não era para ser e não foi. Eu aprendi com você que, às vezes, tentar até a gente sentir que fez de tudo ou deu o nosso melhor – não só para relacionamento, mas por trabalhos, por ideias, por coisas… Faz bem para a gente sentir que a gente se dedicou ao máximo quando ainda vai do coração.

Quando eu sentia que algo ainda era de coração, eu dedicava a minha energia. Eu não era pessimista e, quando não era para ser, eu sentia que não era para ser. Por exemplo, o caso das web séries: eu tentei a primeira vez, recebi várias críticas, memes, várias coisas. Eu virei para você e falei: ‘Nossa, mãe. Não está dando certo’. Quase desisti. Você virou e falou: ‘Filha, mas não te faz bem? Você não gosta de fazer?’. Eu falei: ‘Gosto’. E você falou: ‘Então tenta de novo, vai por outra rota. Tenta de novo, vai dar certo’. E deu muito certo. Se não fosse o seu conselho, talvez eu tivesse desistido.

Então é isso: de ser leve com a gente, de confiar no instinto e no coração. ‘Seguir o coração’ é uma frase que eu prego desde os meus 15 anos. E isso vem da minha mãe. Se o seu coração está batendo forte, mesmo que as pessoas falem ‘você é trouxa’, ‘você é besta de fazer isso, de fazer aquilo’... Às vezes, em um trabalho ou em alguma coisa que não está dando certo, em alguém que você sabe que não está ‘vingando’, mas você está sentindo no seu coração que deve… Foi com a minha mãe que eu aprendi a ser assim.

E não me arrependo. Não me acho trouxa, não me acho nada. Eu acho que, quando as coisas são por amor, são pelo coração, elas valem muito a pena. Isso eu aprendi plenamente com ela. Quando você achar que ‘nossa, fiz de tudo agora, não dá mais’, você vai sentir. Ou, se você sentir que deu a volta por cima e deu certo, melhor ainda que você não tenha desistido.

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