Ousadia e amadorismo marcaram a revista literária ‘Verde’


Lançada em meados da década de 1920, publicação reuniu jovens intelectuais e contou com o apoio de veteranos, como Mário de Andrade e Drummond

Por Matheus Lopes Quirino
Atualização:

É interessante pensar em como a Semana de Arte Moderna rendeu frutos por toda década de 1920. Uns maduros, como os já estabelecidos romancistas Mário e Oswald de Andrade, estudados como cânones do Modernismo nas escolas Brasil afora. Outros verdes, como os poetas Ascânio Lopes e Rosário Fusco, responsáveis pela revista Verde

Os dois primeiros, aclamados por obras como Amar, Verbo Intransitivo, e Memórias Sentimentais de João Miramar, os Andrades eram faróis para jovens com pretensões à escrita em todo país. A troca de conhecimento entre veteranos e novos escritores teve na cidade de Cataguases, zona da Mata mineira, um periódico importante que pode ser usado para comprovar como a relação inter geracional entre escritores levaria o movimento adiante.

Os integrantes do Grupo Verde, fundadores da revista homônima  Foto: Editora Autêntica
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“Por sorte, neste período não existia nenhuma revista comparável a Verde, no sentido de se publicar a novidade e espalhar os ideais modernistas, naquela época se tinha isso em jornal, mas a Verde virou um canal de comunicação importante, com novos talentos e veteranos”, contou ao Estadão Luiz Ruffato, autor de A Revista Verde de Cataguases: Contribuição à História do Modernismo (Autêntica).

“Eram, de fato, muito jovens [os autores da Verde], sendo uma das figuras principais Rosário Fusco, que tinha apenas 17 anos e era muito determinado na literatura”. Ruffato, assim como Fusco, é de Cataguases e resolveu se embrenhar na história da Verde para esclarecer alguns mitos que não passam de mentiras bem contadas por gente que sabia mexer com as palavras. Para isso, ele acabou revirando histórias da cidade natal, da imprensa alternativa brasileira e do Modernismo em Minas Gerais.

“Para começar, existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco. Cataguases era uma cidade já Moderna”. À época com 16 mil habitantes, Cataguases tinha comércio estabelecido e muitas opções de lazer, embora cercada por Mato, a cidade industrial dispunha de fábricas de tecido, cinema, livrarias, escolas e cafés. “No quesito urbanização, em nada perdia para Belo Horizonte”, completa Ruffato.

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Existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco

Luiz Ruffato

Nas palavras de Mário de Andrade, Minas Gerais deu duas importantes contribuições para a literatura brasileira, a primeira, o poeta Carlos Drummond de Andrade na poesia e João Alphonsus na prosa, em Belo Horizonte, e a revista Verde, de Cataguases.

O escritor Paulista autor de Contos Novos foi um entusiasta da publicação. Trocava cartas com um dos editores, Rosário Fusco, dando conselhos e até um dinheirinho. Mário era moderno, um veterano acolhedor, que apadrinhou escritores mineiros, como Fernando Sabino, que inclusive editou as massivas com o mestre em Cartas a Um Jovem Escritor e Suas Histórias.

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Avessos ao academicismo, o grupo Verde se autopublicou, com contos, crônicas e poesia. Daqueles que se sobressaíram, aponta Ruffato, “Ascânio Lopes foi um poeta que não deixou obra porque morreu muito jovem, mas os versos que publicou em Verde e outras publicações já mostravam a potência daquela voz” .

O primeiro número da revista 'Verde', com colaboração de Carlos Drummond de Andrade  Foto: Casa Mário de Andrade

Um clube de bolinhas literário, com Martins Mendes, Ascânio Lopes, Cristophoro Fonte-Bôa, Oswaldo Abritta, Guilhermino César, Francisco Inácio Peixoto e Camilo Soares , Henrique de Resende e de Rosário Fusco, o cabeça junto com Lopes, tiveram o privilégio de publicar gente graúda da literatura, como Carlos Drummond de Andrade.

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“Os membros do grupo Verde tinham plena noção de que combatiam a política literária estabelecida – o parnasianismo, a eloquência ruibarboseana e alguns resquícios do pior romantismo.”, escreve Ruffato em seu livro. E além da consciência de militar a favor da estética modernista, por sorte foram eles acolhedores da crítica à época, que reconheceu o vigor do grupo de jovens em se auto-publicar, embora em grande parte graças ao amadorismo, segundo conta o crítico Alcântara Machado.

“Rosário levantou a ideia do Jazz Band, jornaleco safado e inelegível. Propus então uma revista. Quatorze dias depois saía o primeiro número da Verde. Saiu porque não pensamos na responsabilidade. Nem programa. Nem dinheiro. Nem colaboração. Nem nada. Juntamos umas coisas e mandamos imprimir. Colaboração, dinheiro, programa e responsabilidade viriam depois.”, escreveu Henrique de Resende, um dos depoimentos reunidos por Ruffato.

E o organizador completa: “Muito se especula a partir da origem da Revista Verde, que seria uma coisa ufanista, integralista, ligada ao movimento Verde Amarelo. Bobagem. A história é muito menos complicada, a revista Verde se chamou assim porque os rapazes eram de fato muito jovens, estavam verdes ainda, amadurecendo ideias, mas já marcando uma cidade inteira”

É interessante pensar em como a Semana de Arte Moderna rendeu frutos por toda década de 1920. Uns maduros, como os já estabelecidos romancistas Mário e Oswald de Andrade, estudados como cânones do Modernismo nas escolas Brasil afora. Outros verdes, como os poetas Ascânio Lopes e Rosário Fusco, responsáveis pela revista Verde

Os dois primeiros, aclamados por obras como Amar, Verbo Intransitivo, e Memórias Sentimentais de João Miramar, os Andrades eram faróis para jovens com pretensões à escrita em todo país. A troca de conhecimento entre veteranos e novos escritores teve na cidade de Cataguases, zona da Mata mineira, um periódico importante que pode ser usado para comprovar como a relação inter geracional entre escritores levaria o movimento adiante.

Os integrantes do Grupo Verde, fundadores da revista homônima  Foto: Editora Autêntica

“Por sorte, neste período não existia nenhuma revista comparável a Verde, no sentido de se publicar a novidade e espalhar os ideais modernistas, naquela época se tinha isso em jornal, mas a Verde virou um canal de comunicação importante, com novos talentos e veteranos”, contou ao Estadão Luiz Ruffato, autor de A Revista Verde de Cataguases: Contribuição à História do Modernismo (Autêntica).

“Eram, de fato, muito jovens [os autores da Verde], sendo uma das figuras principais Rosário Fusco, que tinha apenas 17 anos e era muito determinado na literatura”. Ruffato, assim como Fusco, é de Cataguases e resolveu se embrenhar na história da Verde para esclarecer alguns mitos que não passam de mentiras bem contadas por gente que sabia mexer com as palavras. Para isso, ele acabou revirando histórias da cidade natal, da imprensa alternativa brasileira e do Modernismo em Minas Gerais.

“Para começar, existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco. Cataguases era uma cidade já Moderna”. À época com 16 mil habitantes, Cataguases tinha comércio estabelecido e muitas opções de lazer, embora cercada por Mato, a cidade industrial dispunha de fábricas de tecido, cinema, livrarias, escolas e cafés. “No quesito urbanização, em nada perdia para Belo Horizonte”, completa Ruffato.

Existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco

Luiz Ruffato

Nas palavras de Mário de Andrade, Minas Gerais deu duas importantes contribuições para a literatura brasileira, a primeira, o poeta Carlos Drummond de Andrade na poesia e João Alphonsus na prosa, em Belo Horizonte, e a revista Verde, de Cataguases.

O escritor Paulista autor de Contos Novos foi um entusiasta da publicação. Trocava cartas com um dos editores, Rosário Fusco, dando conselhos e até um dinheirinho. Mário era moderno, um veterano acolhedor, que apadrinhou escritores mineiros, como Fernando Sabino, que inclusive editou as massivas com o mestre em Cartas a Um Jovem Escritor e Suas Histórias.

Avessos ao academicismo, o grupo Verde se autopublicou, com contos, crônicas e poesia. Daqueles que se sobressaíram, aponta Ruffato, “Ascânio Lopes foi um poeta que não deixou obra porque morreu muito jovem, mas os versos que publicou em Verde e outras publicações já mostravam a potência daquela voz” .

O primeiro número da revista 'Verde', com colaboração de Carlos Drummond de Andrade  Foto: Casa Mário de Andrade

Um clube de bolinhas literário, com Martins Mendes, Ascânio Lopes, Cristophoro Fonte-Bôa, Oswaldo Abritta, Guilhermino César, Francisco Inácio Peixoto e Camilo Soares , Henrique de Resende e de Rosário Fusco, o cabeça junto com Lopes, tiveram o privilégio de publicar gente graúda da literatura, como Carlos Drummond de Andrade.

“Os membros do grupo Verde tinham plena noção de que combatiam a política literária estabelecida – o parnasianismo, a eloquência ruibarboseana e alguns resquícios do pior romantismo.”, escreve Ruffato em seu livro. E além da consciência de militar a favor da estética modernista, por sorte foram eles acolhedores da crítica à época, que reconheceu o vigor do grupo de jovens em se auto-publicar, embora em grande parte graças ao amadorismo, segundo conta o crítico Alcântara Machado.

“Rosário levantou a ideia do Jazz Band, jornaleco safado e inelegível. Propus então uma revista. Quatorze dias depois saía o primeiro número da Verde. Saiu porque não pensamos na responsabilidade. Nem programa. Nem dinheiro. Nem colaboração. Nem nada. Juntamos umas coisas e mandamos imprimir. Colaboração, dinheiro, programa e responsabilidade viriam depois.”, escreveu Henrique de Resende, um dos depoimentos reunidos por Ruffato.

E o organizador completa: “Muito se especula a partir da origem da Revista Verde, que seria uma coisa ufanista, integralista, ligada ao movimento Verde Amarelo. Bobagem. A história é muito menos complicada, a revista Verde se chamou assim porque os rapazes eram de fato muito jovens, estavam verdes ainda, amadurecendo ideias, mas já marcando uma cidade inteira”

É interessante pensar em como a Semana de Arte Moderna rendeu frutos por toda década de 1920. Uns maduros, como os já estabelecidos romancistas Mário e Oswald de Andrade, estudados como cânones do Modernismo nas escolas Brasil afora. Outros verdes, como os poetas Ascânio Lopes e Rosário Fusco, responsáveis pela revista Verde

Os dois primeiros, aclamados por obras como Amar, Verbo Intransitivo, e Memórias Sentimentais de João Miramar, os Andrades eram faróis para jovens com pretensões à escrita em todo país. A troca de conhecimento entre veteranos e novos escritores teve na cidade de Cataguases, zona da Mata mineira, um periódico importante que pode ser usado para comprovar como a relação inter geracional entre escritores levaria o movimento adiante.

Os integrantes do Grupo Verde, fundadores da revista homônima  Foto: Editora Autêntica

“Por sorte, neste período não existia nenhuma revista comparável a Verde, no sentido de se publicar a novidade e espalhar os ideais modernistas, naquela época se tinha isso em jornal, mas a Verde virou um canal de comunicação importante, com novos talentos e veteranos”, contou ao Estadão Luiz Ruffato, autor de A Revista Verde de Cataguases: Contribuição à História do Modernismo (Autêntica).

“Eram, de fato, muito jovens [os autores da Verde], sendo uma das figuras principais Rosário Fusco, que tinha apenas 17 anos e era muito determinado na literatura”. Ruffato, assim como Fusco, é de Cataguases e resolveu se embrenhar na história da Verde para esclarecer alguns mitos que não passam de mentiras bem contadas por gente que sabia mexer com as palavras. Para isso, ele acabou revirando histórias da cidade natal, da imprensa alternativa brasileira e do Modernismo em Minas Gerais.

“Para começar, existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco. Cataguases era uma cidade já Moderna”. À época com 16 mil habitantes, Cataguases tinha comércio estabelecido e muitas opções de lazer, embora cercada por Mato, a cidade industrial dispunha de fábricas de tecido, cinema, livrarias, escolas e cafés. “No quesito urbanização, em nada perdia para Belo Horizonte”, completa Ruffato.

Existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco

Luiz Ruffato

Nas palavras de Mário de Andrade, Minas Gerais deu duas importantes contribuições para a literatura brasileira, a primeira, o poeta Carlos Drummond de Andrade na poesia e João Alphonsus na prosa, em Belo Horizonte, e a revista Verde, de Cataguases.

O escritor Paulista autor de Contos Novos foi um entusiasta da publicação. Trocava cartas com um dos editores, Rosário Fusco, dando conselhos e até um dinheirinho. Mário era moderno, um veterano acolhedor, que apadrinhou escritores mineiros, como Fernando Sabino, que inclusive editou as massivas com o mestre em Cartas a Um Jovem Escritor e Suas Histórias.

Avessos ao academicismo, o grupo Verde se autopublicou, com contos, crônicas e poesia. Daqueles que se sobressaíram, aponta Ruffato, “Ascânio Lopes foi um poeta que não deixou obra porque morreu muito jovem, mas os versos que publicou em Verde e outras publicações já mostravam a potência daquela voz” .

O primeiro número da revista 'Verde', com colaboração de Carlos Drummond de Andrade  Foto: Casa Mário de Andrade

Um clube de bolinhas literário, com Martins Mendes, Ascânio Lopes, Cristophoro Fonte-Bôa, Oswaldo Abritta, Guilhermino César, Francisco Inácio Peixoto e Camilo Soares , Henrique de Resende e de Rosário Fusco, o cabeça junto com Lopes, tiveram o privilégio de publicar gente graúda da literatura, como Carlos Drummond de Andrade.

“Os membros do grupo Verde tinham plena noção de que combatiam a política literária estabelecida – o parnasianismo, a eloquência ruibarboseana e alguns resquícios do pior romantismo.”, escreve Ruffato em seu livro. E além da consciência de militar a favor da estética modernista, por sorte foram eles acolhedores da crítica à época, que reconheceu o vigor do grupo de jovens em se auto-publicar, embora em grande parte graças ao amadorismo, segundo conta o crítico Alcântara Machado.

“Rosário levantou a ideia do Jazz Band, jornaleco safado e inelegível. Propus então uma revista. Quatorze dias depois saía o primeiro número da Verde. Saiu porque não pensamos na responsabilidade. Nem programa. Nem dinheiro. Nem colaboração. Nem nada. Juntamos umas coisas e mandamos imprimir. Colaboração, dinheiro, programa e responsabilidade viriam depois.”, escreveu Henrique de Resende, um dos depoimentos reunidos por Ruffato.

E o organizador completa: “Muito se especula a partir da origem da Revista Verde, que seria uma coisa ufanista, integralista, ligada ao movimento Verde Amarelo. Bobagem. A história é muito menos complicada, a revista Verde se chamou assim porque os rapazes eram de fato muito jovens, estavam verdes ainda, amadurecendo ideias, mas já marcando uma cidade inteira”

É interessante pensar em como a Semana de Arte Moderna rendeu frutos por toda década de 1920. Uns maduros, como os já estabelecidos romancistas Mário e Oswald de Andrade, estudados como cânones do Modernismo nas escolas Brasil afora. Outros verdes, como os poetas Ascânio Lopes e Rosário Fusco, responsáveis pela revista Verde

Os dois primeiros, aclamados por obras como Amar, Verbo Intransitivo, e Memórias Sentimentais de João Miramar, os Andrades eram faróis para jovens com pretensões à escrita em todo país. A troca de conhecimento entre veteranos e novos escritores teve na cidade de Cataguases, zona da Mata mineira, um periódico importante que pode ser usado para comprovar como a relação inter geracional entre escritores levaria o movimento adiante.

Os integrantes do Grupo Verde, fundadores da revista homônima  Foto: Editora Autêntica

“Por sorte, neste período não existia nenhuma revista comparável a Verde, no sentido de se publicar a novidade e espalhar os ideais modernistas, naquela época se tinha isso em jornal, mas a Verde virou um canal de comunicação importante, com novos talentos e veteranos”, contou ao Estadão Luiz Ruffato, autor de A Revista Verde de Cataguases: Contribuição à História do Modernismo (Autêntica).

“Eram, de fato, muito jovens [os autores da Verde], sendo uma das figuras principais Rosário Fusco, que tinha apenas 17 anos e era muito determinado na literatura”. Ruffato, assim como Fusco, é de Cataguases e resolveu se embrenhar na história da Verde para esclarecer alguns mitos que não passam de mentiras bem contadas por gente que sabia mexer com as palavras. Para isso, ele acabou revirando histórias da cidade natal, da imprensa alternativa brasileira e do Modernismo em Minas Gerais.

“Para começar, existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco. Cataguases era uma cidade já Moderna”. À época com 16 mil habitantes, Cataguases tinha comércio estabelecido e muitas opções de lazer, embora cercada por Mato, a cidade industrial dispunha de fábricas de tecido, cinema, livrarias, escolas e cafés. “No quesito urbanização, em nada perdia para Belo Horizonte”, completa Ruffato.

Existe o mito de que Cataguases era quase uma roça e, como se fosse por um milagre, nasceu ali uma revista literária como uma promessa, é um equívoco

Luiz Ruffato

Nas palavras de Mário de Andrade, Minas Gerais deu duas importantes contribuições para a literatura brasileira, a primeira, o poeta Carlos Drummond de Andrade na poesia e João Alphonsus na prosa, em Belo Horizonte, e a revista Verde, de Cataguases.

O escritor Paulista autor de Contos Novos foi um entusiasta da publicação. Trocava cartas com um dos editores, Rosário Fusco, dando conselhos e até um dinheirinho. Mário era moderno, um veterano acolhedor, que apadrinhou escritores mineiros, como Fernando Sabino, que inclusive editou as massivas com o mestre em Cartas a Um Jovem Escritor e Suas Histórias.

Avessos ao academicismo, o grupo Verde se autopublicou, com contos, crônicas e poesia. Daqueles que se sobressaíram, aponta Ruffato, “Ascânio Lopes foi um poeta que não deixou obra porque morreu muito jovem, mas os versos que publicou em Verde e outras publicações já mostravam a potência daquela voz” .

O primeiro número da revista 'Verde', com colaboração de Carlos Drummond de Andrade  Foto: Casa Mário de Andrade

Um clube de bolinhas literário, com Martins Mendes, Ascânio Lopes, Cristophoro Fonte-Bôa, Oswaldo Abritta, Guilhermino César, Francisco Inácio Peixoto e Camilo Soares , Henrique de Resende e de Rosário Fusco, o cabeça junto com Lopes, tiveram o privilégio de publicar gente graúda da literatura, como Carlos Drummond de Andrade.

“Os membros do grupo Verde tinham plena noção de que combatiam a política literária estabelecida – o parnasianismo, a eloquência ruibarboseana e alguns resquícios do pior romantismo.”, escreve Ruffato em seu livro. E além da consciência de militar a favor da estética modernista, por sorte foram eles acolhedores da crítica à época, que reconheceu o vigor do grupo de jovens em se auto-publicar, embora em grande parte graças ao amadorismo, segundo conta o crítico Alcântara Machado.

“Rosário levantou a ideia do Jazz Band, jornaleco safado e inelegível. Propus então uma revista. Quatorze dias depois saía o primeiro número da Verde. Saiu porque não pensamos na responsabilidade. Nem programa. Nem dinheiro. Nem colaboração. Nem nada. Juntamos umas coisas e mandamos imprimir. Colaboração, dinheiro, programa e responsabilidade viriam depois.”, escreveu Henrique de Resende, um dos depoimentos reunidos por Ruffato.

E o organizador completa: “Muito se especula a partir da origem da Revista Verde, que seria uma coisa ufanista, integralista, ligada ao movimento Verde Amarelo. Bobagem. A história é muito menos complicada, a revista Verde se chamou assim porque os rapazes eram de fato muito jovens, estavam verdes ainda, amadurecendo ideias, mas já marcando uma cidade inteira”

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