De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Cahiers Du Cinéma' dá capa ao astreróide errático do diretor texano Wes Anderson


Por Rodrigo Fonseca
Scarlett Johansson é um dos destaques da trupe habitual do diretor texano, e estampa a capa da Bíblia cinéfila da intelectualidade -@ Foto: Reprodução da Cahiers du Cinéma, edição de junho de 2023

RODRIGO FONSECA Tudo o que o texano Wesley Wales Anderson rodou de "Três É Demais" (1998) até "A Crônica Francesa" (2021) está disponível no Star+ (menos seus curtas), alimentando a expectativa por "Asteroid City", que estreia no próximo dia 23 nos EUA e chega por aqui só em 10 de agosto, com Seu Jorge no elenco. Exibido pela primeira vez em Cannes, em maio, na briga pela Palma de Ouro, onde foi guilhotinado por parte da crítica europeia, esse experimento (talvez o mais radical) da estética cinemática cartunística do realizador de 54 anos ganhou a capa da "Cahiers du Cinéma" mais recente, o que faz dele um eleito da nata da intelectualidade cinéfila. Indicado a sete Oscars, ele concorreu em Cannes por três vezes: primeiro com "Moonrise Kingdom" (que abriu o festival em 2012); depois com "A Crônica Francesa", em 2021; e, este ano, com "Asteroid City", o mais corajoso e ao mesmo tempo mais irregular de seus filmes. A recepção em Cannes foi um mar de ódio de um lado, com parte da crítica tachando seu regresso às telas de tedioso, e um rio de flores do outro, com resenhas a elogiar o apogeu de sua forma (calcada no cartum). Fora isso, seu habitual parceiro, Jason Schwartzman, está brilhante em cena. Não há uma sequência que não pareça um croqui, com cores ressaltadas na fotografia de tintas exageradamente saturadas de seu habitual colaborador Robert D. Yeoman. Em algum momento, numa cidade fictícia no deserto, tudo ocorre de maneira tão veloz, tão ágil, com zero espaço para evolução de seus personagens (sobretudo o de um perdido Tom Hanks), que parecemos estar diante de um desenho do Papa-Léguas nos "Looney Tunes" da Warner Bros. Hanks parceria ser o Pernalonga a chefiar um dos elencos mais estalares que o realizador de "Os Excêntricos Tenenbaums" (2001) já comandou, mas não faz diferença alguma em cena. Só fiéis integrantes de sua trupe, como Schwartzman e Edward Norton, têm chance de brilhar, incluindo uma luminosa Scarlett Johansson, que também é da turma.

O diretor Wes Anderson na Croisette, após a projeção de "Asteroid City" na briga pela Palma de Ouro - Foto: @Rodrigo Fonseca
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Seu Jorge até dá o ar de sua graça muito bem, no espaço minúsculo que tem pra si, como integrante de um corifeu de músicos, de roupas de caubóis. O pacto de que nada visto em cena é verossímil é travado logo no início quando Bryan Cranston, o Walter White de "Breaking Bad" entra em cena como o mestre de cerimônias e narrador de um programa de TV em P&B dos anos 1950, no qual o episódio da noite se chama "Asteroid City". Sua narração é impecável, lembrando Roberto Maya em "Documento Especial". Ele diz que tudo se passa em 1955, em um lugar que não existe, onde fatos além da nossa imaginação ocorrem, a partir do que um dramaturgo e roteirista vivido por Edward Norton escreve. Desse mote em diante vale tudo, até uma sequência antológica de Margot Robbie (a Arlequina) num balcão a dissecar uma história de amor de mentirinha fraturada. No excesso, o filme se perde (e a gente se perde com ele), mas que tudo é divertido do início ao fim, é inegável, com direito a uma corajosa participação de Scarlett. Que bom que a "Cahiers..." soube reconhecer a autoralidade de um artesão de nosso tempo. Wes tem já um outro longa pronto: "A Maravilhosa História de Henry Sugar", com Benedict Cumberbatch no papel principal, vivendo um vidente que prevê o futuro.

Scarlett Johansson é um dos destaques da trupe habitual do diretor texano, e estampa a capa da Bíblia cinéfila da intelectualidade -@ Foto: Reprodução da Cahiers du Cinéma, edição de junho de 2023

RODRIGO FONSECA Tudo o que o texano Wesley Wales Anderson rodou de "Três É Demais" (1998) até "A Crônica Francesa" (2021) está disponível no Star+ (menos seus curtas), alimentando a expectativa por "Asteroid City", que estreia no próximo dia 23 nos EUA e chega por aqui só em 10 de agosto, com Seu Jorge no elenco. Exibido pela primeira vez em Cannes, em maio, na briga pela Palma de Ouro, onde foi guilhotinado por parte da crítica europeia, esse experimento (talvez o mais radical) da estética cinemática cartunística do realizador de 54 anos ganhou a capa da "Cahiers du Cinéma" mais recente, o que faz dele um eleito da nata da intelectualidade cinéfila. Indicado a sete Oscars, ele concorreu em Cannes por três vezes: primeiro com "Moonrise Kingdom" (que abriu o festival em 2012); depois com "A Crônica Francesa", em 2021; e, este ano, com "Asteroid City", o mais corajoso e ao mesmo tempo mais irregular de seus filmes. A recepção em Cannes foi um mar de ódio de um lado, com parte da crítica tachando seu regresso às telas de tedioso, e um rio de flores do outro, com resenhas a elogiar o apogeu de sua forma (calcada no cartum). Fora isso, seu habitual parceiro, Jason Schwartzman, está brilhante em cena. Não há uma sequência que não pareça um croqui, com cores ressaltadas na fotografia de tintas exageradamente saturadas de seu habitual colaborador Robert D. Yeoman. Em algum momento, numa cidade fictícia no deserto, tudo ocorre de maneira tão veloz, tão ágil, com zero espaço para evolução de seus personagens (sobretudo o de um perdido Tom Hanks), que parecemos estar diante de um desenho do Papa-Léguas nos "Looney Tunes" da Warner Bros. Hanks parceria ser o Pernalonga a chefiar um dos elencos mais estalares que o realizador de "Os Excêntricos Tenenbaums" (2001) já comandou, mas não faz diferença alguma em cena. Só fiéis integrantes de sua trupe, como Schwartzman e Edward Norton, têm chance de brilhar, incluindo uma luminosa Scarlett Johansson, que também é da turma.

O diretor Wes Anderson na Croisette, após a projeção de "Asteroid City" na briga pela Palma de Ouro - Foto: @Rodrigo Fonseca

Seu Jorge até dá o ar de sua graça muito bem, no espaço minúsculo que tem pra si, como integrante de um corifeu de músicos, de roupas de caubóis. O pacto de que nada visto em cena é verossímil é travado logo no início quando Bryan Cranston, o Walter White de "Breaking Bad" entra em cena como o mestre de cerimônias e narrador de um programa de TV em P&B dos anos 1950, no qual o episódio da noite se chama "Asteroid City". Sua narração é impecável, lembrando Roberto Maya em "Documento Especial". Ele diz que tudo se passa em 1955, em um lugar que não existe, onde fatos além da nossa imaginação ocorrem, a partir do que um dramaturgo e roteirista vivido por Edward Norton escreve. Desse mote em diante vale tudo, até uma sequência antológica de Margot Robbie (a Arlequina) num balcão a dissecar uma história de amor de mentirinha fraturada. No excesso, o filme se perde (e a gente se perde com ele), mas que tudo é divertido do início ao fim, é inegável, com direito a uma corajosa participação de Scarlett. Que bom que a "Cahiers..." soube reconhecer a autoralidade de um artesão de nosso tempo. Wes tem já um outro longa pronto: "A Maravilhosa História de Henry Sugar", com Benedict Cumberbatch no papel principal, vivendo um vidente que prevê o futuro.

Scarlett Johansson é um dos destaques da trupe habitual do diretor texano, e estampa a capa da Bíblia cinéfila da intelectualidade -@ Foto: Reprodução da Cahiers du Cinéma, edição de junho de 2023

RODRIGO FONSECA Tudo o que o texano Wesley Wales Anderson rodou de "Três É Demais" (1998) até "A Crônica Francesa" (2021) está disponível no Star+ (menos seus curtas), alimentando a expectativa por "Asteroid City", que estreia no próximo dia 23 nos EUA e chega por aqui só em 10 de agosto, com Seu Jorge no elenco. Exibido pela primeira vez em Cannes, em maio, na briga pela Palma de Ouro, onde foi guilhotinado por parte da crítica europeia, esse experimento (talvez o mais radical) da estética cinemática cartunística do realizador de 54 anos ganhou a capa da "Cahiers du Cinéma" mais recente, o que faz dele um eleito da nata da intelectualidade cinéfila. Indicado a sete Oscars, ele concorreu em Cannes por três vezes: primeiro com "Moonrise Kingdom" (que abriu o festival em 2012); depois com "A Crônica Francesa", em 2021; e, este ano, com "Asteroid City", o mais corajoso e ao mesmo tempo mais irregular de seus filmes. A recepção em Cannes foi um mar de ódio de um lado, com parte da crítica tachando seu regresso às telas de tedioso, e um rio de flores do outro, com resenhas a elogiar o apogeu de sua forma (calcada no cartum). Fora isso, seu habitual parceiro, Jason Schwartzman, está brilhante em cena. Não há uma sequência que não pareça um croqui, com cores ressaltadas na fotografia de tintas exageradamente saturadas de seu habitual colaborador Robert D. Yeoman. Em algum momento, numa cidade fictícia no deserto, tudo ocorre de maneira tão veloz, tão ágil, com zero espaço para evolução de seus personagens (sobretudo o de um perdido Tom Hanks), que parecemos estar diante de um desenho do Papa-Léguas nos "Looney Tunes" da Warner Bros. Hanks parceria ser o Pernalonga a chefiar um dos elencos mais estalares que o realizador de "Os Excêntricos Tenenbaums" (2001) já comandou, mas não faz diferença alguma em cena. Só fiéis integrantes de sua trupe, como Schwartzman e Edward Norton, têm chance de brilhar, incluindo uma luminosa Scarlett Johansson, que também é da turma.

O diretor Wes Anderson na Croisette, após a projeção de "Asteroid City" na briga pela Palma de Ouro - Foto: @Rodrigo Fonseca

Seu Jorge até dá o ar de sua graça muito bem, no espaço minúsculo que tem pra si, como integrante de um corifeu de músicos, de roupas de caubóis. O pacto de que nada visto em cena é verossímil é travado logo no início quando Bryan Cranston, o Walter White de "Breaking Bad" entra em cena como o mestre de cerimônias e narrador de um programa de TV em P&B dos anos 1950, no qual o episódio da noite se chama "Asteroid City". Sua narração é impecável, lembrando Roberto Maya em "Documento Especial". Ele diz que tudo se passa em 1955, em um lugar que não existe, onde fatos além da nossa imaginação ocorrem, a partir do que um dramaturgo e roteirista vivido por Edward Norton escreve. Desse mote em diante vale tudo, até uma sequência antológica de Margot Robbie (a Arlequina) num balcão a dissecar uma história de amor de mentirinha fraturada. No excesso, o filme se perde (e a gente se perde com ele), mas que tudo é divertido do início ao fim, é inegável, com direito a uma corajosa participação de Scarlett. Que bom que a "Cahiers..." soube reconhecer a autoralidade de um artesão de nosso tempo. Wes tem já um outro longa pronto: "A Maravilhosa História de Henry Sugar", com Benedict Cumberbatch no papel principal, vivendo um vidente que prevê o futuro.

Scarlett Johansson é um dos destaques da trupe habitual do diretor texano, e estampa a capa da Bíblia cinéfila da intelectualidade -@ Foto: Reprodução da Cahiers du Cinéma, edição de junho de 2023

RODRIGO FONSECA Tudo o que o texano Wesley Wales Anderson rodou de "Três É Demais" (1998) até "A Crônica Francesa" (2021) está disponível no Star+ (menos seus curtas), alimentando a expectativa por "Asteroid City", que estreia no próximo dia 23 nos EUA e chega por aqui só em 10 de agosto, com Seu Jorge no elenco. Exibido pela primeira vez em Cannes, em maio, na briga pela Palma de Ouro, onde foi guilhotinado por parte da crítica europeia, esse experimento (talvez o mais radical) da estética cinemática cartunística do realizador de 54 anos ganhou a capa da "Cahiers du Cinéma" mais recente, o que faz dele um eleito da nata da intelectualidade cinéfila. Indicado a sete Oscars, ele concorreu em Cannes por três vezes: primeiro com "Moonrise Kingdom" (que abriu o festival em 2012); depois com "A Crônica Francesa", em 2021; e, este ano, com "Asteroid City", o mais corajoso e ao mesmo tempo mais irregular de seus filmes. A recepção em Cannes foi um mar de ódio de um lado, com parte da crítica tachando seu regresso às telas de tedioso, e um rio de flores do outro, com resenhas a elogiar o apogeu de sua forma (calcada no cartum). Fora isso, seu habitual parceiro, Jason Schwartzman, está brilhante em cena. Não há uma sequência que não pareça um croqui, com cores ressaltadas na fotografia de tintas exageradamente saturadas de seu habitual colaborador Robert D. Yeoman. Em algum momento, numa cidade fictícia no deserto, tudo ocorre de maneira tão veloz, tão ágil, com zero espaço para evolução de seus personagens (sobretudo o de um perdido Tom Hanks), que parecemos estar diante de um desenho do Papa-Léguas nos "Looney Tunes" da Warner Bros. Hanks parceria ser o Pernalonga a chefiar um dos elencos mais estalares que o realizador de "Os Excêntricos Tenenbaums" (2001) já comandou, mas não faz diferença alguma em cena. Só fiéis integrantes de sua trupe, como Schwartzman e Edward Norton, têm chance de brilhar, incluindo uma luminosa Scarlett Johansson, que também é da turma.

O diretor Wes Anderson na Croisette, após a projeção de "Asteroid City" na briga pela Palma de Ouro - Foto: @Rodrigo Fonseca

Seu Jorge até dá o ar de sua graça muito bem, no espaço minúsculo que tem pra si, como integrante de um corifeu de músicos, de roupas de caubóis. O pacto de que nada visto em cena é verossímil é travado logo no início quando Bryan Cranston, o Walter White de "Breaking Bad" entra em cena como o mestre de cerimônias e narrador de um programa de TV em P&B dos anos 1950, no qual o episódio da noite se chama "Asteroid City". Sua narração é impecável, lembrando Roberto Maya em "Documento Especial". Ele diz que tudo se passa em 1955, em um lugar que não existe, onde fatos além da nossa imaginação ocorrem, a partir do que um dramaturgo e roteirista vivido por Edward Norton escreve. Desse mote em diante vale tudo, até uma sequência antológica de Margot Robbie (a Arlequina) num balcão a dissecar uma história de amor de mentirinha fraturada. No excesso, o filme se perde (e a gente se perde com ele), mas que tudo é divertido do início ao fim, é inegável, com direito a uma corajosa participação de Scarlett. Que bom que a "Cahiers..." soube reconhecer a autoralidade de um artesão de nosso tempo. Wes tem já um outro longa pronto: "A Maravilhosa História de Henry Sugar", com Benedict Cumberbatch no papel principal, vivendo um vidente que prevê o futuro.

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