RODRIGO FONSECA Vai ter "Boca de Ouro", de Daniel Filho, com Marcos Palmeira no papel do Don Corleone de Madureira, no Festival do Rio 2019 (9 a 19 de dezembro), no dia 14, no Cine Odeon, com uma revisão audiovisual do texto de Nelson Rodrigues (1912-1980), preservando sua dimensão trágica (ou tragicômica). Tem sido bem sazonal o tráfego do dramaturgo, escritor e tricolor pelo cinema nacional. Um dos exemplares recentes do rol de adaptações do autor para a telona vai ser exibido nesta madrugada em circuito: "Bonitinha, mas ordinária" (2013), de Moacyr Góes. A exibição é na TV Globo, no "Corujão", às 3h10. Melhor filme do diretor teatral e cineasta, o longa-metragem rendeu o prêmio de melhor ator a João Miguel no Cine PE, há seis anos. O roteiro dialoga com a peça "Otto Lara Resende ou Bonitinha, Mas Ordinária", escrita em 1962, a peça estreou no mesmo ano, com Tereza Rachel no papel de Ritinha. Há dois adaptações cinematográficas anteriores: uma de 1963, dirigida por Billy Davis, e uma de 1981, assinada por Braz Chediak (um realizador que faz uma falta danada das telas, pela argúcia de seu olhar). Na narrativa de Nelson, Edgard (Miguel, impecável) trabalha como subalterno na empresa do milionário Werneck (Gracindo Jr.) e é apaixonado por Ritinha (Leandra Leal), uma mulher simples que trabalha como professora para sustentar a mãe e suas três irmãs. Um dia, Peixoto (Leon Góes), genro e funcionário de Werneck, faz a ele uma proposta para que se case com Maria Cecília (Letícia Colin), a filha do patrão. O motivo é que Maria Cecília foi currada e agora precisa de um noivo, mesmo que seja comprado. Edgard hesita, mas aceita a proposta. A partir de então ele entra em uma grande dúvida: deve depositar o cheque e se casar com Maria Cecília ou ficar com Ritinha, seu grande amor? Jacques Cheuiche assina a fotografia, que capta uma estranheza nas paisagens cariocas, tirando a produção da zona de conforto de cartão postal do RJ. p.s.: Falando de Festival do Rio, nesta segunda, logo na arrancada do evento, será exibido um dos mais maduros de Abel Ferrara: "Tommaso", com sessão às 16h15, no Kiniplex São Luiz. É a saga de um diretor, ator e professor de atuação americano, residente na Itália, que lida com conflitos de amor e com a educação de sua família pequena. "Abel e eu já trabalhos umas cinco vezes juntos e eu sempre volto porque ele me dá chances de fazer coisas que não são muito comuns no cinema", disse Dafoe ao apresentar "Tommaso".