De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Culto à pérola de Céline Sciamma em Paris


Por Rodrigo Fonseca
"Pequena Mamãe" volta a mobilizar a cinefilia, quase dois anos depois de sua estreia mundial, na briga pelo Urso de Ouro da Berlinale de 2021  

RODRIGO FONSECA Em meio às apostas da Unifrance em longas-metragens com fôlego para mobilizar multidões para além de sua terra natal, Paris, o cinema francês se pergunta onde está - e o que anda a filmar - a diretora Céline Sciamma, que vem sendo procurada pela imprensa entre as atrações do 25º Rendez-Vous Avec Le Cinéma Français. Assim é chamado o fórum anual que o órgão do ministério da Cultura da França realiza, ano a ano, desde o fim da década de 1990, sempre no início de janeiro, para promover sua produção audiovisual. Muito se fala em sucessos atuais do circuito europeu francófono, como o desenho animado "Ernest et Célestine: Le voyage en Charabie" (com seus 450 mil pagantes, acumulados desde dezembro) e o drama romântico "Un Beau Matin", de Mia Hansen-Løve, que o povo de Hollywood anda badalando. Mas em meio a uma diversidade de novos títulos, fala-se com carinho de "Pequena Mamãe" ("Petite Maman"), que foi "a" atração do Rendez-Vous de 2022 e que, agora, pode ser visto no Brasil via plataformas digitais, podendo ser alugado na Google Play Movies e na Amazon Prime (a R$ 11,90) e na Apple iTunes (a R$ 14,90), além de estar à venda na Google Play Movies. Com a postagem da reportagem "The Most Underrated Gems of 2022", pelo site Den of Geek, há uma semana (na URL https://www.denofgeek.com/movies/most-underrated-movies-of-2022/), o trabalho mais recente de Céline voltou à baila, quatro anos depois da consagração de seu "Retrato de uma Jovem em Chamas", ganhador do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2019. Na Berlinale de 2021, a diretora regressou às telas, na briga pelo Urso de Ouro alemão, com "Pequena Mamãe", que se apresenta como um esboço de fábula, sobre o universo infantil - e sobre o luto. Sua bilheteria na França foi de cerca de 60 mil pagantes. É um número mirrado, que refletiu o esvaziamento das salas em meio à pandemia. Mas quem viu elogiou... e muito... a julgar pelo fato de ela ter conquistado o prêmio do júri popular do Festival San Sebastián no norte da Espanha, em setembro retrasado. Ganhou ainda a láurea de melhor filme no Festival de Estocolmo.

Céline Sciamma foi um dos destaques do Rendez-Vous da Unifrance no ano passado  
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Pequenininho (tem só 70 minutos), silencioso e sem gordurinhas, este drama fala de rito de passagem, sobre crescer, fotografado com a luz encantadora de Claire Mathon. No tênue limiar entre histórias para miúdos e dramas de luto para gente grande, "Pequena Mamãe" traça de uma maneira libertária as fronteiras entre aquilo que parece um fato e o que se supõe imaginação. Aos 8 anos, Nelly (Joséphine Sanz) sabe que a a mãe vai se afastar, para resolver alguns problemas, deixando ainda mais oca a casa de campo da sua avó, que acaba de morrer. Às vésperas de partir daquele mundo de matas verdes, ela conhece outra menina (Gabrielle Sanz), que, não por acaso, tem o mesmo nome da sua mãe: Marion. Ali começa um jogo de projeção que, por alguns minutos, leva-nos a nos sentirmos numa fábula, parecendo ser tudo inventado pela cabeça da protagonista. Mas, por vezes, tudo é de um realismo que dói. E arrebata, como tudo de Céline. "O que eu tentei fazer foi uma trama mitológica contemporânea a partir do senso da perda", disse Céline, via Zoom, ao Estadão. "Eu me encaixo num cinema com o grau de diversidade que temos aqui na França. Eu escrevi aqui a história de uma menina que perdeu a avó e, de alguma maneira não explicada, viaja no Tempo. Ou não... Talvez o que ela veja seja um fantasma".

"Crônica de uma Relação Passageira" é um marco da nova comédia romântica  

Ao largo desse culto ao trabalho de Céline, merecidíssimo, a França fala toda hora de "Astérix & Obélix: L'Empire du Milieu", de Guillaume Canet, que estreia aqui no dia 1º de fevereiro. No Brasil, seu título vai ser "O Império do Meio". Campeão de bilheteria em suas experiências como cineasta, Canet assume o papel do gaulês mais querido das HQs e traz Gilles Lellouche para ser Obélix numa aventura entre Egito e Roma em que sua mulher, a oscarizada atriz Marion Cotillard, interpreta Cleópatra. Estreia no dia 1º de fevereiro. Cabe a Vincent Cassel encarnar o imperador César. É o primeiro filme live action baseado no universo de HQs de René Goscinny e Albert Uderzo a trabalhar com um enredo original, que não nasceu nos gibis. Dos longas que mobilizam o Rendez-Vous da Unifrance até seu encerramento, na terça, há um ímã de corações carentes: "Crônica de uma Relação Passageira" ("Chronique d'une Liaison Passagère"), de Emmanuel Mouret, em cartaz por aqui há quatro meses. Especialista nas fraturas do afeto, o realizador de "Les choses qu'on dit, les choses qu'on fait" (2020) joga nos gramados da comédia com desenvoltura de craque. O que ele arranca de Sandrine Kiberlain e Vincent Macaigne evoca Meg Ryan e Tom Hanks em "Sintonia de Amor" (1993). Taquicárdico e falador, o obstetra Simón, vivido por Macaigne, passa a arrastar um caminhão por uma mulher empoderada, mãe solteira e cheia de certezas chamada Charlotte, vivida por Kiberlain. Por ser casado, ele entra nesse romance cheio de neuras. Mas a balança amorosa penderá por acaso.

"Pequena Mamãe" volta a mobilizar a cinefilia, quase dois anos depois de sua estreia mundial, na briga pelo Urso de Ouro da Berlinale de 2021  

RODRIGO FONSECA Em meio às apostas da Unifrance em longas-metragens com fôlego para mobilizar multidões para além de sua terra natal, Paris, o cinema francês se pergunta onde está - e o que anda a filmar - a diretora Céline Sciamma, que vem sendo procurada pela imprensa entre as atrações do 25º Rendez-Vous Avec Le Cinéma Français. Assim é chamado o fórum anual que o órgão do ministério da Cultura da França realiza, ano a ano, desde o fim da década de 1990, sempre no início de janeiro, para promover sua produção audiovisual. Muito se fala em sucessos atuais do circuito europeu francófono, como o desenho animado "Ernest et Célestine: Le voyage en Charabie" (com seus 450 mil pagantes, acumulados desde dezembro) e o drama romântico "Un Beau Matin", de Mia Hansen-Løve, que o povo de Hollywood anda badalando. Mas em meio a uma diversidade de novos títulos, fala-se com carinho de "Pequena Mamãe" ("Petite Maman"), que foi "a" atração do Rendez-Vous de 2022 e que, agora, pode ser visto no Brasil via plataformas digitais, podendo ser alugado na Google Play Movies e na Amazon Prime (a R$ 11,90) e na Apple iTunes (a R$ 14,90), além de estar à venda na Google Play Movies. Com a postagem da reportagem "The Most Underrated Gems of 2022", pelo site Den of Geek, há uma semana (na URL https://www.denofgeek.com/movies/most-underrated-movies-of-2022/), o trabalho mais recente de Céline voltou à baila, quatro anos depois da consagração de seu "Retrato de uma Jovem em Chamas", ganhador do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2019. Na Berlinale de 2021, a diretora regressou às telas, na briga pelo Urso de Ouro alemão, com "Pequena Mamãe", que se apresenta como um esboço de fábula, sobre o universo infantil - e sobre o luto. Sua bilheteria na França foi de cerca de 60 mil pagantes. É um número mirrado, que refletiu o esvaziamento das salas em meio à pandemia. Mas quem viu elogiou... e muito... a julgar pelo fato de ela ter conquistado o prêmio do júri popular do Festival San Sebastián no norte da Espanha, em setembro retrasado. Ganhou ainda a láurea de melhor filme no Festival de Estocolmo.

Céline Sciamma foi um dos destaques do Rendez-Vous da Unifrance no ano passado  

Pequenininho (tem só 70 minutos), silencioso e sem gordurinhas, este drama fala de rito de passagem, sobre crescer, fotografado com a luz encantadora de Claire Mathon. No tênue limiar entre histórias para miúdos e dramas de luto para gente grande, "Pequena Mamãe" traça de uma maneira libertária as fronteiras entre aquilo que parece um fato e o que se supõe imaginação. Aos 8 anos, Nelly (Joséphine Sanz) sabe que a a mãe vai se afastar, para resolver alguns problemas, deixando ainda mais oca a casa de campo da sua avó, que acaba de morrer. Às vésperas de partir daquele mundo de matas verdes, ela conhece outra menina (Gabrielle Sanz), que, não por acaso, tem o mesmo nome da sua mãe: Marion. Ali começa um jogo de projeção que, por alguns minutos, leva-nos a nos sentirmos numa fábula, parecendo ser tudo inventado pela cabeça da protagonista. Mas, por vezes, tudo é de um realismo que dói. E arrebata, como tudo de Céline. "O que eu tentei fazer foi uma trama mitológica contemporânea a partir do senso da perda", disse Céline, via Zoom, ao Estadão. "Eu me encaixo num cinema com o grau de diversidade que temos aqui na França. Eu escrevi aqui a história de uma menina que perdeu a avó e, de alguma maneira não explicada, viaja no Tempo. Ou não... Talvez o que ela veja seja um fantasma".

"Crônica de uma Relação Passageira" é um marco da nova comédia romântica  

Ao largo desse culto ao trabalho de Céline, merecidíssimo, a França fala toda hora de "Astérix & Obélix: L'Empire du Milieu", de Guillaume Canet, que estreia aqui no dia 1º de fevereiro. No Brasil, seu título vai ser "O Império do Meio". Campeão de bilheteria em suas experiências como cineasta, Canet assume o papel do gaulês mais querido das HQs e traz Gilles Lellouche para ser Obélix numa aventura entre Egito e Roma em que sua mulher, a oscarizada atriz Marion Cotillard, interpreta Cleópatra. Estreia no dia 1º de fevereiro. Cabe a Vincent Cassel encarnar o imperador César. É o primeiro filme live action baseado no universo de HQs de René Goscinny e Albert Uderzo a trabalhar com um enredo original, que não nasceu nos gibis. Dos longas que mobilizam o Rendez-Vous da Unifrance até seu encerramento, na terça, há um ímã de corações carentes: "Crônica de uma Relação Passageira" ("Chronique d'une Liaison Passagère"), de Emmanuel Mouret, em cartaz por aqui há quatro meses. Especialista nas fraturas do afeto, o realizador de "Les choses qu'on dit, les choses qu'on fait" (2020) joga nos gramados da comédia com desenvoltura de craque. O que ele arranca de Sandrine Kiberlain e Vincent Macaigne evoca Meg Ryan e Tom Hanks em "Sintonia de Amor" (1993). Taquicárdico e falador, o obstetra Simón, vivido por Macaigne, passa a arrastar um caminhão por uma mulher empoderada, mãe solteira e cheia de certezas chamada Charlotte, vivida por Kiberlain. Por ser casado, ele entra nesse romance cheio de neuras. Mas a balança amorosa penderá por acaso.

"Pequena Mamãe" volta a mobilizar a cinefilia, quase dois anos depois de sua estreia mundial, na briga pelo Urso de Ouro da Berlinale de 2021  

RODRIGO FONSECA Em meio às apostas da Unifrance em longas-metragens com fôlego para mobilizar multidões para além de sua terra natal, Paris, o cinema francês se pergunta onde está - e o que anda a filmar - a diretora Céline Sciamma, que vem sendo procurada pela imprensa entre as atrações do 25º Rendez-Vous Avec Le Cinéma Français. Assim é chamado o fórum anual que o órgão do ministério da Cultura da França realiza, ano a ano, desde o fim da década de 1990, sempre no início de janeiro, para promover sua produção audiovisual. Muito se fala em sucessos atuais do circuito europeu francófono, como o desenho animado "Ernest et Célestine: Le voyage en Charabie" (com seus 450 mil pagantes, acumulados desde dezembro) e o drama romântico "Un Beau Matin", de Mia Hansen-Løve, que o povo de Hollywood anda badalando. Mas em meio a uma diversidade de novos títulos, fala-se com carinho de "Pequena Mamãe" ("Petite Maman"), que foi "a" atração do Rendez-Vous de 2022 e que, agora, pode ser visto no Brasil via plataformas digitais, podendo ser alugado na Google Play Movies e na Amazon Prime (a R$ 11,90) e na Apple iTunes (a R$ 14,90), além de estar à venda na Google Play Movies. Com a postagem da reportagem "The Most Underrated Gems of 2022", pelo site Den of Geek, há uma semana (na URL https://www.denofgeek.com/movies/most-underrated-movies-of-2022/), o trabalho mais recente de Céline voltou à baila, quatro anos depois da consagração de seu "Retrato de uma Jovem em Chamas", ganhador do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2019. Na Berlinale de 2021, a diretora regressou às telas, na briga pelo Urso de Ouro alemão, com "Pequena Mamãe", que se apresenta como um esboço de fábula, sobre o universo infantil - e sobre o luto. Sua bilheteria na França foi de cerca de 60 mil pagantes. É um número mirrado, que refletiu o esvaziamento das salas em meio à pandemia. Mas quem viu elogiou... e muito... a julgar pelo fato de ela ter conquistado o prêmio do júri popular do Festival San Sebastián no norte da Espanha, em setembro retrasado. Ganhou ainda a láurea de melhor filme no Festival de Estocolmo.

Céline Sciamma foi um dos destaques do Rendez-Vous da Unifrance no ano passado  

Pequenininho (tem só 70 minutos), silencioso e sem gordurinhas, este drama fala de rito de passagem, sobre crescer, fotografado com a luz encantadora de Claire Mathon. No tênue limiar entre histórias para miúdos e dramas de luto para gente grande, "Pequena Mamãe" traça de uma maneira libertária as fronteiras entre aquilo que parece um fato e o que se supõe imaginação. Aos 8 anos, Nelly (Joséphine Sanz) sabe que a a mãe vai se afastar, para resolver alguns problemas, deixando ainda mais oca a casa de campo da sua avó, que acaba de morrer. Às vésperas de partir daquele mundo de matas verdes, ela conhece outra menina (Gabrielle Sanz), que, não por acaso, tem o mesmo nome da sua mãe: Marion. Ali começa um jogo de projeção que, por alguns minutos, leva-nos a nos sentirmos numa fábula, parecendo ser tudo inventado pela cabeça da protagonista. Mas, por vezes, tudo é de um realismo que dói. E arrebata, como tudo de Céline. "O que eu tentei fazer foi uma trama mitológica contemporânea a partir do senso da perda", disse Céline, via Zoom, ao Estadão. "Eu me encaixo num cinema com o grau de diversidade que temos aqui na França. Eu escrevi aqui a história de uma menina que perdeu a avó e, de alguma maneira não explicada, viaja no Tempo. Ou não... Talvez o que ela veja seja um fantasma".

"Crônica de uma Relação Passageira" é um marco da nova comédia romântica  

Ao largo desse culto ao trabalho de Céline, merecidíssimo, a França fala toda hora de "Astérix & Obélix: L'Empire du Milieu", de Guillaume Canet, que estreia aqui no dia 1º de fevereiro. No Brasil, seu título vai ser "O Império do Meio". Campeão de bilheteria em suas experiências como cineasta, Canet assume o papel do gaulês mais querido das HQs e traz Gilles Lellouche para ser Obélix numa aventura entre Egito e Roma em que sua mulher, a oscarizada atriz Marion Cotillard, interpreta Cleópatra. Estreia no dia 1º de fevereiro. Cabe a Vincent Cassel encarnar o imperador César. É o primeiro filme live action baseado no universo de HQs de René Goscinny e Albert Uderzo a trabalhar com um enredo original, que não nasceu nos gibis. Dos longas que mobilizam o Rendez-Vous da Unifrance até seu encerramento, na terça, há um ímã de corações carentes: "Crônica de uma Relação Passageira" ("Chronique d'une Liaison Passagère"), de Emmanuel Mouret, em cartaz por aqui há quatro meses. Especialista nas fraturas do afeto, o realizador de "Les choses qu'on dit, les choses qu'on fait" (2020) joga nos gramados da comédia com desenvoltura de craque. O que ele arranca de Sandrine Kiberlain e Vincent Macaigne evoca Meg Ryan e Tom Hanks em "Sintonia de Amor" (1993). Taquicárdico e falador, o obstetra Simón, vivido por Macaigne, passa a arrastar um caminhão por uma mulher empoderada, mãe solteira e cheia de certezas chamada Charlotte, vivida por Kiberlain. Por ser casado, ele entra nesse romance cheio de neuras. Mas a balança amorosa penderá por acaso.

"Pequena Mamãe" volta a mobilizar a cinefilia, quase dois anos depois de sua estreia mundial, na briga pelo Urso de Ouro da Berlinale de 2021  

RODRIGO FONSECA Em meio às apostas da Unifrance em longas-metragens com fôlego para mobilizar multidões para além de sua terra natal, Paris, o cinema francês se pergunta onde está - e o que anda a filmar - a diretora Céline Sciamma, que vem sendo procurada pela imprensa entre as atrações do 25º Rendez-Vous Avec Le Cinéma Français. Assim é chamado o fórum anual que o órgão do ministério da Cultura da França realiza, ano a ano, desde o fim da década de 1990, sempre no início de janeiro, para promover sua produção audiovisual. Muito se fala em sucessos atuais do circuito europeu francófono, como o desenho animado "Ernest et Célestine: Le voyage en Charabie" (com seus 450 mil pagantes, acumulados desde dezembro) e o drama romântico "Un Beau Matin", de Mia Hansen-Løve, que o povo de Hollywood anda badalando. Mas em meio a uma diversidade de novos títulos, fala-se com carinho de "Pequena Mamãe" ("Petite Maman"), que foi "a" atração do Rendez-Vous de 2022 e que, agora, pode ser visto no Brasil via plataformas digitais, podendo ser alugado na Google Play Movies e na Amazon Prime (a R$ 11,90) e na Apple iTunes (a R$ 14,90), além de estar à venda na Google Play Movies. Com a postagem da reportagem "The Most Underrated Gems of 2022", pelo site Den of Geek, há uma semana (na URL https://www.denofgeek.com/movies/most-underrated-movies-of-2022/), o trabalho mais recente de Céline voltou à baila, quatro anos depois da consagração de seu "Retrato de uma Jovem em Chamas", ganhador do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2019. Na Berlinale de 2021, a diretora regressou às telas, na briga pelo Urso de Ouro alemão, com "Pequena Mamãe", que se apresenta como um esboço de fábula, sobre o universo infantil - e sobre o luto. Sua bilheteria na França foi de cerca de 60 mil pagantes. É um número mirrado, que refletiu o esvaziamento das salas em meio à pandemia. Mas quem viu elogiou... e muito... a julgar pelo fato de ela ter conquistado o prêmio do júri popular do Festival San Sebastián no norte da Espanha, em setembro retrasado. Ganhou ainda a láurea de melhor filme no Festival de Estocolmo.

Céline Sciamma foi um dos destaques do Rendez-Vous da Unifrance no ano passado  

Pequenininho (tem só 70 minutos), silencioso e sem gordurinhas, este drama fala de rito de passagem, sobre crescer, fotografado com a luz encantadora de Claire Mathon. No tênue limiar entre histórias para miúdos e dramas de luto para gente grande, "Pequena Mamãe" traça de uma maneira libertária as fronteiras entre aquilo que parece um fato e o que se supõe imaginação. Aos 8 anos, Nelly (Joséphine Sanz) sabe que a a mãe vai se afastar, para resolver alguns problemas, deixando ainda mais oca a casa de campo da sua avó, que acaba de morrer. Às vésperas de partir daquele mundo de matas verdes, ela conhece outra menina (Gabrielle Sanz), que, não por acaso, tem o mesmo nome da sua mãe: Marion. Ali começa um jogo de projeção que, por alguns minutos, leva-nos a nos sentirmos numa fábula, parecendo ser tudo inventado pela cabeça da protagonista. Mas, por vezes, tudo é de um realismo que dói. E arrebata, como tudo de Céline. "O que eu tentei fazer foi uma trama mitológica contemporânea a partir do senso da perda", disse Céline, via Zoom, ao Estadão. "Eu me encaixo num cinema com o grau de diversidade que temos aqui na França. Eu escrevi aqui a história de uma menina que perdeu a avó e, de alguma maneira não explicada, viaja no Tempo. Ou não... Talvez o que ela veja seja um fantasma".

"Crônica de uma Relação Passageira" é um marco da nova comédia romântica  

Ao largo desse culto ao trabalho de Céline, merecidíssimo, a França fala toda hora de "Astérix & Obélix: L'Empire du Milieu", de Guillaume Canet, que estreia aqui no dia 1º de fevereiro. No Brasil, seu título vai ser "O Império do Meio". Campeão de bilheteria em suas experiências como cineasta, Canet assume o papel do gaulês mais querido das HQs e traz Gilles Lellouche para ser Obélix numa aventura entre Egito e Roma em que sua mulher, a oscarizada atriz Marion Cotillard, interpreta Cleópatra. Estreia no dia 1º de fevereiro. Cabe a Vincent Cassel encarnar o imperador César. É o primeiro filme live action baseado no universo de HQs de René Goscinny e Albert Uderzo a trabalhar com um enredo original, que não nasceu nos gibis. Dos longas que mobilizam o Rendez-Vous da Unifrance até seu encerramento, na terça, há um ímã de corações carentes: "Crônica de uma Relação Passageira" ("Chronique d'une Liaison Passagère"), de Emmanuel Mouret, em cartaz por aqui há quatro meses. Especialista nas fraturas do afeto, o realizador de "Les choses qu'on dit, les choses qu'on fait" (2020) joga nos gramados da comédia com desenvoltura de craque. O que ele arranca de Sandrine Kiberlain e Vincent Macaigne evoca Meg Ryan e Tom Hanks em "Sintonia de Amor" (1993). Taquicárdico e falador, o obstetra Simón, vivido por Macaigne, passa a arrastar um caminhão por uma mulher empoderada, mãe solteira e cheia de certezas chamada Charlotte, vivida por Kiberlain. Por ser casado, ele entra nesse romance cheio de neuras. Mas a balança amorosa penderá por acaso.

"Pequena Mamãe" volta a mobilizar a cinefilia, quase dois anos depois de sua estreia mundial, na briga pelo Urso de Ouro da Berlinale de 2021  

RODRIGO FONSECA Em meio às apostas da Unifrance em longas-metragens com fôlego para mobilizar multidões para além de sua terra natal, Paris, o cinema francês se pergunta onde está - e o que anda a filmar - a diretora Céline Sciamma, que vem sendo procurada pela imprensa entre as atrações do 25º Rendez-Vous Avec Le Cinéma Français. Assim é chamado o fórum anual que o órgão do ministério da Cultura da França realiza, ano a ano, desde o fim da década de 1990, sempre no início de janeiro, para promover sua produção audiovisual. Muito se fala em sucessos atuais do circuito europeu francófono, como o desenho animado "Ernest et Célestine: Le voyage en Charabie" (com seus 450 mil pagantes, acumulados desde dezembro) e o drama romântico "Un Beau Matin", de Mia Hansen-Løve, que o povo de Hollywood anda badalando. Mas em meio a uma diversidade de novos títulos, fala-se com carinho de "Pequena Mamãe" ("Petite Maman"), que foi "a" atração do Rendez-Vous de 2022 e que, agora, pode ser visto no Brasil via plataformas digitais, podendo ser alugado na Google Play Movies e na Amazon Prime (a R$ 11,90) e na Apple iTunes (a R$ 14,90), além de estar à venda na Google Play Movies. Com a postagem da reportagem "The Most Underrated Gems of 2022", pelo site Den of Geek, há uma semana (na URL https://www.denofgeek.com/movies/most-underrated-movies-of-2022/), o trabalho mais recente de Céline voltou à baila, quatro anos depois da consagração de seu "Retrato de uma Jovem em Chamas", ganhador do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2019. Na Berlinale de 2021, a diretora regressou às telas, na briga pelo Urso de Ouro alemão, com "Pequena Mamãe", que se apresenta como um esboço de fábula, sobre o universo infantil - e sobre o luto. Sua bilheteria na França foi de cerca de 60 mil pagantes. É um número mirrado, que refletiu o esvaziamento das salas em meio à pandemia. Mas quem viu elogiou... e muito... a julgar pelo fato de ela ter conquistado o prêmio do júri popular do Festival San Sebastián no norte da Espanha, em setembro retrasado. Ganhou ainda a láurea de melhor filme no Festival de Estocolmo.

Céline Sciamma foi um dos destaques do Rendez-Vous da Unifrance no ano passado  

Pequenininho (tem só 70 minutos), silencioso e sem gordurinhas, este drama fala de rito de passagem, sobre crescer, fotografado com a luz encantadora de Claire Mathon. No tênue limiar entre histórias para miúdos e dramas de luto para gente grande, "Pequena Mamãe" traça de uma maneira libertária as fronteiras entre aquilo que parece um fato e o que se supõe imaginação. Aos 8 anos, Nelly (Joséphine Sanz) sabe que a a mãe vai se afastar, para resolver alguns problemas, deixando ainda mais oca a casa de campo da sua avó, que acaba de morrer. Às vésperas de partir daquele mundo de matas verdes, ela conhece outra menina (Gabrielle Sanz), que, não por acaso, tem o mesmo nome da sua mãe: Marion. Ali começa um jogo de projeção que, por alguns minutos, leva-nos a nos sentirmos numa fábula, parecendo ser tudo inventado pela cabeça da protagonista. Mas, por vezes, tudo é de um realismo que dói. E arrebata, como tudo de Céline. "O que eu tentei fazer foi uma trama mitológica contemporânea a partir do senso da perda", disse Céline, via Zoom, ao Estadão. "Eu me encaixo num cinema com o grau de diversidade que temos aqui na França. Eu escrevi aqui a história de uma menina que perdeu a avó e, de alguma maneira não explicada, viaja no Tempo. Ou não... Talvez o que ela veja seja um fantasma".

"Crônica de uma Relação Passageira" é um marco da nova comédia romântica  

Ao largo desse culto ao trabalho de Céline, merecidíssimo, a França fala toda hora de "Astérix & Obélix: L'Empire du Milieu", de Guillaume Canet, que estreia aqui no dia 1º de fevereiro. No Brasil, seu título vai ser "O Império do Meio". Campeão de bilheteria em suas experiências como cineasta, Canet assume o papel do gaulês mais querido das HQs e traz Gilles Lellouche para ser Obélix numa aventura entre Egito e Roma em que sua mulher, a oscarizada atriz Marion Cotillard, interpreta Cleópatra. Estreia no dia 1º de fevereiro. Cabe a Vincent Cassel encarnar o imperador César. É o primeiro filme live action baseado no universo de HQs de René Goscinny e Albert Uderzo a trabalhar com um enredo original, que não nasceu nos gibis. Dos longas que mobilizam o Rendez-Vous da Unifrance até seu encerramento, na terça, há um ímã de corações carentes: "Crônica de uma Relação Passageira" ("Chronique d'une Liaison Passagère"), de Emmanuel Mouret, em cartaz por aqui há quatro meses. Especialista nas fraturas do afeto, o realizador de "Les choses qu'on dit, les choses qu'on fait" (2020) joga nos gramados da comédia com desenvoltura de craque. O que ele arranca de Sandrine Kiberlain e Vincent Macaigne evoca Meg Ryan e Tom Hanks em "Sintonia de Amor" (1993). Taquicárdico e falador, o obstetra Simón, vivido por Macaigne, passa a arrastar um caminhão por uma mulher empoderada, mãe solteira e cheia de certezas chamada Charlotte, vivida por Kiberlain. Por ser casado, ele entra nesse romance cheio de neuras. Mas a balança amorosa penderá por acaso.

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