Rodrigo Fonseca Festa cinéfila no Rio de Janeiro: o Espaço Itaú, um dos principais bunkers de resistência para a arte de fazer (e ver) filmes em terras cariocas, reabre suas portas nesta quinta-feira. Fechado desde março, o multiplex fundado no bairro de Botafogo, em 2005, por Adhemar Oliveira, vai voltar com força total, mesclando de animações hollywoodianas a blockbusters argentinos, o que é o caso do primoroso "O Roubo do Século". Tem "SCOOBY! O Filme", com Scooby-Doo dublado por Guilherme Briggs; tem o ítalo-polonês "O Doce Entardecer na Toscana", pelo qual Krystyna Janda foi laureada com o troféu de melhor atriz em Sundance; tem repeteco de "Os Bons Companheiros" (1990) e "Corra!" (2017); tem o sérvio "Cicatrizes", o italiano "A Melhor Juventude - Partes 1 e 2" e o macedônio "Honeyland"; há o chinês "Viver Para Cantar"; e ainda há a volta de "O Palhaço", de Selton Mello. Na entrevista a seguir, Adhemar, super-herói da resistência entre os exibidores, fala sobre os procedimentos do regresso de suas atividades no Rio e ainda abre suas quatro salas em Salvador, num complexo baiano que é considerado um dos polos essenciais para a formação de cinéfilos no Nordeste.Qual é o maior desafio pra se manter uma sala dedicada ao cinema autoral aberta nestes dias de pandemia? Qual é a estratégia pro Espaço Itaú no RJ? Adhemar Oliveira: O maior desafio é econômico, pois o sucesso está limitado pela lotação do protocolo. O bom é que isto é passageiro e eficaz para a saúde de todos. O protocolo iguala os filmes comerciais e independentes, ao prejudicar mais o filme comercial.Qual é o recorte da programação deste fim de semana de estreia? Existe uma linha curatorial possível para estes tempos de 40ena? Adhemar Oliveira: A retomada da programação ser a lenta por vários motivos: falta de filmes, receio do espectador, protocolo etc. Nas duas primeiras semanas até é bom para aprendizado de todos: equipe do cinema e público. A própria dobra dos filmes tem que ser repensada por conta das limitações.Qual é a vocação que você assumiu para a rede Espaço Itaú e de que forma o desenho de trabalho que você assumiu para a rede enquadra o cinema brasileiro? Adhemar Oliveira: A programação do Espaço reforça a diferença é não abandona o conceito Arteplex que conjuga diferentes narrativas com filmes comerciais numa estratégia de tela democrática. O filme brasileiro não pode ficar de fora, "por sua qualidade e por seu território", como lembra Paulo Emílio (Sales Gomes, o Shakespeare da crítica cinematográfica nacional).Que apostas você tem para estes últimos meses do ano, em filmes inéditos e reprises? Adhemar Oliveira: Há uma grande quantidade de filmes de menor alcance comercial e falta de blockbusters. A sacada vai ser ter uma programação de invenção até com reprises, ancorando ideias contidas nestes filmes de menor alcance. Mais trabalho Ainda que o normal. É uma época de provação do senso de sobrevivência e da capacidade de inventar.