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'Herói de Sangue' enfim chega ao Brasil


Por Rodrigo Fonseca
Bakary (Omar Sy) se alista na I Guerra pra salvar seu filho das trincheiras no longa francês "Tirailleurs", que estreia aqui no dia 13 - Foto: Marie-Clémence David 2022 - Unité - Korokoro - Gaumont - France 3 Cinéma - Mille Soleils - Sypossible Africa

Rodrigo Fonseca Há uma série de produções comerciais francesas hoje em cartaz no Velho Mundo, como "Les Vengeances de Maître Poutifard", com Christian Clavier e Isabelle Nanty; "Sexygénaires", com Thierry Lhermitte; e "Des Mans En Or", com Lambert Wilson (que vai presidir o júri do Festival de Locarno, de a 12 de agosto), que vieram de carona numa estrada de sucessos coroada pelos quase 5 milhões de pagantes de "Astérix e Obélix no Reino do Meio". A estrada de excelência por onde a França desfila em 2023, laureada com o Urso de Ouro da Berlinale (com "Sur L'Adamant") e a Palma de Ouro de Cannes ("Anatomie d'Une Chute"), ao fim de dois anos de amargura comercial decorrente do esvaziamento das salas provocado pela pandemia, teve início com um filme de guerra: "Tirailleurs", que estreia no próximo dia 13 no Brasil. Por aqui, seu título será "Herói de Sangue". Seu chamariz: Omar Sy. Nos primeiros dias de janeiro, quando a França rezava pela chegada de filmes que pudessem sanar a queda de público para a produção audiovisual local, oriunda da pandemia, "Herói de Sangue" contabilizou 1,1 milhão de entradas vendidas. Consagrado na streaminguesfera pela série "Lupin", Sy soma, num só longa, o inesquecível "Intocáveis", de 2011, uma marca de 19,5 milhões de ingressos de vendidos. Isso vai sempre garantir a ele uma pecha de recordista de público. Essa pecha se confirma com o êxito do drama bélico que discute racismo institucional. Exibido na abertura da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2022, "Tirailleurs" é o exercício criativo de direção mais ambicioso de Mathieu Vadepied (de "La Vie En Grand"). Ele é mais conhecido como diretor de fotografia do que como cineasta. Foi o fotógrafo e diretor de arte do já citado "Intocáveis", onde ganhou a confiança de Sy. Apoiado no carisma gigante do astro, ele aposta numa narrativa plenamente cinemática (termo que descreve filmes que se calçam mais no movimento de câmera do que em palavras). E sua narrativa esbanja tensão. Seu foco em "Herói de Sangue" são as trincheiras do leste francês, em 1917, para onde o diretor nos transporta após um prólogo no Senegal dos anos 1910. É lá, na África, numa pequena aldeia, onde vive o agricultor Bakary Diallo (Sy), cuja paz é fraturada depois que o exército de seus colonizadores invade seu território à cata de jovens para se tornarem recrutas nos fronts europeus. Um dos adolescentes sequestrados pelas tropas da França é o filho de Bakary, Thierno (Alassane Diong). Para não deixar o rapaz em perigo, abandonado à própria sorte, Bakary se oferece como voluntário ao exército e tenta se aproximar do rapaz como pode, sob os auspícios do tenente Chambreau (Jonas Bloquet). Chambreau é uma figura dura, sem empatia, que sofre com o peso da farda sobre seus ombros e desconta esse peso em sua tropa, deixando resvalar a cultura imperialista - e racista - que o formou. Numa montagem agilíssima, o filme dá conta de disfarçar o caráter um tanto academicista da abordagem de Vadepied, que se concentra mais no conflito afetivo do protagonista, em sua sanha para resguardar seu rebento de tiros, do que em entender o conflito em si. Perde-se a chance de criar um debate geopolítico, numa mirada francesa para o que a I Guerra representou, ao contrário do que se passou com o recente - e estonteante - filme português "Mosquito", de João Nuno Pinto. Mas Vadepied, ainda assim, é hábil ao cartografar o racismo à sua volta. Sy injeta vigor a essa cartografia. Vigor e uma doçura singular, que contagia todo o filme.

Bakary (Omar Sy) se alista na I Guerra pra salvar seu filho das trincheiras no longa francês "Tirailleurs", que estreia aqui no dia 13 - Foto: Marie-Clémence David 2022 - Unité - Korokoro - Gaumont - France 3 Cinéma - Mille Soleils - Sypossible Africa

Rodrigo Fonseca Há uma série de produções comerciais francesas hoje em cartaz no Velho Mundo, como "Les Vengeances de Maître Poutifard", com Christian Clavier e Isabelle Nanty; "Sexygénaires", com Thierry Lhermitte; e "Des Mans En Or", com Lambert Wilson (que vai presidir o júri do Festival de Locarno, de a 12 de agosto), que vieram de carona numa estrada de sucessos coroada pelos quase 5 milhões de pagantes de "Astérix e Obélix no Reino do Meio". A estrada de excelência por onde a França desfila em 2023, laureada com o Urso de Ouro da Berlinale (com "Sur L'Adamant") e a Palma de Ouro de Cannes ("Anatomie d'Une Chute"), ao fim de dois anos de amargura comercial decorrente do esvaziamento das salas provocado pela pandemia, teve início com um filme de guerra: "Tirailleurs", que estreia no próximo dia 13 no Brasil. Por aqui, seu título será "Herói de Sangue". Seu chamariz: Omar Sy. Nos primeiros dias de janeiro, quando a França rezava pela chegada de filmes que pudessem sanar a queda de público para a produção audiovisual local, oriunda da pandemia, "Herói de Sangue" contabilizou 1,1 milhão de entradas vendidas. Consagrado na streaminguesfera pela série "Lupin", Sy soma, num só longa, o inesquecível "Intocáveis", de 2011, uma marca de 19,5 milhões de ingressos de vendidos. Isso vai sempre garantir a ele uma pecha de recordista de público. Essa pecha se confirma com o êxito do drama bélico que discute racismo institucional. Exibido na abertura da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2022, "Tirailleurs" é o exercício criativo de direção mais ambicioso de Mathieu Vadepied (de "La Vie En Grand"). Ele é mais conhecido como diretor de fotografia do que como cineasta. Foi o fotógrafo e diretor de arte do já citado "Intocáveis", onde ganhou a confiança de Sy. Apoiado no carisma gigante do astro, ele aposta numa narrativa plenamente cinemática (termo que descreve filmes que se calçam mais no movimento de câmera do que em palavras). E sua narrativa esbanja tensão. Seu foco em "Herói de Sangue" são as trincheiras do leste francês, em 1917, para onde o diretor nos transporta após um prólogo no Senegal dos anos 1910. É lá, na África, numa pequena aldeia, onde vive o agricultor Bakary Diallo (Sy), cuja paz é fraturada depois que o exército de seus colonizadores invade seu território à cata de jovens para se tornarem recrutas nos fronts europeus. Um dos adolescentes sequestrados pelas tropas da França é o filho de Bakary, Thierno (Alassane Diong). Para não deixar o rapaz em perigo, abandonado à própria sorte, Bakary se oferece como voluntário ao exército e tenta se aproximar do rapaz como pode, sob os auspícios do tenente Chambreau (Jonas Bloquet). Chambreau é uma figura dura, sem empatia, que sofre com o peso da farda sobre seus ombros e desconta esse peso em sua tropa, deixando resvalar a cultura imperialista - e racista - que o formou. Numa montagem agilíssima, o filme dá conta de disfarçar o caráter um tanto academicista da abordagem de Vadepied, que se concentra mais no conflito afetivo do protagonista, em sua sanha para resguardar seu rebento de tiros, do que em entender o conflito em si. Perde-se a chance de criar um debate geopolítico, numa mirada francesa para o que a I Guerra representou, ao contrário do que se passou com o recente - e estonteante - filme português "Mosquito", de João Nuno Pinto. Mas Vadepied, ainda assim, é hábil ao cartografar o racismo à sua volta. Sy injeta vigor a essa cartografia. Vigor e uma doçura singular, que contagia todo o filme.

Bakary (Omar Sy) se alista na I Guerra pra salvar seu filho das trincheiras no longa francês "Tirailleurs", que estreia aqui no dia 13 - Foto: Marie-Clémence David 2022 - Unité - Korokoro - Gaumont - France 3 Cinéma - Mille Soleils - Sypossible Africa

Rodrigo Fonseca Há uma série de produções comerciais francesas hoje em cartaz no Velho Mundo, como "Les Vengeances de Maître Poutifard", com Christian Clavier e Isabelle Nanty; "Sexygénaires", com Thierry Lhermitte; e "Des Mans En Or", com Lambert Wilson (que vai presidir o júri do Festival de Locarno, de a 12 de agosto), que vieram de carona numa estrada de sucessos coroada pelos quase 5 milhões de pagantes de "Astérix e Obélix no Reino do Meio". A estrada de excelência por onde a França desfila em 2023, laureada com o Urso de Ouro da Berlinale (com "Sur L'Adamant") e a Palma de Ouro de Cannes ("Anatomie d'Une Chute"), ao fim de dois anos de amargura comercial decorrente do esvaziamento das salas provocado pela pandemia, teve início com um filme de guerra: "Tirailleurs", que estreia no próximo dia 13 no Brasil. Por aqui, seu título será "Herói de Sangue". Seu chamariz: Omar Sy. Nos primeiros dias de janeiro, quando a França rezava pela chegada de filmes que pudessem sanar a queda de público para a produção audiovisual local, oriunda da pandemia, "Herói de Sangue" contabilizou 1,1 milhão de entradas vendidas. Consagrado na streaminguesfera pela série "Lupin", Sy soma, num só longa, o inesquecível "Intocáveis", de 2011, uma marca de 19,5 milhões de ingressos de vendidos. Isso vai sempre garantir a ele uma pecha de recordista de público. Essa pecha se confirma com o êxito do drama bélico que discute racismo institucional. Exibido na abertura da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2022, "Tirailleurs" é o exercício criativo de direção mais ambicioso de Mathieu Vadepied (de "La Vie En Grand"). Ele é mais conhecido como diretor de fotografia do que como cineasta. Foi o fotógrafo e diretor de arte do já citado "Intocáveis", onde ganhou a confiança de Sy. Apoiado no carisma gigante do astro, ele aposta numa narrativa plenamente cinemática (termo que descreve filmes que se calçam mais no movimento de câmera do que em palavras). E sua narrativa esbanja tensão. Seu foco em "Herói de Sangue" são as trincheiras do leste francês, em 1917, para onde o diretor nos transporta após um prólogo no Senegal dos anos 1910. É lá, na África, numa pequena aldeia, onde vive o agricultor Bakary Diallo (Sy), cuja paz é fraturada depois que o exército de seus colonizadores invade seu território à cata de jovens para se tornarem recrutas nos fronts europeus. Um dos adolescentes sequestrados pelas tropas da França é o filho de Bakary, Thierno (Alassane Diong). Para não deixar o rapaz em perigo, abandonado à própria sorte, Bakary se oferece como voluntário ao exército e tenta se aproximar do rapaz como pode, sob os auspícios do tenente Chambreau (Jonas Bloquet). Chambreau é uma figura dura, sem empatia, que sofre com o peso da farda sobre seus ombros e desconta esse peso em sua tropa, deixando resvalar a cultura imperialista - e racista - que o formou. Numa montagem agilíssima, o filme dá conta de disfarçar o caráter um tanto academicista da abordagem de Vadepied, que se concentra mais no conflito afetivo do protagonista, em sua sanha para resguardar seu rebento de tiros, do que em entender o conflito em si. Perde-se a chance de criar um debate geopolítico, numa mirada francesa para o que a I Guerra representou, ao contrário do que se passou com o recente - e estonteante - filme português "Mosquito", de João Nuno Pinto. Mas Vadepied, ainda assim, é hábil ao cartografar o racismo à sua volta. Sy injeta vigor a essa cartografia. Vigor e uma doçura singular, que contagia todo o filme.

Bakary (Omar Sy) se alista na I Guerra pra salvar seu filho das trincheiras no longa francês "Tirailleurs", que estreia aqui no dia 13 - Foto: Marie-Clémence David 2022 - Unité - Korokoro - Gaumont - France 3 Cinéma - Mille Soleils - Sypossible Africa

Rodrigo Fonseca Há uma série de produções comerciais francesas hoje em cartaz no Velho Mundo, como "Les Vengeances de Maître Poutifard", com Christian Clavier e Isabelle Nanty; "Sexygénaires", com Thierry Lhermitte; e "Des Mans En Or", com Lambert Wilson (que vai presidir o júri do Festival de Locarno, de a 12 de agosto), que vieram de carona numa estrada de sucessos coroada pelos quase 5 milhões de pagantes de "Astérix e Obélix no Reino do Meio". A estrada de excelência por onde a França desfila em 2023, laureada com o Urso de Ouro da Berlinale (com "Sur L'Adamant") e a Palma de Ouro de Cannes ("Anatomie d'Une Chute"), ao fim de dois anos de amargura comercial decorrente do esvaziamento das salas provocado pela pandemia, teve início com um filme de guerra: "Tirailleurs", que estreia no próximo dia 13 no Brasil. Por aqui, seu título será "Herói de Sangue". Seu chamariz: Omar Sy. Nos primeiros dias de janeiro, quando a França rezava pela chegada de filmes que pudessem sanar a queda de público para a produção audiovisual local, oriunda da pandemia, "Herói de Sangue" contabilizou 1,1 milhão de entradas vendidas. Consagrado na streaminguesfera pela série "Lupin", Sy soma, num só longa, o inesquecível "Intocáveis", de 2011, uma marca de 19,5 milhões de ingressos de vendidos. Isso vai sempre garantir a ele uma pecha de recordista de público. Essa pecha se confirma com o êxito do drama bélico que discute racismo institucional. Exibido na abertura da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2022, "Tirailleurs" é o exercício criativo de direção mais ambicioso de Mathieu Vadepied (de "La Vie En Grand"). Ele é mais conhecido como diretor de fotografia do que como cineasta. Foi o fotógrafo e diretor de arte do já citado "Intocáveis", onde ganhou a confiança de Sy. Apoiado no carisma gigante do astro, ele aposta numa narrativa plenamente cinemática (termo que descreve filmes que se calçam mais no movimento de câmera do que em palavras). E sua narrativa esbanja tensão. Seu foco em "Herói de Sangue" são as trincheiras do leste francês, em 1917, para onde o diretor nos transporta após um prólogo no Senegal dos anos 1910. É lá, na África, numa pequena aldeia, onde vive o agricultor Bakary Diallo (Sy), cuja paz é fraturada depois que o exército de seus colonizadores invade seu território à cata de jovens para se tornarem recrutas nos fronts europeus. Um dos adolescentes sequestrados pelas tropas da França é o filho de Bakary, Thierno (Alassane Diong). Para não deixar o rapaz em perigo, abandonado à própria sorte, Bakary se oferece como voluntário ao exército e tenta se aproximar do rapaz como pode, sob os auspícios do tenente Chambreau (Jonas Bloquet). Chambreau é uma figura dura, sem empatia, que sofre com o peso da farda sobre seus ombros e desconta esse peso em sua tropa, deixando resvalar a cultura imperialista - e racista - que o formou. Numa montagem agilíssima, o filme dá conta de disfarçar o caráter um tanto academicista da abordagem de Vadepied, que se concentra mais no conflito afetivo do protagonista, em sua sanha para resguardar seu rebento de tiros, do que em entender o conflito em si. Perde-se a chance de criar um debate geopolítico, numa mirada francesa para o que a I Guerra representou, ao contrário do que se passou com o recente - e estonteante - filme português "Mosquito", de João Nuno Pinto. Mas Vadepied, ainda assim, é hábil ao cartografar o racismo à sua volta. Sy injeta vigor a essa cartografia. Vigor e uma doçura singular, que contagia todo o filme.

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