Rodrigo Fonseca Nestes tempos de "Cobra Kai" reinando na Netflix, numa antológica dublagem com Mário Jorge e Nizo Neto, outro pilar da cultura pop na trinca "Tela Quente" + "Cinema em Casa" + "Temperatura Máxima" dos anos 1980 e 90 é repaginado na streaminguesfera: o belga Jean-Claude Van Damme. Há um filme dele de 2018, inédito em circuito brasileiro, chamado "The Bouncer"... ou apenas "Lukas"... capaz de evocar a melhor dor da tradição pugilista "Cinderella marxista" de "Rocky, um Lutador" (1976) e "Réquiem para um Lutador" (1962)... que ganha os olhos e os corações dos brasileiros na plataforma online do Telecine. Dirigido por Julien Leclerq (de "Carga Bruta" e "A Terra e o Sangue", o longa-metragem ganhou arcadas na Croisette, em 2018, com pôsteres espalhados pela orla de Cannes, durante o festival local, de modo a dar uma promovida neste trabalho mais sério do eterno Grande Dragão Branco. Antes mesmo de virar um blockbuster, com "Duplo Impacto" (1991), colecionando hits como "Risco Máximo" (1996) e "Soldado Universal" (1992), Van Damme ventilou melodrama nas veias do cinemão de ação B, em "Leão Branco, Lutador Sem Lei" (1990) e "Kickboxer: O Desafio do Dragão" (1989). São filmes que fizeram filas quilométricas em salas de projeção de subúrbio nas cidades de um Brasil menos careta, quando Garcia Júnior era seu dublador oficial. Hoje, JCVD está a um passo de completar 60 primaveras (aniversaria no dia 18 de outubro) e tem um longa zero KM, "The Last Mercenary", em rodagem na Ucrânia. Tomara que seja tão bom quanto "Lukas" é.
Neste trabalho de Leclerq, badalado pela crítica europeia durante o Rendez-vous Avec Le Cinéma Français de 2019, em Paris, "Lukas" põe Van Damme no papel de um segurança de inferninho às voltas com uma menina de oito anos a quem deve proteger e cuidar. Mas a violência a seu redor pode respingar em seu devir pai. É uma atuação fina do astro, que teve uma boa experiência como realizador, em 1996, com "The Quest", aqui chamado "Desafio Mortal". Leclerq está atualmente envolvido no filme "Prost", com Guillaume Gouix. Se o sobrenome que dá título ao projeto não te soa familiar, fica ligado: é a cinebiografia do piloto Alain Prost.
p.s.: Depois de mais de um ano percorrendo o país, visto por mais de 40 mil espectadores, o espetáculo "Paulo Freire, o andarilho da utopia" ganha temporada online, de 5 a 27 de setembro, aos sábados (21h) e domingos (16h), no mês em que Paulo Freire celebraria 99 anos. Indicada ao Prêmio Shell do Rio de Janeiro de 2019 na categoria Inovação, a peça, dirigida por Luiz Antônio Rocha, acompanha a trajetória e os causos de um dos mais notáveis pensadores da história da educação mundial, misturando elementos das linguagens do teatro, do palhaço e do teatro de rua. Na pele do educador, Richard Riguetti leva à cena a amorosidade de Paulo Freire com o ser humano, e o profundo respeito ao diálogo e à aceitação das diferenças. Em todas as sessões virtuais, logo após o espetáculo, haverá um bate-papo com da equipe criativa com o público. A venda de ingressos está disponível pelo Sympla (www.sympla.com.br/paulo-freire-o-andarilho-da-utopia) e a transmissão do espetáculo será feita pela plataforma Zoom.p.s. 2: Zapeando bem o Globoplay, você vai encontra uma joia inédita em nossos cinemas, mas muito aplaudida em sua passagem pelo Un Certain Regard de Cannes: "Último Desejo" ("As I Lay Dying", 2013), releitura do ator e diretor James Franco para a prosa de William Faulkner sobre o empenho de uma família para enterrar sua matriarca no lugar onde ela deseja. O show é de Tim Blake Nelson como um desdentado sonhador.