De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Múltiplas surpresas da China em Cannes


Por Rodrigo Fonseca
Drama repleto de brutalidade, "Streetwise" ("Gaey Wa'r") é um dos achados da mostra Un Certain Regard Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Em meio a consagração de filmes como "The Worst Person In The Wolrd", de Joachim Trier, e de rachas em relação a "Benedetta", de Paul Verhoeven, e "Flag Day", de Sean Penn, Cannes testemunha, em diferentes seções a excelência do cinema chinês contemporâneo, começando pelo doído misto de thriller e drama "Streetwise" ("Gaey Wa'r"), de Jiazuo Na. Aspereza seria a palavra que melhor palavra que define este tenso estudo sobre lealdades familiares, que lembra "Pietà", de Kim Ki-Duk (Leão de Ouro de 2012). Na trama, um jovem coletor a servilo de agiotas, o feroz Dongzi, conta com a cobrança de dívidas para fornecer tratamento cardíaco ao pai. Seu único conforto é Jiu'er, uma jovem que mexe com seus afetos, mas que tem já um compromisso afetivo. Os dois decidem partir, mas a decisão há de custar caro a todos. Ainda que graficamente tenha uma fotografia estilizada, próxima do noir contemporâneo, o longa tem pontos de conexão com o Jia Zhangke (um pilar do realismo) em "Amor Até as Cinzas", de 2018, e "Um Toque de Pecado", de 2013. Jiazuo entra na competição pelo Prix Un Certain Regard apoiado em uma maduríssima direção.

 Foto: Estadão
continua após a publicidade

No terreno documental, a China vai arrancar litros de lágrimas do planisfério cinéfilo, a partir da Croisette, com "H6", da cineasta estreante Ye Ye, que vem do Design e da Arquitetura. O filme é um estudo sobre o cotidiano do Sixth People's Hospital, em Xangai, a partir da rotina de médicos e de pacientes. Lembra "Sob Pressão", a série brasileira, ao retratar como uma máquina de saúde tamanho GG opera, buscando a democratização da qualidade de vida de um país populoso até o talo. O trabalho de montagem é sofisticadíssimo em sua habilidade de mesclar relatos, dosando bem o mel e o choro.

 Foto: Estadão

Por fim, na competição pela Palma de Ouro de curtas-metragens, destaca-se "Absence" ("Xue Yun"), de Lang Wu, mostrando uma viagem de dois antigos amantes que falam sobre os rumos de suas vidas. Li Meng vive uma atormentada jovem que faz do cigarro seu companheiro e, do outro, temos o monumental Lee Kang-Sheng, o muso dos filmes de Tsai Ming-Liang. Seu roteiro é uma pós-graduação de intimismo, apoiado na força de seus intérpretes. Cannes chega ao fim no dia 17 de julho, com a entrega da Palma de Ouro, pelo júri de Spike Lee.

Drama repleto de brutalidade, "Streetwise" ("Gaey Wa'r") é um dos achados da mostra Un Certain Regard Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Em meio a consagração de filmes como "The Worst Person In The Wolrd", de Joachim Trier, e de rachas em relação a "Benedetta", de Paul Verhoeven, e "Flag Day", de Sean Penn, Cannes testemunha, em diferentes seções a excelência do cinema chinês contemporâneo, começando pelo doído misto de thriller e drama "Streetwise" ("Gaey Wa'r"), de Jiazuo Na. Aspereza seria a palavra que melhor palavra que define este tenso estudo sobre lealdades familiares, que lembra "Pietà", de Kim Ki-Duk (Leão de Ouro de 2012). Na trama, um jovem coletor a servilo de agiotas, o feroz Dongzi, conta com a cobrança de dívidas para fornecer tratamento cardíaco ao pai. Seu único conforto é Jiu'er, uma jovem que mexe com seus afetos, mas que tem já um compromisso afetivo. Os dois decidem partir, mas a decisão há de custar caro a todos. Ainda que graficamente tenha uma fotografia estilizada, próxima do noir contemporâneo, o longa tem pontos de conexão com o Jia Zhangke (um pilar do realismo) em "Amor Até as Cinzas", de 2018, e "Um Toque de Pecado", de 2013. Jiazuo entra na competição pelo Prix Un Certain Regard apoiado em uma maduríssima direção.

 Foto: Estadão

No terreno documental, a China vai arrancar litros de lágrimas do planisfério cinéfilo, a partir da Croisette, com "H6", da cineasta estreante Ye Ye, que vem do Design e da Arquitetura. O filme é um estudo sobre o cotidiano do Sixth People's Hospital, em Xangai, a partir da rotina de médicos e de pacientes. Lembra "Sob Pressão", a série brasileira, ao retratar como uma máquina de saúde tamanho GG opera, buscando a democratização da qualidade de vida de um país populoso até o talo. O trabalho de montagem é sofisticadíssimo em sua habilidade de mesclar relatos, dosando bem o mel e o choro.

 Foto: Estadão

Por fim, na competição pela Palma de Ouro de curtas-metragens, destaca-se "Absence" ("Xue Yun"), de Lang Wu, mostrando uma viagem de dois antigos amantes que falam sobre os rumos de suas vidas. Li Meng vive uma atormentada jovem que faz do cigarro seu companheiro e, do outro, temos o monumental Lee Kang-Sheng, o muso dos filmes de Tsai Ming-Liang. Seu roteiro é uma pós-graduação de intimismo, apoiado na força de seus intérpretes. Cannes chega ao fim no dia 17 de julho, com a entrega da Palma de Ouro, pelo júri de Spike Lee.

Drama repleto de brutalidade, "Streetwise" ("Gaey Wa'r") é um dos achados da mostra Un Certain Regard Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Em meio a consagração de filmes como "The Worst Person In The Wolrd", de Joachim Trier, e de rachas em relação a "Benedetta", de Paul Verhoeven, e "Flag Day", de Sean Penn, Cannes testemunha, em diferentes seções a excelência do cinema chinês contemporâneo, começando pelo doído misto de thriller e drama "Streetwise" ("Gaey Wa'r"), de Jiazuo Na. Aspereza seria a palavra que melhor palavra que define este tenso estudo sobre lealdades familiares, que lembra "Pietà", de Kim Ki-Duk (Leão de Ouro de 2012). Na trama, um jovem coletor a servilo de agiotas, o feroz Dongzi, conta com a cobrança de dívidas para fornecer tratamento cardíaco ao pai. Seu único conforto é Jiu'er, uma jovem que mexe com seus afetos, mas que tem já um compromisso afetivo. Os dois decidem partir, mas a decisão há de custar caro a todos. Ainda que graficamente tenha uma fotografia estilizada, próxima do noir contemporâneo, o longa tem pontos de conexão com o Jia Zhangke (um pilar do realismo) em "Amor Até as Cinzas", de 2018, e "Um Toque de Pecado", de 2013. Jiazuo entra na competição pelo Prix Un Certain Regard apoiado em uma maduríssima direção.

 Foto: Estadão

No terreno documental, a China vai arrancar litros de lágrimas do planisfério cinéfilo, a partir da Croisette, com "H6", da cineasta estreante Ye Ye, que vem do Design e da Arquitetura. O filme é um estudo sobre o cotidiano do Sixth People's Hospital, em Xangai, a partir da rotina de médicos e de pacientes. Lembra "Sob Pressão", a série brasileira, ao retratar como uma máquina de saúde tamanho GG opera, buscando a democratização da qualidade de vida de um país populoso até o talo. O trabalho de montagem é sofisticadíssimo em sua habilidade de mesclar relatos, dosando bem o mel e o choro.

 Foto: Estadão

Por fim, na competição pela Palma de Ouro de curtas-metragens, destaca-se "Absence" ("Xue Yun"), de Lang Wu, mostrando uma viagem de dois antigos amantes que falam sobre os rumos de suas vidas. Li Meng vive uma atormentada jovem que faz do cigarro seu companheiro e, do outro, temos o monumental Lee Kang-Sheng, o muso dos filmes de Tsai Ming-Liang. Seu roteiro é uma pós-graduação de intimismo, apoiado na força de seus intérpretes. Cannes chega ao fim no dia 17 de julho, com a entrega da Palma de Ouro, pelo júri de Spike Lee.

Drama repleto de brutalidade, "Streetwise" ("Gaey Wa'r") é um dos achados da mostra Un Certain Regard Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Em meio a consagração de filmes como "The Worst Person In The Wolrd", de Joachim Trier, e de rachas em relação a "Benedetta", de Paul Verhoeven, e "Flag Day", de Sean Penn, Cannes testemunha, em diferentes seções a excelência do cinema chinês contemporâneo, começando pelo doído misto de thriller e drama "Streetwise" ("Gaey Wa'r"), de Jiazuo Na. Aspereza seria a palavra que melhor palavra que define este tenso estudo sobre lealdades familiares, que lembra "Pietà", de Kim Ki-Duk (Leão de Ouro de 2012). Na trama, um jovem coletor a servilo de agiotas, o feroz Dongzi, conta com a cobrança de dívidas para fornecer tratamento cardíaco ao pai. Seu único conforto é Jiu'er, uma jovem que mexe com seus afetos, mas que tem já um compromisso afetivo. Os dois decidem partir, mas a decisão há de custar caro a todos. Ainda que graficamente tenha uma fotografia estilizada, próxima do noir contemporâneo, o longa tem pontos de conexão com o Jia Zhangke (um pilar do realismo) em "Amor Até as Cinzas", de 2018, e "Um Toque de Pecado", de 2013. Jiazuo entra na competição pelo Prix Un Certain Regard apoiado em uma maduríssima direção.

 Foto: Estadão

No terreno documental, a China vai arrancar litros de lágrimas do planisfério cinéfilo, a partir da Croisette, com "H6", da cineasta estreante Ye Ye, que vem do Design e da Arquitetura. O filme é um estudo sobre o cotidiano do Sixth People's Hospital, em Xangai, a partir da rotina de médicos e de pacientes. Lembra "Sob Pressão", a série brasileira, ao retratar como uma máquina de saúde tamanho GG opera, buscando a democratização da qualidade de vida de um país populoso até o talo. O trabalho de montagem é sofisticadíssimo em sua habilidade de mesclar relatos, dosando bem o mel e o choro.

 Foto: Estadão

Por fim, na competição pela Palma de Ouro de curtas-metragens, destaca-se "Absence" ("Xue Yun"), de Lang Wu, mostrando uma viagem de dois antigos amantes que falam sobre os rumos de suas vidas. Li Meng vive uma atormentada jovem que faz do cigarro seu companheiro e, do outro, temos o monumental Lee Kang-Sheng, o muso dos filmes de Tsai Ming-Liang. Seu roteiro é uma pós-graduação de intimismo, apoiado na força de seus intérpretes. Cannes chega ao fim no dia 17 de julho, com a entrega da Palma de Ouro, pelo júri de Spike Lee.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.