De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

O bonde brasileiro na Berlinale 2023


Por Rodrigo Fonseca
"A Rainha Diaba" vai brilhar em Berlim em versão remasterizada  

RODRIGO FONSECA Foi dada a largada para a Berlinale n. 73, com "She Came To Me", de Rebecca Miller, e, daqui até o dia 26, vai ter um desfile de autoralidades dos mais diversos nas telonas do evento, que não deixa nunca o Brasil de lado, mesmo sem concorrentes entre os 19 títulos em disputa pelo Urso de Ouro. Esse troféu foi nosso duas vezes, tendo sido conquistado em 1998, com "Central do Brasil", e em 2008, com "Tropa de Elite". Concorremos pela última vez a ele em 2020, com "Todos os Mortos", de Marco Dutra e Caetano Gotardo. Estaremos lá este ano nas mais variadas latitudes, começando pela competição oficial de curtas-metragens. Concorremos na Berlinale Shorts de 2023 com "As Miçangas", de Rafaela Camelo e Emanuel Lavou, que tem Karien Teles em seu elenco. Fala de duas mulheres que se ajudam quando uma encara um aborto. Na seção Generation 14Plus, sobre retratos da juventude, batemos ponto com "Infantaria", de Laís Santos Araújo, que se passa durante uma festinha de aniversário, de foco em três personagens às voltas com transformações afetias. Nosso cinema sempre brilha nessa seção juvenil, de onde saímos laureados em 2020 com "Meu Nome É Bagdá", de Caru Alves de Souza, que está hoje no streaming Star Plus, da Disney.

Eis um filme que a gente vê roendo as unhas  
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Na seção Panorama, uma das meninas dos olhos de Berlim, o Brasil tem o nevrálgico thriller pernambucano "Propriedade", que concorre ao prêmio de júri popular. Trata-se de um suspense eletrizante de Daniel Bandeira, que conquistou a láurea de Melhor Montagem no Festival do Rio e a de Melhor Direção no Fest Aruanda, na Paraíba. Malu Galli tem uma atuação magistral no papel de uma estilista traumatizada após ter virado refém num assalto que, ao visitar a fazenda de seu marido, no interior, esbarra com um motim violento dos funcionários, que clamam por seus direitos - e por vingança. Presa em seu carro, a protagonista passa horas de tensão. É uma contundente análise sobre a reforma agrária no Nordeste, narrada como suspense. No Fórum, seção voltada a narrativas mais radicais em sua proposta de desafiar convenções narrativas, há uma promessa de aplausos para Flora Dias e Juruna Mallon em "O Estranho". O roteiro se passa em um território de passado indígena: o Aeroporto de Guarulhos. Milhares de passageiros o atravessam diariamente e 35.000 trabalhadores apoiam sua operação. Esse filme segue personagens cujas vidas se cruzam no dia a dia do trabalho neste chão. Alê (Larissa Siqueira), uma funcionária de pista cuja história familiar foi sobreposta pela construção do aeroporto, conduz a plateia por encontros através dos tempos. Estima-se que prêmios possam coroar a carreira de Flora e Juruna.

Larissa Siqueira em "O Estranho"  

Se não bastasse tudo isso, ainda estamos representados nessa seção Fórum com a versão remasterizada de "A Rainha Diaba" (1974), de Antonio Carlos da Fontoura, marcado por um desempenho mítico de Milton Gonçalves (1933-2022). Na Fórum Expanded, Ana Vaz entra em campo com "A Árvore", descrito como experiência meditativa de geografia e afetos. É uma diretora famosa por seus diálogos com a videoarte e a narrativa experimental, vide "É Noite Na América", lançado em Locarno em 2022. Curiosidade: na mostra Perspektive Deutsches Kino, centrada em novas produções alemãs, há um curta-metragem musical germânico todo ambientado numa favela do Rio chamado "Ash Wednesday" ("Quarta-feira de Cinzas"). A direção é de Bárbara Santos e João Pedro Prado. Acerca da competição oficial, o júri deste ano é presidido pela atriz Kristen Stewart (de "Personal Shopper", "Spencer"). Ela terá um belo trabalho à vista. Vai ter de julgar 19 concorrentes ao lado das diretoras Valeska Grisebach (alemã) e Carla Simón (catalã); da produtora de elenco, atriz e produtora americana Francine Maisler; da estrela iraniana Golshifteh Farahani; e os diretores Radu Jude (Romênia) e Johnnie To (Hong Kong).

"A Rainha Diaba" vai brilhar em Berlim em versão remasterizada  

RODRIGO FONSECA Foi dada a largada para a Berlinale n. 73, com "She Came To Me", de Rebecca Miller, e, daqui até o dia 26, vai ter um desfile de autoralidades dos mais diversos nas telonas do evento, que não deixa nunca o Brasil de lado, mesmo sem concorrentes entre os 19 títulos em disputa pelo Urso de Ouro. Esse troféu foi nosso duas vezes, tendo sido conquistado em 1998, com "Central do Brasil", e em 2008, com "Tropa de Elite". Concorremos pela última vez a ele em 2020, com "Todos os Mortos", de Marco Dutra e Caetano Gotardo. Estaremos lá este ano nas mais variadas latitudes, começando pela competição oficial de curtas-metragens. Concorremos na Berlinale Shorts de 2023 com "As Miçangas", de Rafaela Camelo e Emanuel Lavou, que tem Karien Teles em seu elenco. Fala de duas mulheres que se ajudam quando uma encara um aborto. Na seção Generation 14Plus, sobre retratos da juventude, batemos ponto com "Infantaria", de Laís Santos Araújo, que se passa durante uma festinha de aniversário, de foco em três personagens às voltas com transformações afetias. Nosso cinema sempre brilha nessa seção juvenil, de onde saímos laureados em 2020 com "Meu Nome É Bagdá", de Caru Alves de Souza, que está hoje no streaming Star Plus, da Disney.

Eis um filme que a gente vê roendo as unhas  

Na seção Panorama, uma das meninas dos olhos de Berlim, o Brasil tem o nevrálgico thriller pernambucano "Propriedade", que concorre ao prêmio de júri popular. Trata-se de um suspense eletrizante de Daniel Bandeira, que conquistou a láurea de Melhor Montagem no Festival do Rio e a de Melhor Direção no Fest Aruanda, na Paraíba. Malu Galli tem uma atuação magistral no papel de uma estilista traumatizada após ter virado refém num assalto que, ao visitar a fazenda de seu marido, no interior, esbarra com um motim violento dos funcionários, que clamam por seus direitos - e por vingança. Presa em seu carro, a protagonista passa horas de tensão. É uma contundente análise sobre a reforma agrária no Nordeste, narrada como suspense. No Fórum, seção voltada a narrativas mais radicais em sua proposta de desafiar convenções narrativas, há uma promessa de aplausos para Flora Dias e Juruna Mallon em "O Estranho". O roteiro se passa em um território de passado indígena: o Aeroporto de Guarulhos. Milhares de passageiros o atravessam diariamente e 35.000 trabalhadores apoiam sua operação. Esse filme segue personagens cujas vidas se cruzam no dia a dia do trabalho neste chão. Alê (Larissa Siqueira), uma funcionária de pista cuja história familiar foi sobreposta pela construção do aeroporto, conduz a plateia por encontros através dos tempos. Estima-se que prêmios possam coroar a carreira de Flora e Juruna.

Larissa Siqueira em "O Estranho"  

Se não bastasse tudo isso, ainda estamos representados nessa seção Fórum com a versão remasterizada de "A Rainha Diaba" (1974), de Antonio Carlos da Fontoura, marcado por um desempenho mítico de Milton Gonçalves (1933-2022). Na Fórum Expanded, Ana Vaz entra em campo com "A Árvore", descrito como experiência meditativa de geografia e afetos. É uma diretora famosa por seus diálogos com a videoarte e a narrativa experimental, vide "É Noite Na América", lançado em Locarno em 2022. Curiosidade: na mostra Perspektive Deutsches Kino, centrada em novas produções alemãs, há um curta-metragem musical germânico todo ambientado numa favela do Rio chamado "Ash Wednesday" ("Quarta-feira de Cinzas"). A direção é de Bárbara Santos e João Pedro Prado. Acerca da competição oficial, o júri deste ano é presidido pela atriz Kristen Stewart (de "Personal Shopper", "Spencer"). Ela terá um belo trabalho à vista. Vai ter de julgar 19 concorrentes ao lado das diretoras Valeska Grisebach (alemã) e Carla Simón (catalã); da produtora de elenco, atriz e produtora americana Francine Maisler; da estrela iraniana Golshifteh Farahani; e os diretores Radu Jude (Romênia) e Johnnie To (Hong Kong).

"A Rainha Diaba" vai brilhar em Berlim em versão remasterizada  

RODRIGO FONSECA Foi dada a largada para a Berlinale n. 73, com "She Came To Me", de Rebecca Miller, e, daqui até o dia 26, vai ter um desfile de autoralidades dos mais diversos nas telonas do evento, que não deixa nunca o Brasil de lado, mesmo sem concorrentes entre os 19 títulos em disputa pelo Urso de Ouro. Esse troféu foi nosso duas vezes, tendo sido conquistado em 1998, com "Central do Brasil", e em 2008, com "Tropa de Elite". Concorremos pela última vez a ele em 2020, com "Todos os Mortos", de Marco Dutra e Caetano Gotardo. Estaremos lá este ano nas mais variadas latitudes, começando pela competição oficial de curtas-metragens. Concorremos na Berlinale Shorts de 2023 com "As Miçangas", de Rafaela Camelo e Emanuel Lavou, que tem Karien Teles em seu elenco. Fala de duas mulheres que se ajudam quando uma encara um aborto. Na seção Generation 14Plus, sobre retratos da juventude, batemos ponto com "Infantaria", de Laís Santos Araújo, que se passa durante uma festinha de aniversário, de foco em três personagens às voltas com transformações afetias. Nosso cinema sempre brilha nessa seção juvenil, de onde saímos laureados em 2020 com "Meu Nome É Bagdá", de Caru Alves de Souza, que está hoje no streaming Star Plus, da Disney.

Eis um filme que a gente vê roendo as unhas  

Na seção Panorama, uma das meninas dos olhos de Berlim, o Brasil tem o nevrálgico thriller pernambucano "Propriedade", que concorre ao prêmio de júri popular. Trata-se de um suspense eletrizante de Daniel Bandeira, que conquistou a láurea de Melhor Montagem no Festival do Rio e a de Melhor Direção no Fest Aruanda, na Paraíba. Malu Galli tem uma atuação magistral no papel de uma estilista traumatizada após ter virado refém num assalto que, ao visitar a fazenda de seu marido, no interior, esbarra com um motim violento dos funcionários, que clamam por seus direitos - e por vingança. Presa em seu carro, a protagonista passa horas de tensão. É uma contundente análise sobre a reforma agrária no Nordeste, narrada como suspense. No Fórum, seção voltada a narrativas mais radicais em sua proposta de desafiar convenções narrativas, há uma promessa de aplausos para Flora Dias e Juruna Mallon em "O Estranho". O roteiro se passa em um território de passado indígena: o Aeroporto de Guarulhos. Milhares de passageiros o atravessam diariamente e 35.000 trabalhadores apoiam sua operação. Esse filme segue personagens cujas vidas se cruzam no dia a dia do trabalho neste chão. Alê (Larissa Siqueira), uma funcionária de pista cuja história familiar foi sobreposta pela construção do aeroporto, conduz a plateia por encontros através dos tempos. Estima-se que prêmios possam coroar a carreira de Flora e Juruna.

Larissa Siqueira em "O Estranho"  

Se não bastasse tudo isso, ainda estamos representados nessa seção Fórum com a versão remasterizada de "A Rainha Diaba" (1974), de Antonio Carlos da Fontoura, marcado por um desempenho mítico de Milton Gonçalves (1933-2022). Na Fórum Expanded, Ana Vaz entra em campo com "A Árvore", descrito como experiência meditativa de geografia e afetos. É uma diretora famosa por seus diálogos com a videoarte e a narrativa experimental, vide "É Noite Na América", lançado em Locarno em 2022. Curiosidade: na mostra Perspektive Deutsches Kino, centrada em novas produções alemãs, há um curta-metragem musical germânico todo ambientado numa favela do Rio chamado "Ash Wednesday" ("Quarta-feira de Cinzas"). A direção é de Bárbara Santos e João Pedro Prado. Acerca da competição oficial, o júri deste ano é presidido pela atriz Kristen Stewart (de "Personal Shopper", "Spencer"). Ela terá um belo trabalho à vista. Vai ter de julgar 19 concorrentes ao lado das diretoras Valeska Grisebach (alemã) e Carla Simón (catalã); da produtora de elenco, atriz e produtora americana Francine Maisler; da estrela iraniana Golshifteh Farahani; e os diretores Radu Jude (Romênia) e Johnnie To (Hong Kong).

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