De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

O ranking do cinema brasileiro em 2022


Por Rodrigo Fonseca
 Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Com base em números de diferentes institutos de pesquisa do país, esta é a lista dos filmes brasileiros que mais alcançaram espectadores em 2022:"Turma da Mônica: Lições": 761 mil pagantes "Tô Ryca 2": 525 mil pagantes "Medida Provisória": 471mil pagantes "Detetives do Prédio Azul 3": 431mil pagantes "Eduardo e Mônica": 406 mil pagantes "Predestinado": 265 mil pagantes "Juntos e Enrolados": 249 mil pagantes "Nada É Por Acaso": 147 mil pagantes "Pluft, o Fantasminha": 126 mil pagantes "O Palestrante": 126 mil pagantes Percebe-se uma boa presença de títulos infantojuvenis e o regresso do "cinema parábola" de linha kardecista nas cabeças do pódio de arrecadações, com Samantha Schmütz afirmando-se (uma vez mais) como um ímã de plateias. Embora a Turma da Mônica de Daniel Rezende tenha ficado na liderança, o filme fez sua estreia comercial dias antes do réveillon do ano retrasado.

A segunda aventura da Turma da Mônica em carne e osso nas telonas contabilizou cerca de 760 mil ingressos vendidos  Foto: Estadão
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Sobre o primeiro lugar do ranking, que integra a grade do Amazon Prime:Estamos diante de uma narrativa doce, decalcada da graphic novel homônima dos irmãos Lu e Vitor Cafaggi. Inaugurado e finalizado em meio ao périplo de uma montagem escolar de "Romeu e Julieta", capaz de desafiar nossa vã filosofia e os códigos do bardo inglês, "Turma da Mônica: Lições" avança algumas casas no tabuleiro que vai da infância à "aborrescência". Avança com notável elegância. Joga dados existencialistas para desenhar sua progressão aritmética na vida dos personagens criados por Maurício de Sousa. É um fundo que verticaliza mais (e melhor) questões afetivas como solidão, inadequação e sociabilidade em relação ao primeiro e belíssimo filme da franquia pilotada pelo cineasta e montador Daniel Rezende sem jamais perder o horizonte de lirismo do universo de HQs ao qual se reporta. Preserva-se o timbre de peripécias em série do longa-metragem anterior, "Laços", visto por cerca de 2 milhões de pagantes em 2019. A diferença é que há, aqui, nessa parte dois, uma condução mais interessada nas emoções dos protagonistas do que na execução de uma jornada clássica. É, portanto, um filme mais maduro na essência, amplificado pela presença luminosa de Malu Mader como uma educadora pautada pela inclusão e por um desempenho arrebatador de Isabelle Drummond no papel Tina. Se no "Turma 1", Rodrigo Santoro roubava o filme pra si ao aparecer como o Louco, aqui Isabelle consegue, com sensibilidade, escavar uma planície de arrebatamento em meio a uma narrativa de planaltos e de precipícios (típicos da puberdade). Nessa segunda incursão cinematográfica com atores de carne e osso, a Turma reafirma todos os arquétipos de seus personagens: Mônica (Giulia Benite) continua arredia e impaciente; Cebolinha (Kevin Vechiatto, brilhante) segue ambicioso, com mania de "glandeza"; Magali (Laura Rauseo) continua um saco sem fundo em seu apetite voraz; e Cascão (Gabriel Moreira, um poço de carisma) permanece incomodado com o efeito que duas moléculas de hidrogênio e uma de hidrogênio pode fazer em seu corpo.

 Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Com base em números de diferentes institutos de pesquisa do país, esta é a lista dos filmes brasileiros que mais alcançaram espectadores em 2022:"Turma da Mônica: Lições": 761 mil pagantes "Tô Ryca 2": 525 mil pagantes "Medida Provisória": 471mil pagantes "Detetives do Prédio Azul 3": 431mil pagantes "Eduardo e Mônica": 406 mil pagantes "Predestinado": 265 mil pagantes "Juntos e Enrolados": 249 mil pagantes "Nada É Por Acaso": 147 mil pagantes "Pluft, o Fantasminha": 126 mil pagantes "O Palestrante": 126 mil pagantes Percebe-se uma boa presença de títulos infantojuvenis e o regresso do "cinema parábola" de linha kardecista nas cabeças do pódio de arrecadações, com Samantha Schmütz afirmando-se (uma vez mais) como um ímã de plateias. Embora a Turma da Mônica de Daniel Rezende tenha ficado na liderança, o filme fez sua estreia comercial dias antes do réveillon do ano retrasado.

A segunda aventura da Turma da Mônica em carne e osso nas telonas contabilizou cerca de 760 mil ingressos vendidos  Foto: Estadão

Sobre o primeiro lugar do ranking, que integra a grade do Amazon Prime:Estamos diante de uma narrativa doce, decalcada da graphic novel homônima dos irmãos Lu e Vitor Cafaggi. Inaugurado e finalizado em meio ao périplo de uma montagem escolar de "Romeu e Julieta", capaz de desafiar nossa vã filosofia e os códigos do bardo inglês, "Turma da Mônica: Lições" avança algumas casas no tabuleiro que vai da infância à "aborrescência". Avança com notável elegância. Joga dados existencialistas para desenhar sua progressão aritmética na vida dos personagens criados por Maurício de Sousa. É um fundo que verticaliza mais (e melhor) questões afetivas como solidão, inadequação e sociabilidade em relação ao primeiro e belíssimo filme da franquia pilotada pelo cineasta e montador Daniel Rezende sem jamais perder o horizonte de lirismo do universo de HQs ao qual se reporta. Preserva-se o timbre de peripécias em série do longa-metragem anterior, "Laços", visto por cerca de 2 milhões de pagantes em 2019. A diferença é que há, aqui, nessa parte dois, uma condução mais interessada nas emoções dos protagonistas do que na execução de uma jornada clássica. É, portanto, um filme mais maduro na essência, amplificado pela presença luminosa de Malu Mader como uma educadora pautada pela inclusão e por um desempenho arrebatador de Isabelle Drummond no papel Tina. Se no "Turma 1", Rodrigo Santoro roubava o filme pra si ao aparecer como o Louco, aqui Isabelle consegue, com sensibilidade, escavar uma planície de arrebatamento em meio a uma narrativa de planaltos e de precipícios (típicos da puberdade). Nessa segunda incursão cinematográfica com atores de carne e osso, a Turma reafirma todos os arquétipos de seus personagens: Mônica (Giulia Benite) continua arredia e impaciente; Cebolinha (Kevin Vechiatto, brilhante) segue ambicioso, com mania de "glandeza"; Magali (Laura Rauseo) continua um saco sem fundo em seu apetite voraz; e Cascão (Gabriel Moreira, um poço de carisma) permanece incomodado com o efeito que duas moléculas de hidrogênio e uma de hidrogênio pode fazer em seu corpo.

 Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Com base em números de diferentes institutos de pesquisa do país, esta é a lista dos filmes brasileiros que mais alcançaram espectadores em 2022:"Turma da Mônica: Lições": 761 mil pagantes "Tô Ryca 2": 525 mil pagantes "Medida Provisória": 471mil pagantes "Detetives do Prédio Azul 3": 431mil pagantes "Eduardo e Mônica": 406 mil pagantes "Predestinado": 265 mil pagantes "Juntos e Enrolados": 249 mil pagantes "Nada É Por Acaso": 147 mil pagantes "Pluft, o Fantasminha": 126 mil pagantes "O Palestrante": 126 mil pagantes Percebe-se uma boa presença de títulos infantojuvenis e o regresso do "cinema parábola" de linha kardecista nas cabeças do pódio de arrecadações, com Samantha Schmütz afirmando-se (uma vez mais) como um ímã de plateias. Embora a Turma da Mônica de Daniel Rezende tenha ficado na liderança, o filme fez sua estreia comercial dias antes do réveillon do ano retrasado.

A segunda aventura da Turma da Mônica em carne e osso nas telonas contabilizou cerca de 760 mil ingressos vendidos  Foto: Estadão

Sobre o primeiro lugar do ranking, que integra a grade do Amazon Prime:Estamos diante de uma narrativa doce, decalcada da graphic novel homônima dos irmãos Lu e Vitor Cafaggi. Inaugurado e finalizado em meio ao périplo de uma montagem escolar de "Romeu e Julieta", capaz de desafiar nossa vã filosofia e os códigos do bardo inglês, "Turma da Mônica: Lições" avança algumas casas no tabuleiro que vai da infância à "aborrescência". Avança com notável elegância. Joga dados existencialistas para desenhar sua progressão aritmética na vida dos personagens criados por Maurício de Sousa. É um fundo que verticaliza mais (e melhor) questões afetivas como solidão, inadequação e sociabilidade em relação ao primeiro e belíssimo filme da franquia pilotada pelo cineasta e montador Daniel Rezende sem jamais perder o horizonte de lirismo do universo de HQs ao qual se reporta. Preserva-se o timbre de peripécias em série do longa-metragem anterior, "Laços", visto por cerca de 2 milhões de pagantes em 2019. A diferença é que há, aqui, nessa parte dois, uma condução mais interessada nas emoções dos protagonistas do que na execução de uma jornada clássica. É, portanto, um filme mais maduro na essência, amplificado pela presença luminosa de Malu Mader como uma educadora pautada pela inclusão e por um desempenho arrebatador de Isabelle Drummond no papel Tina. Se no "Turma 1", Rodrigo Santoro roubava o filme pra si ao aparecer como o Louco, aqui Isabelle consegue, com sensibilidade, escavar uma planície de arrebatamento em meio a uma narrativa de planaltos e de precipícios (típicos da puberdade). Nessa segunda incursão cinematográfica com atores de carne e osso, a Turma reafirma todos os arquétipos de seus personagens: Mônica (Giulia Benite) continua arredia e impaciente; Cebolinha (Kevin Vechiatto, brilhante) segue ambicioso, com mania de "glandeza"; Magali (Laura Rauseo) continua um saco sem fundo em seu apetite voraz; e Cascão (Gabriel Moreira, um poço de carisma) permanece incomodado com o efeito que duas moléculas de hidrogênio e uma de hidrogênio pode fazer em seu corpo.

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