De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Portugal põe o CCBB no 'Colo'


Por Rodrigo Fonseca

RODRIGO FONSECA Primeiro acerto com "A" maiúsculo da indústria brasileira de mostras de cinema em 2021, "De Portugal Para o Mundo", em cartaz até o dia 1º de março no Centro Cultural Banco do Brasil carioca (CCBB-RJ), devolveu à tela grande o colossal "COLO", candidato dos nossos patrícios ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2017. Na primor que é a curadoria de Pedro Henrique Ferreira, aberta com "Vitalina Varela" no dia 3, o doído ensaio sobre abandonos de Teresa Villaverde merece ser visto com presteza e atenção. Com seus 136 dolorosos (porém tocantes) minutos, esta aula sobre efeitos afetivos das crises financeiras, dada pela diretora lisboeta na forma de um drama construído com base na delicadeza, usa sua lenta narrativa pra compor um ensaio desesperado sobre carência. A trama aqui narrada pela realizadora de cults como "Os Mutantes" (1998) mostra a destruição de uma família. O pai (João Pedro Vaz) está desempregado. Vivida pela ótima Beatriz Batarda, a mãe é o arrimo desse comatoso clã, não tempo para cuidar de si nem da filha (Alice Albergaria Borges), pois está ameaçada de perder seu trabalho noturno. O corte da luz da casa deles coroa o processo de decadência daquele lar, em meio ao percurso de amadurecimento da adolescente que se descobre mulher ali naquela residência cheia de sombras. São impressionantes os enquadramentos da fotografia construída por Acácio de Almeida, carregados de uma esfumaçada angústia proustiana. "Não quis que o título do meu filme, 'Colo', fosse traduzido, pelo efeito sonoro e sinestésico que esta palavra gera, ao sugerir calor humano mesmo para quem não entende seu significado. E para quem fala português, ela significa embalar... proteger... preservando em si uma aura de mistério", disse Teresa ao P de Pop. "Crises são tempos de solidão. Essa é uma história sobre pessoas solitárias e sobre os silêncios entre elas. O silêncio demanda tempo para ser decantado e sorvido. Silêncio é um modo de escuta. É necessário escutar um Portugal que já se foi... mas pode voltar".

Tem sessão de "Colo" no dia 1/3 no evento do CCBB. Existem por lá outras joias cinéfilas como "A Fábrica de Nada" (2017) e "Tabu" (2012) na seleção de Ferreira, centrada na produção lusa feita entre 2010 e 2020. Nesse período, há um filmaço que anda circulando não na retrospectiva do Banco do Brasil, mas nas latitudes da web, em streamings como o FILMIN.PT, e que merecem arguta atenção: "A HERDADE", de Tiago Guedes. Exibido em Veneza, na disputa pelo Leão de Ouro de 2019, e em Toronto, este estonteante retrata a saga de uma família de latifundiários do Tejo dos anos 1940 aos dias de hoje, entre traições, disputas de poder e uma luta contra o governo, da perspectiva de quem se considera dono da terra. O desempenho de Albano Jerónimo ao interpretar um fazendeiro arrogante é antológico.

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p.s.: Como escutamos nosso corpo ancestral? Como construímos linguagem? Quais são os afetos percebidos nas grafias corporais? Essas são algumas das perguntas que guiam o ciclo virtual de palestras "Lab Corpo Palavra", que reúne artistas e pesquisadores da dança, das escritas e dos estudos do corpo no canal do Youtube Celeiro Moebius (https://bit.ly/3q9zULp) até 3 de março. Nesta terça-feira, 9 de fevereiro, a antropóloga Sandra Benites, curadora adjunta de arte brasileira no Masp, participa do projeto, das 15h às 16h, para falar de sua pesquisa sobre como os povos guaranis enxergam o corpo feminino, entre outros temas. "A Sandra traz sua narrativa ancestral sobre as memórias que demarca o nosso corpo, e essa demarcação como um processo de territorialização. Territorializar o corpo é criar vínculo de conexão com a força da vida", comenta Aline Bernardi, idealizadora do ciclo.

p.s.2: Não vai haver Carnaval no Rio de Janeiro em 2021. Enquanto não for seguro para a população estar nas ruas, devido à pandemia, os tradicionais blocos da cidade também não vão desfilar. Mas quem disse que eles estão parados? Os blocos "Escravos da Mauá" e "Meu Bem Volto Já" lançam o projeto "Do Leme à Praça Mauá -- Histórias e Músicas do Carnaval Carioca", dia 12 de fevereiro, no Youtube. Eles operam no canal "Histórias e Músicas do Carnaval Carioca" (https://bit.ly/3qmUBUs). Com roteiro e direção do premiado ator Pedro Monteiro (de "Vendo ou Alugo"), a série terá 12 programas de sete a dez minutos que vão contar algumas das curiosidades dos sambas e compositores que fizeram sucesso no Carnaval da cidade dos anos 90 aos dias atuais. Na estreia, serão exibidos dois episódios consecutivos. A ideia é homenagear os blocos que saem com sambas autorais e os compositores que têm um olhar crítico sobre o cotidiano da cidade. Em cada episódio, integrantes e músicos dos blocos serão convidados a cantar e contar lembranças da folia momesca.

RODRIGO FONSECA Primeiro acerto com "A" maiúsculo da indústria brasileira de mostras de cinema em 2021, "De Portugal Para o Mundo", em cartaz até o dia 1º de março no Centro Cultural Banco do Brasil carioca (CCBB-RJ), devolveu à tela grande o colossal "COLO", candidato dos nossos patrícios ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2017. Na primor que é a curadoria de Pedro Henrique Ferreira, aberta com "Vitalina Varela" no dia 3, o doído ensaio sobre abandonos de Teresa Villaverde merece ser visto com presteza e atenção. Com seus 136 dolorosos (porém tocantes) minutos, esta aula sobre efeitos afetivos das crises financeiras, dada pela diretora lisboeta na forma de um drama construído com base na delicadeza, usa sua lenta narrativa pra compor um ensaio desesperado sobre carência. A trama aqui narrada pela realizadora de cults como "Os Mutantes" (1998) mostra a destruição de uma família. O pai (João Pedro Vaz) está desempregado. Vivida pela ótima Beatriz Batarda, a mãe é o arrimo desse comatoso clã, não tempo para cuidar de si nem da filha (Alice Albergaria Borges), pois está ameaçada de perder seu trabalho noturno. O corte da luz da casa deles coroa o processo de decadência daquele lar, em meio ao percurso de amadurecimento da adolescente que se descobre mulher ali naquela residência cheia de sombras. São impressionantes os enquadramentos da fotografia construída por Acácio de Almeida, carregados de uma esfumaçada angústia proustiana. "Não quis que o título do meu filme, 'Colo', fosse traduzido, pelo efeito sonoro e sinestésico que esta palavra gera, ao sugerir calor humano mesmo para quem não entende seu significado. E para quem fala português, ela significa embalar... proteger... preservando em si uma aura de mistério", disse Teresa ao P de Pop. "Crises são tempos de solidão. Essa é uma história sobre pessoas solitárias e sobre os silêncios entre elas. O silêncio demanda tempo para ser decantado e sorvido. Silêncio é um modo de escuta. É necessário escutar um Portugal que já se foi... mas pode voltar".

Tem sessão de "Colo" no dia 1/3 no evento do CCBB. Existem por lá outras joias cinéfilas como "A Fábrica de Nada" (2017) e "Tabu" (2012) na seleção de Ferreira, centrada na produção lusa feita entre 2010 e 2020. Nesse período, há um filmaço que anda circulando não na retrospectiva do Banco do Brasil, mas nas latitudes da web, em streamings como o FILMIN.PT, e que merecem arguta atenção: "A HERDADE", de Tiago Guedes. Exibido em Veneza, na disputa pelo Leão de Ouro de 2019, e em Toronto, este estonteante retrata a saga de uma família de latifundiários do Tejo dos anos 1940 aos dias de hoje, entre traições, disputas de poder e uma luta contra o governo, da perspectiva de quem se considera dono da terra. O desempenho de Albano Jerónimo ao interpretar um fazendeiro arrogante é antológico.

p.s.: Como escutamos nosso corpo ancestral? Como construímos linguagem? Quais são os afetos percebidos nas grafias corporais? Essas são algumas das perguntas que guiam o ciclo virtual de palestras "Lab Corpo Palavra", que reúne artistas e pesquisadores da dança, das escritas e dos estudos do corpo no canal do Youtube Celeiro Moebius (https://bit.ly/3q9zULp) até 3 de março. Nesta terça-feira, 9 de fevereiro, a antropóloga Sandra Benites, curadora adjunta de arte brasileira no Masp, participa do projeto, das 15h às 16h, para falar de sua pesquisa sobre como os povos guaranis enxergam o corpo feminino, entre outros temas. "A Sandra traz sua narrativa ancestral sobre as memórias que demarca o nosso corpo, e essa demarcação como um processo de territorialização. Territorializar o corpo é criar vínculo de conexão com a força da vida", comenta Aline Bernardi, idealizadora do ciclo.

p.s.2: Não vai haver Carnaval no Rio de Janeiro em 2021. Enquanto não for seguro para a população estar nas ruas, devido à pandemia, os tradicionais blocos da cidade também não vão desfilar. Mas quem disse que eles estão parados? Os blocos "Escravos da Mauá" e "Meu Bem Volto Já" lançam o projeto "Do Leme à Praça Mauá -- Histórias e Músicas do Carnaval Carioca", dia 12 de fevereiro, no Youtube. Eles operam no canal "Histórias e Músicas do Carnaval Carioca" (https://bit.ly/3qmUBUs). Com roteiro e direção do premiado ator Pedro Monteiro (de "Vendo ou Alugo"), a série terá 12 programas de sete a dez minutos que vão contar algumas das curiosidades dos sambas e compositores que fizeram sucesso no Carnaval da cidade dos anos 90 aos dias atuais. Na estreia, serão exibidos dois episódios consecutivos. A ideia é homenagear os blocos que saem com sambas autorais e os compositores que têm um olhar crítico sobre o cotidiano da cidade. Em cada episódio, integrantes e músicos dos blocos serão convidados a cantar e contar lembranças da folia momesca.

RODRIGO FONSECA Primeiro acerto com "A" maiúsculo da indústria brasileira de mostras de cinema em 2021, "De Portugal Para o Mundo", em cartaz até o dia 1º de março no Centro Cultural Banco do Brasil carioca (CCBB-RJ), devolveu à tela grande o colossal "COLO", candidato dos nossos patrícios ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2017. Na primor que é a curadoria de Pedro Henrique Ferreira, aberta com "Vitalina Varela" no dia 3, o doído ensaio sobre abandonos de Teresa Villaverde merece ser visto com presteza e atenção. Com seus 136 dolorosos (porém tocantes) minutos, esta aula sobre efeitos afetivos das crises financeiras, dada pela diretora lisboeta na forma de um drama construído com base na delicadeza, usa sua lenta narrativa pra compor um ensaio desesperado sobre carência. A trama aqui narrada pela realizadora de cults como "Os Mutantes" (1998) mostra a destruição de uma família. O pai (João Pedro Vaz) está desempregado. Vivida pela ótima Beatriz Batarda, a mãe é o arrimo desse comatoso clã, não tempo para cuidar de si nem da filha (Alice Albergaria Borges), pois está ameaçada de perder seu trabalho noturno. O corte da luz da casa deles coroa o processo de decadência daquele lar, em meio ao percurso de amadurecimento da adolescente que se descobre mulher ali naquela residência cheia de sombras. São impressionantes os enquadramentos da fotografia construída por Acácio de Almeida, carregados de uma esfumaçada angústia proustiana. "Não quis que o título do meu filme, 'Colo', fosse traduzido, pelo efeito sonoro e sinestésico que esta palavra gera, ao sugerir calor humano mesmo para quem não entende seu significado. E para quem fala português, ela significa embalar... proteger... preservando em si uma aura de mistério", disse Teresa ao P de Pop. "Crises são tempos de solidão. Essa é uma história sobre pessoas solitárias e sobre os silêncios entre elas. O silêncio demanda tempo para ser decantado e sorvido. Silêncio é um modo de escuta. É necessário escutar um Portugal que já se foi... mas pode voltar".

Tem sessão de "Colo" no dia 1/3 no evento do CCBB. Existem por lá outras joias cinéfilas como "A Fábrica de Nada" (2017) e "Tabu" (2012) na seleção de Ferreira, centrada na produção lusa feita entre 2010 e 2020. Nesse período, há um filmaço que anda circulando não na retrospectiva do Banco do Brasil, mas nas latitudes da web, em streamings como o FILMIN.PT, e que merecem arguta atenção: "A HERDADE", de Tiago Guedes. Exibido em Veneza, na disputa pelo Leão de Ouro de 2019, e em Toronto, este estonteante retrata a saga de uma família de latifundiários do Tejo dos anos 1940 aos dias de hoje, entre traições, disputas de poder e uma luta contra o governo, da perspectiva de quem se considera dono da terra. O desempenho de Albano Jerónimo ao interpretar um fazendeiro arrogante é antológico.

p.s.: Como escutamos nosso corpo ancestral? Como construímos linguagem? Quais são os afetos percebidos nas grafias corporais? Essas são algumas das perguntas que guiam o ciclo virtual de palestras "Lab Corpo Palavra", que reúne artistas e pesquisadores da dança, das escritas e dos estudos do corpo no canal do Youtube Celeiro Moebius (https://bit.ly/3q9zULp) até 3 de março. Nesta terça-feira, 9 de fevereiro, a antropóloga Sandra Benites, curadora adjunta de arte brasileira no Masp, participa do projeto, das 15h às 16h, para falar de sua pesquisa sobre como os povos guaranis enxergam o corpo feminino, entre outros temas. "A Sandra traz sua narrativa ancestral sobre as memórias que demarca o nosso corpo, e essa demarcação como um processo de territorialização. Territorializar o corpo é criar vínculo de conexão com a força da vida", comenta Aline Bernardi, idealizadora do ciclo.

p.s.2: Não vai haver Carnaval no Rio de Janeiro em 2021. Enquanto não for seguro para a população estar nas ruas, devido à pandemia, os tradicionais blocos da cidade também não vão desfilar. Mas quem disse que eles estão parados? Os blocos "Escravos da Mauá" e "Meu Bem Volto Já" lançam o projeto "Do Leme à Praça Mauá -- Histórias e Músicas do Carnaval Carioca", dia 12 de fevereiro, no Youtube. Eles operam no canal "Histórias e Músicas do Carnaval Carioca" (https://bit.ly/3qmUBUs). Com roteiro e direção do premiado ator Pedro Monteiro (de "Vendo ou Alugo"), a série terá 12 programas de sete a dez minutos que vão contar algumas das curiosidades dos sambas e compositores que fizeram sucesso no Carnaval da cidade dos anos 90 aos dias atuais. Na estreia, serão exibidos dois episódios consecutivos. A ideia é homenagear os blocos que saem com sambas autorais e os compositores que têm um olhar crítico sobre o cotidiano da cidade. Em cada episódio, integrantes e músicos dos blocos serão convidados a cantar e contar lembranças da folia momesca.

RODRIGO FONSECA Primeiro acerto com "A" maiúsculo da indústria brasileira de mostras de cinema em 2021, "De Portugal Para o Mundo", em cartaz até o dia 1º de março no Centro Cultural Banco do Brasil carioca (CCBB-RJ), devolveu à tela grande o colossal "COLO", candidato dos nossos patrícios ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2017. Na primor que é a curadoria de Pedro Henrique Ferreira, aberta com "Vitalina Varela" no dia 3, o doído ensaio sobre abandonos de Teresa Villaverde merece ser visto com presteza e atenção. Com seus 136 dolorosos (porém tocantes) minutos, esta aula sobre efeitos afetivos das crises financeiras, dada pela diretora lisboeta na forma de um drama construído com base na delicadeza, usa sua lenta narrativa pra compor um ensaio desesperado sobre carência. A trama aqui narrada pela realizadora de cults como "Os Mutantes" (1998) mostra a destruição de uma família. O pai (João Pedro Vaz) está desempregado. Vivida pela ótima Beatriz Batarda, a mãe é o arrimo desse comatoso clã, não tempo para cuidar de si nem da filha (Alice Albergaria Borges), pois está ameaçada de perder seu trabalho noturno. O corte da luz da casa deles coroa o processo de decadência daquele lar, em meio ao percurso de amadurecimento da adolescente que se descobre mulher ali naquela residência cheia de sombras. São impressionantes os enquadramentos da fotografia construída por Acácio de Almeida, carregados de uma esfumaçada angústia proustiana. "Não quis que o título do meu filme, 'Colo', fosse traduzido, pelo efeito sonoro e sinestésico que esta palavra gera, ao sugerir calor humano mesmo para quem não entende seu significado. E para quem fala português, ela significa embalar... proteger... preservando em si uma aura de mistério", disse Teresa ao P de Pop. "Crises são tempos de solidão. Essa é uma história sobre pessoas solitárias e sobre os silêncios entre elas. O silêncio demanda tempo para ser decantado e sorvido. Silêncio é um modo de escuta. É necessário escutar um Portugal que já se foi... mas pode voltar".

Tem sessão de "Colo" no dia 1/3 no evento do CCBB. Existem por lá outras joias cinéfilas como "A Fábrica de Nada" (2017) e "Tabu" (2012) na seleção de Ferreira, centrada na produção lusa feita entre 2010 e 2020. Nesse período, há um filmaço que anda circulando não na retrospectiva do Banco do Brasil, mas nas latitudes da web, em streamings como o FILMIN.PT, e que merecem arguta atenção: "A HERDADE", de Tiago Guedes. Exibido em Veneza, na disputa pelo Leão de Ouro de 2019, e em Toronto, este estonteante retrata a saga de uma família de latifundiários do Tejo dos anos 1940 aos dias de hoje, entre traições, disputas de poder e uma luta contra o governo, da perspectiva de quem se considera dono da terra. O desempenho de Albano Jerónimo ao interpretar um fazendeiro arrogante é antológico.

p.s.: Como escutamos nosso corpo ancestral? Como construímos linguagem? Quais são os afetos percebidos nas grafias corporais? Essas são algumas das perguntas que guiam o ciclo virtual de palestras "Lab Corpo Palavra", que reúne artistas e pesquisadores da dança, das escritas e dos estudos do corpo no canal do Youtube Celeiro Moebius (https://bit.ly/3q9zULp) até 3 de março. Nesta terça-feira, 9 de fevereiro, a antropóloga Sandra Benites, curadora adjunta de arte brasileira no Masp, participa do projeto, das 15h às 16h, para falar de sua pesquisa sobre como os povos guaranis enxergam o corpo feminino, entre outros temas. "A Sandra traz sua narrativa ancestral sobre as memórias que demarca o nosso corpo, e essa demarcação como um processo de territorialização. Territorializar o corpo é criar vínculo de conexão com a força da vida", comenta Aline Bernardi, idealizadora do ciclo.

p.s.2: Não vai haver Carnaval no Rio de Janeiro em 2021. Enquanto não for seguro para a população estar nas ruas, devido à pandemia, os tradicionais blocos da cidade também não vão desfilar. Mas quem disse que eles estão parados? Os blocos "Escravos da Mauá" e "Meu Bem Volto Já" lançam o projeto "Do Leme à Praça Mauá -- Histórias e Músicas do Carnaval Carioca", dia 12 de fevereiro, no Youtube. Eles operam no canal "Histórias e Músicas do Carnaval Carioca" (https://bit.ly/3qmUBUs). Com roteiro e direção do premiado ator Pedro Monteiro (de "Vendo ou Alugo"), a série terá 12 programas de sete a dez minutos que vão contar algumas das curiosidades dos sambas e compositores que fizeram sucesso no Carnaval da cidade dos anos 90 aos dias atuais. Na estreia, serão exibidos dois episódios consecutivos. A ideia é homenagear os blocos que saem com sambas autorais e os compositores que têm um olhar crítico sobre o cotidiano da cidade. Em cada episódio, integrantes e músicos dos blocos serão convidados a cantar e contar lembranças da folia momesca.

RODRIGO FONSECA Primeiro acerto com "A" maiúsculo da indústria brasileira de mostras de cinema em 2021, "De Portugal Para o Mundo", em cartaz até o dia 1º de março no Centro Cultural Banco do Brasil carioca (CCBB-RJ), devolveu à tela grande o colossal "COLO", candidato dos nossos patrícios ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2017. Na primor que é a curadoria de Pedro Henrique Ferreira, aberta com "Vitalina Varela" no dia 3, o doído ensaio sobre abandonos de Teresa Villaverde merece ser visto com presteza e atenção. Com seus 136 dolorosos (porém tocantes) minutos, esta aula sobre efeitos afetivos das crises financeiras, dada pela diretora lisboeta na forma de um drama construído com base na delicadeza, usa sua lenta narrativa pra compor um ensaio desesperado sobre carência. A trama aqui narrada pela realizadora de cults como "Os Mutantes" (1998) mostra a destruição de uma família. O pai (João Pedro Vaz) está desempregado. Vivida pela ótima Beatriz Batarda, a mãe é o arrimo desse comatoso clã, não tempo para cuidar de si nem da filha (Alice Albergaria Borges), pois está ameaçada de perder seu trabalho noturno. O corte da luz da casa deles coroa o processo de decadência daquele lar, em meio ao percurso de amadurecimento da adolescente que se descobre mulher ali naquela residência cheia de sombras. São impressionantes os enquadramentos da fotografia construída por Acácio de Almeida, carregados de uma esfumaçada angústia proustiana. "Não quis que o título do meu filme, 'Colo', fosse traduzido, pelo efeito sonoro e sinestésico que esta palavra gera, ao sugerir calor humano mesmo para quem não entende seu significado. E para quem fala português, ela significa embalar... proteger... preservando em si uma aura de mistério", disse Teresa ao P de Pop. "Crises são tempos de solidão. Essa é uma história sobre pessoas solitárias e sobre os silêncios entre elas. O silêncio demanda tempo para ser decantado e sorvido. Silêncio é um modo de escuta. É necessário escutar um Portugal que já se foi... mas pode voltar".

Tem sessão de "Colo" no dia 1/3 no evento do CCBB. Existem por lá outras joias cinéfilas como "A Fábrica de Nada" (2017) e "Tabu" (2012) na seleção de Ferreira, centrada na produção lusa feita entre 2010 e 2020. Nesse período, há um filmaço que anda circulando não na retrospectiva do Banco do Brasil, mas nas latitudes da web, em streamings como o FILMIN.PT, e que merecem arguta atenção: "A HERDADE", de Tiago Guedes. Exibido em Veneza, na disputa pelo Leão de Ouro de 2019, e em Toronto, este estonteante retrata a saga de uma família de latifundiários do Tejo dos anos 1940 aos dias de hoje, entre traições, disputas de poder e uma luta contra o governo, da perspectiva de quem se considera dono da terra. O desempenho de Albano Jerónimo ao interpretar um fazendeiro arrogante é antológico.

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p.s.2: Não vai haver Carnaval no Rio de Janeiro em 2021. Enquanto não for seguro para a população estar nas ruas, devido à pandemia, os tradicionais blocos da cidade também não vão desfilar. Mas quem disse que eles estão parados? Os blocos "Escravos da Mauá" e "Meu Bem Volto Já" lançam o projeto "Do Leme à Praça Mauá -- Histórias e Músicas do Carnaval Carioca", dia 12 de fevereiro, no Youtube. Eles operam no canal "Histórias e Músicas do Carnaval Carioca" (https://bit.ly/3qmUBUs). Com roteiro e direção do premiado ator Pedro Monteiro (de "Vendo ou Alugo"), a série terá 12 programas de sete a dez minutos que vão contar algumas das curiosidades dos sambas e compositores que fizeram sucesso no Carnaval da cidade dos anos 90 aos dias atuais. Na estreia, serão exibidos dois episódios consecutivos. A ideia é homenagear os blocos que saem com sambas autorais e os compositores que têm um olhar crítico sobre o cotidiano da cidade. Em cada episódio, integrantes e músicos dos blocos serão convidados a cantar e contar lembranças da folia momesca.

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