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Pressão de fãs reverte a péssima dublagem de 'Tulsa King': só Luiz Feier dubla Sly


Por Rodrigo Fonseca
Uma nova temporada de "Tulsa King" está em preparação neste momento em que as primeiras aventuras de Dwight Manfredi ganham nova versão brasileira, com Luiz Feier dublando Sly - Foto: Brian Douglas/Paramount+ - © 2022 Viacom International Inc.

RODRIGO FONSECA Em meio a uma grita em reação (negativa) à ausência de Rocky Balboa em "Creed III", do qual ficou de fora por divergências criativas com a trama e por embates legais com o produtor Irvin Winkler, Sylvester Stallone renova sua conexão com as plateias de múltiplas formas, a começar por uma vitória em terras e telas brasileiras: sua série, "Tulsa King", acaba de ser redublada. A vergonhosa versão brasileira oferecida originalmente pela Paramount Plus irritou tanto os fãs do ator que o streaming teve que convocar Luiz Feier Motta para emprestar o vozeirão ao ator ítalo-americano de 76 anos. Com o tímpano do público não se brinca. Foi um erro não apostar na voz que vem sedimentando os trabalhos de Stallone nos ouvidos dos brasileiros desde 1993 - ano de "Risco Total". Antes de Feier, o dublador de Sly (apelido de Sylvester nos EUA) era o genial André Filho, que morreu em 1997. Feier dubla Stallone também no papel de Stakar, um mercenário do espaço que terá destaque no terceiro título da franquia Marvel "Guardiões da Galáxia". Em setembro, o ator será visto como Barney Ross em "Os Mercenários 4". "Stallone é como um ídolo, um ícone", disse Feier em entrevista ao Estadão, quando celebrou seus 40 anos de dublagem. "É um dos ídolos - ou talvez, o mais - longevo na História do cinema. É um ator que possui uma regularidade espantosa: todos os anos, ele estrelou algum filme, quando não dois. A partir de 'Rocky - Um Lutador', ele sempre manteve uma regularidade impressionante. Se não fez aquele sucesso estrondoso, em um determinado filme, marcou de alguma maneira a História, no seguimento que escolheu para seguir, a ação. Vejo-o como um exemplo a ser seguido, ele saiu do nada com a produção de 'Rocky', e até empenhou o próprio cachorro para poder realizar o filme, quando ninguém quis apostar nele".

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Vai ter uma segunda temporada de "Tulsa King", cuja primeira fornada de episódios termina nas raias do suspense. "Fiquei associado a um mesmo arquétipo por muito tempo, o que engessou meus planos como ator. Fora isso, quando a imagem que construímos no cinema está mesclada a grifes, como é o caso de Rocky ou Rambo, a gente precisa estar aberto a reinvenções, ou a nossa carreira fica estagnada", disse Stallone ao P de Pop quando lançou "Samaritano", diretamente na Amazon Prime, em agosto. "Venho interpretando personagens de carne e osso que não se encaixam nos padrões da realidade que conhecemos, por mais humanos que sejam. Não gosto das zonas sombrias. A vida já é sombria demais para nos rendermos ao que é negativo. Nas telas, passei a viver sempre o sujeito fora da curva que não pode evitar a sina do altruísmo. A questão é que eu cheguei numa idade em que não posso mais interpretar Rambo do modo que eu fazia lá pelos meus 30 anos. Preciso honrar e respeitar a idade que tenho". Não por acaso, um dos melhores diálogos de "Tulsa King" é a conversa entre o personagem de Stallone, o gângster Dwight "O General" Manfredi e uma agente federal quarentona, Stacy (Andrea Savage), no qual ela, após uma transa acalorada, assusta-se ao saber a idade dele. Dwight pergunta: "Qual foi o problema? É o nosso gap geracional?". E ela: "Não é um gap, é um canyon". Os dois passa a série toda juntos e misturados, mesmo com divergências. Integrante do elenco de "Bananas" (1973), de Woody Allen, do qual quase foi descartado por não parecer ameaçador o suficiente, Stallone traz situações hilárias para "Tulsa King", ainda que o foco da trama seja a violência. A brutalidade é inerente ao trabalho de um gângster grisalho que precisa criar uma célula criminosa do zero numa cidadezinha do interior, onde a maconha é legalizada e o único perigo é uma gangue de motoqueiros. "Não existe pesadelo maior para um ser humano do que a derrota", disse Stallone, numa referência à resiliência que sempre marca seus personagens.

Taylor Sheridan, responsável pelo sucesso do já citado "Yellowstone", é um dos criadores de "Tulsa King", que tem Terence Winter (de "A Família Soprano") à frente do roteiro e da concepção de um universo de famílias mafiosas repletas de pecados. A agilíssima direção é de Allen Coulter (de "Ray Donovan" e do filme "Hollywoodland"), que entende com precisão a persona de Stallone e o que ele simboliza historicamente. É o que se percebe na maneira como o cineasta recria o ethos de "exército de um homem só" muitas vezes encarnado pelo ator, traduzido no tom de empáfia e de retidão plena de Dwight. A que ele sente em relação à ausência que se encarceramento deixou na vida da filha, Tina (Tatiana Zappardino). Durão inquebrantável, Dwight passou 25 anos encarcerado e sai da cadeia com a missão de erguer uma facção da máfia em Tulsa, encarando uma realidade social diferente daquela em que se configurou como um criminoso assustador, em Nova York. Ele se depara com figuras com visual de caubói, com botas de couro de jacaré. E é ali que precisa se reerguer, tendo como aliados um taxista (Jay Will), um dono de bar (Garrett Hedlund, perfeito em cena) e um assassino aposentado (Max Casella). Duas estrelas dos anos 1990, há tempos sem destaque, regressam aos holofotes na companhia de Stallone: Annabella Sciorra (que foi colega do ator em "CopLand") e Dana Delany. A primeira vive a irmã de Dwight e a segunda é a vilã Margaret. Estima-se que Stallone possa ser um dos jurados do 76. Festival de Cannes (16 a 27 de maio), onde deve exibir "Os Mercenários 4" fora de concurso. há um boato de que o presidente do júri deste ano, o sueco Ruben Östlund (que concorre a dois Oscars com "Triângulo da Tristeza") é fã de Rocky.

Uma nova temporada de "Tulsa King" está em preparação neste momento em que as primeiras aventuras de Dwight Manfredi ganham nova versão brasileira, com Luiz Feier dublando Sly - Foto: Brian Douglas/Paramount+ - © 2022 Viacom International Inc.

RODRIGO FONSECA Em meio a uma grita em reação (negativa) à ausência de Rocky Balboa em "Creed III", do qual ficou de fora por divergências criativas com a trama e por embates legais com o produtor Irvin Winkler, Sylvester Stallone renova sua conexão com as plateias de múltiplas formas, a começar por uma vitória em terras e telas brasileiras: sua série, "Tulsa King", acaba de ser redublada. A vergonhosa versão brasileira oferecida originalmente pela Paramount Plus irritou tanto os fãs do ator que o streaming teve que convocar Luiz Feier Motta para emprestar o vozeirão ao ator ítalo-americano de 76 anos. Com o tímpano do público não se brinca. Foi um erro não apostar na voz que vem sedimentando os trabalhos de Stallone nos ouvidos dos brasileiros desde 1993 - ano de "Risco Total". Antes de Feier, o dublador de Sly (apelido de Sylvester nos EUA) era o genial André Filho, que morreu em 1997. Feier dubla Stallone também no papel de Stakar, um mercenário do espaço que terá destaque no terceiro título da franquia Marvel "Guardiões da Galáxia". Em setembro, o ator será visto como Barney Ross em "Os Mercenários 4". "Stallone é como um ídolo, um ícone", disse Feier em entrevista ao Estadão, quando celebrou seus 40 anos de dublagem. "É um dos ídolos - ou talvez, o mais - longevo na História do cinema. É um ator que possui uma regularidade espantosa: todos os anos, ele estrelou algum filme, quando não dois. A partir de 'Rocky - Um Lutador', ele sempre manteve uma regularidade impressionante. Se não fez aquele sucesso estrondoso, em um determinado filme, marcou de alguma maneira a História, no seguimento que escolheu para seguir, a ação. Vejo-o como um exemplo a ser seguido, ele saiu do nada com a produção de 'Rocky', e até empenhou o próprio cachorro para poder realizar o filme, quando ninguém quis apostar nele".

Vai ter uma segunda temporada de "Tulsa King", cuja primeira fornada de episódios termina nas raias do suspense. "Fiquei associado a um mesmo arquétipo por muito tempo, o que engessou meus planos como ator. Fora isso, quando a imagem que construímos no cinema está mesclada a grifes, como é o caso de Rocky ou Rambo, a gente precisa estar aberto a reinvenções, ou a nossa carreira fica estagnada", disse Stallone ao P de Pop quando lançou "Samaritano", diretamente na Amazon Prime, em agosto. "Venho interpretando personagens de carne e osso que não se encaixam nos padrões da realidade que conhecemos, por mais humanos que sejam. Não gosto das zonas sombrias. A vida já é sombria demais para nos rendermos ao que é negativo. Nas telas, passei a viver sempre o sujeito fora da curva que não pode evitar a sina do altruísmo. A questão é que eu cheguei numa idade em que não posso mais interpretar Rambo do modo que eu fazia lá pelos meus 30 anos. Preciso honrar e respeitar a idade que tenho". Não por acaso, um dos melhores diálogos de "Tulsa King" é a conversa entre o personagem de Stallone, o gângster Dwight "O General" Manfredi e uma agente federal quarentona, Stacy (Andrea Savage), no qual ela, após uma transa acalorada, assusta-se ao saber a idade dele. Dwight pergunta: "Qual foi o problema? É o nosso gap geracional?". E ela: "Não é um gap, é um canyon". Os dois passa a série toda juntos e misturados, mesmo com divergências. Integrante do elenco de "Bananas" (1973), de Woody Allen, do qual quase foi descartado por não parecer ameaçador o suficiente, Stallone traz situações hilárias para "Tulsa King", ainda que o foco da trama seja a violência. A brutalidade é inerente ao trabalho de um gângster grisalho que precisa criar uma célula criminosa do zero numa cidadezinha do interior, onde a maconha é legalizada e o único perigo é uma gangue de motoqueiros. "Não existe pesadelo maior para um ser humano do que a derrota", disse Stallone, numa referência à resiliência que sempre marca seus personagens.

Taylor Sheridan, responsável pelo sucesso do já citado "Yellowstone", é um dos criadores de "Tulsa King", que tem Terence Winter (de "A Família Soprano") à frente do roteiro e da concepção de um universo de famílias mafiosas repletas de pecados. A agilíssima direção é de Allen Coulter (de "Ray Donovan" e do filme "Hollywoodland"), que entende com precisão a persona de Stallone e o que ele simboliza historicamente. É o que se percebe na maneira como o cineasta recria o ethos de "exército de um homem só" muitas vezes encarnado pelo ator, traduzido no tom de empáfia e de retidão plena de Dwight. A que ele sente em relação à ausência que se encarceramento deixou na vida da filha, Tina (Tatiana Zappardino). Durão inquebrantável, Dwight passou 25 anos encarcerado e sai da cadeia com a missão de erguer uma facção da máfia em Tulsa, encarando uma realidade social diferente daquela em que se configurou como um criminoso assustador, em Nova York. Ele se depara com figuras com visual de caubói, com botas de couro de jacaré. E é ali que precisa se reerguer, tendo como aliados um taxista (Jay Will), um dono de bar (Garrett Hedlund, perfeito em cena) e um assassino aposentado (Max Casella). Duas estrelas dos anos 1990, há tempos sem destaque, regressam aos holofotes na companhia de Stallone: Annabella Sciorra (que foi colega do ator em "CopLand") e Dana Delany. A primeira vive a irmã de Dwight e a segunda é a vilã Margaret. Estima-se que Stallone possa ser um dos jurados do 76. Festival de Cannes (16 a 27 de maio), onde deve exibir "Os Mercenários 4" fora de concurso. há um boato de que o presidente do júri deste ano, o sueco Ruben Östlund (que concorre a dois Oscars com "Triângulo da Tristeza") é fã de Rocky.

Uma nova temporada de "Tulsa King" está em preparação neste momento em que as primeiras aventuras de Dwight Manfredi ganham nova versão brasileira, com Luiz Feier dublando Sly - Foto: Brian Douglas/Paramount+ - © 2022 Viacom International Inc.

RODRIGO FONSECA Em meio a uma grita em reação (negativa) à ausência de Rocky Balboa em "Creed III", do qual ficou de fora por divergências criativas com a trama e por embates legais com o produtor Irvin Winkler, Sylvester Stallone renova sua conexão com as plateias de múltiplas formas, a começar por uma vitória em terras e telas brasileiras: sua série, "Tulsa King", acaba de ser redublada. A vergonhosa versão brasileira oferecida originalmente pela Paramount Plus irritou tanto os fãs do ator que o streaming teve que convocar Luiz Feier Motta para emprestar o vozeirão ao ator ítalo-americano de 76 anos. Com o tímpano do público não se brinca. Foi um erro não apostar na voz que vem sedimentando os trabalhos de Stallone nos ouvidos dos brasileiros desde 1993 - ano de "Risco Total". Antes de Feier, o dublador de Sly (apelido de Sylvester nos EUA) era o genial André Filho, que morreu em 1997. Feier dubla Stallone também no papel de Stakar, um mercenário do espaço que terá destaque no terceiro título da franquia Marvel "Guardiões da Galáxia". Em setembro, o ator será visto como Barney Ross em "Os Mercenários 4". "Stallone é como um ídolo, um ícone", disse Feier em entrevista ao Estadão, quando celebrou seus 40 anos de dublagem. "É um dos ídolos - ou talvez, o mais - longevo na História do cinema. É um ator que possui uma regularidade espantosa: todos os anos, ele estrelou algum filme, quando não dois. A partir de 'Rocky - Um Lutador', ele sempre manteve uma regularidade impressionante. Se não fez aquele sucesso estrondoso, em um determinado filme, marcou de alguma maneira a História, no seguimento que escolheu para seguir, a ação. Vejo-o como um exemplo a ser seguido, ele saiu do nada com a produção de 'Rocky', e até empenhou o próprio cachorro para poder realizar o filme, quando ninguém quis apostar nele".

Vai ter uma segunda temporada de "Tulsa King", cuja primeira fornada de episódios termina nas raias do suspense. "Fiquei associado a um mesmo arquétipo por muito tempo, o que engessou meus planos como ator. Fora isso, quando a imagem que construímos no cinema está mesclada a grifes, como é o caso de Rocky ou Rambo, a gente precisa estar aberto a reinvenções, ou a nossa carreira fica estagnada", disse Stallone ao P de Pop quando lançou "Samaritano", diretamente na Amazon Prime, em agosto. "Venho interpretando personagens de carne e osso que não se encaixam nos padrões da realidade que conhecemos, por mais humanos que sejam. Não gosto das zonas sombrias. A vida já é sombria demais para nos rendermos ao que é negativo. Nas telas, passei a viver sempre o sujeito fora da curva que não pode evitar a sina do altruísmo. A questão é que eu cheguei numa idade em que não posso mais interpretar Rambo do modo que eu fazia lá pelos meus 30 anos. Preciso honrar e respeitar a idade que tenho". Não por acaso, um dos melhores diálogos de "Tulsa King" é a conversa entre o personagem de Stallone, o gângster Dwight "O General" Manfredi e uma agente federal quarentona, Stacy (Andrea Savage), no qual ela, após uma transa acalorada, assusta-se ao saber a idade dele. Dwight pergunta: "Qual foi o problema? É o nosso gap geracional?". E ela: "Não é um gap, é um canyon". Os dois passa a série toda juntos e misturados, mesmo com divergências. Integrante do elenco de "Bananas" (1973), de Woody Allen, do qual quase foi descartado por não parecer ameaçador o suficiente, Stallone traz situações hilárias para "Tulsa King", ainda que o foco da trama seja a violência. A brutalidade é inerente ao trabalho de um gângster grisalho que precisa criar uma célula criminosa do zero numa cidadezinha do interior, onde a maconha é legalizada e o único perigo é uma gangue de motoqueiros. "Não existe pesadelo maior para um ser humano do que a derrota", disse Stallone, numa referência à resiliência que sempre marca seus personagens.

Taylor Sheridan, responsável pelo sucesso do já citado "Yellowstone", é um dos criadores de "Tulsa King", que tem Terence Winter (de "A Família Soprano") à frente do roteiro e da concepção de um universo de famílias mafiosas repletas de pecados. A agilíssima direção é de Allen Coulter (de "Ray Donovan" e do filme "Hollywoodland"), que entende com precisão a persona de Stallone e o que ele simboliza historicamente. É o que se percebe na maneira como o cineasta recria o ethos de "exército de um homem só" muitas vezes encarnado pelo ator, traduzido no tom de empáfia e de retidão plena de Dwight. A que ele sente em relação à ausência que se encarceramento deixou na vida da filha, Tina (Tatiana Zappardino). Durão inquebrantável, Dwight passou 25 anos encarcerado e sai da cadeia com a missão de erguer uma facção da máfia em Tulsa, encarando uma realidade social diferente daquela em que se configurou como um criminoso assustador, em Nova York. Ele se depara com figuras com visual de caubói, com botas de couro de jacaré. E é ali que precisa se reerguer, tendo como aliados um taxista (Jay Will), um dono de bar (Garrett Hedlund, perfeito em cena) e um assassino aposentado (Max Casella). Duas estrelas dos anos 1990, há tempos sem destaque, regressam aos holofotes na companhia de Stallone: Annabella Sciorra (que foi colega do ator em "CopLand") e Dana Delany. A primeira vive a irmã de Dwight e a segunda é a vilã Margaret. Estima-se que Stallone possa ser um dos jurados do 76. Festival de Cannes (16 a 27 de maio), onde deve exibir "Os Mercenários 4" fora de concurso. há um boato de que o presidente do júri deste ano, o sueco Ruben Östlund (que concorre a dois Oscars com "Triângulo da Tristeza") é fã de Rocky.

Uma nova temporada de "Tulsa King" está em preparação neste momento em que as primeiras aventuras de Dwight Manfredi ganham nova versão brasileira, com Luiz Feier dublando Sly - Foto: Brian Douglas/Paramount+ - © 2022 Viacom International Inc.

RODRIGO FONSECA Em meio a uma grita em reação (negativa) à ausência de Rocky Balboa em "Creed III", do qual ficou de fora por divergências criativas com a trama e por embates legais com o produtor Irvin Winkler, Sylvester Stallone renova sua conexão com as plateias de múltiplas formas, a começar por uma vitória em terras e telas brasileiras: sua série, "Tulsa King", acaba de ser redublada. A vergonhosa versão brasileira oferecida originalmente pela Paramount Plus irritou tanto os fãs do ator que o streaming teve que convocar Luiz Feier Motta para emprestar o vozeirão ao ator ítalo-americano de 76 anos. Com o tímpano do público não se brinca. Foi um erro não apostar na voz que vem sedimentando os trabalhos de Stallone nos ouvidos dos brasileiros desde 1993 - ano de "Risco Total". Antes de Feier, o dublador de Sly (apelido de Sylvester nos EUA) era o genial André Filho, que morreu em 1997. Feier dubla Stallone também no papel de Stakar, um mercenário do espaço que terá destaque no terceiro título da franquia Marvel "Guardiões da Galáxia". Em setembro, o ator será visto como Barney Ross em "Os Mercenários 4". "Stallone é como um ídolo, um ícone", disse Feier em entrevista ao Estadão, quando celebrou seus 40 anos de dublagem. "É um dos ídolos - ou talvez, o mais - longevo na História do cinema. É um ator que possui uma regularidade espantosa: todos os anos, ele estrelou algum filme, quando não dois. A partir de 'Rocky - Um Lutador', ele sempre manteve uma regularidade impressionante. Se não fez aquele sucesso estrondoso, em um determinado filme, marcou de alguma maneira a História, no seguimento que escolheu para seguir, a ação. Vejo-o como um exemplo a ser seguido, ele saiu do nada com a produção de 'Rocky', e até empenhou o próprio cachorro para poder realizar o filme, quando ninguém quis apostar nele".

Vai ter uma segunda temporada de "Tulsa King", cuja primeira fornada de episódios termina nas raias do suspense. "Fiquei associado a um mesmo arquétipo por muito tempo, o que engessou meus planos como ator. Fora isso, quando a imagem que construímos no cinema está mesclada a grifes, como é o caso de Rocky ou Rambo, a gente precisa estar aberto a reinvenções, ou a nossa carreira fica estagnada", disse Stallone ao P de Pop quando lançou "Samaritano", diretamente na Amazon Prime, em agosto. "Venho interpretando personagens de carne e osso que não se encaixam nos padrões da realidade que conhecemos, por mais humanos que sejam. Não gosto das zonas sombrias. A vida já é sombria demais para nos rendermos ao que é negativo. Nas telas, passei a viver sempre o sujeito fora da curva que não pode evitar a sina do altruísmo. A questão é que eu cheguei numa idade em que não posso mais interpretar Rambo do modo que eu fazia lá pelos meus 30 anos. Preciso honrar e respeitar a idade que tenho". Não por acaso, um dos melhores diálogos de "Tulsa King" é a conversa entre o personagem de Stallone, o gângster Dwight "O General" Manfredi e uma agente federal quarentona, Stacy (Andrea Savage), no qual ela, após uma transa acalorada, assusta-se ao saber a idade dele. Dwight pergunta: "Qual foi o problema? É o nosso gap geracional?". E ela: "Não é um gap, é um canyon". Os dois passa a série toda juntos e misturados, mesmo com divergências. Integrante do elenco de "Bananas" (1973), de Woody Allen, do qual quase foi descartado por não parecer ameaçador o suficiente, Stallone traz situações hilárias para "Tulsa King", ainda que o foco da trama seja a violência. A brutalidade é inerente ao trabalho de um gângster grisalho que precisa criar uma célula criminosa do zero numa cidadezinha do interior, onde a maconha é legalizada e o único perigo é uma gangue de motoqueiros. "Não existe pesadelo maior para um ser humano do que a derrota", disse Stallone, numa referência à resiliência que sempre marca seus personagens.

Taylor Sheridan, responsável pelo sucesso do já citado "Yellowstone", é um dos criadores de "Tulsa King", que tem Terence Winter (de "A Família Soprano") à frente do roteiro e da concepção de um universo de famílias mafiosas repletas de pecados. A agilíssima direção é de Allen Coulter (de "Ray Donovan" e do filme "Hollywoodland"), que entende com precisão a persona de Stallone e o que ele simboliza historicamente. É o que se percebe na maneira como o cineasta recria o ethos de "exército de um homem só" muitas vezes encarnado pelo ator, traduzido no tom de empáfia e de retidão plena de Dwight. A que ele sente em relação à ausência que se encarceramento deixou na vida da filha, Tina (Tatiana Zappardino). Durão inquebrantável, Dwight passou 25 anos encarcerado e sai da cadeia com a missão de erguer uma facção da máfia em Tulsa, encarando uma realidade social diferente daquela em que se configurou como um criminoso assustador, em Nova York. Ele se depara com figuras com visual de caubói, com botas de couro de jacaré. E é ali que precisa se reerguer, tendo como aliados um taxista (Jay Will), um dono de bar (Garrett Hedlund, perfeito em cena) e um assassino aposentado (Max Casella). Duas estrelas dos anos 1990, há tempos sem destaque, regressam aos holofotes na companhia de Stallone: Annabella Sciorra (que foi colega do ator em "CopLand") e Dana Delany. A primeira vive a irmã de Dwight e a segunda é a vilã Margaret. Estima-se que Stallone possa ser um dos jurados do 76. Festival de Cannes (16 a 27 de maio), onde deve exibir "Os Mercenários 4" fora de concurso. há um boato de que o presidente do júri deste ano, o sueco Ruben Östlund (que concorre a dois Oscars com "Triângulo da Tristeza") é fã de Rocky.

Uma nova temporada de "Tulsa King" está em preparação neste momento em que as primeiras aventuras de Dwight Manfredi ganham nova versão brasileira, com Luiz Feier dublando Sly - Foto: Brian Douglas/Paramount+ - © 2022 Viacom International Inc.

RODRIGO FONSECA Em meio a uma grita em reação (negativa) à ausência de Rocky Balboa em "Creed III", do qual ficou de fora por divergências criativas com a trama e por embates legais com o produtor Irvin Winkler, Sylvester Stallone renova sua conexão com as plateias de múltiplas formas, a começar por uma vitória em terras e telas brasileiras: sua série, "Tulsa King", acaba de ser redublada. A vergonhosa versão brasileira oferecida originalmente pela Paramount Plus irritou tanto os fãs do ator que o streaming teve que convocar Luiz Feier Motta para emprestar o vozeirão ao ator ítalo-americano de 76 anos. Com o tímpano do público não se brinca. Foi um erro não apostar na voz que vem sedimentando os trabalhos de Stallone nos ouvidos dos brasileiros desde 1993 - ano de "Risco Total". Antes de Feier, o dublador de Sly (apelido de Sylvester nos EUA) era o genial André Filho, que morreu em 1997. Feier dubla Stallone também no papel de Stakar, um mercenário do espaço que terá destaque no terceiro título da franquia Marvel "Guardiões da Galáxia". Em setembro, o ator será visto como Barney Ross em "Os Mercenários 4". "Stallone é como um ídolo, um ícone", disse Feier em entrevista ao Estadão, quando celebrou seus 40 anos de dublagem. "É um dos ídolos - ou talvez, o mais - longevo na História do cinema. É um ator que possui uma regularidade espantosa: todos os anos, ele estrelou algum filme, quando não dois. A partir de 'Rocky - Um Lutador', ele sempre manteve uma regularidade impressionante. Se não fez aquele sucesso estrondoso, em um determinado filme, marcou de alguma maneira a História, no seguimento que escolheu para seguir, a ação. Vejo-o como um exemplo a ser seguido, ele saiu do nada com a produção de 'Rocky', e até empenhou o próprio cachorro para poder realizar o filme, quando ninguém quis apostar nele".

Vai ter uma segunda temporada de "Tulsa King", cuja primeira fornada de episódios termina nas raias do suspense. "Fiquei associado a um mesmo arquétipo por muito tempo, o que engessou meus planos como ator. Fora isso, quando a imagem que construímos no cinema está mesclada a grifes, como é o caso de Rocky ou Rambo, a gente precisa estar aberto a reinvenções, ou a nossa carreira fica estagnada", disse Stallone ao P de Pop quando lançou "Samaritano", diretamente na Amazon Prime, em agosto. "Venho interpretando personagens de carne e osso que não se encaixam nos padrões da realidade que conhecemos, por mais humanos que sejam. Não gosto das zonas sombrias. A vida já é sombria demais para nos rendermos ao que é negativo. Nas telas, passei a viver sempre o sujeito fora da curva que não pode evitar a sina do altruísmo. A questão é que eu cheguei numa idade em que não posso mais interpretar Rambo do modo que eu fazia lá pelos meus 30 anos. Preciso honrar e respeitar a idade que tenho". Não por acaso, um dos melhores diálogos de "Tulsa King" é a conversa entre o personagem de Stallone, o gângster Dwight "O General" Manfredi e uma agente federal quarentona, Stacy (Andrea Savage), no qual ela, após uma transa acalorada, assusta-se ao saber a idade dele. Dwight pergunta: "Qual foi o problema? É o nosso gap geracional?". E ela: "Não é um gap, é um canyon". Os dois passa a série toda juntos e misturados, mesmo com divergências. Integrante do elenco de "Bananas" (1973), de Woody Allen, do qual quase foi descartado por não parecer ameaçador o suficiente, Stallone traz situações hilárias para "Tulsa King", ainda que o foco da trama seja a violência. A brutalidade é inerente ao trabalho de um gângster grisalho que precisa criar uma célula criminosa do zero numa cidadezinha do interior, onde a maconha é legalizada e o único perigo é uma gangue de motoqueiros. "Não existe pesadelo maior para um ser humano do que a derrota", disse Stallone, numa referência à resiliência que sempre marca seus personagens.

Taylor Sheridan, responsável pelo sucesso do já citado "Yellowstone", é um dos criadores de "Tulsa King", que tem Terence Winter (de "A Família Soprano") à frente do roteiro e da concepção de um universo de famílias mafiosas repletas de pecados. A agilíssima direção é de Allen Coulter (de "Ray Donovan" e do filme "Hollywoodland"), que entende com precisão a persona de Stallone e o que ele simboliza historicamente. É o que se percebe na maneira como o cineasta recria o ethos de "exército de um homem só" muitas vezes encarnado pelo ator, traduzido no tom de empáfia e de retidão plena de Dwight. A que ele sente em relação à ausência que se encarceramento deixou na vida da filha, Tina (Tatiana Zappardino). Durão inquebrantável, Dwight passou 25 anos encarcerado e sai da cadeia com a missão de erguer uma facção da máfia em Tulsa, encarando uma realidade social diferente daquela em que se configurou como um criminoso assustador, em Nova York. Ele se depara com figuras com visual de caubói, com botas de couro de jacaré. E é ali que precisa se reerguer, tendo como aliados um taxista (Jay Will), um dono de bar (Garrett Hedlund, perfeito em cena) e um assassino aposentado (Max Casella). Duas estrelas dos anos 1990, há tempos sem destaque, regressam aos holofotes na companhia de Stallone: Annabella Sciorra (que foi colega do ator em "CopLand") e Dana Delany. A primeira vive a irmã de Dwight e a segunda é a vilã Margaret. Estima-se que Stallone possa ser um dos jurados do 76. Festival de Cannes (16 a 27 de maio), onde deve exibir "Os Mercenários 4" fora de concurso. há um boato de que o presidente do júri deste ano, o sueco Ruben Östlund (que concorre a dois Oscars com "Triângulo da Tristeza") é fã de Rocky.

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