De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Ramata-Toulaye Sy leva o Senegal a telas de Cannes sem estereótipo, com magia


Por Rodrigo Fonseca
Ramata-Toulaye Sy, diretora francesa de origem senegalesa, pode ganhar o troféu Caméra d'Or e a Palma - Foto: Rodrigo Fonseca

Rodrigo Fonseca Entre os 21 títulos concorrentes à Palma de Ouro de 2023 há um só filme pilotado por uma voz estreante na direção de longas: o senegalês "Banel & Adama", que vem cativando fãs sem ter um caminhão de dinheiro para gastar em mídia. Sua diretora nasceu na França, há 36 anos, e lá fez sua formação, mas seus pais vieram do Senegal, onde ambienta uma narrativa poética sem conceções geopolíticas ao alumbramento do exotismo e ao choro da miséria. Seu nome: Ramata-Toulaye Sy. Ela faz parte do time de recém-chegados à embaixada da autoralidade fílmica selecionados por Thierry Frémaux, o diretor-artístico do evento, a fim de renovar seus quadros. Seu filme é um drama romântico sobre querer e aceitação, mas com um toque de realismo mágico. Há até uma revoada de aves que inundam o céu com o aviso funesto de uma tragédia. Khady Mane é Banel, jovem que se casa com Adama (Mamadou Diallo) sem entender bem os interditos culturais de seu povo ligados ao benquerer. Com a percepção de que seu romance incomoda, ela gravita por veredas do risco. Mas vai encarar a intolerância com toda a perspicácia que tem. A fotografia de Amine Berrada é encantadora. "A gente fez de tudo para eliminar a dimensão de cartão-postal de uma África idílica e para libertar o filme da dimensão literária, embora eu tenha usado livros, como as obras de William Faulkner, para construir meu mundo. Mas ele precisava se afirmar por sua visualidade", disse Ramata-Toulaye ao Estadão, em Cannes. Neste domingo em que suspirou pela austeridade de "Firebrand", o "Game of Thrones" de Karim Aïnouz, numa mistura da série cult da HBO com "Ligações Perigosas" de Stephen Frears, Cannes passou a encarar Jude Law como favorito ao prêmio de Melhor Ator da competição deste ano, no papel do rei Henrique VIII. A luz pardacenta de Hélène Louvart, sua fotógrafa, amplia o tom grave, áspero, do mundo onde a rainha Catherine Parr (1512-1548), papel de uma inspirada Alicia Vikander, vai brigar com o marido monarca, o já citado Henrique, para domar sua sede descontrolado de controle. Cannes termina dia 27. Neste domingo, uma joia foi consagrada pela plateia da Quinzena de Cineasta: "Le Livre Des Solutions", hilário filme de regresso do francês Michel Gondry, o mesmo de "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (2004). Pierre Niney é uma espécie de versão alternativa de Gondry, incontrolável como ele, que transforma uma casa num set de filmagem muito doido após ser boicotado por seus produtores.

Ramata-Toulaye Sy, diretora francesa de origem senegalesa, pode ganhar o troféu Caméra d'Or e a Palma - Foto: Rodrigo Fonseca

Rodrigo Fonseca Entre os 21 títulos concorrentes à Palma de Ouro de 2023 há um só filme pilotado por uma voz estreante na direção de longas: o senegalês "Banel & Adama", que vem cativando fãs sem ter um caminhão de dinheiro para gastar em mídia. Sua diretora nasceu na França, há 36 anos, e lá fez sua formação, mas seus pais vieram do Senegal, onde ambienta uma narrativa poética sem conceções geopolíticas ao alumbramento do exotismo e ao choro da miséria. Seu nome: Ramata-Toulaye Sy. Ela faz parte do time de recém-chegados à embaixada da autoralidade fílmica selecionados por Thierry Frémaux, o diretor-artístico do evento, a fim de renovar seus quadros. Seu filme é um drama romântico sobre querer e aceitação, mas com um toque de realismo mágico. Há até uma revoada de aves que inundam o céu com o aviso funesto de uma tragédia. Khady Mane é Banel, jovem que se casa com Adama (Mamadou Diallo) sem entender bem os interditos culturais de seu povo ligados ao benquerer. Com a percepção de que seu romance incomoda, ela gravita por veredas do risco. Mas vai encarar a intolerância com toda a perspicácia que tem. A fotografia de Amine Berrada é encantadora. "A gente fez de tudo para eliminar a dimensão de cartão-postal de uma África idílica e para libertar o filme da dimensão literária, embora eu tenha usado livros, como as obras de William Faulkner, para construir meu mundo. Mas ele precisava se afirmar por sua visualidade", disse Ramata-Toulaye ao Estadão, em Cannes. Neste domingo em que suspirou pela austeridade de "Firebrand", o "Game of Thrones" de Karim Aïnouz, numa mistura da série cult da HBO com "Ligações Perigosas" de Stephen Frears, Cannes passou a encarar Jude Law como favorito ao prêmio de Melhor Ator da competição deste ano, no papel do rei Henrique VIII. A luz pardacenta de Hélène Louvart, sua fotógrafa, amplia o tom grave, áspero, do mundo onde a rainha Catherine Parr (1512-1548), papel de uma inspirada Alicia Vikander, vai brigar com o marido monarca, o já citado Henrique, para domar sua sede descontrolado de controle. Cannes termina dia 27. Neste domingo, uma joia foi consagrada pela plateia da Quinzena de Cineasta: "Le Livre Des Solutions", hilário filme de regresso do francês Michel Gondry, o mesmo de "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (2004). Pierre Niney é uma espécie de versão alternativa de Gondry, incontrolável como ele, que transforma uma casa num set de filmagem muito doido após ser boicotado por seus produtores.

Ramata-Toulaye Sy, diretora francesa de origem senegalesa, pode ganhar o troféu Caméra d'Or e a Palma - Foto: Rodrigo Fonseca

Rodrigo Fonseca Entre os 21 títulos concorrentes à Palma de Ouro de 2023 há um só filme pilotado por uma voz estreante na direção de longas: o senegalês "Banel & Adama", que vem cativando fãs sem ter um caminhão de dinheiro para gastar em mídia. Sua diretora nasceu na França, há 36 anos, e lá fez sua formação, mas seus pais vieram do Senegal, onde ambienta uma narrativa poética sem conceções geopolíticas ao alumbramento do exotismo e ao choro da miséria. Seu nome: Ramata-Toulaye Sy. Ela faz parte do time de recém-chegados à embaixada da autoralidade fílmica selecionados por Thierry Frémaux, o diretor-artístico do evento, a fim de renovar seus quadros. Seu filme é um drama romântico sobre querer e aceitação, mas com um toque de realismo mágico. Há até uma revoada de aves que inundam o céu com o aviso funesto de uma tragédia. Khady Mane é Banel, jovem que se casa com Adama (Mamadou Diallo) sem entender bem os interditos culturais de seu povo ligados ao benquerer. Com a percepção de que seu romance incomoda, ela gravita por veredas do risco. Mas vai encarar a intolerância com toda a perspicácia que tem. A fotografia de Amine Berrada é encantadora. "A gente fez de tudo para eliminar a dimensão de cartão-postal de uma África idílica e para libertar o filme da dimensão literária, embora eu tenha usado livros, como as obras de William Faulkner, para construir meu mundo. Mas ele precisava se afirmar por sua visualidade", disse Ramata-Toulaye ao Estadão, em Cannes. Neste domingo em que suspirou pela austeridade de "Firebrand", o "Game of Thrones" de Karim Aïnouz, numa mistura da série cult da HBO com "Ligações Perigosas" de Stephen Frears, Cannes passou a encarar Jude Law como favorito ao prêmio de Melhor Ator da competição deste ano, no papel do rei Henrique VIII. A luz pardacenta de Hélène Louvart, sua fotógrafa, amplia o tom grave, áspero, do mundo onde a rainha Catherine Parr (1512-1548), papel de uma inspirada Alicia Vikander, vai brigar com o marido monarca, o já citado Henrique, para domar sua sede descontrolado de controle. Cannes termina dia 27. Neste domingo, uma joia foi consagrada pela plateia da Quinzena de Cineasta: "Le Livre Des Solutions", hilário filme de regresso do francês Michel Gondry, o mesmo de "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (2004). Pierre Niney é uma espécie de versão alternativa de Gondry, incontrolável como ele, que transforma uma casa num set de filmagem muito doido após ser boicotado por seus produtores.

Ramata-Toulaye Sy, diretora francesa de origem senegalesa, pode ganhar o troféu Caméra d'Or e a Palma - Foto: Rodrigo Fonseca

Rodrigo Fonseca Entre os 21 títulos concorrentes à Palma de Ouro de 2023 há um só filme pilotado por uma voz estreante na direção de longas: o senegalês "Banel & Adama", que vem cativando fãs sem ter um caminhão de dinheiro para gastar em mídia. Sua diretora nasceu na França, há 36 anos, e lá fez sua formação, mas seus pais vieram do Senegal, onde ambienta uma narrativa poética sem conceções geopolíticas ao alumbramento do exotismo e ao choro da miséria. Seu nome: Ramata-Toulaye Sy. Ela faz parte do time de recém-chegados à embaixada da autoralidade fílmica selecionados por Thierry Frémaux, o diretor-artístico do evento, a fim de renovar seus quadros. Seu filme é um drama romântico sobre querer e aceitação, mas com um toque de realismo mágico. Há até uma revoada de aves que inundam o céu com o aviso funesto de uma tragédia. Khady Mane é Banel, jovem que se casa com Adama (Mamadou Diallo) sem entender bem os interditos culturais de seu povo ligados ao benquerer. Com a percepção de que seu romance incomoda, ela gravita por veredas do risco. Mas vai encarar a intolerância com toda a perspicácia que tem. A fotografia de Amine Berrada é encantadora. "A gente fez de tudo para eliminar a dimensão de cartão-postal de uma África idílica e para libertar o filme da dimensão literária, embora eu tenha usado livros, como as obras de William Faulkner, para construir meu mundo. Mas ele precisava se afirmar por sua visualidade", disse Ramata-Toulaye ao Estadão, em Cannes. Neste domingo em que suspirou pela austeridade de "Firebrand", o "Game of Thrones" de Karim Aïnouz, numa mistura da série cult da HBO com "Ligações Perigosas" de Stephen Frears, Cannes passou a encarar Jude Law como favorito ao prêmio de Melhor Ator da competição deste ano, no papel do rei Henrique VIII. A luz pardacenta de Hélène Louvart, sua fotógrafa, amplia o tom grave, áspero, do mundo onde a rainha Catherine Parr (1512-1548), papel de uma inspirada Alicia Vikander, vai brigar com o marido monarca, o já citado Henrique, para domar sua sede descontrolado de controle. Cannes termina dia 27. Neste domingo, uma joia foi consagrada pela plateia da Quinzena de Cineasta: "Le Livre Des Solutions", hilário filme de regresso do francês Michel Gondry, o mesmo de "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (2004). Pierre Niney é uma espécie de versão alternativa de Gondry, incontrolável como ele, que transforma uma casa num set de filmagem muito doido após ser boicotado por seus produtores.

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