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'Sem Ursos', mas com excelência: novo filme de Jafar Panahi debate o medo


Por Rodrigo Fonseca
Embora se refira à sua "atuação" em "No Bears" (no Brasil, "Sem Ursos") como sendo um "esboço", o diretor iraniano dá à telona uma madura composição de personagem, ainda que numa autoficção - Foto: @Janus Films

RODRIGO FONSECA Encontrar um Jafar Panahi inédito em circuito é sempre uma atração obrigatória, sobretudo na percepção de que sua obra - avessa ao conservadorismo, ao intervencionismo e ao moralismo do governo do Irã - já o levou à prisão e a uma série de vetos morais. Vê-lo na telona é um dever ético da cinefilia, recompensado com a elegância que, habitualmente cerze, sua forma de narrar interditos morais e políticos, como se vê no exuberante "Sem Ursos" ("No Bears"). O Prêmio Especial do Júri dado a ele no último Festival de Veneza, em setembro, coroa um dos mais tensos momentos de uma carreira iniciada em 1988, mas revelada ao mundo em 1995, após o sucesso de "O Balão Branco" (Prix Caméra d'Or em Cannes). No início deste ano, ele foi solto da prisão, após ter sido detido em julho do ano passado, sob a acusação de ferir o regime governamental de seu país. Não por acaso, seus longas mais recentes, como o estonteante "Táxi Teerã" (Urso de Ouro de 2015) foram rodados de forma clandestino. Ao saber que foi laureado pela produção que acaba de chegar ao Brasil, ele afirmou, num comunicado: ""Eu gostaria de poder fazer filmes em vez de receber prêmios. Tenho sonhos que vão além de todos os prêmios do mundo". Impedido de trafegar por um set convencional, Panahi passou a fazer filmes sobre a arte de filmar; as consequências que estão por trás de um discurso fílmico e por trás dos bastidores de uma filmagem; e sobre o temor que "Não!" estatal gera. Assim, negligência, abuso de poder, mentira, falsidade, controle e, sobretudo, encantamento passaram a ser os elementos centrais de sua obra. Detalha que o "encantamento" em questão se refere não ao alumbramento, mas, sim, à sensação que um espectador tem ao se perceber ludibriado por um signo fílmico. "Sem Ursos" se afina com essas palavras de ordem de Panahi numa bifurcação entre o que é real e o que inventado. Antes de tudo é necessário que se sublinhe a impressionante habilidade que o diretor tem para atuar, mesmo sem ser um intérprete profissional. Ele comove a plateia com a forma como traduz no gestual, no olhar e no engasgo as dores que seu personagem (no caso, ele mesmo) sente. Aos 62 anos, Panahi nos leva para um vilarejo do interior do Irã, numa zona de fonteiras, no qual a lenda de que ursos rondam a cidade amedrontam os crédulos. De lá, mesmo com parco sinal de internet, ele dirige um casal na Turquia, Zara (Mina Kavani) and Bakhtiar (Bakhtiar Panjei), que encena (ou quase) uma história de separação, na qual buscam sair de lá e ir pra Europa recomeçar à vida. Conforme a trama deles se complexifica, a chance de Panahi dar segmento a seu filme vai ficando cada vez mais escassa, seja por limitações digitais, seja pela ingerência dos fariseus da tal aldeia. Lá, ele se depara com a história de um matrimônio entre jovens que, arranjado, resvala na tragédia. O que mais importa nesse rizoma especular montado pelo diretor é entender o saldo que está por trás de fazer um filme e o coeficiente de liberdade nele depositado, que deveria refletir o desejo coletivo de criação livre, mas nem sempre reflete. A montagem do longa é impecável.

Embora se refira à sua "atuação" em "No Bears" (no Brasil, "Sem Ursos") como sendo um "esboço", o diretor iraniano dá à telona uma madura composição de personagem, ainda que numa autoficção - Foto: @Janus Films

RODRIGO FONSECA Encontrar um Jafar Panahi inédito em circuito é sempre uma atração obrigatória, sobretudo na percepção de que sua obra - avessa ao conservadorismo, ao intervencionismo e ao moralismo do governo do Irã - já o levou à prisão e a uma série de vetos morais. Vê-lo na telona é um dever ético da cinefilia, recompensado com a elegância que, habitualmente cerze, sua forma de narrar interditos morais e políticos, como se vê no exuberante "Sem Ursos" ("No Bears"). O Prêmio Especial do Júri dado a ele no último Festival de Veneza, em setembro, coroa um dos mais tensos momentos de uma carreira iniciada em 1988, mas revelada ao mundo em 1995, após o sucesso de "O Balão Branco" (Prix Caméra d'Or em Cannes). No início deste ano, ele foi solto da prisão, após ter sido detido em julho do ano passado, sob a acusação de ferir o regime governamental de seu país. Não por acaso, seus longas mais recentes, como o estonteante "Táxi Teerã" (Urso de Ouro de 2015) foram rodados de forma clandestino. Ao saber que foi laureado pela produção que acaba de chegar ao Brasil, ele afirmou, num comunicado: ""Eu gostaria de poder fazer filmes em vez de receber prêmios. Tenho sonhos que vão além de todos os prêmios do mundo". Impedido de trafegar por um set convencional, Panahi passou a fazer filmes sobre a arte de filmar; as consequências que estão por trás de um discurso fílmico e por trás dos bastidores de uma filmagem; e sobre o temor que "Não!" estatal gera. Assim, negligência, abuso de poder, mentira, falsidade, controle e, sobretudo, encantamento passaram a ser os elementos centrais de sua obra. Detalha que o "encantamento" em questão se refere não ao alumbramento, mas, sim, à sensação que um espectador tem ao se perceber ludibriado por um signo fílmico. "Sem Ursos" se afina com essas palavras de ordem de Panahi numa bifurcação entre o que é real e o que inventado. Antes de tudo é necessário que se sublinhe a impressionante habilidade que o diretor tem para atuar, mesmo sem ser um intérprete profissional. Ele comove a plateia com a forma como traduz no gestual, no olhar e no engasgo as dores que seu personagem (no caso, ele mesmo) sente. Aos 62 anos, Panahi nos leva para um vilarejo do interior do Irã, numa zona de fonteiras, no qual a lenda de que ursos rondam a cidade amedrontam os crédulos. De lá, mesmo com parco sinal de internet, ele dirige um casal na Turquia, Zara (Mina Kavani) and Bakhtiar (Bakhtiar Panjei), que encena (ou quase) uma história de separação, na qual buscam sair de lá e ir pra Europa recomeçar à vida. Conforme a trama deles se complexifica, a chance de Panahi dar segmento a seu filme vai ficando cada vez mais escassa, seja por limitações digitais, seja pela ingerência dos fariseus da tal aldeia. Lá, ele se depara com a história de um matrimônio entre jovens que, arranjado, resvala na tragédia. O que mais importa nesse rizoma especular montado pelo diretor é entender o saldo que está por trás de fazer um filme e o coeficiente de liberdade nele depositado, que deveria refletir o desejo coletivo de criação livre, mas nem sempre reflete. A montagem do longa é impecável.

Embora se refira à sua "atuação" em "No Bears" (no Brasil, "Sem Ursos") como sendo um "esboço", o diretor iraniano dá à telona uma madura composição de personagem, ainda que numa autoficção - Foto: @Janus Films

RODRIGO FONSECA Encontrar um Jafar Panahi inédito em circuito é sempre uma atração obrigatória, sobretudo na percepção de que sua obra - avessa ao conservadorismo, ao intervencionismo e ao moralismo do governo do Irã - já o levou à prisão e a uma série de vetos morais. Vê-lo na telona é um dever ético da cinefilia, recompensado com a elegância que, habitualmente cerze, sua forma de narrar interditos morais e políticos, como se vê no exuberante "Sem Ursos" ("No Bears"). O Prêmio Especial do Júri dado a ele no último Festival de Veneza, em setembro, coroa um dos mais tensos momentos de uma carreira iniciada em 1988, mas revelada ao mundo em 1995, após o sucesso de "O Balão Branco" (Prix Caméra d'Or em Cannes). No início deste ano, ele foi solto da prisão, após ter sido detido em julho do ano passado, sob a acusação de ferir o regime governamental de seu país. Não por acaso, seus longas mais recentes, como o estonteante "Táxi Teerã" (Urso de Ouro de 2015) foram rodados de forma clandestino. Ao saber que foi laureado pela produção que acaba de chegar ao Brasil, ele afirmou, num comunicado: ""Eu gostaria de poder fazer filmes em vez de receber prêmios. Tenho sonhos que vão além de todos os prêmios do mundo". Impedido de trafegar por um set convencional, Panahi passou a fazer filmes sobre a arte de filmar; as consequências que estão por trás de um discurso fílmico e por trás dos bastidores de uma filmagem; e sobre o temor que "Não!" estatal gera. Assim, negligência, abuso de poder, mentira, falsidade, controle e, sobretudo, encantamento passaram a ser os elementos centrais de sua obra. Detalha que o "encantamento" em questão se refere não ao alumbramento, mas, sim, à sensação que um espectador tem ao se perceber ludibriado por um signo fílmico. "Sem Ursos" se afina com essas palavras de ordem de Panahi numa bifurcação entre o que é real e o que inventado. Antes de tudo é necessário que se sublinhe a impressionante habilidade que o diretor tem para atuar, mesmo sem ser um intérprete profissional. Ele comove a plateia com a forma como traduz no gestual, no olhar e no engasgo as dores que seu personagem (no caso, ele mesmo) sente. Aos 62 anos, Panahi nos leva para um vilarejo do interior do Irã, numa zona de fonteiras, no qual a lenda de que ursos rondam a cidade amedrontam os crédulos. De lá, mesmo com parco sinal de internet, ele dirige um casal na Turquia, Zara (Mina Kavani) and Bakhtiar (Bakhtiar Panjei), que encena (ou quase) uma história de separação, na qual buscam sair de lá e ir pra Europa recomeçar à vida. Conforme a trama deles se complexifica, a chance de Panahi dar segmento a seu filme vai ficando cada vez mais escassa, seja por limitações digitais, seja pela ingerência dos fariseus da tal aldeia. Lá, ele se depara com a história de um matrimônio entre jovens que, arranjado, resvala na tragédia. O que mais importa nesse rizoma especular montado pelo diretor é entender o saldo que está por trás de fazer um filme e o coeficiente de liberdade nele depositado, que deveria refletir o desejo coletivo de criação livre, mas nem sempre reflete. A montagem do longa é impecável.

Embora se refira à sua "atuação" em "No Bears" (no Brasil, "Sem Ursos") como sendo um "esboço", o diretor iraniano dá à telona uma madura composição de personagem, ainda que numa autoficção - Foto: @Janus Films

RODRIGO FONSECA Encontrar um Jafar Panahi inédito em circuito é sempre uma atração obrigatória, sobretudo na percepção de que sua obra - avessa ao conservadorismo, ao intervencionismo e ao moralismo do governo do Irã - já o levou à prisão e a uma série de vetos morais. Vê-lo na telona é um dever ético da cinefilia, recompensado com a elegância que, habitualmente cerze, sua forma de narrar interditos morais e políticos, como se vê no exuberante "Sem Ursos" ("No Bears"). O Prêmio Especial do Júri dado a ele no último Festival de Veneza, em setembro, coroa um dos mais tensos momentos de uma carreira iniciada em 1988, mas revelada ao mundo em 1995, após o sucesso de "O Balão Branco" (Prix Caméra d'Or em Cannes). No início deste ano, ele foi solto da prisão, após ter sido detido em julho do ano passado, sob a acusação de ferir o regime governamental de seu país. Não por acaso, seus longas mais recentes, como o estonteante "Táxi Teerã" (Urso de Ouro de 2015) foram rodados de forma clandestino. Ao saber que foi laureado pela produção que acaba de chegar ao Brasil, ele afirmou, num comunicado: ""Eu gostaria de poder fazer filmes em vez de receber prêmios. Tenho sonhos que vão além de todos os prêmios do mundo". Impedido de trafegar por um set convencional, Panahi passou a fazer filmes sobre a arte de filmar; as consequências que estão por trás de um discurso fílmico e por trás dos bastidores de uma filmagem; e sobre o temor que "Não!" estatal gera. Assim, negligência, abuso de poder, mentira, falsidade, controle e, sobretudo, encantamento passaram a ser os elementos centrais de sua obra. Detalha que o "encantamento" em questão se refere não ao alumbramento, mas, sim, à sensação que um espectador tem ao se perceber ludibriado por um signo fílmico. "Sem Ursos" se afina com essas palavras de ordem de Panahi numa bifurcação entre o que é real e o que inventado. Antes de tudo é necessário que se sublinhe a impressionante habilidade que o diretor tem para atuar, mesmo sem ser um intérprete profissional. Ele comove a plateia com a forma como traduz no gestual, no olhar e no engasgo as dores que seu personagem (no caso, ele mesmo) sente. Aos 62 anos, Panahi nos leva para um vilarejo do interior do Irã, numa zona de fonteiras, no qual a lenda de que ursos rondam a cidade amedrontam os crédulos. De lá, mesmo com parco sinal de internet, ele dirige um casal na Turquia, Zara (Mina Kavani) and Bakhtiar (Bakhtiar Panjei), que encena (ou quase) uma história de separação, na qual buscam sair de lá e ir pra Europa recomeçar à vida. Conforme a trama deles se complexifica, a chance de Panahi dar segmento a seu filme vai ficando cada vez mais escassa, seja por limitações digitais, seja pela ingerência dos fariseus da tal aldeia. Lá, ele se depara com a história de um matrimônio entre jovens que, arranjado, resvala na tragédia. O que mais importa nesse rizoma especular montado pelo diretor é entender o saldo que está por trás de fazer um filme e o coeficiente de liberdade nele depositado, que deveria refletir o desejo coletivo de criação livre, mas nem sempre reflete. A montagem do longa é impecável.

Embora se refira à sua "atuação" em "No Bears" (no Brasil, "Sem Ursos") como sendo um "esboço", o diretor iraniano dá à telona uma madura composição de personagem, ainda que numa autoficção - Foto: @Janus Films

RODRIGO FONSECA Encontrar um Jafar Panahi inédito em circuito é sempre uma atração obrigatória, sobretudo na percepção de que sua obra - avessa ao conservadorismo, ao intervencionismo e ao moralismo do governo do Irã - já o levou à prisão e a uma série de vetos morais. Vê-lo na telona é um dever ético da cinefilia, recompensado com a elegância que, habitualmente cerze, sua forma de narrar interditos morais e políticos, como se vê no exuberante "Sem Ursos" ("No Bears"). O Prêmio Especial do Júri dado a ele no último Festival de Veneza, em setembro, coroa um dos mais tensos momentos de uma carreira iniciada em 1988, mas revelada ao mundo em 1995, após o sucesso de "O Balão Branco" (Prix Caméra d'Or em Cannes). No início deste ano, ele foi solto da prisão, após ter sido detido em julho do ano passado, sob a acusação de ferir o regime governamental de seu país. Não por acaso, seus longas mais recentes, como o estonteante "Táxi Teerã" (Urso de Ouro de 2015) foram rodados de forma clandestino. Ao saber que foi laureado pela produção que acaba de chegar ao Brasil, ele afirmou, num comunicado: ""Eu gostaria de poder fazer filmes em vez de receber prêmios. Tenho sonhos que vão além de todos os prêmios do mundo". Impedido de trafegar por um set convencional, Panahi passou a fazer filmes sobre a arte de filmar; as consequências que estão por trás de um discurso fílmico e por trás dos bastidores de uma filmagem; e sobre o temor que "Não!" estatal gera. Assim, negligência, abuso de poder, mentira, falsidade, controle e, sobretudo, encantamento passaram a ser os elementos centrais de sua obra. Detalha que o "encantamento" em questão se refere não ao alumbramento, mas, sim, à sensação que um espectador tem ao se perceber ludibriado por um signo fílmico. "Sem Ursos" se afina com essas palavras de ordem de Panahi numa bifurcação entre o que é real e o que inventado. Antes de tudo é necessário que se sublinhe a impressionante habilidade que o diretor tem para atuar, mesmo sem ser um intérprete profissional. Ele comove a plateia com a forma como traduz no gestual, no olhar e no engasgo as dores que seu personagem (no caso, ele mesmo) sente. Aos 62 anos, Panahi nos leva para um vilarejo do interior do Irã, numa zona de fonteiras, no qual a lenda de que ursos rondam a cidade amedrontam os crédulos. De lá, mesmo com parco sinal de internet, ele dirige um casal na Turquia, Zara (Mina Kavani) and Bakhtiar (Bakhtiar Panjei), que encena (ou quase) uma história de separação, na qual buscam sair de lá e ir pra Europa recomeçar à vida. Conforme a trama deles se complexifica, a chance de Panahi dar segmento a seu filme vai ficando cada vez mais escassa, seja por limitações digitais, seja pela ingerência dos fariseus da tal aldeia. Lá, ele se depara com a história de um matrimônio entre jovens que, arranjado, resvala na tragédia. O que mais importa nesse rizoma especular montado pelo diretor é entender o saldo que está por trás de fazer um filme e o coeficiente de liberdade nele depositado, que deveria refletir o desejo coletivo de criação livre, mas nem sempre reflete. A montagem do longa é impecável.

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