Rodrigo Fonseca Organizado pela professora, escritora e produtora cultural Suzana Vargas com o propósito de aproximar o público leitor brasileiro de vozes renomadas da literatura, o Clube da Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ) fará uma visita aos recônditos históricos e estéticos de Angola esta tarde, a partir das 17h30, ao receber José Eduardo Agualusa pra falar sobre a África lusófona de seus romances. Ao longo dos 16 livros que publicou a partir de 1988, o autor de "Nação Crioula" estabeleceu seu prestígio internacional, sendo traduzido para 20 idiomas, sempre a desnudar fantasmas coloniais. Na conversa desta quarta, a editora Gisela Pinto Zincone terá uma fala virtual acerca da obra de Agualusa, que vai se concentrar em um de seus exercícios narrativos mais famosos: "O Vendedor de Passados". Seu protagonista, Félix Ventura, oferece a seus clientes da emergente burguesia angolana um farto sortimento de árvores genealógicas inventadas, que lhes dá status e pertença. A trama rendeu ao escritor o Independent Foreign Fiction Prize, em 2007, e virou filme com Lázaro Ramos, em 2015. "O tempo é uma ilusão persistente, dizia Einstein, e creio que cada vez o compreendo melhor", diz Agualusa ao Estadão. "Trabalho essa ideia sobretudo no meu último romance, 'Os Vivos e os Outros', no qual os personagens se acham aprisionados numa espécie de limbo, um lugar sem tempo, onde passado, presente e futuro partilham o mesmo plano". Em novembro, Agualusa lança, em sua pátria e em Portugal, "As vidas e as Mortes de Abel Chivukuvuku", ainda sem previsão de publicação no Brasil. É a biografia de um guerrilheiro que sobreviveu a mil desafios. Recentemente, escreveu alguns roteiros para o cinema. Um deles é "Os Papéis de Inglês", a partir da trilogia "Os Filhos de Próspero", do Ruy Duarte de Carvalho, que já foi filmado no Sul da Angola e deverá estar pronto no início de 2024. Seu produtor é o dínamo Paulo Branco ("Cosmópolis").
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