De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Tubarão' mostra as presas na Berlinale


Por Rodrigo Fonseca
O fenômeno popular de 1975 vai ser exibido na quarta, em Berlim, em homenagem a Steven Spielberg  

Rodrigo Fonseca Tem homenagem ao diretor Steven Spielberg na Berlinale nesta terça-feira, com direito a uma série de projeções de "Os Fablemans", com o qual ele concorre ao Oscar deste ano, como um aperitivo para a entrega do Urso de Ouro honorário a um realizador que já lotou salas de exibição dezenas de vezes, com fenômenos pop como "Jurassic Park" (1993) e "Guerra dos Mundos" (2005). Envolvido neste momento com uma nova versão de "Bullit", o cineasta começou a construir seu legado milionário a partir do fenômeno "Tubarão", que será exibido em telas alemãs na quarta-feira. Com base num romance de Peter Bencheley, roteirizado pelo próprio escritor, em parceria com Carl Gottlieb, "Jaws" (título original) foi um projeto de US$ 7 milhões - o que, na década de 1970, era um valor altíssimo a ser confiado nas mãos de um jovem diretor. Foi lançado em 20 de junho de 1975 nos EUA - e no Natal daquele ano por aqui, no Brasil - e, ao largo de meses em cartaz, contabilizou US$ 470 milhões nas bilheterias, conquistou três Oscars - de Melhor Som, Montagem e Trilha Sonora - e consagrou o conceito de blockbuster (arrasa quarteirão) ao transformar as férias escolares do verão americano (maio, junho e julho) no período ideal para superproduções de ação e aventura. Todas as suas conquistas serão passadas em revista na retrospectiva de sua obra armada pelo Festival de Berlim, que, de quebra, celebra os 30 anos de "A Lista de Schindler" (1993), pelo qual Steven ganhou sua primeira estatueta de Melhor Direção. Na trama de "Jaws", rodada em Massachusetts, com cenas de praia na Califórnia, Scheider vive o policial Martin Brody, um xerife que não gosta de mar, mas aceita se mudar para o litoral a fim de dar a seus filhos uma vida mais pacata. Mas o ataque de um tubarão branco vai ameaçar a paz do local. Um biólogo marinho (Richard Dreyfuss) tentará auxiliar o policial. Mas é um veterano lobo do mar, o pescador Quint (Shaw), quem vai se oferecer para fisgar a criatura - batizada de Bruce nos bastidores, em referência maldosa ao advogado de Spielberg - numa narrativa regada a litros de adrenalina e aos acordes do compositor John Williams. A maioria dos takes foram feitos com a câmera na mão da equipe de fotografia.

Saura nas filmagens de "Las Paredes Hablan"  
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Ganhador do Urso de Ouro na Berlinale de 1981 com "Depressa, Depressa", além de 63 outras láureas, o artesão autoral aragonês Carlos Saura (1932-2023) morreu no dia 10 de fevereiro, aos 91 anos. Sua morte não será esquecida neste evento que o consagrou muitas vezes, a partir de "A Caça" (1966), com o qual ele ganhou o Urso prateado de Melhor Direção. Nesta segunda à tarde, um documentário de Saura, "Las Paredes Hablan", será projetado em telas germânicas, no Cinemaxx 7, num tributo póstumo ao cineasta espanhol. Dono de uma obra que encantou o planeta, com destaque para "Cría Cuervos" (Grande Prêmio do Júri em Cannes, em 1976) e para .docs musicais ("Argentina", "Fados"), Saura não parava de trabalhar. Em 2021 abriu o Festival de San Sebastián, em sei país natal, com o curta-metragem "Rosa Rosae. La Guerra Civil" (hoje na grade da plataforma MUBI) e ainda levou ao Festival do Cairo, no Egito, o arrebatador longa "El Rey De Todo El Mundo", misturando dança e cinema, em forma de musical. Mas a produção exibida na segunda em Berlim pode ser definido como seu filme mais inspirado de 2000 pra cá, sem medo.

"El Eco" é, até agora, o filme mais bem avaliado da Berlinale  

Trata-se de um .doc de 75 minutos sobre o mundo da arte, retratando a relação entre a criação pictórica (pintura, grafite, desenho) e o espaço do muro (ou da pedra, no caso das cavernas) como tela. Por isso, flana das primeiras expressões gráficas na pré-História até as vanguardas, dando um pulo até as inquietas manifestações poéticas das periferias contemporâneas. Ele dirige e "atua", participando da narrativa como um investigador. O filme foi rodado em 14 locais, como as grutas de Puente Viesgo e Altamira, na Cantábria, com uma passada pelo sítio arqueológico Atapuerca, em Burgos. Saura não se esqueceu das ruas coloridas de Barcelona, nem dos bairros grafitados de Madri. A Berlinale segue até o dia 26, com exibição do novo longa do mestre francês Philippe Garrel, "Le Grand Chariot", nesta tarde, na competição oficial. Até o momento, a produção mais bem falada de todo o evento é "El Eco", de Tatiana Huezo (México). Nele, a diretora do premiadíssimo "Reze pelas Mulheres Roubadas" (2021) pode abocanhar os troféus da mostra Encontros com este documentário sobre um vilarejo mexicano que parece parado no tempo, castigado pelo frio e por secas, no qual jovens cuidas de suas avós, assim como tomam conta de rebanhos carentes de melhores condições. É uma metáfora entre a natureza humana e a vida animal.

O fenômeno popular de 1975 vai ser exibido na quarta, em Berlim, em homenagem a Steven Spielberg  

Rodrigo Fonseca Tem homenagem ao diretor Steven Spielberg na Berlinale nesta terça-feira, com direito a uma série de projeções de "Os Fablemans", com o qual ele concorre ao Oscar deste ano, como um aperitivo para a entrega do Urso de Ouro honorário a um realizador que já lotou salas de exibição dezenas de vezes, com fenômenos pop como "Jurassic Park" (1993) e "Guerra dos Mundos" (2005). Envolvido neste momento com uma nova versão de "Bullit", o cineasta começou a construir seu legado milionário a partir do fenômeno "Tubarão", que será exibido em telas alemãs na quarta-feira. Com base num romance de Peter Bencheley, roteirizado pelo próprio escritor, em parceria com Carl Gottlieb, "Jaws" (título original) foi um projeto de US$ 7 milhões - o que, na década de 1970, era um valor altíssimo a ser confiado nas mãos de um jovem diretor. Foi lançado em 20 de junho de 1975 nos EUA - e no Natal daquele ano por aqui, no Brasil - e, ao largo de meses em cartaz, contabilizou US$ 470 milhões nas bilheterias, conquistou três Oscars - de Melhor Som, Montagem e Trilha Sonora - e consagrou o conceito de blockbuster (arrasa quarteirão) ao transformar as férias escolares do verão americano (maio, junho e julho) no período ideal para superproduções de ação e aventura. Todas as suas conquistas serão passadas em revista na retrospectiva de sua obra armada pelo Festival de Berlim, que, de quebra, celebra os 30 anos de "A Lista de Schindler" (1993), pelo qual Steven ganhou sua primeira estatueta de Melhor Direção. Na trama de "Jaws", rodada em Massachusetts, com cenas de praia na Califórnia, Scheider vive o policial Martin Brody, um xerife que não gosta de mar, mas aceita se mudar para o litoral a fim de dar a seus filhos uma vida mais pacata. Mas o ataque de um tubarão branco vai ameaçar a paz do local. Um biólogo marinho (Richard Dreyfuss) tentará auxiliar o policial. Mas é um veterano lobo do mar, o pescador Quint (Shaw), quem vai se oferecer para fisgar a criatura - batizada de Bruce nos bastidores, em referência maldosa ao advogado de Spielberg - numa narrativa regada a litros de adrenalina e aos acordes do compositor John Williams. A maioria dos takes foram feitos com a câmera na mão da equipe de fotografia.

Saura nas filmagens de "Las Paredes Hablan"  

Ganhador do Urso de Ouro na Berlinale de 1981 com "Depressa, Depressa", além de 63 outras láureas, o artesão autoral aragonês Carlos Saura (1932-2023) morreu no dia 10 de fevereiro, aos 91 anos. Sua morte não será esquecida neste evento que o consagrou muitas vezes, a partir de "A Caça" (1966), com o qual ele ganhou o Urso prateado de Melhor Direção. Nesta segunda à tarde, um documentário de Saura, "Las Paredes Hablan", será projetado em telas germânicas, no Cinemaxx 7, num tributo póstumo ao cineasta espanhol. Dono de uma obra que encantou o planeta, com destaque para "Cría Cuervos" (Grande Prêmio do Júri em Cannes, em 1976) e para .docs musicais ("Argentina", "Fados"), Saura não parava de trabalhar. Em 2021 abriu o Festival de San Sebastián, em sei país natal, com o curta-metragem "Rosa Rosae. La Guerra Civil" (hoje na grade da plataforma MUBI) e ainda levou ao Festival do Cairo, no Egito, o arrebatador longa "El Rey De Todo El Mundo", misturando dança e cinema, em forma de musical. Mas a produção exibida na segunda em Berlim pode ser definido como seu filme mais inspirado de 2000 pra cá, sem medo.

"El Eco" é, até agora, o filme mais bem avaliado da Berlinale  

Trata-se de um .doc de 75 minutos sobre o mundo da arte, retratando a relação entre a criação pictórica (pintura, grafite, desenho) e o espaço do muro (ou da pedra, no caso das cavernas) como tela. Por isso, flana das primeiras expressões gráficas na pré-História até as vanguardas, dando um pulo até as inquietas manifestações poéticas das periferias contemporâneas. Ele dirige e "atua", participando da narrativa como um investigador. O filme foi rodado em 14 locais, como as grutas de Puente Viesgo e Altamira, na Cantábria, com uma passada pelo sítio arqueológico Atapuerca, em Burgos. Saura não se esqueceu das ruas coloridas de Barcelona, nem dos bairros grafitados de Madri. A Berlinale segue até o dia 26, com exibição do novo longa do mestre francês Philippe Garrel, "Le Grand Chariot", nesta tarde, na competição oficial. Até o momento, a produção mais bem falada de todo o evento é "El Eco", de Tatiana Huezo (México). Nele, a diretora do premiadíssimo "Reze pelas Mulheres Roubadas" (2021) pode abocanhar os troféus da mostra Encontros com este documentário sobre um vilarejo mexicano que parece parado no tempo, castigado pelo frio e por secas, no qual jovens cuidas de suas avós, assim como tomam conta de rebanhos carentes de melhores condições. É uma metáfora entre a natureza humana e a vida animal.

O fenômeno popular de 1975 vai ser exibido na quarta, em Berlim, em homenagem a Steven Spielberg  

Rodrigo Fonseca Tem homenagem ao diretor Steven Spielberg na Berlinale nesta terça-feira, com direito a uma série de projeções de "Os Fablemans", com o qual ele concorre ao Oscar deste ano, como um aperitivo para a entrega do Urso de Ouro honorário a um realizador que já lotou salas de exibição dezenas de vezes, com fenômenos pop como "Jurassic Park" (1993) e "Guerra dos Mundos" (2005). Envolvido neste momento com uma nova versão de "Bullit", o cineasta começou a construir seu legado milionário a partir do fenômeno "Tubarão", que será exibido em telas alemãs na quarta-feira. Com base num romance de Peter Bencheley, roteirizado pelo próprio escritor, em parceria com Carl Gottlieb, "Jaws" (título original) foi um projeto de US$ 7 milhões - o que, na década de 1970, era um valor altíssimo a ser confiado nas mãos de um jovem diretor. Foi lançado em 20 de junho de 1975 nos EUA - e no Natal daquele ano por aqui, no Brasil - e, ao largo de meses em cartaz, contabilizou US$ 470 milhões nas bilheterias, conquistou três Oscars - de Melhor Som, Montagem e Trilha Sonora - e consagrou o conceito de blockbuster (arrasa quarteirão) ao transformar as férias escolares do verão americano (maio, junho e julho) no período ideal para superproduções de ação e aventura. Todas as suas conquistas serão passadas em revista na retrospectiva de sua obra armada pelo Festival de Berlim, que, de quebra, celebra os 30 anos de "A Lista de Schindler" (1993), pelo qual Steven ganhou sua primeira estatueta de Melhor Direção. Na trama de "Jaws", rodada em Massachusetts, com cenas de praia na Califórnia, Scheider vive o policial Martin Brody, um xerife que não gosta de mar, mas aceita se mudar para o litoral a fim de dar a seus filhos uma vida mais pacata. Mas o ataque de um tubarão branco vai ameaçar a paz do local. Um biólogo marinho (Richard Dreyfuss) tentará auxiliar o policial. Mas é um veterano lobo do mar, o pescador Quint (Shaw), quem vai se oferecer para fisgar a criatura - batizada de Bruce nos bastidores, em referência maldosa ao advogado de Spielberg - numa narrativa regada a litros de adrenalina e aos acordes do compositor John Williams. A maioria dos takes foram feitos com a câmera na mão da equipe de fotografia.

Saura nas filmagens de "Las Paredes Hablan"  

Ganhador do Urso de Ouro na Berlinale de 1981 com "Depressa, Depressa", além de 63 outras láureas, o artesão autoral aragonês Carlos Saura (1932-2023) morreu no dia 10 de fevereiro, aos 91 anos. Sua morte não será esquecida neste evento que o consagrou muitas vezes, a partir de "A Caça" (1966), com o qual ele ganhou o Urso prateado de Melhor Direção. Nesta segunda à tarde, um documentário de Saura, "Las Paredes Hablan", será projetado em telas germânicas, no Cinemaxx 7, num tributo póstumo ao cineasta espanhol. Dono de uma obra que encantou o planeta, com destaque para "Cría Cuervos" (Grande Prêmio do Júri em Cannes, em 1976) e para .docs musicais ("Argentina", "Fados"), Saura não parava de trabalhar. Em 2021 abriu o Festival de San Sebastián, em sei país natal, com o curta-metragem "Rosa Rosae. La Guerra Civil" (hoje na grade da plataforma MUBI) e ainda levou ao Festival do Cairo, no Egito, o arrebatador longa "El Rey De Todo El Mundo", misturando dança e cinema, em forma de musical. Mas a produção exibida na segunda em Berlim pode ser definido como seu filme mais inspirado de 2000 pra cá, sem medo.

"El Eco" é, até agora, o filme mais bem avaliado da Berlinale  

Trata-se de um .doc de 75 minutos sobre o mundo da arte, retratando a relação entre a criação pictórica (pintura, grafite, desenho) e o espaço do muro (ou da pedra, no caso das cavernas) como tela. Por isso, flana das primeiras expressões gráficas na pré-História até as vanguardas, dando um pulo até as inquietas manifestações poéticas das periferias contemporâneas. Ele dirige e "atua", participando da narrativa como um investigador. O filme foi rodado em 14 locais, como as grutas de Puente Viesgo e Altamira, na Cantábria, com uma passada pelo sítio arqueológico Atapuerca, em Burgos. Saura não se esqueceu das ruas coloridas de Barcelona, nem dos bairros grafitados de Madri. A Berlinale segue até o dia 26, com exibição do novo longa do mestre francês Philippe Garrel, "Le Grand Chariot", nesta tarde, na competição oficial. Até o momento, a produção mais bem falada de todo o evento é "El Eco", de Tatiana Huezo (México). Nele, a diretora do premiadíssimo "Reze pelas Mulheres Roubadas" (2021) pode abocanhar os troféus da mostra Encontros com este documentário sobre um vilarejo mexicano que parece parado no tempo, castigado pelo frio e por secas, no qual jovens cuidas de suas avós, assim como tomam conta de rebanhos carentes de melhores condições. É uma metáfora entre a natureza humana e a vida animal.

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