De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Um ator pimpão reluz em 'Meus 2 Pais'


Por Rodrigo Fonseca
Um serelepe Pedro Monteiro dialoga com a projeção animada de Cláudio Lins em "Meus 2 Pais" no Oi Futuro - Foto: Amanda Eyer

RODRIGO FONSECA Revelado com a comédia "Os Ruivos", onde brincava com a exclusão pelos cabelos de fogo, Pedro Monteiro ganhou um prêmio de Melhor Coadjuvante no Cine PE por "Vendo ou Alugo", há exatamente dez anos, que fez a indústria cultural brasileira reparar em seu jeitão Jack Lemmon de ser. A comparação com o astro de "Se Meu Apartamento Falasse" (1960) vem do fato de os dois atuarem "pelo menos", sem arroubos, traduzindo uma rotina comezinha de viver onde situações corriqueiras ganham um status quase shakespeariano, ao abalarem uma suposta harmonia. Filmes de mestres como Billy Wilder e John G. Avildsen ganhavam a "twist of Lemmon" quando Jack sorria, abalando o que existe de mais banal no dia a dia. Com as devidas proporções históricas e geopolíticas, um toque de laranja perfuma os palcos cariocas quando Monteiro dá seu sorriso Jack Lemmon, numa aparente simplicidade que revela muito sobre as falhas trágicas na essência de cada um de nós. Seu desenvolvimento como ator fica evidente em "Meus 2 Pais", uma peça infantojuvenil muito da "gente grande" que nasceu de um livro homônimo de Walcyr Carrasco e Cesar Augusto (meticulosamente) adaptou, num singelo exercício de direção. Pedro está sublime ali, brincando de ser menino, soltando o guri que tem dentro de sua alma. O Oi Futuro no Flamengo se refestela no seu ar brincante de saltimbanco, no cenário econômico (mas, vívido) de Beli Araújo, mais do que adequado à tradução da afetiva dramaturgia de Walcyr, mais do que confortável para o público, sobretudo aquele de dentes de leite. Mas, curiosamente, não é a recordação de Lemmon que vem à cabeça, nem o de sua fase mais comportamental ("Uma Loura Por Um Milhão"), nem o de sua fase mais política ("Missing"; "Síndrome da China"). O que salta mais à mente é outro Jack, um Jack entre aspas, aquele vivido por Robin Williams em 1996, sob a direção de Francis Ford Coppola. Taí um filmaço que foi apagado do imaginário cinéfilo. Se você não viu ou não se lembra de "Jack", trata-se de uma dramédia em que Robin Williams nasce com uma síndrome glandular de envelhecimento precoce que o faz parecer um homem de 40 anos quando ele tem apenas dez aninhos. A necessidade de ir à escola para socializar faz com que ele enfrente uma série de problemas, sendo confundido com uma pessoa mais velha, entrando em brigas e passando por uma série de percalços, inclusive cardíacos. A forma de Williams atuar era uma espantosa mimese do modo como moleques americanos agem. O que se passa com Pedro no espetáculo teatral de César Augusto é similar. Na trama, Naldo é um menino de 9 anos - vivido por um Pedro todo pimpão - cuja harmonia pessoal vai para o ralo com a separação dos pais. Sua mãe (Kelzy ECard), pra piorar, arruma um trabalho noutra cidade, e precisa se mudar. Já seu pai, vivido com doçura por Cláudio Lins, leva o menino para morar com ele no momento em que passa a dividir a casa com outro homem, um tio vivido por um Rodrigo França em plena serenidade. Tio esse que cozinha como poucos. Mas a avó de Naldo, vivida por Betina Viany, não gosta nada de ver seu neto bancando o sobrinho de alguém de quem desconfia. Essa desconfiança passa por um lugar de homofobia que se torna mais forte com as brincadeiras que as coleguinhas de Naldo - vividas por um duo de atrizes e produtoras de talento GG, Gabriela Estevão e Tamires Nascimento - passam a fazer. Nesse turbilhão de confusões afetivas e de muito bullying, Naldo precisa entender a lidar com as diferenças e com a aceitação do novo - pautas urgentes que são tratadas em cena com mel. É uma peça pra se sair desidratado de tanto choro, mas satisfeito com todo o riso que Pedro arranca da gente. Visualmente, o achado da direção foi deixar Pedro a sós em cena e projetar as demais feras do elenco numa projeção animada, com barulhinhos de videogame como o "Mama Mia!" do jogo "Super Mario Bros". Que as principais premiações de teatro não se esqueçam de Pedro Monteiro. Dá pra vê-lo brilhar até 7 de julho.

Um serelepe Pedro Monteiro dialoga com a projeção animada de Cláudio Lins em "Meus 2 Pais" no Oi Futuro - Foto: Amanda Eyer

RODRIGO FONSECA Revelado com a comédia "Os Ruivos", onde brincava com a exclusão pelos cabelos de fogo, Pedro Monteiro ganhou um prêmio de Melhor Coadjuvante no Cine PE por "Vendo ou Alugo", há exatamente dez anos, que fez a indústria cultural brasileira reparar em seu jeitão Jack Lemmon de ser. A comparação com o astro de "Se Meu Apartamento Falasse" (1960) vem do fato de os dois atuarem "pelo menos", sem arroubos, traduzindo uma rotina comezinha de viver onde situações corriqueiras ganham um status quase shakespeariano, ao abalarem uma suposta harmonia. Filmes de mestres como Billy Wilder e John G. Avildsen ganhavam a "twist of Lemmon" quando Jack sorria, abalando o que existe de mais banal no dia a dia. Com as devidas proporções históricas e geopolíticas, um toque de laranja perfuma os palcos cariocas quando Monteiro dá seu sorriso Jack Lemmon, numa aparente simplicidade que revela muito sobre as falhas trágicas na essência de cada um de nós. Seu desenvolvimento como ator fica evidente em "Meus 2 Pais", uma peça infantojuvenil muito da "gente grande" que nasceu de um livro homônimo de Walcyr Carrasco e Cesar Augusto (meticulosamente) adaptou, num singelo exercício de direção. Pedro está sublime ali, brincando de ser menino, soltando o guri que tem dentro de sua alma. O Oi Futuro no Flamengo se refestela no seu ar brincante de saltimbanco, no cenário econômico (mas, vívido) de Beli Araújo, mais do que adequado à tradução da afetiva dramaturgia de Walcyr, mais do que confortável para o público, sobretudo aquele de dentes de leite. Mas, curiosamente, não é a recordação de Lemmon que vem à cabeça, nem o de sua fase mais comportamental ("Uma Loura Por Um Milhão"), nem o de sua fase mais política ("Missing"; "Síndrome da China"). O que salta mais à mente é outro Jack, um Jack entre aspas, aquele vivido por Robin Williams em 1996, sob a direção de Francis Ford Coppola. Taí um filmaço que foi apagado do imaginário cinéfilo. Se você não viu ou não se lembra de "Jack", trata-se de uma dramédia em que Robin Williams nasce com uma síndrome glandular de envelhecimento precoce que o faz parecer um homem de 40 anos quando ele tem apenas dez aninhos. A necessidade de ir à escola para socializar faz com que ele enfrente uma série de problemas, sendo confundido com uma pessoa mais velha, entrando em brigas e passando por uma série de percalços, inclusive cardíacos. A forma de Williams atuar era uma espantosa mimese do modo como moleques americanos agem. O que se passa com Pedro no espetáculo teatral de César Augusto é similar. Na trama, Naldo é um menino de 9 anos - vivido por um Pedro todo pimpão - cuja harmonia pessoal vai para o ralo com a separação dos pais. Sua mãe (Kelzy ECard), pra piorar, arruma um trabalho noutra cidade, e precisa se mudar. Já seu pai, vivido com doçura por Cláudio Lins, leva o menino para morar com ele no momento em que passa a dividir a casa com outro homem, um tio vivido por um Rodrigo França em plena serenidade. Tio esse que cozinha como poucos. Mas a avó de Naldo, vivida por Betina Viany, não gosta nada de ver seu neto bancando o sobrinho de alguém de quem desconfia. Essa desconfiança passa por um lugar de homofobia que se torna mais forte com as brincadeiras que as coleguinhas de Naldo - vividas por um duo de atrizes e produtoras de talento GG, Gabriela Estevão e Tamires Nascimento - passam a fazer. Nesse turbilhão de confusões afetivas e de muito bullying, Naldo precisa entender a lidar com as diferenças e com a aceitação do novo - pautas urgentes que são tratadas em cena com mel. É uma peça pra se sair desidratado de tanto choro, mas satisfeito com todo o riso que Pedro arranca da gente. Visualmente, o achado da direção foi deixar Pedro a sós em cena e projetar as demais feras do elenco numa projeção animada, com barulhinhos de videogame como o "Mama Mia!" do jogo "Super Mario Bros". Que as principais premiações de teatro não se esqueçam de Pedro Monteiro. Dá pra vê-lo brilhar até 7 de julho.

Um serelepe Pedro Monteiro dialoga com a projeção animada de Cláudio Lins em "Meus 2 Pais" no Oi Futuro - Foto: Amanda Eyer

RODRIGO FONSECA Revelado com a comédia "Os Ruivos", onde brincava com a exclusão pelos cabelos de fogo, Pedro Monteiro ganhou um prêmio de Melhor Coadjuvante no Cine PE por "Vendo ou Alugo", há exatamente dez anos, que fez a indústria cultural brasileira reparar em seu jeitão Jack Lemmon de ser. A comparação com o astro de "Se Meu Apartamento Falasse" (1960) vem do fato de os dois atuarem "pelo menos", sem arroubos, traduzindo uma rotina comezinha de viver onde situações corriqueiras ganham um status quase shakespeariano, ao abalarem uma suposta harmonia. Filmes de mestres como Billy Wilder e John G. Avildsen ganhavam a "twist of Lemmon" quando Jack sorria, abalando o que existe de mais banal no dia a dia. Com as devidas proporções históricas e geopolíticas, um toque de laranja perfuma os palcos cariocas quando Monteiro dá seu sorriso Jack Lemmon, numa aparente simplicidade que revela muito sobre as falhas trágicas na essência de cada um de nós. Seu desenvolvimento como ator fica evidente em "Meus 2 Pais", uma peça infantojuvenil muito da "gente grande" que nasceu de um livro homônimo de Walcyr Carrasco e Cesar Augusto (meticulosamente) adaptou, num singelo exercício de direção. Pedro está sublime ali, brincando de ser menino, soltando o guri que tem dentro de sua alma. O Oi Futuro no Flamengo se refestela no seu ar brincante de saltimbanco, no cenário econômico (mas, vívido) de Beli Araújo, mais do que adequado à tradução da afetiva dramaturgia de Walcyr, mais do que confortável para o público, sobretudo aquele de dentes de leite. Mas, curiosamente, não é a recordação de Lemmon que vem à cabeça, nem o de sua fase mais comportamental ("Uma Loura Por Um Milhão"), nem o de sua fase mais política ("Missing"; "Síndrome da China"). O que salta mais à mente é outro Jack, um Jack entre aspas, aquele vivido por Robin Williams em 1996, sob a direção de Francis Ford Coppola. Taí um filmaço que foi apagado do imaginário cinéfilo. Se você não viu ou não se lembra de "Jack", trata-se de uma dramédia em que Robin Williams nasce com uma síndrome glandular de envelhecimento precoce que o faz parecer um homem de 40 anos quando ele tem apenas dez aninhos. A necessidade de ir à escola para socializar faz com que ele enfrente uma série de problemas, sendo confundido com uma pessoa mais velha, entrando em brigas e passando por uma série de percalços, inclusive cardíacos. A forma de Williams atuar era uma espantosa mimese do modo como moleques americanos agem. O que se passa com Pedro no espetáculo teatral de César Augusto é similar. Na trama, Naldo é um menino de 9 anos - vivido por um Pedro todo pimpão - cuja harmonia pessoal vai para o ralo com a separação dos pais. Sua mãe (Kelzy ECard), pra piorar, arruma um trabalho noutra cidade, e precisa se mudar. Já seu pai, vivido com doçura por Cláudio Lins, leva o menino para morar com ele no momento em que passa a dividir a casa com outro homem, um tio vivido por um Rodrigo França em plena serenidade. Tio esse que cozinha como poucos. Mas a avó de Naldo, vivida por Betina Viany, não gosta nada de ver seu neto bancando o sobrinho de alguém de quem desconfia. Essa desconfiança passa por um lugar de homofobia que se torna mais forte com as brincadeiras que as coleguinhas de Naldo - vividas por um duo de atrizes e produtoras de talento GG, Gabriela Estevão e Tamires Nascimento - passam a fazer. Nesse turbilhão de confusões afetivas e de muito bullying, Naldo precisa entender a lidar com as diferenças e com a aceitação do novo - pautas urgentes que são tratadas em cena com mel. É uma peça pra se sair desidratado de tanto choro, mas satisfeito com todo o riso que Pedro arranca da gente. Visualmente, o achado da direção foi deixar Pedro a sós em cena e projetar as demais feras do elenco numa projeção animada, com barulhinhos de videogame como o "Mama Mia!" do jogo "Super Mario Bros". Que as principais premiações de teatro não se esqueçam de Pedro Monteiro. Dá pra vê-lo brilhar até 7 de julho.

Um serelepe Pedro Monteiro dialoga com a projeção animada de Cláudio Lins em "Meus 2 Pais" no Oi Futuro - Foto: Amanda Eyer

RODRIGO FONSECA Revelado com a comédia "Os Ruivos", onde brincava com a exclusão pelos cabelos de fogo, Pedro Monteiro ganhou um prêmio de Melhor Coadjuvante no Cine PE por "Vendo ou Alugo", há exatamente dez anos, que fez a indústria cultural brasileira reparar em seu jeitão Jack Lemmon de ser. A comparação com o astro de "Se Meu Apartamento Falasse" (1960) vem do fato de os dois atuarem "pelo menos", sem arroubos, traduzindo uma rotina comezinha de viver onde situações corriqueiras ganham um status quase shakespeariano, ao abalarem uma suposta harmonia. Filmes de mestres como Billy Wilder e John G. Avildsen ganhavam a "twist of Lemmon" quando Jack sorria, abalando o que existe de mais banal no dia a dia. Com as devidas proporções históricas e geopolíticas, um toque de laranja perfuma os palcos cariocas quando Monteiro dá seu sorriso Jack Lemmon, numa aparente simplicidade que revela muito sobre as falhas trágicas na essência de cada um de nós. Seu desenvolvimento como ator fica evidente em "Meus 2 Pais", uma peça infantojuvenil muito da "gente grande" que nasceu de um livro homônimo de Walcyr Carrasco e Cesar Augusto (meticulosamente) adaptou, num singelo exercício de direção. Pedro está sublime ali, brincando de ser menino, soltando o guri que tem dentro de sua alma. O Oi Futuro no Flamengo se refestela no seu ar brincante de saltimbanco, no cenário econômico (mas, vívido) de Beli Araújo, mais do que adequado à tradução da afetiva dramaturgia de Walcyr, mais do que confortável para o público, sobretudo aquele de dentes de leite. Mas, curiosamente, não é a recordação de Lemmon que vem à cabeça, nem o de sua fase mais comportamental ("Uma Loura Por Um Milhão"), nem o de sua fase mais política ("Missing"; "Síndrome da China"). O que salta mais à mente é outro Jack, um Jack entre aspas, aquele vivido por Robin Williams em 1996, sob a direção de Francis Ford Coppola. Taí um filmaço que foi apagado do imaginário cinéfilo. Se você não viu ou não se lembra de "Jack", trata-se de uma dramédia em que Robin Williams nasce com uma síndrome glandular de envelhecimento precoce que o faz parecer um homem de 40 anos quando ele tem apenas dez aninhos. A necessidade de ir à escola para socializar faz com que ele enfrente uma série de problemas, sendo confundido com uma pessoa mais velha, entrando em brigas e passando por uma série de percalços, inclusive cardíacos. A forma de Williams atuar era uma espantosa mimese do modo como moleques americanos agem. O que se passa com Pedro no espetáculo teatral de César Augusto é similar. Na trama, Naldo é um menino de 9 anos - vivido por um Pedro todo pimpão - cuja harmonia pessoal vai para o ralo com a separação dos pais. Sua mãe (Kelzy ECard), pra piorar, arruma um trabalho noutra cidade, e precisa se mudar. Já seu pai, vivido com doçura por Cláudio Lins, leva o menino para morar com ele no momento em que passa a dividir a casa com outro homem, um tio vivido por um Rodrigo França em plena serenidade. Tio esse que cozinha como poucos. Mas a avó de Naldo, vivida por Betina Viany, não gosta nada de ver seu neto bancando o sobrinho de alguém de quem desconfia. Essa desconfiança passa por um lugar de homofobia que se torna mais forte com as brincadeiras que as coleguinhas de Naldo - vividas por um duo de atrizes e produtoras de talento GG, Gabriela Estevão e Tamires Nascimento - passam a fazer. Nesse turbilhão de confusões afetivas e de muito bullying, Naldo precisa entender a lidar com as diferenças e com a aceitação do novo - pautas urgentes que são tratadas em cena com mel. É uma peça pra se sair desidratado de tanto choro, mas satisfeito com todo o riso que Pedro arranca da gente. Visualmente, o achado da direção foi deixar Pedro a sós em cena e projetar as demais feras do elenco numa projeção animada, com barulhinhos de videogame como o "Mama Mia!" do jogo "Super Mario Bros". Que as principais premiações de teatro não se esqueçam de Pedro Monteiro. Dá pra vê-lo brilhar até 7 de julho.

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