Depois de duas temporadas ausente da São Paulo Fashion Week, Reinaldo Lourenço fez um retorno triunfal ao evento. Inspirado em dois filmes cult e uma banda punk, o estilista misturou vestidos matadores com camisaria e a alfaiataria de primeira. Sua coleção foi apresentada no topo do novo edifício Santos Augusta, que tem projeto estrelado de Isay Weinfeld. Lourenço descreveu o mix de referências como o momento em que “a morte em Veneza encontra o luxo e a fúria de olhos bem fechados”, citando as obras dos cineastas Luchino Visconti e Stanley Kubrick, e o documentário "O Lixo e a Fúria", sobre os Sex Pistols. Na passarela, mistério e drama se materializam em uma sequência extasiante, em que se destacavam as camisas e os vestidos drapeados evocando plumas e máscaras venezianas. Em seguida, vieram calças e shorts em couro com detalhes de zíperes aparentes. Um bloco de looks mais despojados, com dois tipos de xadrez, flertava com uma esportividade chique, enquanto, no último ato, transparências e babados sugeriam uma romantismo provocante. Nessa linha autêntica e autoral, a estilista Fernanda Yamamoto fez uma apresentação experimental e poética, com modelagens baseadas no círculo, no triângulo e no quadrilátero, em peças tingidas apenas com pigmentos naturais. O processo de criação foi feito depois de imersão na cultura da comunidade agrícola japonesa autossustentável Yuba, no interior de São Paulo, onde tudo é de todos e não há dinheiro em circulação. “Fiquei bastante sensibilizada com a simbiose entre lavoura e arte praticada ali”, diz Fernanda. Causou comoção a entrada de membros da comunidade na passarela. Gente idosa, baixinha, gordinha, alta, sorridente e astral. Gente normal.