Pedro Venceslau e Simião Castro dão dicas sobre filmes, séries e músicas disponíveis nos serviços de streaming

‘Close’ é ‘Meu Primeiro Amor’ que dói na alma com beleza ao retratar peso do bullying e da culpa


Filme da A24 indicado ao Oscar desperta para masculinidade tóxica e homofobia; e é quase cruel ao tratar de vida e morte em narrativa com tudo a ver com a geração z

Por Simião Castro
Atualização:

‘Close’ é desses filmes que ficam na cabeça por horas e dias depois de assistir. Nada como os enlatados que divertem, mas somem da mente no meio do hambúrguer pós-sessão. Não. Ele dói na alma. E por isso é imperdível e necessário.

Não é uma história apelativa. Mas ela desperta para as mais aflitivas lembranças da infância. Ou ao menos consegue provocar a fagulha da empatia pelo sofrimento alheio, enquanto deslumbra com o calor de um cenário que parece deslocado da temática pesada da tela.

O longa belga da produtora A24, que concorre ao Oscar de Melhor Filme Internacional, segue a íntima amizade dos pré-adolescentes Léo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele). Mas um novo ano letivo começa com comentários maliciosos dos colegas.

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Close chega aos cinemas em 2 de março e ao streaming em 21 de abril, no catálogo da plataforma Mubi Foto: Divulgação/A24

Rompimento terrível faz a história andar

A transformação do elo ingênuo dos garotos em algo além do fraterno aos olhos dos demais perturba os pensamentos de Léo. O bullying cresce. E a homofobia na escola somada à sensação de abandono causam uma ruptura irreparável entre os amigos.

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A trama construída pelo próspero diretor Lukas Dhont pode parecer arrastada às vezes. Mas ela traduz o esforço de Léo para carregar o fardo de culpa que ele mesmo criou para si - ou foi induzido a criar.

O filme, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 2, lembra vários elementos de outras produções que marcaram gerações. ‘Ponte Para Terabítia’ é um deles, mas é em ‘Meu Primeiro Amor’ que ele talvez encontre mais semelhanças. Mesmo 30 anos depois.

São ambas histórias de amor e amizade, com um toque de descoberta afetiva, inundadas daquilo que em inglês é chamado de coming of age. Algo como uma narrativa que mostra o caminho de amadurecimento das personagens enquanto crescem.

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Nos dois filmes, os criadores não poupam protagonistas de sofrimento. Nem nós. E na obra de Dhont há a mesma cumplicidade pré-adolescente, a admiração ingênua e a atração pura do filme de 90, mas com um recorte “Geração Z”.

‘Close’ nos força a nos aproximarmos, como o título aponta. Faz olhar de perto. Olhares, aliás, que conduzem a narrativa. Mais que toques ou palavras em um tempo de telas digitais e distanciamento virtual.

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Rémi (Gustav De Waele) é amigo inseparável de Léo (Eden Dambrine) em 'Close', filme da produtora A24 Foto: Divulgação/A24

A janela da alma como fio condutor

É pelos olhos de Léo e como ele vê ou não o que o cerca que o diretor usa das cores para marcar a atmosfera das cenas. No que é muito competente.

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O artifício é manipulado também para mostrar contraste. As paredes do quarto de Rémi são vibrantes e quentes, enquanto os momentos vividos ali são inocentes no primeiro ato.

O vermelho, típico da paixão e do desejo, guarda naquele cômodo emoções singelas trocadas pelos meninos. Um espaço de aconchego e segurança - que será transformado depois.

E mesmo nos entreolhares dos dois é difícil captar atração física e sexual: eles carregam muito mais carinho e amizade. Já no de outros, é sensível o julgamento acusatório da masculinidade tóxica e do preconceito.

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Uma geração mais humana

Poderia-se esperar que a esta altura da história as pessoas já estivessem mais preparadas para lidar com o diferente. Que as novas gerações fossem mais acolhedoras, generosas, flexíveis e menos discriminatórias.

É um retrato dos tempos que a Geração Z seja tão comprometida com os direitos individuais, o bem estar coletivo e a responsabilidade afetiva. Mas ‘Close’ vem mostrar que ainda há muito a conquistar, por isso tem tanto a ver com o século 21.

'Close', de Lukas Dhont, concorre ao Oscar 2023 de Filme Internacional Foto: Mubi

Símbolos a serviço da história

Léo é filho de floricultores. E a princípio ele não quer se envolver no cultivo. Enquanto ele e Rémi passam por conflitos, é a época da colheita - do corte, de morte!

Após a ruptura com o melhor amigo, o menino precisa se reconstruir. Renascer. Na prática, ele vai para a terra, plantar, cuidar, cultivar. E à medida que as flores voltam, ele também cresce. Uma metáfora sublime para encerrar com alívio e esperança ao espectador tenso após toda a desgraça e angústia.

Apesar do forte papel da trilha sonora, é um longa silencioso, reflexivo e triste. Que tenta sensibilizar e cativar, mas chega a ser quase cruel no caminho. E lembra para a vida real que podem passar despercebidos os sinais de constituição de uma tragédia.

O longa entra para o catálogo da plataforma de streaming Mubi em 24 de abril.

‘Close’ é desses filmes que ficam na cabeça por horas e dias depois de assistir. Nada como os enlatados que divertem, mas somem da mente no meio do hambúrguer pós-sessão. Não. Ele dói na alma. E por isso é imperdível e necessário.

Não é uma história apelativa. Mas ela desperta para as mais aflitivas lembranças da infância. Ou ao menos consegue provocar a fagulha da empatia pelo sofrimento alheio, enquanto deslumbra com o calor de um cenário que parece deslocado da temática pesada da tela.

O longa belga da produtora A24, que concorre ao Oscar de Melhor Filme Internacional, segue a íntima amizade dos pré-adolescentes Léo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele). Mas um novo ano letivo começa com comentários maliciosos dos colegas.

Close chega aos cinemas em 2 de março e ao streaming em 21 de abril, no catálogo da plataforma Mubi Foto: Divulgação/A24

Rompimento terrível faz a história andar

A transformação do elo ingênuo dos garotos em algo além do fraterno aos olhos dos demais perturba os pensamentos de Léo. O bullying cresce. E a homofobia na escola somada à sensação de abandono causam uma ruptura irreparável entre os amigos.

A trama construída pelo próspero diretor Lukas Dhont pode parecer arrastada às vezes. Mas ela traduz o esforço de Léo para carregar o fardo de culpa que ele mesmo criou para si - ou foi induzido a criar.

O filme, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 2, lembra vários elementos de outras produções que marcaram gerações. ‘Ponte Para Terabítia’ é um deles, mas é em ‘Meu Primeiro Amor’ que ele talvez encontre mais semelhanças. Mesmo 30 anos depois.

São ambas histórias de amor e amizade, com um toque de descoberta afetiva, inundadas daquilo que em inglês é chamado de coming of age. Algo como uma narrativa que mostra o caminho de amadurecimento das personagens enquanto crescem.

Nos dois filmes, os criadores não poupam protagonistas de sofrimento. Nem nós. E na obra de Dhont há a mesma cumplicidade pré-adolescente, a admiração ingênua e a atração pura do filme de 90, mas com um recorte “Geração Z”.

‘Close’ nos força a nos aproximarmos, como o título aponta. Faz olhar de perto. Olhares, aliás, que conduzem a narrativa. Mais que toques ou palavras em um tempo de telas digitais e distanciamento virtual.

Rémi (Gustav De Waele) é amigo inseparável de Léo (Eden Dambrine) em 'Close', filme da produtora A24 Foto: Divulgação/A24

A janela da alma como fio condutor

É pelos olhos de Léo e como ele vê ou não o que o cerca que o diretor usa das cores para marcar a atmosfera das cenas. No que é muito competente.

O artifício é manipulado também para mostrar contraste. As paredes do quarto de Rémi são vibrantes e quentes, enquanto os momentos vividos ali são inocentes no primeiro ato.

O vermelho, típico da paixão e do desejo, guarda naquele cômodo emoções singelas trocadas pelos meninos. Um espaço de aconchego e segurança - que será transformado depois.

E mesmo nos entreolhares dos dois é difícil captar atração física e sexual: eles carregam muito mais carinho e amizade. Já no de outros, é sensível o julgamento acusatório da masculinidade tóxica e do preconceito.

Uma geração mais humana

Poderia-se esperar que a esta altura da história as pessoas já estivessem mais preparadas para lidar com o diferente. Que as novas gerações fossem mais acolhedoras, generosas, flexíveis e menos discriminatórias.

É um retrato dos tempos que a Geração Z seja tão comprometida com os direitos individuais, o bem estar coletivo e a responsabilidade afetiva. Mas ‘Close’ vem mostrar que ainda há muito a conquistar, por isso tem tanto a ver com o século 21.

'Close', de Lukas Dhont, concorre ao Oscar 2023 de Filme Internacional Foto: Mubi

Símbolos a serviço da história

Léo é filho de floricultores. E a princípio ele não quer se envolver no cultivo. Enquanto ele e Rémi passam por conflitos, é a época da colheita - do corte, de morte!

Após a ruptura com o melhor amigo, o menino precisa se reconstruir. Renascer. Na prática, ele vai para a terra, plantar, cuidar, cultivar. E à medida que as flores voltam, ele também cresce. Uma metáfora sublime para encerrar com alívio e esperança ao espectador tenso após toda a desgraça e angústia.

Apesar do forte papel da trilha sonora, é um longa silencioso, reflexivo e triste. Que tenta sensibilizar e cativar, mas chega a ser quase cruel no caminho. E lembra para a vida real que podem passar despercebidos os sinais de constituição de uma tragédia.

O longa entra para o catálogo da plataforma de streaming Mubi em 24 de abril.

‘Close’ é desses filmes que ficam na cabeça por horas e dias depois de assistir. Nada como os enlatados que divertem, mas somem da mente no meio do hambúrguer pós-sessão. Não. Ele dói na alma. E por isso é imperdível e necessário.

Não é uma história apelativa. Mas ela desperta para as mais aflitivas lembranças da infância. Ou ao menos consegue provocar a fagulha da empatia pelo sofrimento alheio, enquanto deslumbra com o calor de um cenário que parece deslocado da temática pesada da tela.

O longa belga da produtora A24, que concorre ao Oscar de Melhor Filme Internacional, segue a íntima amizade dos pré-adolescentes Léo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele). Mas um novo ano letivo começa com comentários maliciosos dos colegas.

Close chega aos cinemas em 2 de março e ao streaming em 21 de abril, no catálogo da plataforma Mubi Foto: Divulgação/A24

Rompimento terrível faz a história andar

A transformação do elo ingênuo dos garotos em algo além do fraterno aos olhos dos demais perturba os pensamentos de Léo. O bullying cresce. E a homofobia na escola somada à sensação de abandono causam uma ruptura irreparável entre os amigos.

A trama construída pelo próspero diretor Lukas Dhont pode parecer arrastada às vezes. Mas ela traduz o esforço de Léo para carregar o fardo de culpa que ele mesmo criou para si - ou foi induzido a criar.

O filme, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 2, lembra vários elementos de outras produções que marcaram gerações. ‘Ponte Para Terabítia’ é um deles, mas é em ‘Meu Primeiro Amor’ que ele talvez encontre mais semelhanças. Mesmo 30 anos depois.

São ambas histórias de amor e amizade, com um toque de descoberta afetiva, inundadas daquilo que em inglês é chamado de coming of age. Algo como uma narrativa que mostra o caminho de amadurecimento das personagens enquanto crescem.

Nos dois filmes, os criadores não poupam protagonistas de sofrimento. Nem nós. E na obra de Dhont há a mesma cumplicidade pré-adolescente, a admiração ingênua e a atração pura do filme de 90, mas com um recorte “Geração Z”.

‘Close’ nos força a nos aproximarmos, como o título aponta. Faz olhar de perto. Olhares, aliás, que conduzem a narrativa. Mais que toques ou palavras em um tempo de telas digitais e distanciamento virtual.

Rémi (Gustav De Waele) é amigo inseparável de Léo (Eden Dambrine) em 'Close', filme da produtora A24 Foto: Divulgação/A24

A janela da alma como fio condutor

É pelos olhos de Léo e como ele vê ou não o que o cerca que o diretor usa das cores para marcar a atmosfera das cenas. No que é muito competente.

O artifício é manipulado também para mostrar contraste. As paredes do quarto de Rémi são vibrantes e quentes, enquanto os momentos vividos ali são inocentes no primeiro ato.

O vermelho, típico da paixão e do desejo, guarda naquele cômodo emoções singelas trocadas pelos meninos. Um espaço de aconchego e segurança - que será transformado depois.

E mesmo nos entreolhares dos dois é difícil captar atração física e sexual: eles carregam muito mais carinho e amizade. Já no de outros, é sensível o julgamento acusatório da masculinidade tóxica e do preconceito.

Uma geração mais humana

Poderia-se esperar que a esta altura da história as pessoas já estivessem mais preparadas para lidar com o diferente. Que as novas gerações fossem mais acolhedoras, generosas, flexíveis e menos discriminatórias.

É um retrato dos tempos que a Geração Z seja tão comprometida com os direitos individuais, o bem estar coletivo e a responsabilidade afetiva. Mas ‘Close’ vem mostrar que ainda há muito a conquistar, por isso tem tanto a ver com o século 21.

'Close', de Lukas Dhont, concorre ao Oscar 2023 de Filme Internacional Foto: Mubi

Símbolos a serviço da história

Léo é filho de floricultores. E a princípio ele não quer se envolver no cultivo. Enquanto ele e Rémi passam por conflitos, é a época da colheita - do corte, de morte!

Após a ruptura com o melhor amigo, o menino precisa se reconstruir. Renascer. Na prática, ele vai para a terra, plantar, cuidar, cultivar. E à medida que as flores voltam, ele também cresce. Uma metáfora sublime para encerrar com alívio e esperança ao espectador tenso após toda a desgraça e angústia.

Apesar do forte papel da trilha sonora, é um longa silencioso, reflexivo e triste. Que tenta sensibilizar e cativar, mas chega a ser quase cruel no caminho. E lembra para a vida real que podem passar despercebidos os sinais de constituição de uma tragédia.

O longa entra para o catálogo da plataforma de streaming Mubi em 24 de abril.

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