A série espanhola Vota Juan, que chegou recentemente ao catálogo da HBO Max, é tipo uma versão satírica de House of Cards ou Borgen, duas produções clássicas sobre os bastidores da política. A trama se sustenta no carisma do ator Javier Cámara (o mesmo de The New Pope e de filmes de Pedro Almodóvar) que está impagável na pele de Juan Carrasco, um ministro da agricultura destrambelhado e sem nenhum caráter, mas muito ambicioso. Ex-prefeito de uma cidade do interior, ele cisma em concorrer nas primárias do seu partido ao cargo de presidente do Governo da Espanha. Apesar da sucessão de trapalhadas, o plano vai ganhando força. A série é uma caricatura das idiossincrasias e do cinismo da política.
SÁTIRA
A série brinca com as manobras e puxadas de tapete que produções como a sueca Borgen levam a sério.
POLÍTICA
Vota Juan lembra um pouco Veep, série que acompanha a rotina de uma vice-presidente dos Estados Unidos trapalhona. Tem muito humor politicamente incorreto, mas sem extrapolar a medida do bom senso. Não é, enfim, uma série só para quem gosta de política. O elenco todo joga afinado e sem afetações. Na medida certa.
KUNG FU E CANNABIS
Marcada para o dia 1.° de maio, a sessão de encerramento do 18.º Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre vai exibir a estreia do longa The Smoke Master. Dirigido por Andre Sigwalt e Augusto Soares, o filme é uma mistura inusitada de kung fu raiz e cannabis. O protagonista é o ator Daniel Rocha, que interpretou um dos filhos do comendador da novela Império, da Globo.
RAÇA
Não é preciso spoiler para saber o final de Raça, longa da HBO Max. O roteiro é absolutamente previsível e segue o caminho seguro das cinebiografias de superação. Mas isso não significa que seja ruim. Pelo contrário. O filme é um resgate histórico minucioso, bem feito e comovente.
OLIMPÍADA
Em tempos de um racismo quase institucional, o corredor americano negro Jesse Owens começou sua saga épica atropelando os brancos raivosos no quintal de casa antes de humilhar a Alemanha nazista sob o olhar incrédulo de Hitler, na Olimpíada de 1936.
CARTOLAS
Um dos charmes desta produção é recriar os bastidores políticos da decisão de levar a delegação americana aos jogos em um país que perseguia negros, judeus e outras minorias.
CARTOLAS – 2
Havia um racha entre os cartolas. Parte deles dizia que o espírito olímpico era a antítese do nazismo, e por isso deveria haver o boicote. Por respeito à raça humana, a competição não podia chancelar Hitler.
CARTOLAS – 3
Outra parte, liderada por um dirigente corrupto interpretado por Jeremy Irons, alegava que eles não podiam tirar os direitos dos atletas à glória. Ele, no caso, havia sido subornado pelo regime alemão.
DR GERACIONAL
O Projeto Adam, filme da Netflix, brinca com a viagem no tempo para promover uma DR entre pais e filhos e entre as versões adulta e pré-adolescente do mesmo personagem. É um despretensioso programa de família no domingo. O longa joga com a nostalgia e aborda o luto.