Relançamentos de Cartola confirmam força do vinil para colecionadores


Discos do sambista lançados originalmente em 1974 e 1976 eram raridade no mercado

Por Alberto Bombig
Atualização:
Caricatura de Cartola pelo artista Baptistão Foto: Baptistão

Dois amigos conversam em frente a um toca-discos que está sobre uma extensa coleção de discos. Um deles diz: “As duas coisas que realmente me atraíram para o vinil foram as despesas e as inconveniências”. A sátira ao ressurgimento dos LPs no mercado fonográfico foi publicada em um cartum da revista norte-americana The New Yorker em 2015, quando as vendas dos bolachões pretos com um furo no meio alcançaram o patamar da analógica década de 1980. No caso dos novos LPs, a piada com o mundo hipster (a onda de resgatar coisas das quais ninguém mais parecia sentir falta) faz todo o sentido porque cada exemplar não custa menos de R$ 90 nas lojas físicas e eles são “inconvenientes” porque exigem grande espaço de armazenamento e os aparelhos adequados para sua reprodução estereofônica muitas vezes são trambolhos também de preços elevados. Por que, então, comprar um LP, um disco de vinil, na era do streaming musical e das megaliquidações de CDs? 

A resposta pode estar nos recentes relançamentos da fábrica brasileira Polysom, especialmente os dois LPs fundamentais do cantor e compositor Cartola (1908-1980), dentro da série Clássicos em Vinil. Lançados originalmente em 1974 e 1976, os LPs de Cartola reúnem a quintessência da produção dele e são presença obrigatória nas listas de melhores discos da MPB. Chegaram novamente ao mercado no mês passado, em discos de 180 gramas da série Clássicos em Vinil. Tinham virado “mosca branca” nos sebos.

continua após a publicidade

Cartola (1974) foi o primeiro disco do cantor e compositor, um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. O lançamento origianl ocorreu quando ele já contava 66 anos. Nele, estão Acontece, Alvorada, Tive Sim e O Sol Nascerá. O disco seguinte, Cartola (1976), tem As Rosas não Falam e O Mundo é um Moinho entre suas joias que dispensam adjetivos. A excelência das obras relançadas em vinil é indiscutível. Porém, na semana passada, elas podiam ser adquiridas no formato CD em um grande magazine do gênero, em São Paulo, pela bagatela de R$ 9,90, além de estarem disponíveis nos melhores serviços de streaming. É hora de retomar a questão inicial e procurar algumas respostas, para além das infindáveis discussões sobre a melhor ou pior qualidade sonora de cada mídia, principalmente vinil e CD. e descontada a moda hipster. Por que comprar um vinil? 

Segundo a professora de Artes e Comunicação Edilamar Galvão, da Faap, a multiplicação das tecnologias democratizou e massificou (são os dois lados da mesma moeda) o acesso às obras de arte e ao seu conteúdo, o contato com elas corre o risco de tornar-se cada vez mais banal frente ao excesso da oferta. Esse seria o mundo sem “aura”, com base no texto clássico do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica.

“No mundo de evolução das tecnologias, ‘ganham aura’ técnicas em vias de desaparição. Pois seu desaparecimento confere a elas novamente o status de objeto raro e exclusivo. Veja o que acontece com a máquina de escrever hoje. É um objeto praticamente mitificado. O mesmo se aplica ao vinil. Um objeto que representa toda uma época e que, há pouco, tinha praticamente desaparecido. Junte-se a isso o fato de que, no seu formato grande, o bolachão fez história no design artístico de capas, que aquele som peculiar da agulha roçando o vinil, pronunciado antes da música começar, é quase o som da velha máquina de escrever nos nossos ouvidos”, afirma ela.

continua após a publicidade

Outra chave para responder a pergunta está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos, como se as novas mídias digitais tivessem conferido ao vinil o status de arte. Os relançamentos de Cartola, por exemplo, terão tiragem inicial de apenas 500 cópias cada. Mas há previsão de que os discos terão reposições bem rápidas, devido à sua importância. “Estamos otimistas e honrados por viabilizar o relançamento de títulos tão importantes”, diz João Augusto, consultor da Polysom. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil, assim como os The Beatles na Europa.

“Os clássicos vendem mais pelo simples fato de serem mais conhecidos e desejados. Muitos dos títulos que a Polysom licencia estão extintos ou seus originais são vendidos a preços altíssimos no mercado. Por isso, o comprador fica feliz quando pode comprar o disco mais barato (R$ 99,90) e com muito mais qualidade que aquele original”, diz João Augusto. “Num mundo em que tudo existe e se reproduz aos milhões, parecemos gostar da sensação de termos em mãos algo exclusivo, numerado, em edição finita e, por tudo isso, completamente especial”, diz Edilamar. Os relançamentos da série Clássicos em Vinil (que tem Jorge Ben, Mutantes, Tim Maia, Novos Baianos etc), provam que verdadeiras obras de arte precisam de um suporte digno de sua excelência. Outra chave importante está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil.

Capa do vinil de Cartola lançado agora pela Polysom Foto: Polysom
continua após a publicidade

Cartola Autor: CartolaGravadora: Polysom R$ 99,90

Caricatura de Cartola pelo artista Baptistão Foto: Baptistão

Dois amigos conversam em frente a um toca-discos que está sobre uma extensa coleção de discos. Um deles diz: “As duas coisas que realmente me atraíram para o vinil foram as despesas e as inconveniências”. A sátira ao ressurgimento dos LPs no mercado fonográfico foi publicada em um cartum da revista norte-americana The New Yorker em 2015, quando as vendas dos bolachões pretos com um furo no meio alcançaram o patamar da analógica década de 1980. No caso dos novos LPs, a piada com o mundo hipster (a onda de resgatar coisas das quais ninguém mais parecia sentir falta) faz todo o sentido porque cada exemplar não custa menos de R$ 90 nas lojas físicas e eles são “inconvenientes” porque exigem grande espaço de armazenamento e os aparelhos adequados para sua reprodução estereofônica muitas vezes são trambolhos também de preços elevados. Por que, então, comprar um LP, um disco de vinil, na era do streaming musical e das megaliquidações de CDs? 

A resposta pode estar nos recentes relançamentos da fábrica brasileira Polysom, especialmente os dois LPs fundamentais do cantor e compositor Cartola (1908-1980), dentro da série Clássicos em Vinil. Lançados originalmente em 1974 e 1976, os LPs de Cartola reúnem a quintessência da produção dele e são presença obrigatória nas listas de melhores discos da MPB. Chegaram novamente ao mercado no mês passado, em discos de 180 gramas da série Clássicos em Vinil. Tinham virado “mosca branca” nos sebos.

Cartola (1974) foi o primeiro disco do cantor e compositor, um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. O lançamento origianl ocorreu quando ele já contava 66 anos. Nele, estão Acontece, Alvorada, Tive Sim e O Sol Nascerá. O disco seguinte, Cartola (1976), tem As Rosas não Falam e O Mundo é um Moinho entre suas joias que dispensam adjetivos. A excelência das obras relançadas em vinil é indiscutível. Porém, na semana passada, elas podiam ser adquiridas no formato CD em um grande magazine do gênero, em São Paulo, pela bagatela de R$ 9,90, além de estarem disponíveis nos melhores serviços de streaming. É hora de retomar a questão inicial e procurar algumas respostas, para além das infindáveis discussões sobre a melhor ou pior qualidade sonora de cada mídia, principalmente vinil e CD. e descontada a moda hipster. Por que comprar um vinil? 

Segundo a professora de Artes e Comunicação Edilamar Galvão, da Faap, a multiplicação das tecnologias democratizou e massificou (são os dois lados da mesma moeda) o acesso às obras de arte e ao seu conteúdo, o contato com elas corre o risco de tornar-se cada vez mais banal frente ao excesso da oferta. Esse seria o mundo sem “aura”, com base no texto clássico do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica.

“No mundo de evolução das tecnologias, ‘ganham aura’ técnicas em vias de desaparição. Pois seu desaparecimento confere a elas novamente o status de objeto raro e exclusivo. Veja o que acontece com a máquina de escrever hoje. É um objeto praticamente mitificado. O mesmo se aplica ao vinil. Um objeto que representa toda uma época e que, há pouco, tinha praticamente desaparecido. Junte-se a isso o fato de que, no seu formato grande, o bolachão fez história no design artístico de capas, que aquele som peculiar da agulha roçando o vinil, pronunciado antes da música começar, é quase o som da velha máquina de escrever nos nossos ouvidos”, afirma ela.

Outra chave para responder a pergunta está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos, como se as novas mídias digitais tivessem conferido ao vinil o status de arte. Os relançamentos de Cartola, por exemplo, terão tiragem inicial de apenas 500 cópias cada. Mas há previsão de que os discos terão reposições bem rápidas, devido à sua importância. “Estamos otimistas e honrados por viabilizar o relançamento de títulos tão importantes”, diz João Augusto, consultor da Polysom. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil, assim como os The Beatles na Europa.

“Os clássicos vendem mais pelo simples fato de serem mais conhecidos e desejados. Muitos dos títulos que a Polysom licencia estão extintos ou seus originais são vendidos a preços altíssimos no mercado. Por isso, o comprador fica feliz quando pode comprar o disco mais barato (R$ 99,90) e com muito mais qualidade que aquele original”, diz João Augusto. “Num mundo em que tudo existe e se reproduz aos milhões, parecemos gostar da sensação de termos em mãos algo exclusivo, numerado, em edição finita e, por tudo isso, completamente especial”, diz Edilamar. Os relançamentos da série Clássicos em Vinil (que tem Jorge Ben, Mutantes, Tim Maia, Novos Baianos etc), provam que verdadeiras obras de arte precisam de um suporte digno de sua excelência. Outra chave importante está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil.

Capa do vinil de Cartola lançado agora pela Polysom Foto: Polysom

Cartola Autor: CartolaGravadora: Polysom R$ 99,90

Caricatura de Cartola pelo artista Baptistão Foto: Baptistão

Dois amigos conversam em frente a um toca-discos que está sobre uma extensa coleção de discos. Um deles diz: “As duas coisas que realmente me atraíram para o vinil foram as despesas e as inconveniências”. A sátira ao ressurgimento dos LPs no mercado fonográfico foi publicada em um cartum da revista norte-americana The New Yorker em 2015, quando as vendas dos bolachões pretos com um furo no meio alcançaram o patamar da analógica década de 1980. No caso dos novos LPs, a piada com o mundo hipster (a onda de resgatar coisas das quais ninguém mais parecia sentir falta) faz todo o sentido porque cada exemplar não custa menos de R$ 90 nas lojas físicas e eles são “inconvenientes” porque exigem grande espaço de armazenamento e os aparelhos adequados para sua reprodução estereofônica muitas vezes são trambolhos também de preços elevados. Por que, então, comprar um LP, um disco de vinil, na era do streaming musical e das megaliquidações de CDs? 

A resposta pode estar nos recentes relançamentos da fábrica brasileira Polysom, especialmente os dois LPs fundamentais do cantor e compositor Cartola (1908-1980), dentro da série Clássicos em Vinil. Lançados originalmente em 1974 e 1976, os LPs de Cartola reúnem a quintessência da produção dele e são presença obrigatória nas listas de melhores discos da MPB. Chegaram novamente ao mercado no mês passado, em discos de 180 gramas da série Clássicos em Vinil. Tinham virado “mosca branca” nos sebos.

Cartola (1974) foi o primeiro disco do cantor e compositor, um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. O lançamento origianl ocorreu quando ele já contava 66 anos. Nele, estão Acontece, Alvorada, Tive Sim e O Sol Nascerá. O disco seguinte, Cartola (1976), tem As Rosas não Falam e O Mundo é um Moinho entre suas joias que dispensam adjetivos. A excelência das obras relançadas em vinil é indiscutível. Porém, na semana passada, elas podiam ser adquiridas no formato CD em um grande magazine do gênero, em São Paulo, pela bagatela de R$ 9,90, além de estarem disponíveis nos melhores serviços de streaming. É hora de retomar a questão inicial e procurar algumas respostas, para além das infindáveis discussões sobre a melhor ou pior qualidade sonora de cada mídia, principalmente vinil e CD. e descontada a moda hipster. Por que comprar um vinil? 

Segundo a professora de Artes e Comunicação Edilamar Galvão, da Faap, a multiplicação das tecnologias democratizou e massificou (são os dois lados da mesma moeda) o acesso às obras de arte e ao seu conteúdo, o contato com elas corre o risco de tornar-se cada vez mais banal frente ao excesso da oferta. Esse seria o mundo sem “aura”, com base no texto clássico do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica.

“No mundo de evolução das tecnologias, ‘ganham aura’ técnicas em vias de desaparição. Pois seu desaparecimento confere a elas novamente o status de objeto raro e exclusivo. Veja o que acontece com a máquina de escrever hoje. É um objeto praticamente mitificado. O mesmo se aplica ao vinil. Um objeto que representa toda uma época e que, há pouco, tinha praticamente desaparecido. Junte-se a isso o fato de que, no seu formato grande, o bolachão fez história no design artístico de capas, que aquele som peculiar da agulha roçando o vinil, pronunciado antes da música começar, é quase o som da velha máquina de escrever nos nossos ouvidos”, afirma ela.

Outra chave para responder a pergunta está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos, como se as novas mídias digitais tivessem conferido ao vinil o status de arte. Os relançamentos de Cartola, por exemplo, terão tiragem inicial de apenas 500 cópias cada. Mas há previsão de que os discos terão reposições bem rápidas, devido à sua importância. “Estamos otimistas e honrados por viabilizar o relançamento de títulos tão importantes”, diz João Augusto, consultor da Polysom. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil, assim como os The Beatles na Europa.

“Os clássicos vendem mais pelo simples fato de serem mais conhecidos e desejados. Muitos dos títulos que a Polysom licencia estão extintos ou seus originais são vendidos a preços altíssimos no mercado. Por isso, o comprador fica feliz quando pode comprar o disco mais barato (R$ 99,90) e com muito mais qualidade que aquele original”, diz João Augusto. “Num mundo em que tudo existe e se reproduz aos milhões, parecemos gostar da sensação de termos em mãos algo exclusivo, numerado, em edição finita e, por tudo isso, completamente especial”, diz Edilamar. Os relançamentos da série Clássicos em Vinil (que tem Jorge Ben, Mutantes, Tim Maia, Novos Baianos etc), provam que verdadeiras obras de arte precisam de um suporte digno de sua excelência. Outra chave importante está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil.

Capa do vinil de Cartola lançado agora pela Polysom Foto: Polysom

Cartola Autor: CartolaGravadora: Polysom R$ 99,90

Caricatura de Cartola pelo artista Baptistão Foto: Baptistão

Dois amigos conversam em frente a um toca-discos que está sobre uma extensa coleção de discos. Um deles diz: “As duas coisas que realmente me atraíram para o vinil foram as despesas e as inconveniências”. A sátira ao ressurgimento dos LPs no mercado fonográfico foi publicada em um cartum da revista norte-americana The New Yorker em 2015, quando as vendas dos bolachões pretos com um furo no meio alcançaram o patamar da analógica década de 1980. No caso dos novos LPs, a piada com o mundo hipster (a onda de resgatar coisas das quais ninguém mais parecia sentir falta) faz todo o sentido porque cada exemplar não custa menos de R$ 90 nas lojas físicas e eles são “inconvenientes” porque exigem grande espaço de armazenamento e os aparelhos adequados para sua reprodução estereofônica muitas vezes são trambolhos também de preços elevados. Por que, então, comprar um LP, um disco de vinil, na era do streaming musical e das megaliquidações de CDs? 

A resposta pode estar nos recentes relançamentos da fábrica brasileira Polysom, especialmente os dois LPs fundamentais do cantor e compositor Cartola (1908-1980), dentro da série Clássicos em Vinil. Lançados originalmente em 1974 e 1976, os LPs de Cartola reúnem a quintessência da produção dele e são presença obrigatória nas listas de melhores discos da MPB. Chegaram novamente ao mercado no mês passado, em discos de 180 gramas da série Clássicos em Vinil. Tinham virado “mosca branca” nos sebos.

Cartola (1974) foi o primeiro disco do cantor e compositor, um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. O lançamento origianl ocorreu quando ele já contava 66 anos. Nele, estão Acontece, Alvorada, Tive Sim e O Sol Nascerá. O disco seguinte, Cartola (1976), tem As Rosas não Falam e O Mundo é um Moinho entre suas joias que dispensam adjetivos. A excelência das obras relançadas em vinil é indiscutível. Porém, na semana passada, elas podiam ser adquiridas no formato CD em um grande magazine do gênero, em São Paulo, pela bagatela de R$ 9,90, além de estarem disponíveis nos melhores serviços de streaming. É hora de retomar a questão inicial e procurar algumas respostas, para além das infindáveis discussões sobre a melhor ou pior qualidade sonora de cada mídia, principalmente vinil e CD. e descontada a moda hipster. Por que comprar um vinil? 

Segundo a professora de Artes e Comunicação Edilamar Galvão, da Faap, a multiplicação das tecnologias democratizou e massificou (são os dois lados da mesma moeda) o acesso às obras de arte e ao seu conteúdo, o contato com elas corre o risco de tornar-se cada vez mais banal frente ao excesso da oferta. Esse seria o mundo sem “aura”, com base no texto clássico do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica.

“No mundo de evolução das tecnologias, ‘ganham aura’ técnicas em vias de desaparição. Pois seu desaparecimento confere a elas novamente o status de objeto raro e exclusivo. Veja o que acontece com a máquina de escrever hoje. É um objeto praticamente mitificado. O mesmo se aplica ao vinil. Um objeto que representa toda uma época e que, há pouco, tinha praticamente desaparecido. Junte-se a isso o fato de que, no seu formato grande, o bolachão fez história no design artístico de capas, que aquele som peculiar da agulha roçando o vinil, pronunciado antes da música começar, é quase o som da velha máquina de escrever nos nossos ouvidos”, afirma ela.

Outra chave para responder a pergunta está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos, como se as novas mídias digitais tivessem conferido ao vinil o status de arte. Os relançamentos de Cartola, por exemplo, terão tiragem inicial de apenas 500 cópias cada. Mas há previsão de que os discos terão reposições bem rápidas, devido à sua importância. “Estamos otimistas e honrados por viabilizar o relançamento de títulos tão importantes”, diz João Augusto, consultor da Polysom. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil, assim como os The Beatles na Europa.

“Os clássicos vendem mais pelo simples fato de serem mais conhecidos e desejados. Muitos dos títulos que a Polysom licencia estão extintos ou seus originais são vendidos a preços altíssimos no mercado. Por isso, o comprador fica feliz quando pode comprar o disco mais barato (R$ 99,90) e com muito mais qualidade que aquele original”, diz João Augusto. “Num mundo em que tudo existe e se reproduz aos milhões, parecemos gostar da sensação de termos em mãos algo exclusivo, numerado, em edição finita e, por tudo isso, completamente especial”, diz Edilamar. Os relançamentos da série Clássicos em Vinil (que tem Jorge Ben, Mutantes, Tim Maia, Novos Baianos etc), provam que verdadeiras obras de arte precisam de um suporte digno de sua excelência. Outra chave importante está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil.

Capa do vinil de Cartola lançado agora pela Polysom Foto: Polysom

Cartola Autor: CartolaGravadora: Polysom R$ 99,90

Caricatura de Cartola pelo artista Baptistão Foto: Baptistão

Dois amigos conversam em frente a um toca-discos que está sobre uma extensa coleção de discos. Um deles diz: “As duas coisas que realmente me atraíram para o vinil foram as despesas e as inconveniências”. A sátira ao ressurgimento dos LPs no mercado fonográfico foi publicada em um cartum da revista norte-americana The New Yorker em 2015, quando as vendas dos bolachões pretos com um furo no meio alcançaram o patamar da analógica década de 1980. No caso dos novos LPs, a piada com o mundo hipster (a onda de resgatar coisas das quais ninguém mais parecia sentir falta) faz todo o sentido porque cada exemplar não custa menos de R$ 90 nas lojas físicas e eles são “inconvenientes” porque exigem grande espaço de armazenamento e os aparelhos adequados para sua reprodução estereofônica muitas vezes são trambolhos também de preços elevados. Por que, então, comprar um LP, um disco de vinil, na era do streaming musical e das megaliquidações de CDs? 

A resposta pode estar nos recentes relançamentos da fábrica brasileira Polysom, especialmente os dois LPs fundamentais do cantor e compositor Cartola (1908-1980), dentro da série Clássicos em Vinil. Lançados originalmente em 1974 e 1976, os LPs de Cartola reúnem a quintessência da produção dele e são presença obrigatória nas listas de melhores discos da MPB. Chegaram novamente ao mercado no mês passado, em discos de 180 gramas da série Clássicos em Vinil. Tinham virado “mosca branca” nos sebos.

Cartola (1974) foi o primeiro disco do cantor e compositor, um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. O lançamento origianl ocorreu quando ele já contava 66 anos. Nele, estão Acontece, Alvorada, Tive Sim e O Sol Nascerá. O disco seguinte, Cartola (1976), tem As Rosas não Falam e O Mundo é um Moinho entre suas joias que dispensam adjetivos. A excelência das obras relançadas em vinil é indiscutível. Porém, na semana passada, elas podiam ser adquiridas no formato CD em um grande magazine do gênero, em São Paulo, pela bagatela de R$ 9,90, além de estarem disponíveis nos melhores serviços de streaming. É hora de retomar a questão inicial e procurar algumas respostas, para além das infindáveis discussões sobre a melhor ou pior qualidade sonora de cada mídia, principalmente vinil e CD. e descontada a moda hipster. Por que comprar um vinil? 

Segundo a professora de Artes e Comunicação Edilamar Galvão, da Faap, a multiplicação das tecnologias democratizou e massificou (são os dois lados da mesma moeda) o acesso às obras de arte e ao seu conteúdo, o contato com elas corre o risco de tornar-se cada vez mais banal frente ao excesso da oferta. Esse seria o mundo sem “aura”, com base no texto clássico do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica.

“No mundo de evolução das tecnologias, ‘ganham aura’ técnicas em vias de desaparição. Pois seu desaparecimento confere a elas novamente o status de objeto raro e exclusivo. Veja o que acontece com a máquina de escrever hoje. É um objeto praticamente mitificado. O mesmo se aplica ao vinil. Um objeto que representa toda uma época e que, há pouco, tinha praticamente desaparecido. Junte-se a isso o fato de que, no seu formato grande, o bolachão fez história no design artístico de capas, que aquele som peculiar da agulha roçando o vinil, pronunciado antes da música começar, é quase o som da velha máquina de escrever nos nossos ouvidos”, afirma ela.

Outra chave para responder a pergunta está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos, como se as novas mídias digitais tivessem conferido ao vinil o status de arte. Os relançamentos de Cartola, por exemplo, terão tiragem inicial de apenas 500 cópias cada. Mas há previsão de que os discos terão reposições bem rápidas, devido à sua importância. “Estamos otimistas e honrados por viabilizar o relançamento de títulos tão importantes”, diz João Augusto, consultor da Polysom. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil, assim como os The Beatles na Europa.

“Os clássicos vendem mais pelo simples fato de serem mais conhecidos e desejados. Muitos dos títulos que a Polysom licencia estão extintos ou seus originais são vendidos a preços altíssimos no mercado. Por isso, o comprador fica feliz quando pode comprar o disco mais barato (R$ 99,90) e com muito mais qualidade que aquele original”, diz João Augusto. “Num mundo em que tudo existe e se reproduz aos milhões, parecemos gostar da sensação de termos em mãos algo exclusivo, numerado, em edição finita e, por tudo isso, completamente especial”, diz Edilamar. Os relançamentos da série Clássicos em Vinil (que tem Jorge Ben, Mutantes, Tim Maia, Novos Baianos etc), provam que verdadeiras obras de arte precisam de um suporte digno de sua excelência. Outra chave importante está no fetiche dos colecionadores pelos clássicos. Nos EUA, as obras-primas do jazz foram todas relançadas em vinil.

Capa do vinil de Cartola lançado agora pela Polysom Foto: Polysom

Cartola Autor: CartolaGravadora: Polysom R$ 99,90

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.