As danças contemporânea e folclórica dominaram a quarta etapa de competições do 18.º Festival de Dança de Joinville, em Santa Catarina, no domingo, cujo resultado final foi marcado por polêmicas entre os classificados e desclassificados da categoria folclórica. Polêmicas que estão sendo discutidas no momento em reunião pela diretoria do festival. Um dos problemas foi o fato do júri eleger como primeiro lugar o grupo Gothan Companhia de Dança, de Belo Horizonte, que apresentou uma dança do ventre com a coreografia Tabla. O problema levantado pela companhia Afro de São Carlos, São Paulo, que ficou em segundo lugar, foi o fato dessa dança tipicamente feminina ter como destaque Henry Alves Neto, o bailarino que ganhou o prêmio de melhor solo do festival do ano passado e que já se apresentou inclusive em programas de TV. Segundo Marise Piva, há oito anos professora de dança do ventre, atualmente na rede Sesc de São Paulo, dança do ventre é uma modalidade folclórica dançada estritamente por mulheres. Marise, que já viu Henry dançando pela tevê, comentou que "ele dança muito bem, melhor do que muita mulher, mas incomoda muita gente por ser homem." Ela lembrou que um dos grandes mestres desse tipo de dança é o egípcio Shokry Mohamed, que há 25 anos dá aulas em Madrid, na Espanha. "É um homem ensinando danças orientais para as mulheres, mas no palco ele só dança as masculinas". Para Marise, Henry está inovando e que tudo depende de como isso é visto em um concurso de danças folclóricas. Já a categoria juvenil de danças folclóricas só conquistou segundo e terceiro lugares, que ficaram, respectivamente, para o Estúdio de Ballet Cisne Negro, de São Paulo e para o Habeas Corpus - Ballet Elisa, de São Bernardo do Campo, São Paulo. Inconformada, a campeã do ano passado, Flávia Vargas, do Centro de Dança e Pesquisa Flávia Vargas, de Joinville, protesta em relação aos jurados, que segundo ela, não são especialistas na modalidade. "No ano passado os jurados eram russos e eu passei por eles com a nota mais alta, dançando coreografia russa", diz. Seu grupo de 23 integrantes entre 13 e 15 anos gastou cerca de R$ 10 mil em figurinos, coreografia, taxas etc. Na competição de dança contemporânea Minas Gerais foi o Estado que liderou a premiação. Entre as cinco modalidades contemporâneas concorrentes, a única que conquistou primeiro lugar foi a categoria avançado. O vencedor foi o grupo Beth Dorça, de Uberaba, Minas Gerais, com a coreografia Variações Sinfônicas, de Ismael Guiser. O segundo lugar ficou com o grupo Núcleo Artístico, de Belo Horizonte, com a coreografia Aparecida e o terceiro com o Balé da Cidade de Teresina, no Piauí, que conquistou a platéia com o estilo Vidas Secas de sua coreografia Órfãos, de Sidh Ribeiro.