Coluna semanal do antropólogo Roberto DaMatta com reflexões sobre o Brasil

Opinião|Competição no Brasil é subversão


Concorrer exige igualdade e isenção. Sem o requisito da igualdade, porém, competições, concursos ou jogos esportivos são fonte de conflito

Por Roberto DaMatta
Atualização:

O rescaldo eleitoral, examinado com indisfarçável viés ideológico – esquerda bendita e direita maldita –, atesta a nossa dificuldade de competir pelo “poder”. O dualismo do bem contra o mal suprime dúvida. Volto, pois, ao assunto para salientar que, sem regras claras, internalizadas pelos competidores, não há jogo, como mostrou Johan Huizinga.

Não é fácil gerenciar uma disputa sucessória promotora de julgamento e mudança. No universo luso-brasileiro, a “política” é uma esfera social na qual as estruturas weberianas de poder sofrem torções. Assim, a dominação burocrático-racional é invadida pela dominação tradicional, e carismática. De modo menos pomposo: a lei cede aos salvadores e não resiste aos amigos. Projetos de Estado inadiáveis ficam para depois.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido Foto: Júlia Pereira/Estadão
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O que chamamos de “política” é a degeneração da administração pública num espaço cuja ética universalista é não ter coerência. A “politicagem” verbaliza um campo em que tudo é possível. Tal plasticidade torna a política um fosso de paradoxos e ambiguidades. Competir nessa esfera sem apelar para exageros e falsidades (a alma do populismo!) é tolice. Em certa ocasião, os eleitores acharam um macaco melhor candidato do que políticos. Mas nós, nobres letrados de esquerda e direita, sorrimos sem aquilatar a degeneração de uma faceta nobre da esfera pública – sua dimensão democrática.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido. Nos sistemas relacionais, como o nosso, a competição suscita o atrevimento de ameaçar a hierarquia do “cada macaco no seu galho”; donde o fantasma do golpe ou de reformas que controlam a história.

A ausência de institucionalização despe os disputantes do papel de competidores e torna dispensável a discussão de projetos de governo. O que brota é um adversário cuja personalidade engloba seu posicionamento político. Tal jogo simbólico transforma o colega competidor num inimigo, suscitando aversões ancestrais. Tornando-se pessoal, a competição estimula brutais agressões. Assim, a “política” vira um duelo mortal. Desaparecem projetos. Vemos a política reduzida a coisa “pra homem”.

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Competição no Brasil é subversão, porque concorrer exige igualdade e isenção. Sem o requisito da igualdade, porém, competições, concursos ou jogos esportivos são fonte de conflito. Sem um mínimo de regras, elegemos gente honesta e, de quebra, meliante. Hoje, até a “lei da ficha limpa”, que protegeria o cargo de seu ocupante ladravaz, está em causa. O que leva a pensar na política como um espaço privilegiado de enriquecimento pessoal.

A democracia como sistema cultural, como viu com surpresa Alexis de Tocqueville na América, abre a porta do poder para todos. O que, repito, não é coisa simples num sistema fechado em casa-grande e senzala; e em suas modernas contrapartidas: as ideologias identitárias lidas e tidas como balas de prata.

O rescaldo eleitoral, examinado com indisfarçável viés ideológico – esquerda bendita e direita maldita –, atesta a nossa dificuldade de competir pelo “poder”. O dualismo do bem contra o mal suprime dúvida. Volto, pois, ao assunto para salientar que, sem regras claras, internalizadas pelos competidores, não há jogo, como mostrou Johan Huizinga.

Não é fácil gerenciar uma disputa sucessória promotora de julgamento e mudança. No universo luso-brasileiro, a “política” é uma esfera social na qual as estruturas weberianas de poder sofrem torções. Assim, a dominação burocrático-racional é invadida pela dominação tradicional, e carismática. De modo menos pomposo: a lei cede aos salvadores e não resiste aos amigos. Projetos de Estado inadiáveis ficam para depois.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido Foto: Júlia Pereira/Estadão

O que chamamos de “política” é a degeneração da administração pública num espaço cuja ética universalista é não ter coerência. A “politicagem” verbaliza um campo em que tudo é possível. Tal plasticidade torna a política um fosso de paradoxos e ambiguidades. Competir nessa esfera sem apelar para exageros e falsidades (a alma do populismo!) é tolice. Em certa ocasião, os eleitores acharam um macaco melhor candidato do que políticos. Mas nós, nobres letrados de esquerda e direita, sorrimos sem aquilatar a degeneração de uma faceta nobre da esfera pública – sua dimensão democrática.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido. Nos sistemas relacionais, como o nosso, a competição suscita o atrevimento de ameaçar a hierarquia do “cada macaco no seu galho”; donde o fantasma do golpe ou de reformas que controlam a história.

A ausência de institucionalização despe os disputantes do papel de competidores e torna dispensável a discussão de projetos de governo. O que brota é um adversário cuja personalidade engloba seu posicionamento político. Tal jogo simbólico transforma o colega competidor num inimigo, suscitando aversões ancestrais. Tornando-se pessoal, a competição estimula brutais agressões. Assim, a “política” vira um duelo mortal. Desaparecem projetos. Vemos a política reduzida a coisa “pra homem”.

Competição no Brasil é subversão, porque concorrer exige igualdade e isenção. Sem o requisito da igualdade, porém, competições, concursos ou jogos esportivos são fonte de conflito. Sem um mínimo de regras, elegemos gente honesta e, de quebra, meliante. Hoje, até a “lei da ficha limpa”, que protegeria o cargo de seu ocupante ladravaz, está em causa. O que leva a pensar na política como um espaço privilegiado de enriquecimento pessoal.

A democracia como sistema cultural, como viu com surpresa Alexis de Tocqueville na América, abre a porta do poder para todos. O que, repito, não é coisa simples num sistema fechado em casa-grande e senzala; e em suas modernas contrapartidas: as ideologias identitárias lidas e tidas como balas de prata.

O rescaldo eleitoral, examinado com indisfarçável viés ideológico – esquerda bendita e direita maldita –, atesta a nossa dificuldade de competir pelo “poder”. O dualismo do bem contra o mal suprime dúvida. Volto, pois, ao assunto para salientar que, sem regras claras, internalizadas pelos competidores, não há jogo, como mostrou Johan Huizinga.

Não é fácil gerenciar uma disputa sucessória promotora de julgamento e mudança. No universo luso-brasileiro, a “política” é uma esfera social na qual as estruturas weberianas de poder sofrem torções. Assim, a dominação burocrático-racional é invadida pela dominação tradicional, e carismática. De modo menos pomposo: a lei cede aos salvadores e não resiste aos amigos. Projetos de Estado inadiáveis ficam para depois.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido Foto: Júlia Pereira/Estadão

O que chamamos de “política” é a degeneração da administração pública num espaço cuja ética universalista é não ter coerência. A “politicagem” verbaliza um campo em que tudo é possível. Tal plasticidade torna a política um fosso de paradoxos e ambiguidades. Competir nessa esfera sem apelar para exageros e falsidades (a alma do populismo!) é tolice. Em certa ocasião, os eleitores acharam um macaco melhor candidato do que políticos. Mas nós, nobres letrados de esquerda e direita, sorrimos sem aquilatar a degeneração de uma faceta nobre da esfera pública – sua dimensão democrática.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido. Nos sistemas relacionais, como o nosso, a competição suscita o atrevimento de ameaçar a hierarquia do “cada macaco no seu galho”; donde o fantasma do golpe ou de reformas que controlam a história.

A ausência de institucionalização despe os disputantes do papel de competidores e torna dispensável a discussão de projetos de governo. O que brota é um adversário cuja personalidade engloba seu posicionamento político. Tal jogo simbólico transforma o colega competidor num inimigo, suscitando aversões ancestrais. Tornando-se pessoal, a competição estimula brutais agressões. Assim, a “política” vira um duelo mortal. Desaparecem projetos. Vemos a política reduzida a coisa “pra homem”.

Competição no Brasil é subversão, porque concorrer exige igualdade e isenção. Sem o requisito da igualdade, porém, competições, concursos ou jogos esportivos são fonte de conflito. Sem um mínimo de regras, elegemos gente honesta e, de quebra, meliante. Hoje, até a “lei da ficha limpa”, que protegeria o cargo de seu ocupante ladravaz, está em causa. O que leva a pensar na política como um espaço privilegiado de enriquecimento pessoal.

A democracia como sistema cultural, como viu com surpresa Alexis de Tocqueville na América, abre a porta do poder para todos. O que, repito, não é coisa simples num sistema fechado em casa-grande e senzala; e em suas modernas contrapartidas: as ideologias identitárias lidas e tidas como balas de prata.

O rescaldo eleitoral, examinado com indisfarçável viés ideológico – esquerda bendita e direita maldita –, atesta a nossa dificuldade de competir pelo “poder”. O dualismo do bem contra o mal suprime dúvida. Volto, pois, ao assunto para salientar que, sem regras claras, internalizadas pelos competidores, não há jogo, como mostrou Johan Huizinga.

Não é fácil gerenciar uma disputa sucessória promotora de julgamento e mudança. No universo luso-brasileiro, a “política” é uma esfera social na qual as estruturas weberianas de poder sofrem torções. Assim, a dominação burocrático-racional é invadida pela dominação tradicional, e carismática. De modo menos pomposo: a lei cede aos salvadores e não resiste aos amigos. Projetos de Estado inadiáveis ficam para depois.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido Foto: Júlia Pereira/Estadão

O que chamamos de “política” é a degeneração da administração pública num espaço cuja ética universalista é não ter coerência. A “politicagem” verbaliza um campo em que tudo é possível. Tal plasticidade torna a política um fosso de paradoxos e ambiguidades. Competir nessa esfera sem apelar para exageros e falsidades (a alma do populismo!) é tolice. Em certa ocasião, os eleitores acharam um macaco melhor candidato do que políticos. Mas nós, nobres letrados de esquerda e direita, sorrimos sem aquilatar a degeneração de uma faceta nobre da esfera pública – sua dimensão democrática.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido. Nos sistemas relacionais, como o nosso, a competição suscita o atrevimento de ameaçar a hierarquia do “cada macaco no seu galho”; donde o fantasma do golpe ou de reformas que controlam a história.

A ausência de institucionalização despe os disputantes do papel de competidores e torna dispensável a discussão de projetos de governo. O que brota é um adversário cuja personalidade engloba seu posicionamento político. Tal jogo simbólico transforma o colega competidor num inimigo, suscitando aversões ancestrais. Tornando-se pessoal, a competição estimula brutais agressões. Assim, a “política” vira um duelo mortal. Desaparecem projetos. Vemos a política reduzida a coisa “pra homem”.

Competição no Brasil é subversão, porque concorrer exige igualdade e isenção. Sem o requisito da igualdade, porém, competições, concursos ou jogos esportivos são fonte de conflito. Sem um mínimo de regras, elegemos gente honesta e, de quebra, meliante. Hoje, até a “lei da ficha limpa”, que protegeria o cargo de seu ocupante ladravaz, está em causa. O que leva a pensar na política como um espaço privilegiado de enriquecimento pessoal.

A democracia como sistema cultural, como viu com surpresa Alexis de Tocqueville na América, abre a porta do poder para todos. O que, repito, não é coisa simples num sistema fechado em casa-grande e senzala; e em suas modernas contrapartidas: as ideologias identitárias lidas e tidas como balas de prata.

O rescaldo eleitoral, examinado com indisfarçável viés ideológico – esquerda bendita e direita maldita –, atesta a nossa dificuldade de competir pelo “poder”. O dualismo do bem contra o mal suprime dúvida. Volto, pois, ao assunto para salientar que, sem regras claras, internalizadas pelos competidores, não há jogo, como mostrou Johan Huizinga.

Não é fácil gerenciar uma disputa sucessória promotora de julgamento e mudança. No universo luso-brasileiro, a “política” é uma esfera social na qual as estruturas weberianas de poder sofrem torções. Assim, a dominação burocrático-racional é invadida pela dominação tradicional, e carismática. De modo menos pomposo: a lei cede aos salvadores e não resiste aos amigos. Projetos de Estado inadiáveis ficam para depois.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido Foto: Júlia Pereira/Estadão

O que chamamos de “política” é a degeneração da administração pública num espaço cuja ética universalista é não ter coerência. A “politicagem” verbaliza um campo em que tudo é possível. Tal plasticidade torna a política um fosso de paradoxos e ambiguidades. Competir nessa esfera sem apelar para exageros e falsidades (a alma do populismo!) é tolice. Em certa ocasião, os eleitores acharam um macaco melhor candidato do que políticos. Mas nós, nobres letrados de esquerda e direita, sorrimos sem aquilatar a degeneração de uma faceta nobre da esfera pública – sua dimensão democrática.

Em todo lugar, competições eleitorais deflagram agressões e assassinatos. A América tende para o assassinato que finaliza o ator-problema, mas deixa o partido. Nos sistemas relacionais, como o nosso, a competição suscita o atrevimento de ameaçar a hierarquia do “cada macaco no seu galho”; donde o fantasma do golpe ou de reformas que controlam a história.

A ausência de institucionalização despe os disputantes do papel de competidores e torna dispensável a discussão de projetos de governo. O que brota é um adversário cuja personalidade engloba seu posicionamento político. Tal jogo simbólico transforma o colega competidor num inimigo, suscitando aversões ancestrais. Tornando-se pessoal, a competição estimula brutais agressões. Assim, a “política” vira um duelo mortal. Desaparecem projetos. Vemos a política reduzida a coisa “pra homem”.

Competição no Brasil é subversão, porque concorrer exige igualdade e isenção. Sem o requisito da igualdade, porém, competições, concursos ou jogos esportivos são fonte de conflito. Sem um mínimo de regras, elegemos gente honesta e, de quebra, meliante. Hoje, até a “lei da ficha limpa”, que protegeria o cargo de seu ocupante ladravaz, está em causa. O que leva a pensar na política como um espaço privilegiado de enriquecimento pessoal.

A democracia como sistema cultural, como viu com surpresa Alexis de Tocqueville na América, abre a porta do poder para todos. O que, repito, não é coisa simples num sistema fechado em casa-grande e senzala; e em suas modernas contrapartidas: as ideologias identitárias lidas e tidas como balas de prata.

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É antropólogo social, escritor e autor de 'Fila e Democracia'

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