Coluna semanal do antropólogo Roberto DaMatta com reflexões sobre o Brasil

Opinião|Democracia é golpe? O jeitinho democrático brasileiro


Golpes rimam com fracassos que fazem parte das democracias. No fundo, são perversões democráticas porque - oremos ao Senhor Deus! - sempre tendem a falhar

Por Roberto DaMatta

Democracia é golpe? Prova isso a patética e paradoxal reunião ministerial do governo Bolsonaro, na qual se discutiu um golpe de Estado “democraticamente”, televisionando as opiniões do ex-presidente e dos seus ministros, sem dispensar os palavrões e a presença silenciosa dos garçons servindo com precisão e delicadeza, como manda a rotina aristocrática dos encontros entre mandões do Brasil, cafezinho e água gelada.

O jeitinho democrático trouxe à tona vozes que opinaram sobre esse ato desprezível que é trair a democracia usando a liberdade democrática. Foi surreal testemunhar uma discussão televisionada da estratégia e legitimação de um golpe.

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Lembro que o general Heleno foi talvez o único a precaver que a alma do golpe é a surpresa e que ele teria de ocorrer antes do resultado eleitoral. Depois da eleição, seria impensável. Creio que ele foi entendido pelo ex-presidente, que mandou que ele fechasse a boca, porque esse seria um tema a ser posteriormente discutido.

Como nada tenho a ver com o grupo ali reunido – que, segundo Bolsonaro, “possui inteligência acima de média” –, acho que entendi que o plano B (militares ao lado dos convivas da “festa de Selma”) só poderia ir em frente como o que se chama de “golpe de mão”. Mas repetir 1964 seria complicado e os de inteligência superior ali congregados estavam especulando sobre uma vileza política, em vez de falar do mais importante, legal e factível: como vencer ou perder a eleição.

Bolsonaro e seus ministros na reunião de junho de 2022 Foto: STF/Reprodução
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Formada por sabidos, mais inteligentes do que a média de inteligência nacional, como afirmou pitorescamente o ex-presidente, a cúpula bolsonarista discutia um esquema de caos, imaginando – contra todas as ponderações dos de mediana inteligência – que o caos, esse inimigo do Homo humanus porque rejeita tudo o que duramente construímos como ordem, ética e equilíbrio, poderia prevalecer, substituindo o que permite ultrapassar a nossa pobre condição de exilados do Paraíso para residir no Vale de Lágrimas.

Toleramos tudo, menos o caos que se discutiu naquela reunião pateticamente televisionada. Caos que, aliás, foi o desígnio da atuação do ex-presidente no decorrer do seu mandato.

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Se ouvi bem, lembro que um dos participantes indagou, inteligente e cauteloso, apelando para o bom senso, se naquele agrupamento estava de fato sendo televisionado o plano de um golpe; porque golpe, como se sabe, é como bater carteira na política. A gente só descobre depois, como é o caso em qualquer traição na qual a vítima fica com o desamparo de sua ingenuidade.

Golpes rimam com fracassos que fazem parte das democracias. No fundo, são perversões democráticas porque – oremos ao Senhor Deus! – sempre tendem a falhar.

Democracia é golpe? Prova isso a patética e paradoxal reunião ministerial do governo Bolsonaro, na qual se discutiu um golpe de Estado “democraticamente”, televisionando as opiniões do ex-presidente e dos seus ministros, sem dispensar os palavrões e a presença silenciosa dos garçons servindo com precisão e delicadeza, como manda a rotina aristocrática dos encontros entre mandões do Brasil, cafezinho e água gelada.

O jeitinho democrático trouxe à tona vozes que opinaram sobre esse ato desprezível que é trair a democracia usando a liberdade democrática. Foi surreal testemunhar uma discussão televisionada da estratégia e legitimação de um golpe.

Lembro que o general Heleno foi talvez o único a precaver que a alma do golpe é a surpresa e que ele teria de ocorrer antes do resultado eleitoral. Depois da eleição, seria impensável. Creio que ele foi entendido pelo ex-presidente, que mandou que ele fechasse a boca, porque esse seria um tema a ser posteriormente discutido.

Como nada tenho a ver com o grupo ali reunido – que, segundo Bolsonaro, “possui inteligência acima de média” –, acho que entendi que o plano B (militares ao lado dos convivas da “festa de Selma”) só poderia ir em frente como o que se chama de “golpe de mão”. Mas repetir 1964 seria complicado e os de inteligência superior ali congregados estavam especulando sobre uma vileza política, em vez de falar do mais importante, legal e factível: como vencer ou perder a eleição.

Bolsonaro e seus ministros na reunião de junho de 2022 Foto: STF/Reprodução

Formada por sabidos, mais inteligentes do que a média de inteligência nacional, como afirmou pitorescamente o ex-presidente, a cúpula bolsonarista discutia um esquema de caos, imaginando – contra todas as ponderações dos de mediana inteligência – que o caos, esse inimigo do Homo humanus porque rejeita tudo o que duramente construímos como ordem, ética e equilíbrio, poderia prevalecer, substituindo o que permite ultrapassar a nossa pobre condição de exilados do Paraíso para residir no Vale de Lágrimas.

Toleramos tudo, menos o caos que se discutiu naquela reunião pateticamente televisionada. Caos que, aliás, foi o desígnio da atuação do ex-presidente no decorrer do seu mandato.

Se ouvi bem, lembro que um dos participantes indagou, inteligente e cauteloso, apelando para o bom senso, se naquele agrupamento estava de fato sendo televisionado o plano de um golpe; porque golpe, como se sabe, é como bater carteira na política. A gente só descobre depois, como é o caso em qualquer traição na qual a vítima fica com o desamparo de sua ingenuidade.

Golpes rimam com fracassos que fazem parte das democracias. No fundo, são perversões democráticas porque – oremos ao Senhor Deus! – sempre tendem a falhar.

Democracia é golpe? Prova isso a patética e paradoxal reunião ministerial do governo Bolsonaro, na qual se discutiu um golpe de Estado “democraticamente”, televisionando as opiniões do ex-presidente e dos seus ministros, sem dispensar os palavrões e a presença silenciosa dos garçons servindo com precisão e delicadeza, como manda a rotina aristocrática dos encontros entre mandões do Brasil, cafezinho e água gelada.

O jeitinho democrático trouxe à tona vozes que opinaram sobre esse ato desprezível que é trair a democracia usando a liberdade democrática. Foi surreal testemunhar uma discussão televisionada da estratégia e legitimação de um golpe.

Lembro que o general Heleno foi talvez o único a precaver que a alma do golpe é a surpresa e que ele teria de ocorrer antes do resultado eleitoral. Depois da eleição, seria impensável. Creio que ele foi entendido pelo ex-presidente, que mandou que ele fechasse a boca, porque esse seria um tema a ser posteriormente discutido.

Como nada tenho a ver com o grupo ali reunido – que, segundo Bolsonaro, “possui inteligência acima de média” –, acho que entendi que o plano B (militares ao lado dos convivas da “festa de Selma”) só poderia ir em frente como o que se chama de “golpe de mão”. Mas repetir 1964 seria complicado e os de inteligência superior ali congregados estavam especulando sobre uma vileza política, em vez de falar do mais importante, legal e factível: como vencer ou perder a eleição.

Bolsonaro e seus ministros na reunião de junho de 2022 Foto: STF/Reprodução

Formada por sabidos, mais inteligentes do que a média de inteligência nacional, como afirmou pitorescamente o ex-presidente, a cúpula bolsonarista discutia um esquema de caos, imaginando – contra todas as ponderações dos de mediana inteligência – que o caos, esse inimigo do Homo humanus porque rejeita tudo o que duramente construímos como ordem, ética e equilíbrio, poderia prevalecer, substituindo o que permite ultrapassar a nossa pobre condição de exilados do Paraíso para residir no Vale de Lágrimas.

Toleramos tudo, menos o caos que se discutiu naquela reunião pateticamente televisionada. Caos que, aliás, foi o desígnio da atuação do ex-presidente no decorrer do seu mandato.

Se ouvi bem, lembro que um dos participantes indagou, inteligente e cauteloso, apelando para o bom senso, se naquele agrupamento estava de fato sendo televisionado o plano de um golpe; porque golpe, como se sabe, é como bater carteira na política. A gente só descobre depois, como é o caso em qualquer traição na qual a vítima fica com o desamparo de sua ingenuidade.

Golpes rimam com fracassos que fazem parte das democracias. No fundo, são perversões democráticas porque – oremos ao Senhor Deus! – sempre tendem a falhar.

Democracia é golpe? Prova isso a patética e paradoxal reunião ministerial do governo Bolsonaro, na qual se discutiu um golpe de Estado “democraticamente”, televisionando as opiniões do ex-presidente e dos seus ministros, sem dispensar os palavrões e a presença silenciosa dos garçons servindo com precisão e delicadeza, como manda a rotina aristocrática dos encontros entre mandões do Brasil, cafezinho e água gelada.

O jeitinho democrático trouxe à tona vozes que opinaram sobre esse ato desprezível que é trair a democracia usando a liberdade democrática. Foi surreal testemunhar uma discussão televisionada da estratégia e legitimação de um golpe.

Lembro que o general Heleno foi talvez o único a precaver que a alma do golpe é a surpresa e que ele teria de ocorrer antes do resultado eleitoral. Depois da eleição, seria impensável. Creio que ele foi entendido pelo ex-presidente, que mandou que ele fechasse a boca, porque esse seria um tema a ser posteriormente discutido.

Como nada tenho a ver com o grupo ali reunido – que, segundo Bolsonaro, “possui inteligência acima de média” –, acho que entendi que o plano B (militares ao lado dos convivas da “festa de Selma”) só poderia ir em frente como o que se chama de “golpe de mão”. Mas repetir 1964 seria complicado e os de inteligência superior ali congregados estavam especulando sobre uma vileza política, em vez de falar do mais importante, legal e factível: como vencer ou perder a eleição.

Bolsonaro e seus ministros na reunião de junho de 2022 Foto: STF/Reprodução

Formada por sabidos, mais inteligentes do que a média de inteligência nacional, como afirmou pitorescamente o ex-presidente, a cúpula bolsonarista discutia um esquema de caos, imaginando – contra todas as ponderações dos de mediana inteligência – que o caos, esse inimigo do Homo humanus porque rejeita tudo o que duramente construímos como ordem, ética e equilíbrio, poderia prevalecer, substituindo o que permite ultrapassar a nossa pobre condição de exilados do Paraíso para residir no Vale de Lágrimas.

Toleramos tudo, menos o caos que se discutiu naquela reunião pateticamente televisionada. Caos que, aliás, foi o desígnio da atuação do ex-presidente no decorrer do seu mandato.

Se ouvi bem, lembro que um dos participantes indagou, inteligente e cauteloso, apelando para o bom senso, se naquele agrupamento estava de fato sendo televisionado o plano de um golpe; porque golpe, como se sabe, é como bater carteira na política. A gente só descobre depois, como é o caso em qualquer traição na qual a vítima fica com o desamparo de sua ingenuidade.

Golpes rimam com fracassos que fazem parte das democracias. No fundo, são perversões democráticas porque – oremos ao Senhor Deus! – sempre tendem a falhar.

Democracia é golpe? Prova isso a patética e paradoxal reunião ministerial do governo Bolsonaro, na qual se discutiu um golpe de Estado “democraticamente”, televisionando as opiniões do ex-presidente e dos seus ministros, sem dispensar os palavrões e a presença silenciosa dos garçons servindo com precisão e delicadeza, como manda a rotina aristocrática dos encontros entre mandões do Brasil, cafezinho e água gelada.

O jeitinho democrático trouxe à tona vozes que opinaram sobre esse ato desprezível que é trair a democracia usando a liberdade democrática. Foi surreal testemunhar uma discussão televisionada da estratégia e legitimação de um golpe.

Lembro que o general Heleno foi talvez o único a precaver que a alma do golpe é a surpresa e que ele teria de ocorrer antes do resultado eleitoral. Depois da eleição, seria impensável. Creio que ele foi entendido pelo ex-presidente, que mandou que ele fechasse a boca, porque esse seria um tema a ser posteriormente discutido.

Como nada tenho a ver com o grupo ali reunido – que, segundo Bolsonaro, “possui inteligência acima de média” –, acho que entendi que o plano B (militares ao lado dos convivas da “festa de Selma”) só poderia ir em frente como o que se chama de “golpe de mão”. Mas repetir 1964 seria complicado e os de inteligência superior ali congregados estavam especulando sobre uma vileza política, em vez de falar do mais importante, legal e factível: como vencer ou perder a eleição.

Bolsonaro e seus ministros na reunião de junho de 2022 Foto: STF/Reprodução

Formada por sabidos, mais inteligentes do que a média de inteligência nacional, como afirmou pitorescamente o ex-presidente, a cúpula bolsonarista discutia um esquema de caos, imaginando – contra todas as ponderações dos de mediana inteligência – que o caos, esse inimigo do Homo humanus porque rejeita tudo o que duramente construímos como ordem, ética e equilíbrio, poderia prevalecer, substituindo o que permite ultrapassar a nossa pobre condição de exilados do Paraíso para residir no Vale de Lágrimas.

Toleramos tudo, menos o caos que se discutiu naquela reunião pateticamente televisionada. Caos que, aliás, foi o desígnio da atuação do ex-presidente no decorrer do seu mandato.

Se ouvi bem, lembro que um dos participantes indagou, inteligente e cauteloso, apelando para o bom senso, se naquele agrupamento estava de fato sendo televisionado o plano de um golpe; porque golpe, como se sabe, é como bater carteira na política. A gente só descobre depois, como é o caso em qualquer traição na qual a vítima fica com o desamparo de sua ingenuidade.

Golpes rimam com fracassos que fazem parte das democracias. No fundo, são perversões democráticas porque – oremos ao Senhor Deus! – sempre tendem a falhar.

Opinião por Roberto DaMatta

É antropólogo social, escritor e autor de 'Fila e Democracia'

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